segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Trocando as moscas

Fazer que se está mudando tudo é a melhor forma de não se mudar nada.

Hoje, assistimos a uma faxina geral na FIFA, Conmebol, UEFA, federações nacionais, etc.

 Foto: Eny Miranda/GOVERJ

O ex-todo poderoso Blatter e seu provável sucessor Michel Platini foram punidos com uma suspensão de oito anos fora de qualquer atividade relacionada ao futebol.

Muito bem! Estaríamos assistindo a uma faxina ética na entidade que comanda o futebol no mundo?

É bom observar mais. A FIFA é presidida, desde o afastamento de Blatter e até 27 de fevereiro, quando ocorrerá o congresso eleitoral extraordinário, pelo camaronês Issa Hayatou, sobre quem pesam também uma gama enorme de acusações.

O próximo presidente da FIFA será eleito pelo mesmo colégio eleitoral. Ou seja, pela maioria de votos dentre as mais de 200 federações e confederações nacionais, além das confederações continentais.

O que ninguém vem questionando, até o momento, é justamente o papel das entidades que compõem o colégio eleitoral.

Não vou reproduzir o discurso mesquinho e racista de quem acha que o voto do Gabão não pode valer o mesmo que o da Itália. O que distancia Gabão e Itália é a geopolítica mundial, a economia dos países. O futebol, dentro de campo, é o mesmo. Uns com mais qualidade, outros com menos. Mas chutar uma bola é uma prerrogativa de oito a cada dez crianças em todo o mundo.

Mas as eleições na FIFA, diante do cenário econômico dos países e, por consequência, de suas federações, são marcadas pela troca de favores. Pela ajudinha financeira, travestida de auxílio no "desenvolvimento do futebol".

Ver jornalistas exaltando o papel de João Havelange na popularização do futebol nos quatro cantos do mundo chega a ser aviltante.

Como se o centro do império não tivesse intenção alguma de colocar a periferia no bolso e, assim, manter o controle sobre o vetor principal de onde a grana transita.

Isso é mais antigo que o guaraná com rolha.

João Havelange é, no máximo, um cara "moderno". Ou seja, quando ninguém ainda sabia como aquele negócio podia dar um belo dinheiro, Havelange foi lá e mostrou como. Ninguém tá nem aí pro esporte, esqueça disso.

O centro da questão, a meu ver, está justamente nas regras pouco democráticas que definem os dirigentes das federações nacionais e continentais.

O que nos remete ao cerne de tudo isso. Os clubes!

A falta de democracia e transparência começa na célula do organismo. Os clubes são microcosmos do que é a FIFA, a Conmebol, a CBF, etc...

Ou seja, as eleições da FIFA mudarão o presidente, o secretário-geral e outros... Para não mudar nada!

E a imprensa ainda acha que estão fazendo "reformas"...


Valeu,

Bruno Porpetta

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Rejeição

Há um clamor, principalmente por meio da imprensa esportiva, para que Tite seja o novo treinador da seleção. É evidente que, de todos os treinadores brasileiros, ele é o mais atualizado, o mais competente.



Particularmente, concordo. Acho que ele deve ser o novo treinador da seleção, desde que a corja que habita e se alimenta na CBF caia. Não recomendo a nenhum treinador sério trabalhar pra esses caras.

Joguei uma isca no Facebook. Postei uma matéria sobre o treinador campeão brasileiro, convocando-o para a seleção brasileira.

A reação dos corinthianos foi absolutamente justa, compreensível e legítima. Todos negaram com veemência qualquer possibilidade dele sair do Corinthians para ir à seleção brasileira.

No lugar deles, talvez fizesse o mesmo. Aliás, qualquer um que estivesse no lugar deles, faria o mesmo.

Sabe por quê?

Porque somos nosso clube. Não somos seleção.

Essa identidade, cada vez mais, forçada do povo brasileiro com a seleção brasileira, nada mais é do que a rede do investimento atirada no lago do retorno financeiro.

A Globo, que detém exclusividade sobre tudo o que diz respeito à seleção brasileira, tenta forjar em nós uma paixão pela seleção que, por si só, não existe.

A seleção só nos encanta quando joga de acordo com as melhores tradições do nosso futebol. De forma vistosa, bonita, cheia de jogadores com talento.

Com a seleção capengando, o nosso interesse pela mesma cai sistematicamente. Diante do que, hoje, nossos jogadores e treinadores, quando convocados, são mais um estorvo à caminhada dos nossos clubes do que qualquer outra coisa.

Para ver jogo feio, melhor ver nosso campeonato. Onde reside a nossa paixão: o nosso clube, que é nossa nação, muito mais do que o nosso país.

Para aferir isto, basta se fazer a seguinte pergunta: se a seleção brasileira e seu clube se enfrentarem, para quem você torce?


Valeu,

Bruno Porpetta

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Pretensão

O ano acabou para a seleção brasileira. Os próximos jogos do escrete canarinho são em março do ano que vem.

Pode parecer pretensioso, mas é o momento de um balanço. Até porque o que mais se ouve por aí são boatos de uma possível queda de Dunga.

Mateus Pereira/GOVBA


Encerramos o ano vencendo o Peru, pelo placar expressivo de 3 a 0. Descobrimos ali que é possível contar com Willian para algo mais que ser um “parça” do Neymar. Que Douglas Costa é um jogador que faz a diferença. Que o meio-campo do Corinthians é um exemplo a ser seguido.

O Brasil foi melhor no segundo tempo porque seu meio-campo, formado por metade do meio-campo do Corinthians, passou a jogar como joga no clube. Renato Augusto não é segundo volante, apesar de quebrar o galho. Deve jogar mais solto, como jogou no segundo tempo, revezando com Elias.

Ou seja, Dunga apelou para a “titebilidade” do meio-campo corinthiano para sair do sufoco que o Peru conseguiu dar na defesa brasileira em alguns momentos do primeiro tempo.

O jornalista Juca Kfouri, em um programa de TV, colocou uma questão interessante a respeito do cargo de Dunga. O treinador dependia muito pouco do resultado contra o Peru, seu cargo está vinculado a Del Nero. Se o Marco Polo que não viaja cair, Dunga cai junto.

