quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Não basta ser bom, tem que ser sinistro!

Falcão - o Pelé do Futsal - não está satisfeito em quebrar recordes, consolidar seu nome como o maior gênio do esporte.

Ainda bem!

Gênio que é gênio pode até cumprir com suas obrigações profissionais, mas vez por outra, tem que dar uma esculachada.

O que você acha desta aí, no vídeo abaixo?




Sinistro! Né não?


Valeu,

Bruno Porpetta

domingo, 16 de dezembro de 2012

O mundo em preto e branco

"Bi-mundial, é coisa que o Corinthians não consegue nem a pau!" (Torcida do Santos, durante muitos anos)

O mundo, pela segunda vez, foi pintado em preto e branco. O Corinthians sagrou-se bicampeão mundial de clubes de futebol.



É preciso, primeiramente, fazer algumas considerações a respeito do título conquistado no Maracanã, em 2000.

Apesar das circunstâncias pouco convencionais que determinaram a composição dos clubes participantes daquele torneio, por maior desgosto que possa causar nos torcedores rivais, por pior que tenha sido a partida final contra o Vasco, o Corinthians foi campeão do mundo naquele ano.

Os créditos a todo o descrédito da competição, devem ser dados à FIFA.

A entidade "terceirizou" o Mundial de Clubes, colocando-o nas mãos da ISL - empresa envolvida em inúmeras denúncias de escândalos, entre eles o caso que envolveu Havelange e Ricardo Teixeira na Suíça, mostrado pela BBC londrina, em reportagem de Andrew Jennings (vídeos abaixo) - que faliu em 2001, abortando a realização do torneio, que tinha a Espanha como sede previamente escolhida.





Diga-se de passagem, aquele formato de Mundial era muito mais interessante, pois colocava todos os continentes, além do país-sede, em pé de igualdade. Dividiam-se em dois grupos de quatro times cada, os vencedores disputavam a grande final. Sem muita frescura.

Se os critérios para indicação dos clubes participantes foi uma completa zona, o Corinthians não tem nada a ver com isso. Questionável, no caso, era a participação do Vasco, campeão da Libertadores de 1998, indicado na véspera da final da competição sul-americana de 99, onde o Palmeiras sagrou-se campeão.

Estas trapalhadas da "entidade máxima do futebol" permitiram sombras de desconfiança geral sobre este título, mas ele existiu, está lá e é do Corinthians.



Portanto, reclamem com a FIFA. Ela merece!

Hoje, por incrível que pareça, eu já tinha cantado a bola. A qualquer um que me perguntava, eu dizia: "Acho que vai dar Corinthians."

O porquê é simples. Desde 2005, quando a FIFA retomou a organização do Mundial de Clubes, nunca houve uma final tão equilibrada.

O Chelsea é um grande time, mas está longe de ser uma seleção de craques. Estivesse o Barcelona em seu lugar, provavelmente meu prognóstico seria outro.

Já o Corinthians, por mais que torçam o nariz, é um excelente time, com um excelente treinador.

A confiança depositada em Tite foi fundamental para este sucesso. Depois da eliminação na Pré-Libertadores de 2011, para o Deportes Tolima, da Colômbia, qualquer outro time teria demitido o treinador. O Corinthians prosseguiu com ele, a despeito de toda a pressão, e chegou onde chegou.

Quer uma prova? Quem bancou a escalação de Cássio, em lugar de Júlio César, contrariando boa parte da crítica esportiva, inclusive este que vos escreve?

A atuação de Cássio contra o Chelsea, com pelo menos três milagres, e algumas defesas, comprovou que Tite estava correto, e nós errados.

Além disto, o Corinthians tem algo que todos os outros clubes brasileiros vivem perseguindo: padrão de jogo.

Fosse o Íbis no lugar do Chelsea, o esquema seria o mesmo. Mais uma lição para Muricy, que resolveu inventar contra o Barcelona e levou um coco inesquecível.

É preciso ressaltar, foi um título essencialmente corinthiano. Com raça, coração e sofrimento. Muito sofrimento.

Não à toa, o autor dos dois gols corinthianos no Mundial foi Guerrero, como todo o time.

Ou a torcida corinthiana não teve calafrios ao ver aquela bola de Fernando Torres sacudindo as redes?

Aliás, convenhamos, o cara ganhou uma Copa do Mundo e não sabe sequer acompanhar a linha do último zagueiro!

E para acabar com qualquer indício de que o Chelsea não tava nem aí para o Mundial, a cara de bumbum após a derrota foi bastante elucidativa.

A FIFA precisava eleger algum jogador para dar o carro japonês que Zico e Raí já ganharam, e elegeu Cássio. Mas se fosse pra ser justo, realmente justo, o prêmio deveria ir para a torcida do Corinthians, que fez do estádio de Yokohama uma espécie de Pacaembu.



E assim pintou o mundo de preto e branco...

Diga-se, merecidamente.

Vai, Corinthians! Vai curtir teu título! Teu bicampeonato mundial! Na bola e na arquibancada.


Valeu,

Bruno Porpetta

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Na própria bola e na covardia alheia

Pelo primeiro tempo, era natural a imagem do São Paulo levantando o troféu da Copa Sul-americana.

O Tricolor paulista jogou muito mais, enquanto a preocupação do Tigre era parar o jogo todo o tempo.

Lucas fez uma partida maravilhosa, marcando o primeiro e dando o passe para o segundo. Era sua despedida do São Paulo, agora seu destino é o mesmo que um dia foi de Raí - o Paris Saint-Germain.



Até aí, time argentino catimbando não é algo que soe como novidade para ninguém. O que é novo, é time argentino - com o perdão da palavra - cagão!

Arrumar um arranca-rabo na saída pro vestiário, no intervalo de jogo, é típico de time desesperado, que percebe que não tem condições de reverter o resultado. E não tinha mesmo!

O São Paulo, caso o jogo prosseguisse, poderia golear o Tigre. Tinha bola e nervos no lugar sobrando diante do time argentino.

Porém, o Tigre não retornou mais ao jogo. Alegando falta de segurança, ficou no vestiário. E tudo porque os garotinhos, supostamente, quiseram invadir o vestiário sãopaulino e levaram uma coça dos brutamontes seguranças tricolores.

Mesmo que houvesse um tanque apontado para o time, que entrasse e jogasse. Esta atitude não é uma vergonha apenas para este Guaratinguetá do futebol argentino, mas para todo o futebol argentino!

Esta é uma competição que, pelos critérios de classificação, permite que clubes fora do que se pode considerar grandes participam. Daí o porquê de um clube chamado Tigre chegar à decisão. Só por isso, o São Paulo tinha até alguma obrigação em ganhar o título.

