terça-feira, 29 de setembro de 2015

Óleo de peroba

Se você acha que a política é um meio sujo, você ainda não conhece o mundo do futebol.

Sobre a política ainda é possível exercer algum controle público, existem instrumentos e mecanismos de defesa do interesse coletivo. Por mais que lhe neguem acesso cada vez mais, algum acesso você tem.



No futebol, tal como no tráfico de drogas, armas, contrabando e quaisquer atividades criminosas em todo o mundo, existe uma estrutura paralela ao “nosso mundo” onde rola muita grana.

Este dinheiro que você não sabe de onde vem, tampouco sabe para onde vai. Mas, por onde passa, vai enriquecendo dirigentes e empresários que se valem da nossa paixão pelo esporte.

É possível que a real intenção das investigações tocadas conjuntamente pelo FBI e a justiça suíça não seja das mais nobres, mas elas estão provocando um estrago danado ao que parecia um eterno sossego destes aproveitadores do futebol.

Joseph Blatter, que a princípio não larga o osso até fevereiro de 2016, está na mira dos suíços. Seu provável substituto, Michel Platini, também ganhou motivos para arregalar os olhos, com seu nome citado como destinatário de parte da bufunfa.

Enquanto isso, Zico não consegue míseras cinco cartas de recomendação para seguir adiante em sua candidatura à presidência da FIFA. Ele pode não ser santo, mas decididamente não faz parte do esquema.

A barbárie no mundo do futebol é tamanha que, diante das investigações sobre um suposto calote em impostos dado por Neymar aqui no Brasil, o empresário do atleta “recomenda” publicamente que o pai – aquele que levou a comissão mais gorda da história por uma transação de jogador – tire seu dinheiro do país e o leve para paraísos fiscais.


É o espírito olímpico da cara de pau, superando limites.


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Nome aos bois

Aos poucos, os caras que controlam o futebol brasileiro transformaram o esporte em uma vaca, que lhes deu leite aos litros por muito tempo. Continua dando, mas a teta dá sinais de que pode secar.

O Estatuto do Torcedor, dentre os méritos que possui, um deles é o fim da esculhambação de regulamentos das competições. Ou seja, um regulamento não muda durante o campeonato, nem para o do ano seguinte. O que acaba com qualquer chance da tal virada de mesa que pode salvar o Vasco no fim do ano.

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebon/Agência Brasil

Mas existem coisas que são de competência exclusiva das entidades que administram o esporte. Leia-se, estão na mão da CBF e federações estaduais. Aí, você já pode imaginar o resto.

A arbitragem é uma destas tarefas. Portanto, a culpa de toda essa bagunça no Brasileirão, provocada por uma bobagem maior que a outra feita pelos apitadores, é da CBF.

Marco Polo Del Nero, que está exilado em seu próprio país, pois não existe qualquer lugar no mundo que seja o paraíso penal para ricos como o Brasil, é quem “organiza” essa balbúrdia toda. Isso para não falar de um que já está preso, outro processado,...

A resistência da CBF em admitir a profissionalização dos árbitros, o uso da tecnologia e a racionalidade das escalas provoca a situação do último Fla-Flu, onde o zagueiro Wallace enfia o braço na bola e o olho despreparado do sujeito não vê. Para não falar dos outros inúmeros crimes cometidos país afora.

Esta direção do nosso futebol é responsável pelo desinteresse crescente do público pelo campeonato. Assim como provocou o desdém pela nossa seleção, alvo de piadas até hoje envolvendo os números sete e um.


A seleção joga, desfalca os times, e ninguém vê. Ainda prefere o Brasileirão. Não se sabe até quando.



Valeu,

Bruno Porpetta

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

As máscaras do Brasileirão

Nobres leitores e leitoras. Eu andava até meio paradão por aqui, mas a situação da arbitragem me força a escrever um bocadinho.

Peço licença para meter a mão nessa cumbuca.

O que se vê durante o campeonato, mexido pelos erros de arbitragem, é curioso.



Os árbitros, diante de tantas bobagens que tem feito, adiam o início dos jogos para pedir 0,5% do direito de arena dos clubes. Ou seja, ao invés de pedir a profissionalização da profissão, com dedicação exclusiva à arbitragem, o que reduz a possibilidade de erros bisonhos, pelo menos.

Poderia enumerar inúmeras vantagens da profissionalização dos árbitros, mas talvez esse seja um assunto já batido. É tão óbvio, que não tem muito o que explicar.