É bastante razoável esta teoria. Quem presidir a CBF depois de Del Nero, vai querer “mostrar serviço” e jogar para a galera. Dunga não tem esse prestígio todo com o povo brasileiro, então roda.

Independente de qual a razão, tomara que caia.

É enorme a diferença tática entre Dunga e boa parte dos treinadores de outras seleções. Ganhamos dos dois últimos colocados, jogando em casa, e tivemos algum trabalho para vencer.

Nos testes reais, perdemos para o Chile sem ver a bola e empatamos com uma Argentina bem desfalcada.


Na real e na moral, é isso.


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Óleo de peroba

Se você acha que a política é um meio sujo, você ainda não conhece o mundo do futebol.

Sobre a política ainda é possível exercer algum controle público, existem instrumentos e mecanismos de defesa do interesse coletivo. Por mais que lhe neguem acesso cada vez mais, algum acesso você tem.



No futebol, tal como no tráfico de drogas, armas, contrabando e quaisquer atividades criminosas em todo o mundo, existe uma estrutura paralela ao “nosso mundo” onde rola muita grana.

Este dinheiro que você não sabe de onde vem, tampouco sabe para onde vai. Mas, por onde passa, vai enriquecendo dirigentes e empresários que se valem da nossa paixão pelo esporte.

É possível que a real intenção das investigações tocadas conjuntamente pelo FBI e a justiça suíça não seja das mais nobres, mas elas estão provocando um estrago danado ao que parecia um eterno sossego destes aproveitadores do futebol.

Joseph Blatter, que a princípio não larga o osso até fevereiro de 2016, está na mira dos suíços. Seu provável substituto, Michel Platini, também ganhou motivos para arregalar os olhos, com seu nome citado como destinatário de parte da bufunfa.

Enquanto isso, Zico não consegue míseras cinco cartas de recomendação para seguir adiante em sua candidatura à presidência da FIFA. Ele pode não ser santo, mas decididamente não faz parte do esquema.

A barbárie no mundo do futebol é tamanha que, diante das investigações sobre um suposto calote em impostos dado por Neymar aqui no Brasil, o empresário do atleta “recomenda” publicamente que o pai – aquele que levou a comissão mais gorda da história por uma transação de jogador – tire seu dinheiro do país e o leve para paraísos fiscais.


É o espírito olímpico da cara de pau, superando limites.


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Nome aos bois

Aos poucos, os caras que controlam o futebol brasileiro transformaram o esporte em uma vaca, que lhes deu leite aos litros por muito tempo. Continua dando, mas a teta dá sinais de que pode secar.

O Estatuto do Torcedor, dentre os méritos que possui, um deles é o fim da esculhambação de regulamentos das competições. Ou seja, um regulamento não muda durante o campeonato, nem para o do ano seguinte. O que acaba com qualquer chance da tal virada de mesa que pode salvar o Vasco no fim do ano.

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebon/Agência Brasil

Mas existem coisas que são de competência exclusiva das entidades que administram o esporte. Leia-se, estão na mão da CBF e federações estaduais. Aí, você já pode imaginar o resto.

A arbitragem é uma destas tarefas. Portanto, a culpa de toda essa bagunça no Brasileirão, provocada por uma bobagem maior que a outra feita pelos apitadores, é da CBF.

Marco Polo Del Nero, que está exilado em seu próprio país, pois não existe qualquer lugar no mundo que seja o paraíso penal para ricos como o Brasil, é quem “organiza” essa balbúrdia toda. Isso para não falar de um que já está preso, outro processado,...

A resistência da CBF em admitir a profissionalização dos árbitros, o uso da tecnologia e a racionalidade das escalas provoca a situação do último Fla-Flu, onde o zagueiro Wallace enfia o braço na bola e o olho despreparado do sujeito não vê. Para não falar dos outros inúmeros crimes cometidos país afora.

Esta direção do nosso futebol é responsável pelo desinteresse crescente do público pelo campeonato. Assim como provocou o desdém pela nossa seleção, alvo de piadas até hoje envolvendo os números sete e um.


A seleção joga, desfalca os times, e ninguém vê. Ainda prefere o Brasileirão. Não se sabe até quando.



Valeu,

Bruno Porpetta

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

As máscaras do Brasileirão

Nobres leitores e leitoras. Eu andava até meio paradão por aqui, mas a situação da arbitragem me força a escrever um bocadinho.

Peço licença para meter a mão nessa cumbuca.

O que se vê durante o campeonato, mexido pelos erros de arbitragem, é curioso.



Os árbitros, diante de tantas bobagens que tem feito, adiam o início dos jogos para pedir 0,5% do direito de arena dos clubes. Ou seja, ao invés de pedir a profissionalização da profissão, com dedicação exclusiva à arbitragem, o que reduz a possibilidade de erros bisonhos, pelo menos.

Poderia enumerar inúmeras vantagens da profissionalização dos árbitros, mas talvez esse seja um assunto já batido. É tão óbvio, que não tem muito o que explicar.

Nada mais normal que um profissional apitar jogos entre profissionais.

Os clubes, por sua vez, conseguem uma proeza.

Unem a justeza de todas as palavras dirigidas aos árbitros ao mero denuncismo barato, sem nomes, sem evidências, só ilações.

Segundo alguns dirigentes, pode haver um esquema a favor do Corinthians levado a cabo pela arbitragem. Jura mesmo?

O Corinthians, apesar de ter sido beneficiado em alguns lances (o que não inclui o jogo contra o Sport), voltou a ser uma máquina de estabilidade. A mesma que levou Tite a outros títulos, em anos anteriores, pelo clube.

Tem o futebol mais redondo do momento. Merece estar onde está.

O que pode se discutir é um ou dois pontos a mais de vantagem. Que é importante, mas não fundamental.

O Atlético-MG, que tem o futebol mais bonito, vem sentindo o desgaste e, em alguns jogos, foi mal. É bom que recupere seu melhor futebol, sob pena de não pegar mais o Corinthians na liderança até o final.