E há de se reconhecer: o São Paulo venceu na bola! O São Paulo é, legitimamente, campeão! Não há nada que desabone este título.

Mas, para o próprio São Paulo, seria muito melhor vencer em circunstâncias normais. Nestas circunstâncias, a vitória tem seu brilho um pouco ofuscado.

Ademais, é importante ressaltar a atitude de Rogério Ceni. Após subirem no palco armado para a entrega do troféu, ele passou a braçadeira de capitão para Lucas, fazendo com que este o erguesse.

Parabéns, São Paulo! Mesmo a patética atitude do Tigre, não tira o mérito pela conquista.


Valeu,

Bruno Porpetta


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Coincidência?

Em matéria da Época Negócios Online no dia de hoje, a manchete estampa "Empresas de Eike disparam na Bolsa com notícias sobre BNDES".



Leia mais: http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/noticia/2012/12/empresas-de-eike-disparam-com-noticias-sobre-possivel-entrada-do-bndespar.html

Por uma grande coincidência, nas eleições do Flamengo, comporão a nova diretoria um executivo do BNDES (o presidente Eduardo Bandeira de Mello) e outro da EBX (Flávio Godinho, ainda sem pasta definida após a confirmação de Wallim Vasconcellos como vice de futebol).

Não é preciso dizer o quanto pesa ser dirigente do Flamengo, né não?

É dessas coincidências que fazem qualquer um, que junte lé-com-cré, parecer mineiro. Tá tudo "bão", mas um "tiquim" de pé atrás  sempre é "mió".


Valeu,

Bruno Porpetta

sábado, 8 de dezembro de 2012

Um pouquinho de água no chopp

Com grande alegria e satisfação, a torcida do Flamengo comemora o resultado das eleições no clube. A vitória de Eduardo Bandeira de Mello - ou a derrota da desastrosa gestão de Patrícia Amorim - é cantada aos quatro cantos como sinônimo de renovação, esperança e fé em dias melhores para o clube de maior torcida do Brasil. Seja dentro ou fora do campo.



É fato que a política interna do clube era um eterno disco arranhado. A alternância de poder, em geral, se dava na cabeça de chapa. Para além desta, a insistente repetição de nomes bem conhecidos dentro e fora do Flamengo.

A simples nominata para os cargos mais importante, feita pela chapa recém-eleita, pode ser um indício de oxigenação da política rubro-negra. Eu disse "pode".

Em meio a tanta empolgação, é preciso ponderar algumas questões, antes que façamos avaliações positivas prévias em um mandato que ainda nem começou.

Se há algo realmente muito importante neste processo, é que ele transbordou os limitados muros da Gávea. Os sócios do clube foram sensíveis à voz das ruas, mesmo que estas ainda sejam abafadas pelo intrínseco elitismo do Clube de Regatas do Flamengo.

É absurdo que, para uma torcida de 40 milhões de pessoas, cerca de cinco mil associados estejam aptos a votar. Ou seja, pouco mais de 0,01% da nação rubro-negra.

Neste sentido, nada foi dito pela nova direção. Não há nada concreto para democratizar o Flamengo, trazer sua torcida para dentro do clube, fazê-la participar das decisões que, em primeiro lugar, a envolvem.

Que fique evidente, entende-se por torcida aqueles que não se locupletam do clube, não recebem ingressos para proteger ou difamar um ou outro dirigente. Enfim, torcedores não profissionalizados, que colocam o coração à frente do bolso, e não o contrário.



O Flamengo, tal como os demais grandes clubes do país, é muito maior que sua sede social. Cada ação de seus dirigentes conta, fundamentalmente, com a participação dos torcedores, vistos como consumidores em um cenário de adaptação progressiva dos clubes aos ditames empresariais.

Aliás, nestes padrões, o Flamengo está aparentemente bem servido. A nova diretoria possui executivos de grandes empresas, nos mais diversos ramos e todos muito bem sucedidos. Para que o Flamengo se torne, pelo menos do ponto de vista gerencial, um negócio rentável, este aspecto é importantíssimo.

E aí reside outra questão a se ponderar. Às vésperas do lançamento do edital de concessão do estádio do Maracanã, onde o grande favorito para levar este "presentão" é o megaempresário Eike Batista (o filho do ex-presidente da então estatal Vale do Rio Doce, durante a ditadura militar), e o responsável pelo futebol rubro-negro será Flávio Godinho, executivo da holding EBX, de propriedade do homem da coleirinha da Luma de Oliveira.

Pode ser um grande negócio para o Flamengo, mas é péssimo para o povo do Rio de Janeiro. Esta relação pode viabilizar um acordo entre as empresas de Eike e o Flamengo, a preços que os torcedores do clube dificilmente poderão pagar.

Além disso tudo, existe uma outra pedra no caminho. Para viabilizar sua gestão, é preciso obter maioria no Conselho Deliberativo do clube cuja eleição acontecerá no dia 13 deste mês. Caso contrário, as mudanças prometidas serão, por força do estatuto, engessadas neste conselho.

Para se obter a tal maioria, a nova direção terá que chafurdar na asquerosa política do clube.

Negociar com os velhos caciques que, há muitos anos, mantém o Flamengo em situação quase falimentar, inversamente proporcional às suas próprias contas bancárias.  Os mesmos que guardam distância entre o clube da Gávea e sua imensa torcida espalhada pelos subúrbios. Aqueles que, eleição após eleição, permanecem vivos nos noticiários sobre o Flamengo e que, a fim de não perder a "boquinha", impediram a profissionalização do futebol.

A gestão Eduardo Bandeira de Mello à frente do Flamengo será, trocando em miúdos, o resultado da mudança vitoriosa, negociada com o atraso, em tese, derrotado.

É inegável, também, o papel desempenhado por Zico nas eleições.

Destratado pela gestão de Patrícia Amorim, o maior ídolo da história do clube retornou ao Flamengo para sepultar quem o tirou de lá. Sua fiança para a chapa de Bandeirão (como é chamado o novo presidente em círculos mais informais) foi fundamental para mobilizar a torcida em torno dela.

O êxito deste processo está condicionado, primordialmente, à continuidade da "intervenção" da torcida nos rumos do clube. Esta é uma contradição que a nova gestão deverá enfrentar. Ou seja, adaptar-se à realpolitik do Flamengo, reunindo os mesmos interesses que travam o Flamengo há anos, significa virar as costas à grande força motriz que conduziu-os à direção do clube.

A bola está com eles, e esta eleição do Conselho Deliberativo pode ser um forte indicativo do caminho que escolheram.