Nada mais normal que um profissional apitar jogos entre profissionais.

Os clubes, por sua vez, conseguem uma proeza.

Unem a justeza de todas as palavras dirigidas aos árbitros ao mero denuncismo barato, sem nomes, sem evidências, só ilações.

Segundo alguns dirigentes, pode haver um esquema a favor do Corinthians levado a cabo pela arbitragem. Jura mesmo?

O Corinthians, apesar de ter sido beneficiado em alguns lances (o que não inclui o jogo contra o Sport), voltou a ser uma máquina de estabilidade. A mesma que levou Tite a outros títulos, em anos anteriores, pelo clube.

Tem o futebol mais redondo do momento. Merece estar onde está.

O que pode se discutir é um ou dois pontos a mais de vantagem. Que é importante, mas não fundamental.

O Atlético-MG, que tem o futebol mais bonito, vem sentindo o desgaste e, em alguns jogos, foi mal. É bom que recupere seu melhor futebol, sob pena de não pegar mais o Corinthians na liderança até o final.

Creditar tudo aos árbitros, se sentir perseguido e tal, já é um exagero.

O Fluminense também pode reclamar bastante da arbitragem. Até do jogo contra a Chapecoense,  onde ficou evidente que o árbitro demorou, mas marcou corretamente. Ajudado pelo quinto árbitro, que estava ligado na TV, embora não pudesse, mas devesse.

Este é outro escândalo. A adoção da tecnologia no futebol é urgente. Cada ano que passa, o futebol vai ficando mais difícil para o olho nu.

Deve reclamar do gol mal anulado contra o Corinthians, que pode ter decidido o resultado. Impedimento fácil de dar, que o bandeirinha teve toda a convicção do mundo na maior bobagem da sua vida. Foi tão escandaloso que até gancho pegou o sujeito.

Assim como foi escandalosa a manchete de vôlei dada pelo zagueiro Wallace, no Fla-Flu.

Daí por diante, vira papo de boteco. Criam-se as teses mais mirabolantes para explicar derrotas que, apesar dos erros de arbitragem, aconteceriam de qualquer forma.

Em suma, muito da imagem que se faz do campeonato é reflexo da imagem que tem a CBF diante dos olhos de todos.

Quem vai acreditar em um campeonato, ou em sua arbitragem, organizado por um sujeito que tem pânico de sair do Brasil, pois pode ser preso em qualquer outro lugar que não esse paraíso penal para ricos que é o nosso país?

Aí, toda teoria tem sua razão de ser, mesmo que não tenha razão nenhuma.


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Ah! Esses dirigentes..

O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, não acompanhou a seleção aos Estados Unidos, onde disputará amistosos e desfalcará times brasileiros no andamento do Brasileirão.

Se viajar, provavelmente não volta.



Este mesmo sujeito anunciou, quase ao mesmo tempo, o calendário do futebol brasileiro para 2016 e o possível fim do horário de 22h nos jogos do campeonato.

Enquanto condena nossos clubes a passarem quase um mês desfalcados durante as principais competições do país, faz uma média, em prévio acordo com a emissora que detém os direitos de transmissão do futebol, com a galera.

O fim desse horário indecente do futebol no Brasil era uma reivindicação antiga de quem, ao menos, tem o tal do polegar opositor. A mudança anteciparia em 20 minutos o início das partidas. Às 21h40, ficou melhor para você?

Del Nero não veio do nada, ele é produto de outros tantos dirigentes de clubes e federações. Como Eurico Miranda, que acredita na possibilidade de ampliar o número de clubes na Série A do ano que vem. O Estatuto do Torcedor impede que isso aconteça. Não passa de galhofa.

Mas curioso mesmo é o caso do Cruzeiro. O presidente Gilvan vai a público demitir Luxemburgo, após ter demitido Marcelo Oliveira, que o eliminou da Copa do Brasil, sem confessar nenhum erro.

Jogou a culpa na imprensa e na torcida. Dá para levar a sério?

Este sujeito vota na federação, que vota na CBF. É o começo da cadeia alimentar no futebol brasileiro. Onde um engole o outro e todos engolem o nosso futebol.

Os nossos dirigentes mantêm negócios em paraísos fiscais, vivendo no paraíso penal, para ricos, brancos e bem vestidos, que é o Brasil. Prisão aqui é só para garotos indo à praia, coincidentemente todos negros e pobres.


Gol da Alemanha.


Valeu,


Bruno Porpetta