Creditar tudo aos árbitros, se sentir perseguido e tal, já é um exagero.

O Fluminense também pode reclamar bastante da arbitragem. Até do jogo contra a Chapecoense,  onde ficou evidente que o árbitro demorou, mas marcou corretamente. Ajudado pelo quinto árbitro, que estava ligado na TV, embora não pudesse, mas devesse.

Este é outro escândalo. A adoção da tecnologia no futebol é urgente. Cada ano que passa, o futebol vai ficando mais difícil para o olho nu.

Deve reclamar do gol mal anulado contra o Corinthians, que pode ter decidido o resultado. Impedimento fácil de dar, que o bandeirinha teve toda a convicção do mundo na maior bobagem da sua vida. Foi tão escandaloso que até gancho pegou o sujeito.

Assim como foi escandalosa a manchete de vôlei dada pelo zagueiro Wallace, no Fla-Flu.

Daí por diante, vira papo de boteco. Criam-se as teses mais mirabolantes para explicar derrotas que, apesar dos erros de arbitragem, aconteceriam de qualquer forma.

Em suma, muito da imagem que se faz do campeonato é reflexo da imagem que tem a CBF diante dos olhos de todos.

Quem vai acreditar em um campeonato, ou em sua arbitragem, organizado por um sujeito que tem pânico de sair do Brasil, pois pode ser preso em qualquer outro lugar que não esse paraíso penal para ricos que é o nosso país?

Aí, toda teoria tem sua razão de ser, mesmo que não tenha razão nenhuma.


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Ah! Esses dirigentes..

O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, não acompanhou a seleção aos Estados Unidos, onde disputará amistosos e desfalcará times brasileiros no andamento do Brasileirão.

Se viajar, provavelmente não volta.



Este mesmo sujeito anunciou, quase ao mesmo tempo, o calendário do futebol brasileiro para 2016 e o possível fim do horário de 22h nos jogos do campeonato.

Enquanto condena nossos clubes a passarem quase um mês desfalcados durante as principais competições do país, faz uma média, em prévio acordo com a emissora que detém os direitos de transmissão do futebol, com a galera.

O fim desse horário indecente do futebol no Brasil era uma reivindicação antiga de quem, ao menos, tem o tal do polegar opositor. A mudança anteciparia em 20 minutos o início das partidas. Às 21h40, ficou melhor para você?

Del Nero não veio do nada, ele é produto de outros tantos dirigentes de clubes e federações. Como Eurico Miranda, que acredita na possibilidade de ampliar o número de clubes na Série A do ano que vem. O Estatuto do Torcedor impede que isso aconteça. Não passa de galhofa.

Mas curioso mesmo é o caso do Cruzeiro. O presidente Gilvan vai a público demitir Luxemburgo, após ter demitido Marcelo Oliveira, que o eliminou da Copa do Brasil, sem confessar nenhum erro.

Jogou a culpa na imprensa e na torcida. Dá para levar a sério?

Este sujeito vota na federação, que vota na CBF. É o começo da cadeia alimentar no futebol brasileiro. Onde um engole o outro e todos engolem o nosso futebol.

Os nossos dirigentes mantêm negócios em paraísos fiscais, vivendo no paraíso penal, para ricos, brancos e bem vestidos, que é o Brasil. Prisão aqui é só para garotos indo à praia, coincidentemente todos negros e pobres.


Gol da Alemanha.


Valeu,


Bruno Porpetta

sábado, 29 de agosto de 2015

Do que nos faz tanta falta

Acabo de assistir ao documentário Democracia em Preto e Branco, de Pedro Asbeg, que retrata o período onde um dos clubes mais populares do país viveu uma experiência tão singular quanto magnífica.

A Democracia Corinthiana foi um elemento importante na popularização do debate sobre a redemocratização do país, no começo da década de 80. O movimento que retirou o futebol do espectro da alienação, colocando-o a serviço da luta política.

Que bonito poder rever muita coisa tão familiar, tão relacionada à minha infância e, por que não dizer, à minha juventude.

Só a narração de Rita Lee já dá a tônica do que seria o filme. A junção, dita por Serginho Groisman, de futebol, política e rock'n roll. O que mais poderia me pertencer tanto?

Durante o filme, tentei com os meus botões fazer alguma relação com os tempos atuais. O que fazer para mudar o futebol? Para mudar a política? Para mudar o rock'n roll, que perdeu tanto da sua rebeldia?



Não se mudará um sem o outro. É preciso reconhecer, primeiramente, que aquela democracia pela qual tanta gente lutou naqueles tempos, se esgotou. Está acomodada a relações econômicas que determinam as políticas. Nossa sociedade está sentada sobre uma montanha ilusória de dinheiro.

As ruas devem se mexer, com as pessoas agindo como placas tectônicas a provocar terremotos na atual estrutura da sociedade. Só isso pode resultar na combinação explosiva que deu origem à Democracia Corinthiana. Um intelectual, um líder operário e um jovem rebelde juntos, em um clube popular, com cabelos ao vento e bola na rede.

E como era bom ver esse time jogar. Um time que marcava no campo do adversário, que jogava com beleza, apesar dos gramados horrorosos. Que a garra de Biro-Biro, vez por outra, aparecia na área para concluir. Tudo o que chamamos hoje de "moderno". Só que muito tempo a frente.

Igualmente, as ruas poderão provocar na juventude o desejo de expressão pelo rock'n roll. Não há nada mais rebelde que o rock. Esta rebeldia deverá se expressar nas letras, nos gritos, na fúria das guitarras.

Encontramos alguns dos elementos possíveis para essa ebulição. Crise, falta de representatividade dos nossos dirigentes, no governo, no Congresso, ou nos clubes. Faltam só dois detalhes.

A ausência de um inimigo nítido, que nos mobilize, além de um instrumento político capaz de organizar esta mobilização, intervir concretamente nas lutas do povo.

Enquanto isso não acontece, só me resta sentir saudade. De um tempo que não volta mais, porque nem deveria voltar mesmo.