Portanto, devagar com o andor, que o santo é de barro... e o calor no Rio está de derreter!


Valeu,

Bruno Porpetta


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Ah! Se fosse primeiro de abril...

Morre Oscar Niemeyer!



Já devo ter ouvido esta notícia umas 300 vezes nos últimos 20 anos. Estava quase crente que a morte de Niemeyer era uma eterna brincadeira de 1º de abril.

Mas em 5 de dezembro de 2012, a notícia deixou de ser brincadeira.

Partiu um gênio da arquitetura! A despeito de opiniões individuais a respeito de algumas de suas obras, é inegável que Niemeyer tornou a arquitetura brasileira uma arte. Será lembrado como parte da história da arquitetura, que se confunde com a história da arte em todo o mundo.

Partiu um histórico comunista! Alguém que reivindicava, no alto de sua fama, um outro modelo de sociedade.

Sua morte consegue, ao mesmo tempo, ser óbvia e surpreendente. Isto em si, já é um grande feito. De um grande cara.

Seja bem-vindo à eternidade, camarada!

Valeu,

Bruno Porpetta

domingo, 25 de novembro de 2012

A queda

Infelizmente, as tarefas do cotidiano tem me ausentado um pouco. Peço-lhes desculpas prolongadas, por cada dia sem postar algo e comentar algum fato relevante sobre o futebol, a vida, as pedras no caminho e por aí vai.

Sem dúvida alguma, os grandes fatos recentes neste "blogstício" foram as quedas do Palmeiras e de Mano Menezes.



Sobre o Palmeiras, era bola cantada há algum tempo, mas a força da camisa do Palmeiras nos fazia desconfiar de algum milagre.

Mas o Palmeiras sequer conseguiu vencer o confuso, e em férias, Flamengo. Aí não tem jeito.

Caiu, levando consigo os problemas que, igualmente, afligem o próprio Flamengo.

Cada vez que o clube passa por um processo eleitoral (o do Palmeiras é no início do próximo ano), o período que o antecede é uma draga. Os constantes conflitos entre situação e oposição acabam relegando o Palmeiras a segundo plano. A prioridade para cada grupo é a disputa de poder e seus interesses comerciais, intrinsecamente pessoais.

A frustrante gestão Belluzzo, que poderia interromper este ciclo de egos inflados, sucumbiu à composição de forças políticas internas, envolvidas nesta velha engrenagem que emperra o Palmeiras. E a cada eleição, o que surge como novidade acaba se rendendo à lógica que reina no clube.

Assim, não é surpreendente que o Palmeiras caia pela segunda vez em 10 anos. Se nada disso mudar, haverão outras e o Palmeiras pode se tornar o maior campeão da história da segunda divisão brasileira. Seria ótimo, se fosse o Paraná Clube. Mas é o Palmeiras...

A outra queda, de igual relevância, é a do treinador da seleção. Mano sucumbiu à sabe-se-lá-o-quê!

Aparentemente, é Marin (outro dia, escrachado por ter sido delator aos militares durante a ditadura) ganhando terreno à frente da CBF. Limpando qualquer vestígio da presença de Ricardo Teixeira no comando da entidade.

Se, por hora, Andrés Sanchez continua como Diretor de Seleções, é bom ele se preparar, pois sua cabeça parece a prêmio.

Anunciou-se também que o próximo treinador será escolhido no ano que vem. Concorrem à vaga Tite, Felipão e Muricy, além da boataria em torno de Pep Guardiola.

Justamente na hora que Mano estava muito próximo de achar o time. O esquema parecia definido. E há menos de um ano da Copa das Confederações.

Se Mano possui algum demérito neste período, em que foi quase o Presidente da República, é a falta de firmeza nas próprias convicções.

Os mais de 100 convocados não seriam tão assustadores, não fossem as inúmeras vezes que convocou por pressão externa, ao invés de seguir sua própria cabeça.

Para treinar a seleção, é preciso ter coragem! E esta faltou a Mano em algumas ocasiões.

Portanto, o momento de demití-lo era bem anterior ao da decisão. Se ficou até agora, devia permanecer até 2014.

Compromete-se todo o trabalho, além de significar um recomeço, com outra filosofia de trabalho, outras ideias acerca do futebol. Ou seja, jogamos dois anos fora.

E tudo por questões políticas.

Olha a tal da política aí de novo. A que derrubou o Palmeiras, derrubou o Mano, derrubou Teixeira, derrubou Hitler, derrubou Collor...

E ainda tem gente que não gosta. Mal sabem que estão sujeitos, o tempo todo, às vontades de quem gosta.

Mas essa fica pra pensar na cama, com seus botões.


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 13 de novembro de 2012

A faca de dois gumes


Em Presidente Prudente, Palmeiras e Fluminense jogavam em realidades absolutamente distintas.



O Fluminense contava os dias para se sagrar campeão brasileiro. Somente uma hecatombe nuclear, ou se todos os países latino-americanos declarassem moratória em suas dívidas e exigissem reparação por séculos de injustiça e exploração por parte das ex-colônias e atuais impérios, poderiam tirar este título da Rua Álvaro Chaves, no simpático bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro.

Pouco provável que algo deste tipo ocorresse até o final do ano.

Restava saber em qual rodada o caneco seria pintado em três cores.

Do outro lado do campo, estavam as camisas verdes do Palmeiras. Sem sacanagem, um time fraco. Muito aquém da história alviverde de Parque Antártica. Não à toa se encontrava nesta situação.

Não bastava o desespero ao olharem os jornais pela manhã e enxergarem seu time na zona vermelha da tabela, ainda eram obrigados a conviver com ameaças de torcedores profissionais que mancham a imagem do clube. Há de se reconhecer até algum heroísmo neste time jovem que, a despeito de tudo isto, ainda se dispunha a correr e lutar pela permanência na elite do futebol brasileiro.

O jogo era um forno. Seja pelo calor intenso de Presidente Prudente, pelo fogo que o Fluminense tinha em resolver logo a parada, ou pela chapa quente palmeirense.

No primeiro tempo, o jogo foi o retrato de todo este calor. Amarrado, com o Palmeiras tentando manter a bola nos pés, contra um Fluminense com sua paciência característica.

A maior objetividade tricolor deriva da qualidade que tem do meio-campo pra frente, mesmo que parte destes jogadores também desempenhem funções defensivas – meio que a contragosto da torcida, mas deu certo.

Para o Palmeiras, parecia que nada pior do que levar o primeiro gol – de Fred, pra variar - no final da etapa inicial poderia acontecer. Ledo engano.