Afinal de contas, a história se repete como farsa, depois como tragédia.


Valeu,

Bruno Porpetta

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Não é por vinte centavos

A arbitragem brasileira está sob protesto desde a rodada passada do Brasileirão. Reivindicam que se revogue o veto da Presidenta Dilma ao artigo do Profut que destinava 0,5% dos direitos de arena (grana paga pela TV aos “atores” do espetáculo) para os árbitros e assistentes.

É legítimo que uma categoria se mobilize para reivindicar aquilo que considera justo para si. Portanto, é bastante aceitável que organizem ações coletivas para chamar a atenção para a questão.



Mas, supondo que uma moeda caiu entre nós, nos abaixamos e cochichamos uns com os outros: eles merecem?

Não é de hoje que o debate acerca da profissionalização dos árbitros e assistentes se tornou fundamental para melhorar a qualidade da arbitragem no Brasil. Como um árbitro pode se preparar para as partidas tendo que vender imóveis durante a semana?

Porém, nada disso mereceu até hoje atenção especial por parte da arbitragem. Nunca antes na história desse país os árbitros moveram uma palha pelo seu próprio direito de ter carteira assinada, férias, décimo terceiro e, fundamentalmente, dedicação exclusiva ao ofício.

Dedicação que leva ao aprimoramento. Como os jogadores, que treinam a semana toda para exibirem o melhor de si para a torcida. Se não conseguem, são outros quinhentos.

Árbitro no Brasil passa a semana com a cabeça em outra coisa, para chegar no domingo e marcar pênaltis inexistentes, não dar os escandalosos, não ver impedimentos onde caberiam transatlânticos entre o atacante e o penúltimo homem da defesa. Enfim, todo tipo de absurdo.

Lembram de pedir o direito de arena, mas se esquecem de fazer uma autocrítica sobre o seu desempenho e reivindicar melhores condições para melhorá-lo.


Hoje, não merecem nem cinco centavos.


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Castigo a galope

A demissão de treinadores no Brasil é tão corriqueira que merece um “demissiômetro” no Largo da Carioca para contar quantos já caíram ao longo do ano.



Este último final de semana foi exemplar dos efeitos dessa “cultura”. O Inter foi atropelado pelo Grêmio após demitir, sem maiores explicações, o treinador Diego Aguirre.

Ao mesmo tempo, Ricardo Gomes viu o Botafogo perder para o Santa Cruz. Uma derrota que lhe tirou a liderança da série B, posição onde se encontrava o alvinegro quando demitiu, sem muitas explicações, Renê Simões.

Por outro lado, Cristóvão não foi demitido do Flamengo. Mas convive com a eterna ameaça de demissão pela imprensa e parte da torcida. A sorte dele é que, pelo menos, a direção do clube está com ele.

O time que ataca cada vez mais a cada partida, ao mesmo tempo em que leva gols em lances de bola parada em jogos seguidos, é passível de críticas. Nem perto da sacanagem orquestrada contra o treinador rubro-negro. Não à toa, ele pode dizer que é vítima de racismo.

Renê Simões perdeu o emprego após cair na Copa do Brasil para um time da primeira divisão. À frente, por exemplo, do Vasco, campeão carioca.

Era o líder da série B, coisa que no início do ano era improvável dizer que aconteceria. Aliás, o Botafogo era, a princípio, o patinho feio, inclusive, do Carioca.

Diego Aguirre pecou por assumir a Libertadores como a sua competição, largando o Brasileiro. Mas foi vítima de uma covardia por parte da direção do Inter, que o demitiu em busca de um “fato novo”. Dito e feito, ganhou uma mão cheia de “fatos novos”, justamente, do Grêmio.


Enfim, essa dança das cadeiras entre treinadores só serve a empresários, que ganham comissões a cada contrato. Para o futebol, não tem a menor serventia.


Valeu,

Bruno Porpetta

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Primavera nos dentes

Ronaldinho Gaúcho está de volta ao futebol brasileiro. Agora é jogador do Fluminense, após passagem discreta pelo Querétaro, do México.



O custo para o clube é relativamente alto. O que se coloca em questão, depois de inúmeros casos de descompromisso com a própria carreira, são os benefícios.

Sua passagem pelo Flamengo foi um desastre. Conquistou apenas um Carioca, sem nenhum brilhantismo. Seu melhor momento com a camisa rubro-negra foi em um jogo histórico contra o Santos, na Vila Belmiro.

No Atlético-MG, foi da redenção ao ocaso em curto período. Após se destacar na conquista da Libertadores em 2013, resolveu se dedicar à noite com afinco. Saiu do Galo como ídolo, embora a torcida já não visse a hora disso acontecer.

O OUTRO LADO DA MOEDA

E não é que pode dar certo? Pare e pense.

Do ponto de vista comercial, qualquer solo que Ronaldinho pise é digno de nota no mundo todo. Naquele papo de internacionalização da marca do Flu, é uma tacada de gênio da diretoria. Tão genial quanto o futebol que ele já teve e conquistou fãs em todo o planeta.

Dentro do campo, pode ser o último clube de Ronaldinho. Ele tem 35 anos e pode se motivar a querer encerrar a carreira de forma, no mínimo, digna. Pode ficar alheio ao jogo por 88 minutos, mas se colocar o Fred duas vezes na cara do gol, como ele sabe muito bem fazer, o adversário que se vire para fazer três e vencer o jogo.

Enfim, se por um lado pode desestabilizar um time certinho que, ao contrário de todas as previsões, está nas cabeças do Brasileirão. Por outro, pode motivar ainda mais essa molecada a correr por ele, jogar por ele.


Algo que na cabeça dos garotos era inimaginável fora do videogame, pode resultar em um final de ano feliz nos gramados.


Valeu,

Bruno Porpetta

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Tortura prolongada

Faça-se a seguinte pergunta. O que foi pior? Levar 7x1 da Alemanha em uma Copa no Brasil, ou ser eliminado pela segunda vez consecutiva pelo Paraguai, nas quartas-de-final da Copa América e nos pênaltis?



Independente da resposta de sua preferência, uma coisa é certa. O futebol apresentado pela seleção brasileira é lastimável. Consegue ser, ao mesmo tempo, feio, chato e quase inofensivo.

Para piorar, em qualquer situação dessas, o time era uma manteiga derretida do ponto de vista emocional. Um chora e sai correndo alucinadamente pelo campo, outro senta na bola e vira de costas, mete a mão na bola com os olhos fechados e reclama.

Os dirigentes da CBF, que controlam essa coisa toda com mão de ferro para não ficar sem o ouro, já deviam ter sido todos afastados. Eles não têm nem moral, nem competência para gerir o futebol brasileiro.

Nossos treinadores são meros batedores de palmas na beira do campo. Treinam seus times à base do “vamos lá”. E não abrem mão de seus “conceitos”, típicos da idade média do futebol. A política do pulso firme acumula rotundos fracassos.

MAIS UM POUQUINHO

No entanto, o futebol brasileiro dá poucos sinais de disposição para mudar. Os clubes são administrados como um “ratatá” de churrasco, que compra a carne, mas pendura o carvão. Ainda tem as federações estaduais, que são isso aí que você conhece. E a CBF, onde o Secretário-Geral é o único a aparecer, porque ainda não foi citado em investigação nenhuma.

O Brasileirão é tosco. Uma imensidão de jogos deploráveis, com poucos gols e quase nenhum craque.


Não é difícil imaginar que o resultado desse entulho dirigindo o nosso futebol seria uma sequência de micos. A seleção brasileira é a única que nunca deixou de participar de uma Copa do Mundo. Pelo menos, por enquanto.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

À procura do oásis

O Brasil estreou na Copa América contra o Peru sob olhares atentos da torcida brasileira, mas em especial a do Flamengo. Afinal de contas, é o primeiro jogo de competição desde as vergonhosas sovas sofridas contra alemães e holandeses. Do outro lado, a mais nova atração rubro-negra, Paolo Guerrero.



Não foi preciso um olhar de especialista para saber que a seleção brasileira é Neymar e mais 10. Sem o craque, sabe-se lá o que será de nós. O meio-campo brasileiro ainda lembra um deserto. A criação do time é força do acaso. A bola tem que chegar em Neymar de qualquer jeito, caso contrário, nada acontece.

Estamos mais organizados defensivamente e David Luiz, apesar de continuar sendo uma peça de decoração, ao menos não se larga tresloucadamente ao ataque. Se alguém diz que o grande mérito de um treinador é convencer a um zagueiro a jogar como zagueiro é, no mínimo, preocupante.

Do Peru, propriamente, ninguém queria saber. Desde os Incas que o país tem pouquíssima expressão no futebol. Deveria ser mais um saco de pancadas para o Brasil. E que ninguém venha com aquele papo de "não tem mais bobo no futebol".

Interessava, sim, ver Paolo Guerrero, o reforço do Flamengo para o Brasileirão, que deixou evidente que, sem um meio-campo que se preze para lhe servir, pouco vai fazer. É um excelente atacante, embora toda essa dinheirama que ele acha que vale é um tanto exagerada. Não dá para imaginar que ele vá resolver os problemas ofensivos do Flamengo.

No entanto, venderá camisas, pacotes de televisão, sócios-torcedores... E gols?


Se pintar na área, ele guarda. Mas alguém tem que fazer pintar. O oásis no deserto que não faz falta só ao Flamengo, mas ao futebol brasileiro.


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 9 de junho de 2015

Não toque em mim!

Poderia ser apenas uma frase de uma música sertaneja qualquer, mas para espanto de todos e todas é a postura da arbitragem neste Campeonato Brasileiro.

Esta coisa de jogador, treinador e qualquer outro ser humano não poder sequer falar com o árbitro, além de soar ridículo, é absolutamente autoritário. Digno de quem pensa o futebol da mesma forma em que pensou o país entre 1964 e 1985.



Ver o árbitro se portando como um Batman no alto de um prédio em Gotham City, com o peito estufado e olhando para o horizonte, diante de um jogador ou treinador que reclama, algumas vezes, com razão, é de doer.

Jogador expulso porque disse “não foi falta” é uma completa ausência de bom senso. A decisão do árbitro já é soberana por si só, sem a necessidade de imposição adicional. A reclamação é do jogo, cabendo ao árbitro ignorá-la ou puni-la em caso de abuso.

A punição como primeiro recurso só prejudica o jogo. A farta distribuição de cartões em uma partida amarra a mesma. Ninguém quer se arriscar a tomar o segundo e, assim, some do jogo.

BATE, MAS NÃO FALA

Ainda há outra questão. Igualar a reclamação à jogada violenta, além de absurdo, pode tornar a arbitragem mais tolerante com a pancada. Diante da determinação de evitar a “rodinha” em torno do árbitro, ao amarelar um ou outro e, ao mesmo tempo, não querer prejudicar o espetáculo com expulsões a rodo, a tendência é que o juiz “afine” na hora da pancada.

Resumidamente, a decisão da Comissão de Arbitragem da CBF é absurda, equivocada e inconsequente. O que não chega a ser uma surpresa, vindo de quem vem.


Não é de hoje, e nem só por isso, que a CBF é um poço de equívocos. Não à toa, seus dirigentes saem do Congresso da FIFA presos ou correndo.


Valeu,

Bruno Porpetta

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Gol da Alemanha

Há um tempão atrás, os jogos que enchiam nossos bares e restaurantes eram jogos decisivos dentro do Brasil. Hoje nos mobilizamos por uma final entre clubes europeus.

Barcelona e Juventus são duas escolas de futebol. A catalã, jogando aquele futebol bailarino do meio para frente, mas muito eficiente do meio para trás. A italiana... bem, é italiana, daí você entende o resto.

Óbvio que eu parei pra assistir. Num bar. Estava ansioso pelo jogo. E torcendo pelo Barça.

No bar ao lado, uma espécie de torcida organizada pela Juve. Todos devidamente vestidos com camisas da Juve. Tiveram momentos de forte emoção durante o jogo.