A tragédia parecia completa quando Maurício Ramos – que havia falhado duas vezes contra o Botafogo – amplia o placar contra o próprio patrimônio, logo no começo do segundo tempo. Em jogada de Fred.

A recordação do caso Andrés Escobar - zagueiro colombiano morto em 94, após enterrar o sonho de Edson Arantes do Nascimento em ver a Colômbia campeã do mundo, com um gol contra – me veio logo à cabeça. Coisas que somente a vileza de alguns profissionais da arquibancada, ou narcotraficantes, ou os dois, poderiam fazer supor.







Porém, quando surge o alviverde imponente no gramado em que a luta o aguarda, é preciso saber que, por sobre o corpo daqueles jovens acuados existe uma camisa do Palmeiras. E diante do tamanho que tem, o improvável tornou-se possível: empataram o jogo.

O Fluminense perdeu-se em campo por alguns instantes. Parecia não entender o que estava acontecendo.

Se o Palmeiras tivesse mais um ou dois jogadores decisivos, poderia ter virado o jogo. Mas não tem, ao contrário do Fluminense.

Quando a poeira assentou, o tricolor voltou a tocar a bola e assim, novamente com Fred, fez o terceiro. A esta altura, o Galo só empatava com o Vasco, em São Januário, com uma senhora ajuda do árbitro, que anulou gol legal da nau cruzmaltina e inventou um pênalti para o Atlético-MG.

Era o título! O quarto título brasileiro do Fluminense!

E de forma incontestável!

Por mais equívocos que a arbitragem tenha cometido, ela não fabrica o melhor ataque do campeonato, a melhor defesa, os milagres de Diego Cavalieri, a segurança de Jean, a velocidade de Wellington Nem, a consciência de Thiago Neves, a autoridade de Gum, o desprendimento de Rafael Sóbis, a aplicação de Diguinho, a genialidade de Deco e o incansável faro de gol de Fred.

O Fluminense, através da cabeça de Abel Braga, não se propôs a ser bonito, mas a ser campeão. E foi, com alguns requintes de beleza.

Ao Palmeiras, restou o direito de orar, porque este ainda não paga dízimo. Agora, não basta mais ser o Palestra Itália.

Há de se fazer questão da insistente citação do nome de Fred. A seleção ainda não encontrou um nove pra chamar de seu, e ele está violentamente escancarado nas fuças de Mano. Basta abrir os olhos, e não se propor a reproduzir o que a Copa passada já derrotou: a birra.



Pelos lados da Barra Funda, fica evidente que só um milagre resolve. Assim como a conquista da Copa do Brasil o foi. Afinal de contas, o problema devia mesmo ser o Felipão...

Aos tricolores, parabéns!

Palestrinos, boa sorte!


Valeu,

Bruno Porpetta

sábado, 10 de novembro de 2012

RESOLUÇÃO DE BALANÇO DAS ELEIÇÕES 2012 APROVADO NA EXECUTIVA NACIONAL DO PSOL


Eleições municipais: um PSOL mais forte e vitorioso



1. O Partido Socialismo e Liberdade enfrentou as eleições de 2012 num quadro ainda marcado pela estabilidade da hegemonia burguesa no Brasil. Essa estabilidade tem assegurado a adoção medidas conservadoras que impediram até aqui que os efeitos da crise econômica mundial fossem mais fortemente sentidos internamente. A redução das taxas de juros com indução do investimento interno – justificado, sobretudo, pelas grandes obras de infraestrutura com vistas aos mega eventos esportivos – aliado à forte política de renúncia fiscal e manutenção do consumo, criaram barreiras temporárias aos efeitos da crise internacional. Evidentemente, essas medidas não são sustentáveis, uma vez que aprofundam a dependência externa e deixam o país vulnerável à instabilidade do mercado. Basta lembrar, por exemplo, que a recente desaceleração da economia chinesa vinha impactando fortemente a balança comercial brasileira nos últimos meses, situação que dá sinais de reversão.

2. No cenário político interno, a manutenção do consumo e dos investimentos públicos e privados – em grande medida financiados pelo BNDES, hoje o segundo maior banco de fomento do mundo – geraram um sentimento de relativa segurança econômica para os trabalhadores. Não por outra razão, Dilma e seu governo ostentam níveis elevadíssimos de aprovação. A oposição conservadora, por seu compromisso com o atual modelo econômico, não tem conseguido apresentar-se como alternativa. Contudo, os limites do atual projeto político e econômico, representados pela incapacidade de atender às reivindicações populares por aumento salarial, reforma agrária e urbana, serviços públicos de qualidade e conquista de direitos, abre espaço para uma alternativa de esquerda na política nacional. Por isso as eleições desse ano, embora de âmbito local, ajudaram a credenciar o PSOL para ocupar um espaço mais expressivo no cenário político brasileiro.

3. O saldo das eleições municipais não representou alteração substancial da correlação de forças entre os blocos políticos dominantes no país. A tendência de crescimento do PT se manteve e a conquista da cidade de São Paulo foi o principal símbolo desse avanço. Porém, dentro do condomínio que governa o país, outros atores saíram-se fortalecidos, como o PSB, que pode agora ensaiar voos mais audaciosos em 2014 ou ter papel de maior destaque na atual coalizão. Considerando os seus cinco partidos principais (PT, PMDB, PSB, PDT e PCdoB) a base do governo elegeu 2468 prefeitos e governará 55,18% da população brasileira, além de terem vencido a disputa em 16 capitais.

4. A oposição conservadora, mesmo vencendo em Manaus, Belém e Salvador, saiu enfraquecida. Seus próceres acreditavam que o julgamento do Mensalão nacionalizaria o debate das eleições municipais e que provocaria uma queda na votação do PT e dos seus aliados. É verdade que em cidades importantes do Nordeste o PT perdeu as eleições, mas motivos locais foram muito mais importantes do que temas nacionais. Basta analisarmos a derrota em Salvador, relacionada diretamente à rejeição do governo estadual petista, ou ainda, as derrotas em Fortaleza e Recife, que devem ser creditadas à força de seus  governadores. Considerando seus principais partidos a oposição conservadora elegeu 1103 prefeitos e governará para apenas 20,14% dos brasileiros, elegendo sete prefeitos em capitais.