O Barcelona começou matador. Sufocou a Juventus na sua área, marcou logo aos 2 minutos de jogo. Tocando bola dentro da área, chegou a ter mais chances. Buffon fez, ao menos, um milagre no primeiro tempo.

No retorno do intervalo, o Barcelona continuou superior, apesar da Juventus conseguir fechar mais os espaços. E assustava em contra-ataques.

Na primeira vez que a Juventus conseguiu tocar um pouco mais a bola na frente, o giro de Tevez para chutar forte e o rebote nos pés de Morata deu à Juventus a chance que ela queria. Dali para frente, dava pra vencer o Barcelona do temível trio MSN.

E a Juventus foi melhor depois do gol. Pode ainda reclamar de um pênalti não marcado em Pogba, cometido por Daniel Alves. Assim como o Barcelona pode reclamar do gol anulado de Neymar. Ou seja, o juiz se enrolou no jogo.

Só que, a despeito do domínio italiano no jogo naquele momento, no Barcelona tem um baixinho monumental chamado Lionel Messi, que costurou alguns marcadores e bateu para o gol. O monstruoso Buffon não teve como segurar, acabou dando o rebote no pé de Suarez (que até aquele momento era parado insistentemente por Buffon) e o Barcelona pulou na frente de novo.

Aí restou a Juventus largar-se pra frente. Daquele jeito que os italianos tem uma dificuldade danada em fazer. O Barcelona também tomou suas precauções. O resultado acabou sendo óbvio, com um contra-ataque mortal para encerrar o jogo e dar o título ao Barça.

Se não é tão vistoso como em 2010/2011, não deixa de ser excepcional um time com um ataque como esse.

Bem, vou voltar ao parágrafo inicial.

Há um tempão atrás, os jogos que enchiam nossos bares e restaurantes eram jogos decisivos dentro do Brasil. Hoje nos mobilizamos por uma final entre clubes europeus.

Neste final de semana, graças à administração do nosso futebol, que consegue jogar farofa no nosso futebol, jogava a seleção e tinha jogo do campeonato. Ou seja, depois de ver Barcelona e Juventus, eles me obrigaram a ver Flamengo e Chapecoense.

No dia seguinte, tinha amistoso do Brasil contra o México. O retorno da seleção brasileiro aos (péssimos) gramados brasileiros após os 10 gols sofridos em dois jogos elucidativos acerca do tamanho do estrago que esses caras da CBF fizeram no nosso futebol.

E geral cagou e andou para a seleção. Quem foi ao jogo do Brasil, nos destroços do Palestra Itália, é público de restaurante francês. Uma vergonha o tipo de torcida que frequenta os jogos da seleção. Não podemos sediar tão cedo uma Copa América, sob pena de passarmos um vexame horroroso  nas arquibancadas.

Ou seja, o futebol brasileiro acompanhado no bar, nas ruas, em churrascos, com uniformes e gritos de gol por aí, foi trocado por um jogo em Berlin.

Justo em Berlin, a capital da Alemanha.


Valeu,

Bruno Porpetta

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Muita sede ao pote

Há quem acredite que viver cheio da grana, passeando em iates com belas modelos, frequentar os melhores hotéis e restaurantes do mundo, beber os melhores vinhos, é tudo na vida. Deve ser bom mesmo, mas a conta, de uma forma ou de outra, um dia chega.

Não é de hoje que a imprensa fustiga as extravagâncias dos homens ligados à FIFA. E não há problema algum falar em “homens”, porque mulheres neste meio são mero adorno. E de pensar que vem daí todas as decisões sobre o futebol feminino, por exemplo. Nada mais ilustrativo.

Mas a fortuna, em especial aquela adquirida de forma pouco ortodoxa, é um castelo de areia. Um dia cai, por mais que possa levar muito tempo.



E já tem tempo que esses magnatas da FIFA se divertem às custas da nossa paixão. O futebol, que é um meio de vida para milhões em todo o mundo, para eles é a própria vida. Todo o luxo e a luxúria possível no mundo se realizam através do futebol, que todos sabemos ser um grande negócio.

Dando uma olhada no nosso quintal, observamos o papel cumprido por João Havelange para que a FIFA se tornasse esse monstro. Um bicho que jorra dinheiro.

O ex-presidente da CBD (a CBF de outrora) e da FIFA, transformou o futebol mundial em uma máquina de sustentar toda a palhaçada acima referida. E deixou filhos adotivos ao longo do tempo.
Ricardo Teixeira, Joseph Blatter, Nicolas Leóz e outras pragas, crias de Havelange, que venderam a paixão do brasileiro e de todo o continente americano para qualquer um que pudesse distribuir dinheiro na mão de todos eles. Muito dinheiro.

As investigações estão, depois de 24 anos chafurdando na lama da FIFA, tirando suas primeiras conclusões. A princípio, somente os sete presos, além de Nicolas Leóz e Jack Warner foram citados nominalmente no relatório. Sobre os outros, indícios bem fortes, mas apenas indícios. Até para Kleber Leite, ex-presidente do Flamengo que contratava jogadores e não lhes pagava em suaves prestações, acabou sobrando.

O que desespera os demais figurões, como Del Nero, que saiu correndo da Suíça, é que o barbante só tem uma ponta para fora. Ainda há muito para puxar. E, quem diria, os EUA parecem dispostos a fazer isso. Embora os EUA sempre nos deem motivos para desconfiança.

Para salvar o futebol desta quadrilha da FIFA, existem duas iniciativas a ser tomadas.

Uma delas é institucional. É preciso aprovar a Medida Provisória 671, que trata da responsabilidade fiscal dos clubes de futebol e derrotar este Congresso que, se não abrirmos os olhos, revoga até a Lei Áurea.

A segunda é fundamental. Sem ela, não tem MP, não tem futebol, não tem nada. Os torcedores precisam se colocar nesta questão e ocupar as ruas pedindo as cabeças dos dirigentes da FIFA e da CBF.

Os jogos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil – que entrou no ratatá da grana investigada – devem ter faixas, bandeiras, apitos, cornetas e, se for do gosto do freguês, até panelas nas arquibancadas denunciando esses caras.