5. Foi nesse cenário complexo que o PSOL enfrentou as eleições municipais desse ano: eleições quase sempre marcadas muito mais por temáticas locais que pela situação nacional. Como regra, mesmo as candidaturas do PSOL apresentaram-se como alternativa de poder local, dialogando com a realidade dos municípios e evitando transposições automáticas do cenário nacional, o que demonstra um amadurecimento do partido. Conseguimos desenvolver na maioria das cidades de forma equilibrada a relação entre o local e do nacional. Sobretudo nas capitais, nossos programas de governo para os municípios trabalharam centralmente temas como a dívida pública, a mobilidade urbana, a garantia de direitos como saúde e educação, a defesa do meio-ambiente, o combate à corrupção, a participação popular e o financiamento das campanhas. Enfim, temas com uma forte correspondência com a realidade dos milhares de municípios brasileiros.

Por que o PSOL cresceu?

6. O resultado eleitoral positivo, porém, se deve a variados fatores. O PSOL se credenciou através de sua presença nas lutas sociais para fazer a disputa de hegemonia na sociedade e melhorar seu despenho eleitoral. A presença de nossa militância e de nossos parlamentares em favor dos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação, defendendo a resistência popular na ocupação do Pinheirinho, nas lutas do funcionalismo público, na greve dos Bombeiros no Rio de Janeiro e combatendo as reformas no Código Florestal – transformando o PSOL em referência da luta ambiental – fortaleceram o partido como referência política de esquerda. Além disso, nosso protagonismo na CPI do Cachoeira com nossos deputados federais e nosso Senador, e nossa iniciativa de pedir a cassação do mandato do Senador Demóstenes Torres, reafirmou nosso compromisso com a ética e nossa independência política.

7. Ademais, o equilíbrio correto entre a ação institucional e nossa presença nas lutas sociais demonstra que o partido caminha para afirmar-se como alternativa viável às eleições de 2014. Demonstramos a importância de uma participação qualificada no processo eleitoral, combinando uma tática correta de ampliação com o acúmulo prévio que se deu na luta popular e institucional. Nosso crescente enraizamento popular e nossa ação parlamentar competente e reconhecida demonstram que temos evitado tanto a priorização dainstitucionalidade quanto o movimentismo despolitizado.

8. Apresentando-se como alternativa de esquerda, nosso partido cresceu. Fomos o partido com o maior número de candidatos a prefeito nas capitais, na maioria dos casos em chapas sem coligações. Recebemos 2,3 milhões de votos no primeiro turno para prefeito e 1,1 milhão de votos para nossa chapa de vereadores. No segundo turno tivemos 473 mil votos, mesmo disputando a eleição em apenas duas cidades. Elegemos dois prefeitos: o companheiroGelsimar Gonzaga, em Itaocara (RJ), e o companheiro Clécio Luís, em Macapá, primeiro prefeito do PSOL numa capital. Aumentamos de 25 para 49 o número de vereadores eleitos, sendo 21 deles em capitais. Mantivemos ou ampliamos nossa bancada em algumas das principais cidades do país (Porto Alegre, Fortaleza, Goiânia, Niterói, Viamão, Maceió, Macapá e Rio de Janeiro) e elegemos nossos primeiros vereadores em cidade importantes como Florianópolis, Natal, Salvador, Campinas e Belém. Na cidade de São Paulo, maior cidade do país, elegemos nosso primeiro vereador.

9. Importante destacar, ainda, o virtual crescimento da votação do PSOL nas capitais. Como regra geral, houve um incremento da votação majoritária do partido em importantes cidades do país superando em muito o desempenho nas eleições de 2008. Destacam-se, dentre outras, as votações dos candidatos do PSOL em capitais como Florianópolis (14,4%), Fortaleza (11,8%) e Boa Vista (10,6%) que superaram a marca dos 10%.

10. Além disso, o desempenho do PSOL nas cidades definidas como prioritárias pelo partido em seu último Congresso – Rio de Janeiro, Belém e Macapá – mostram o acerto de nossa tática. Pela primeira vez, nosso partido assumiu o papel de principal antagonista às forças conservadoras em três importantes capitais, sendo uma delas a segunda maior metrópole do país.

Principais resultados  

11. No Rio de Janeiro, Marcelo Freixo alcançou 28% dos votos no primeiro turno, transformando-se no principal candidato de oposição ao governo de Eduardo Paes (PMDB). Nem mesmo nomes tradicionais na política carioca, como Rodrigo Maia (DEM) ou Otávio Leite (PSDB), puderam fazer frente à força da candidatura de Freixo. Reelegemos nossos vereadores e ainda conquistamos mais duas vagas na Câmara. Angariando o apoio de amplos setores da juventude, intelectualidade, movimentos sociais, artistas e deslocando setores partidários contrários a participação no condomínio do poder estabelecido em torno do PMDB, o PSOL impulsionou no Rio um extraordinário movimento de renovação política. A juventude, em especial, cumpriu um papel de destaque nesse processo. Além do extraordinário desempenho individual, Freixo ainda contribuiu com a ampliação da bancada do PSOL na Câmara de Vereadores, ampliando a representação do partido de dois para quatro parlamentares. O balanço no Rio de Janeiro, portanto, só pode ser vitorioso: ao mesmo tempo em que consolidamos nossa referência de principal polo aglutinador da esquerda carioca, ampliamos nossa representação na Câmara de Vereadores e consolidamos nosso trabalho político no capital.

12. Em Belém e Macapá, a ida do PSOL ao segundo turno mostra a correção da política de alianças aprovada pelo partido em seu III Congresso e referendada pelo Diretório Nacional. Sem a ampliação do arco de alianças para a além da Frente de Esquerda, o exíguo tempo de TV e o ainda incipiente enraizamento do PSOL nessas e em outras capitais, teria impedido a ida de nossos candidatos ao segundo turno. Assim, a presença do PCdoB na chapa de Edmilson Rodrigues em Belém, e do PPS e outros partidos na chapa de Clécio Luís em Macapá, longe de comprometer nosso programa ou nosso discurso (como chegou a ser defendido por alguns setores) foi decisiva para assegurar nossa ida ao segundo turno nessas cidades.

13. Em Belém, mesmo sendo derrotado no segundo turno, o partido teve uma grande vitória política. Com pouco mais de um minuto conseguimos um terço dos votos da cidade. Elegemos cinco vereadores em nossa coligação, sendo quatro do PSOL, entre eles a companheira Marinor Brito com mais de 20 mil votos. Também por isso, no primeiro turno nossa candidatura foi alvo de ataques impiedosos por parte de quase todas as demais candidaturas. O esforço dos setores conservadores de desconstrução da imagem de Edmilson e dos oito anos de Governo do Povo, porém, não foi suficiente para impedir que nossa candidatura fosse ao segundo turno em primeiro lugar. Evidentemente, essa campanha difamatória cobrou seu preço, e a possibilidade de vitória ainda no primeiro turno deu lugar a uma pequena vantagem sobre nosso adversário ao final dos primeiros noventa dias de campanha. O otimismo que levou parte da militância a sonhar com uma vitória no primeiro turno, porém, não deve obscurecer a importância desse resultado.