Do ponto de vista simbólico, as investigações do FBI cumprirão o papel importante de mandar vários da quadrilha para execração pública. É ótimo, mas não é tudo.


Há quem financie tudo isso. Até então chamados de parceiros comerciais, amanhã não se sabe. Os tais parceiros não gostam de atrelar suas marcas a escândalos, a menos que ainda seja segredo.


Valeu,

Bruno Porpetta

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Férias frustradas

Após a eliminação nas semifinais do Carioca, tida como precoce por conta dos investimentos feitos no elenco, além da manutenção da base da equipe do ano anterior, o Flamengo foi à Atibaia, no interior de São Paulo.

Não era a primeira vez que Luxemburgo levava o time rubro-negro para lá. Tampouco o Flamengo era a primeira equipe que o “pofexô” carregava para um período de treinamentos por lá.



O hotel em questão é muito bonito, com ampla área verde, bons campos de futebol, sossego e tranquilidade. Além dos campos, haviam piscinas, churrasqueiras, quartos confortáveis, salão de jogos.

O que não fica muito claro para todos, diante das exibições do time depois desta estadia, é em qual parte do hotel os jogadores preferiram frequentar. Na churrasqueira? Na piscina? No salão de jogos?
A impressão é que ficaram em qualquer lugar, menos no campo.

INEVITÁVEL SAÍDA

As férias rubro-negras em Atibaia não desfizeram o bando que se apresentava nos jogos. Desde o início do ano, não houve uma única exibição decente. Por mais que a torcida rubro-negra reclame da arbitragem na semifinal do Carioca, esta passou longe de ser a razão pela queda.

O time não joga, não jogou e, por mais que doa para alguns dizer isso, não jogaria nada com Luxemburgo. Estes primeiros cinco meses do ano foram jogados no lixo pelo Flamengo.

Os girondinos rubro-negros da diretoria, tão eficazes no planejamento financeiro, precisam entender mais de futebol e ter a mesma capacidade para pensar o que será do time, da comissão técnica.


A torcida não admite um time abaixo das expectivas, tolera dentro delas, adora acima. Para isso, já que não tem nenhum craque, pelo menos um pouco mais de organização dentro das quatro linhas não é pedir muito.


Valeu,

Bruno Porpetta

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Cavalo selado

A teledramaturgia brasileira, que nos enche de orgulho pelo mundo afora, às vezes peca pelo roteiro pronto. Uma repetição de histórias com outros nomes, outras personagens e os mesmos dilemas e finais.

A vida é muito mais dinâmica, contraditória e curiosa do que as novelas. É na realidade que as pessoas se dão mais o direito de deixar passar o cavalo selado duas ou mais vezes, sem montá-lo.



A denúncia publicada por Jamil Chade, no Estadão, não chega a ser propriamente uma novidade, muito menos uma surpresa. É a comprovação documental do pão bolorento que é a CBF. A razão fundamental de cada gol alemão na Copa.

A CBF, que cuida mal de suas competições, terceirizou os cuidados com a seleção. Ou seja, a rigor, a entidade não faz nada, a não ser ganhar dinheiro. Dá saudades de caras como João Saldanha, que nunca admitiria a escalação de qualquer jogador por qualquer outra pessoa que não fosse ele mesmo.

A MESMA PRAÇA, O MESMO BANCO...

Sob nova direção, a CBF continua gerando renda (e não é pouca) ao ex-fugitivo Ricardo Teixeira. Através da seleção, mediando negociações de contratos. Passeando pelo mundo em paraísos fiscais.

É lamentável o “piti” de Walter Feldman, na Folha, contra Juca Kfouri. Sobram adjetivos para definir essa manifestação histérica e patética do homem responsável pela aproximação ainda maior e mais perigosa da CBF com o Congresso, de Eduardo Cunha e Renan Calheiros.

Não há nada de novo na CBF, como não havia na política nas últimas eleições. O projeto Marina, que mostrou-se mais do mesmo e tinha como parte o senhor Feldman, explica bem o que é a CBF atual. Mais do mesmo.


Já houve uma CPI da CBF, que deu com os burros n’água. Haverá outra? É hora de montar o cavalo.


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 12 de maio de 2015

O tal do futebol

“Para estufar esse filó como eu sonhei, só se eu fosse o Rei.”, dizia Chico Buarque, em “O Futebol”.



Começou o Campeonato Brasileiro da CBF, aquele que nos prova a cada ano como esta entidade é um atraso de vida para o nosso futebol. O que vimos na primeira rodada, em termos de público, é vergonhoso. Salve-se aí o Fluminense, com seus 20 mil no Maracanã, e o Palmeiras em São Paulo.

O que se vê em campo é de fazer chorar. Da alegria do Botafogo pela vitória importante na estreia contra o Paysandu, na série B, ao tempo perdido pelo Flamengo em Atibaia, com um time perdido em campo.

O Vasco, ou pela ressaca, ou pelo choque de realidade, também estreou mal. Perdeu dois pontos importantes. O Flu, ao menos, venceu. Mesmo que a bola tenha sido bem pequena.

Enfim, nada diferente do que andou se vendo por aí. Com exceção de Pato e Ganso, que voltaram a jogar bola, não houve nada de extraordinário nesta primeira rodada.




NO TEMPO DE DONDON

Vivemos tempos onde o resultado se tornou primordial, o caminho para isso só importa se for vencedor. Apenas dois lances, em todo o final de semana, são dignos de nota.

“Um senhor chapéu, para delírio das gerais no coliseu”, de Valdívia – que só fez isso no jogo, mas valeu o salgado ingresso da arena de nome proibido pela CBF e a Globo, tal como a Liesa fez com a Beija Flor em 89.



“Captar o visual de um chute a gol”, de Renato Cajá – que golaço – jogando pela Ponte Preta diante do Grêmio, no substituto do saudoso Olímpico.

A primeira impressão do Brasileiro é a de saudades de tabelas assim: “Para Mané, para Didi, para Mané, Mané para Didi, para Didi, para Mané, para Didi, para Pagão, para Pelé e Canhoteiro.” O final dessa história a gente sabe onde acaba.