14. No segundo turno enfrentamos a frente única das elites e obtivemos 43% dos votos da cidade. Foi um resultado conquistado pelos acertos da direção, pelo carisma e disposição militante do nosso candidato, pela capacidade de ampliação de alianças e pelo engajamento militante de milhares de pessoas, de diferentes partidos, unidas em torno do sonho de restaurar um governo popular em Belém. Edmilson conseguiu unir todos os setores progressistas em torno dele, experiência que não pode ser diminuída. O PSOL se tornou, através dele, a principal referência política da esquerda no Pará. Com isso, nosso partido se credenciou duplamente: como importante força política naquele estado e como liderança da oposição aos tucanos.

15. Em Macapá, o PSOL buscou desde o primeiro momento apresentar-se como principal alternativa à quadrilha que governou a cidade nos últimos quatro anos. Num quadro muito adverso, lutando contra as máquinas eleitorais da Prefeitura, em favor de Roberto Góes (PDT), e do governo estadual, em favor de Cristina Almeida (PSB), o empenho de nossa combativa militância, o prestígio emprestado por nosso Senador, Randolfe Rodrigues, e as qualidades individuais de nosso candidato, levaram nossa coligação ao segundo turno.

16. Uma vez no segundo turno, a engenharia política operada pela direção do PSOL em Macapá logrou ao mesmo tempo, receber o apoio dos partidos de tradição progressista no estado (PCdoB e PSB) quanto neutralizar adversário do campo conservador. O apoio declarado pelo candidato do DEM, Davi Alcolumbre, e de outros setores ou frações da direita local, embora sejam alvo de questionamento de setores do partido, foi decisivo para a vitória do PSOL. A diferença de pouco mais de 1% demonstra que, sem essa movimentação, teria sido impossível derrotar a máfia que governa Macapá.  

Principais dificuldades

17. Porém, não tivemos apenas vitórias nessas eleições. Em cidades importantes do país, nosso desempenho ficou aquém do necessário. Principal expressão dessa situação é São Paulo. Além disso, a eleição de pelo menos oito vereadores em coligações não autorizadas ou expressamente vetadas pelo Diretório Nacional demonstram que é necessário aprimorar o acompanhamento junto às direções estaduais e dar uma solução política a esses casos. Ademais, houve casos onde mesmo a pronta intervenção da Direção Nacional através de seus advogados não foi atendidas pelos juízes eleitorais, permitindo que coligações vetadas fossem mantidas.  

18. Além disso, ficou claro que a beligerância interna que cercou o debate em torno da política de alianças antes do início das eleições, impediu que o partido constituísse uma linha mais unitária de intervenção nas disputas locais. Embora tenha se constituído num avanço importante, o Seminário de Programa de Governo não foi suficiente para armar nossas candidaturas com uma orientação comum na disputa. A reestruturação da Fundação Lauro Campos e seu funcionamento como espaço formulador de políticas para o partido e suas candidaturas será um passo fundamental para suprir essas insuficiências nas próximas eleições.

19. Outro problema enfrentado pelo partido foram as declarações públicas em favor de candidatos em cidades onde o PSOL estava fora do segundo turno. Independente da avaliação sobre o melhor nome em disputas como essa, a posição da instância local deve ser levada em conta, evitando assim declarações unilaterais que contradigam deliberações por elas tomadas. A declaração do companheiro Randolfe Rodrigues em favor do candidato Marcus Alexandre (PT) em Rio Branco foi um erro já reconhecido pelo próprio companheiro em carta enviada ao partido recentemente.

20. Mais grave, porém, foram as declarações do companheiro Plínio de Arruda Sampaio, ex-candidato à Presidência da República, em favor de José Serra, candidato tucano em São Paulo. Independente de todo o respeito e admiração que nosso partido nutre por ele, as declarações de Plínio nas redes sociais e sua indisfarçada simpatia por Serra, trouxeram problemas graves à imagem do partido. Apesar da posição da Direção Municipal ter aprovado resolução frontalmente contrária à eleição do tucano, a declaração de Plínio teve uma repercussão muito maior, o que trouxe danos ainda não mensurados à imagem do PSOL em São Paulo.

O segundo turno em Belém e Macapá

21. Nossa política de alianças, aprovada no III Congresso do PSOL, favoreceu uma tática que ampliou a força eleitoral do partido, tornando reais as chances de vitória nessas capitais. No segundo turno, recebemos adesões de partidos e forças sociais que fortaleceram nossas candidaturas nas duas capitais citadas. Entre eles, partidos com uma trajetória popular que reforçam nossa condição de alternativa às velhas elites que governam Belém e Macapá, respeitando os limites impostos pelas resoluções partidárias acerca da política de alianças estabelecida para o primeiro turno.

22. Além de partidos, é natural que candidatos derrotados no primeiro turno, personalidades e lideranças políticas que estão fora do segundo turno definam-se pelo apoio às nossas candidaturas. Essa decisão é pessoal e, como regra, não pode ser renegada haja visto o próprio caráter plebiscitário do segundo turno. Assim, esses apoios serão bem-vindos sempre que vierem no sentido de reforçar nosso compromisso com o povo e não implicarem concessões programáticas ou negociação de espaço em futuras administrações do PSOL.

23. As movimentações táticas envolvendo Belém e Macapá no segundo turno foram amplamente exploradas pela imprensa e pela luta interna do partido. É dever de nossa Direção Nacional, portanto, posicionar-se diante dos fatos. Preliminarmente, deve-se destacar o acerto da maioria da Direção Nacional e especialmente de nosso Presidente, que esperou o fim das eleições para então convocar as instâncias partidárias. A utilização de resoluções do partido, críticas ou não, por parte de nossos adversários era um risco que não poderíamos correr. Ademais, as dificuldades práticas impostas pelo envolvimento de vários dirigentes nas campanhas em ambas as cidades, muito provavelmente inviabilizaria uma reunião qualificada.

24. Pela primeira vez nosso partido disputou as eleições em segundo turno e essa novidade favoreceu o afloramento de divergências teóricas relevantes. Tais divergências precisam ser aclaradas antes de qualquer avaliação específica. No primeiro turno do processo eleitoral confrontamos projetos e a política de alianças está condicionada a fortalecer e/ou dar viabilidade para que tal projeto se apresente em condições de ter audiência perante o eleitorado. Foi por isso que ampliamos o leque de alianças para além da antiga frente de esquerda, processo que foi criteriosamente analisado pelo Diretório Nacional.