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Vai começar a festa?

Neste final de semana começam os estaduais. Mas para o nosso quintal interessa mesmo o Carioca. O que ficou conhecido como “charmoso”, devido à queda acentuada de qualidade durante os anos 90, que se arrastou ao longo dos anos.

Não é nenhum absurdo creditar parte dos nossos insucessos ao grande feudo instalado na FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), encabeçado por Rubens Lopes, cria do lendário homem de “boa imagem”, o Caixa d’Água.



Nesse mato não tem só cachorro. Existe uma gama de bichos que devoram nosso campeonato ao longo dos anos.

A polêmica dos ingressos é pitoresca. A FERJ promove um festival de preços baixos, Flamengo e Fluminense se pronunciam contrários. Por trás de toda esta história, a figura de Eurico Miranda.

Apesar das razões comerciais da dupla Fla-Flu, não dá pra ser contra ingresso barato. Pega até mal, né não? Apesar da conhecida dupla Rubens-Eurico, existe a chance de o povo voltar aos estádios.

Na bola, pode ser melhor

Os times cariocas, fora da Libertadores, jogarão pra valer o estadual. A ligeira vantagem do Flamengo, neste ano de vacas magras, coloca mais pressão sobre o rubro-negro.

O Fluminense tenta segurar aquele que, hoje, é um bom time. Amanhã, ninguém sabe. No Vasco, time novo, treinador novo e um velho dirigente.

O Botafogo é uma incógnita cuja tarefa é voltar à elite do futebol nacional. Depois do desastroso ex-presidente, qualquer notícia de General Severiano já é melhor que as do ano passado.

O Bangu enfiou cinco no time chinês. Por mais que Vágner Love, Montillo e Cuca estejam praticamente dando um rolé por estas bandas, cinco é bastante coisa. Pode surpreender.

Já o time do Macaé, repleto de empresários fazendo testes, acabou de levar a Série C do Brasileiro. Será, no mínimo, curioso.


É pagar pra ver. Embora ainda discutam se será muito ou pouco.


Valeu,

Bruno Porpetta

De Cabral a Cabral, é muita cara de pau!

O Brasil, enquanto colônia portuguesa, saqueado dos índios de Pindorama, completará neste ano 515 de idade. Essa história toda começou com Cabral, o primeiro a contar para a metrópole europeia que existia um “continente” do lado de cá e que trocávamos qualquer coisa por espelhos.

Não é difícil imaginar que os indígenas mortos só se encontravam nesta condição porque resistiram e não queriam espelhos por nada nesta terra. Assim como em 2013 houve, tirando certas confusões de percurso, um levante dos que resistem nos dias atuais.

O desgaste ao governo Cabral, por mais que não tenha contribuído decisivamente em uma mudança mais profunda de valores, foi uma vitória dos que muitas vezes tombaram diante da “colonização”.

Assim como existe no futebol aquela vitória que não vale nada, o “ganhou, mas não levou”, há também a derrota que te classifica. Cabral perdeu lá, o atual governo Pezão se elege quase sem falar em Cabral, mas retornou em 2015.



A nomeação de Marco Antônio Cabral, filho dele de apenas 23 anos, para a Secretaria de Esportes e Juventude do Estado do Rio de Janeiro é um triunfo de Cabral. Uma demonstração de força, uma tiração de onda.

Marco Antônio, o novo secretário, foi eleito deputado federal pelo PMDB com a campanha mais cara dentre todas. Foram 6,7 milhões de reais despejados em sua campanha por empresas que mantiveram, mantém e manterão por mais algum tempo contratos com o governo do estado do Rio.

Cabralzinho agradece ao apoio e agora tem em mãos a secretaria decisiva para tocar os negócios dos Jogos Olímpicos do Rio 2016. A turma do PMDB só não tem o Ministério dos Esportes, cujo titular é George Hilton, do qual já falamos antes. E não foi bem.


Cabe a nós, que derrubamos Cabral uma vez, caminhar para derrubá-lo de novo. Agora está em nossas mãos.


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

No espocar dos fogos

Virada de ano é tempo de festa. Não podemos, nem devemos nos permitir a outra coisa que não seja a alegria. Os anos já são duros demais para que não tenhamos direito à alegria, ao menos, na virada do ano e no carnaval.

Dos ministérios de Brasília, tivemos algumas notícias boas em meio a uma penca de ruins. Não será fácil aguentar Joaquim Levy, Kátia Abreu e, em especial, para nós que gostamos de esporte, George Hilton.



O esporte no Brasil continua sendo troco na montagem dos ministérios. E olha que vai dar dinheiro pra uma galera com os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016!

Se antes já tínhamos dificuldade em estabelecer uma política inclusiva consistente do esporte na vida do povo brasileiro, agora esta perspectiva parece mais distante.

Resultado: os atletas revivem 2013 e se organizam na crítica a escolha do novo Ministro do Esporte. Ou seja, é preciso levantar o traseiro da poltrona para garantir uma política desportiva séria. Independente do nome que ocupe a pasta.

Veta, Dilma!

A começar pelo veto ao golpe da cartolagem dado ao apagar das luzes do Congresso, incluindo mais uma farra com a nossa cara, com nosso dinheiro. Na prática, liberaram o “calote premiado” no futebol brasileiro.

A vergonhosa manobra que deu 20 anos para que os clubes nos enrolassem, sem nada que impeça o calote, deve cair nas mãos da Presidenta Dilma.

Aparentemente ela deve vetar o artigo colocado sacanamente em uma MP que tratava de aerogeradores, mas não custa dar mais uma cobrada nisso.

No nosso quintal, além do toque de caixa nos Jogos Olímpicos, o sr. Rubens Lopes – comandante do futebol no estado do Rio – impõe multa a quem critique o Campeonato Carioca.


Os tempos parecem sombrios, mas a disposição para resistir a tudo isso e mudar alguma coisa também parece crescer. Que façamos nosso 2015 feliz! 


Valeu,

Bruno Porpetta