25. O segundo turno é um momento plebiscitário por excelência, ou seja, de todos os projetos em disputa, apenas dois conseguem votos para essa etapa. É natural que os alinhamentos dos eleitores e das forças políticas sejam presididos não só pelo programa apresentado pelos dois concorrentes, mas também pelos cálculos políticos que cada força excluída da disputa fará sobre o possível resultado. Assim, cabe aos revolucionários que disputam um segundo turno dois movimentos políticos essenciais: neutralizar ou fracionar a coalizão conservadora e aglutinar todas as forças progressistas existentes. O recebimento de apoios deve estar condicionado a esta tática política plebiscitária.

26. Em Belém, as forças conservadoras se alinharam de imediato ao candidato tucano, galvanizadas pela força da máquina do governo estadual. A tática de Frente Belém nas mãos do povo foi ampliar para candidaturas identificadas publicamente como progressistas (PPL e PT) e tentar explorar contradições no bloco conservador. Foi assim que se conseguiu o apoio do PDT (cuja direção culpa o atual governador pelo resultado contrário à separação do estado). O apoio do PT foi imediato e trouxe para o segundo turno um reforço militante muito importante, seja potencializando a parte que já havia apoiado Edmilson, seja engajando vereadores e deputados estaduais no dia-a-dia da campanha. Evidentemente, esse apoio se deu, sobretudo, pelo interesse do PT em derrotar os tucanos, o que apenas comprova que mantivemos nossa autonomia e independência em relação a esse partido. Devido ao crescimento eleitoral dos tucanos sobre cidades governadas pelo PMDB, este partido se absteve no segundo turno, comportamento que foi importante para neutralizar uma poderosa máquina eleitoral local que naturalmente estaria com o candidato conservador.

27. Apesar do bom desempenho no primeiro turno, iniciamos o segundo turno em desvantagem. Três problemas precisariam ser superados: imagem de que nossa candidatura era o passado e o tucano a novidade; a ideia de que Edmilson estava isolado politicamente para cumprir o que estava prometendo e Zenaldo tinha forte apoio do Governador; e o discurso de que Edmilson foi um bom governante, mas era necessário “dar uma chance” ao tucano. Nossa estratégia de TV e Rádio buscou combinar a superação destes três entraves. Apresentamos um conjunto de propostas novas para a cidade, mostrando que o novo governo enfrentaria problemas represados. Buscamos comparar as biografias e denunciar o caráter privatizante dos governos tucanos e mostrar que Zenaldo não era novo, mas corresponsável pelos catorze anos de governo tucano na esfera estadual.

28. Estes ajustes não surtiram o efeito desejado e continuávamos aparecendo aos olhos do eleitorado como isolados para governar. Foi neste contexto de plena incorporação do PT na campanha que decidimos utilizar depoimentos das duas principais figuras públicas petistas (Lula e Dilma). A intenção era neutralizar o apoio estadual contrapondo o espaço que Edmilson teria junto ao governo federal. Toda a lógica dos apoios exibidos na TV foram direcionadas para este objetivo.

29. Em que pese a derrota na disputa eleitoral, a campanha de Edmilson conseguiu unir todos os setores progressistas da cidade e credenciou o partido e nosso candidato como principal força política opositora da hegemonia tucana. Vale ressaltar que além do governo estadual, o PSDB governará as três maiores cidades do estado (Belém, Santarém e Ananindeua).

30. Em Macapá, ao final do primeiro turno, nossa candidatura obteve a confiança de 28% do eleitorado. Nosso adversário alcançou 40%. Para vencer no segundo turno seria necessário uma engenharia política que combinasse a busca de apoios à esquerda, mas que não colasse em nossa candidatura o desgaste do governo estadual do PSB e, ao mesmo tempo, neutralizasse e fracionasse uma provável coalizão conservadora em torno do atual prefeito.

31. Assim, no segundo turno tivemos a manifestação de apoio do PCdoB e do seu candidato, Evandro Milhomen, e recebemos apoio do candidato Davi Alcolumbre (DEM), mesmo que isso não tenha significado o apoio de seu partido, já que a vice-prefeita e atual presidente do Diretório Municipal do DEM, manteve-se fiel ao candidato adversário, assim como o vereador reeleito deste partido.

32. Não existiu apoio do PSDB. Sua direção estadual está sob intervenção. O único deputado estadual do PSDB (JK) e o Deputado Federal, Luis Carlos, estavam no palanque e na coordenação de campanha de Roberto Góes. A nossa candidatura recebeu o apoio do ex-senador Papaléo e do presidente destituído do Diretório Estadual Jorge Amanajás. Este último está se filiando ao PPS.

33. Tivemos o apoio do vereador eleito pelo PTB Lucas Barreto, mas não tivemos manifestação formal do seu partido em apoio a nossa coligação. Na última semana, tivemos ainda o apoio decisivo do PSB, que assumiu a campanha com sua militância coibiu, através do governo estadual, a compra de votos por parte do candidato conservador.

34. Não houve compromisso de composição no futuro governo com nenhum dos partidos ou segmentos partidários que conseguimos atrair para a candidatura de Clécio no segundo turno. Além disso, a direção partidária local já declarou que os setores de partidos conservadores não terão participação na composição do futuro governo de unidade popular.

35. Os próprios companheiros do Amapá já admitiram que a engenharia política desenvolvida no segundo turno, especialmente os apoios recebidos de parte dos partidos conservadores, poderia e deveria ter sido mais bem construída internamente ao partido, dialogando com nossas instâncias nacionais e ouvindo ponderações. A falta destas providências gerou dúvidas sinceras em nossa militância e também ataques desleais, alguns dos quais foram ostensivamente utilizados pelo nosso adversário.  

Não podemos transformar nossas vitórias em derrotas

36. Diante dessas movimentações, nosso partido vivencia mais um capítulo de sua vocação para a luta interna. Ainda no primeiro turno alguns setores partidários se dedicaram a atacar por notas e nas redes sociais as deliberações soberanas das instâncias do partido sobre coligações. No segundo turno, mesmo sabendo que tais declarações seriam (como efetivamente foram) utilizadas pelos nossos adversários, foram lançadas cartas públicas, entrevistas e outras formas de divulgação de posicionamentos contrários às ampliações de apoios recebidos inclusive em espaços da mídia e parlamento burgueses.

37. O partido, ao contrário do que talvez sonhavam alguns, não foi derrotado nas eleições de 2012. E as decisões sobre política de alianças foram essenciais para a ida pro segundo turno em Belém e Macapá e na vitória no segundo turno na capital amapaense.

38. Devemos criticar o método utilizado para que determinados apoios fossem recebidos no segundo turno e a falta de diálogo com a direção partidária nacional para que desconfianças sobre tais movimentações não fossem disseminadas. Mas, em nenhum dos dois casos presenciamos posturas que ferissem os princípios éticos do partido, ou seja, a ampliação ocorrida em Macapá ou Belém não colocou em risco o programa partidário apresentado aos eleitores nestas duas cidades e não incorreram em negociatas de cargos nos futuros governos.

39. Por isso, a direção partidária deve acompanhar o processo de constituição do governo de unidade popular em Macapá, contribuindo para que os espaços na estrutura do futuro governo estejam de acordo com os objetivos partidários. Além disso, deve acompanhar nosso prefeito em Itaocara para dar total resguardo contra qualquer tentativa de desestabilizar esse governo, colaborando ativamente para que tais experiências sejam bem sucedidas, transformando-as em ferramentas de propaganda do partido como alternativa de esquerda em nosso país.

40. Para além de nossa aguerrida militância, nossos mandatos parlamentares e nossos prefeitos serão, sem dúvidas, instrumentos da resistência popular em favor das lutas sociais em nosso país. Com eles, o PSOL sai das eleições de 2012 credenciado como alternativa de esquerda na sociedade brasileira, crescendo na consciência popular como referência programática e ética, melhorando as condições para a disputa de hegemonia em favor de um projeto democrático, popular e socialista para o Brasil.

VIVA O PSOL!
VIVA O SOCIALISMO! 
VIVA A LUTA DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS!  

Brasília, 8 de novembro de 2012

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Brasileirão Pirata

Em breve, à venda na Uruguaiana, o piratão do Campeonato Brasileiro 2012.

Não! Não é uma versão para PS3!

É o próprio campeonato!



O Palmeiras conseguiu, junto ao STJD, que a CBF não considerasse os pontos conquistados pelo Inter no jogo de sábado, pela 33ª rodada do Brasileirão, até o julgamento do pleito palmeirense de anulação do jogo pelo pleno do Tribunal.

Olha a bagunça: o Palmeiras perdia por 2 a 1, quando Barcos, o Pirata, meteu a mão na bola e empatou o jogo.

Sim, ele empatou o jogo!

Existem três coisas fundamentais para o gol: a bola entrar, o bandeirinha correr pro meio e o juiz apontar o braço para o círculo central. Isto posto, é gol!

Fazem parte do jogo também os tais assistentes de linha, aqueles postes cegos atrás do gol que nunca vêem nada, além do quarto árbitro. O restante, está fora!

Pois bem, se o gol não foi anulado pelo árbitro, pelos bandeirinhas, pelos ceguetas ou pelo levantador de placas, é gol e acabou o assunto.

Aí veio a figura do delegado do jogo.

Aqui iremos tratá-lo como Seu Delega, porque sua participação nessa patacoada é tão pitoresca quanto o apelido.

Seu Delega é o representante da CBF no jogo, responsável por anotar cartões, substituições e, dentre outras ocorrências, também os gols. Não é papel do Seu Delega apitar o jogo, dar conselhos ao árbitro, tampouco ver televisão.

Resumindo: Seu Delega não apita nada, só anota. E a mando do árbitro, tido como supremo dentro do campo.

Por mais ridículo que seja o pleito palmeirense, ao tentar invalidar um jogo por um gol feito escandalosamente com a mão, a brecha jurídica para tal se verifica diante do despreparo do árbitro, e toda a camarilha que o assiste no campo.

Por que o Seu Delega também não mandou dar cartão amarelo ao Barcos?

Pra encerrar, não exijam de Barcos a santidade de Madre Teresa de Calcutá. Ao ver o gol confirmado, comemorou. Ao vê-lo anulado por fatores externos ao jogo, reclamou. Nada mais óbvio.

Não tão óbvio é, diante de tanto absurdo, o Barcos ainda pedir pênalti depois do jogo terminado.

Terminado mesmo?


Valeu,

Bruno Porpetta




quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Juiz f... da p...?

O árbitro é um personagem do jogo.

Ele é o único de todos os personagens que não presta desde a hora que nasce. Não à toa, a culpabilização de sua progenitora, por tamanha excrescência, é recorrente.



Desde o primeiro choro, o árbitro não tem razão. É uma vida inteira dedicado ao equívoco, à sacanagem, ao que há de pior em um campo de futebol.

Quer tarefa pior que invalidar um gol? Deixar o grito de gol entalado na garganta da torcida? Pois é, este é o papel do árbitro.

O árbitro é tão nefasto que ele vai bem quando ninguém o nota. Ou seja, sua "ausência" é uma bênção para o jogo.

Sua entrada em campo já é passível de vaias, ofensas (várias endereçadas à inocente mãe) e vários objetos despejados em sua cabeça. Tem árbitro que consegue se equivocar até naquela puxadinha na rede, antes da partida.

Brincadeiras à parte, esta é realmente a impressão que cada torcedor tem do árbitro. Além disto, seu time (seja ele qual for) é sempre o mais prejudicado pela arbitragem, ao mesmo tempo que os adversários - históricos ou diretos - são enfaticamente beneficiados. A tradicional roupa preta do árbitro servia, ao menos, para esconder a camisa do adversário por debaixo.

Pois bem, nem mesmo as roupas pretas resistiram ao avanço da lógica mercantil no futebol. O árbitro é um pavão. Colorido, chamativo, destacado naquele monte de rapazes ou moças em torno da bola. Chega a ser agressiva tamanha fluorescência.

Talvez aí resida o grande problema da arbitragem. Ela quer aparecer mais do que o jogo, que os jogadores.

Esta necessidade de "estrelar" o jogo faz com que o árbitro se perca naquilo que deve ser sua obrigação: sumir e deixar o jogo rolar para quem sabe jogar.

Os recentes comentários sobre uma possível interferência da arbitragem nos êxitos do Fluminense no Brasileirão, além de carecer de provas, tampam a visão para os efetivos problemas da nossa arbitragem. Os árbitros são ruins mesmo, e são os menos culpados por isso.

Pode-se presumir também a completa inocência da arbitragem? Não! Mas qualquer afirmação de má-fé soa a leviandade, se não precedidos, ao menos, de uma denúncia bem fundamentada.

Eles beneficiam e prejudicam os 20 clubes do campeonato. Uns mais, outros menos, mas todos! O fazem porque são mal preparados, devem retornar a seus postos de trabalho na segunda-feira, bater cartão em outra ocupação que lhe preencha o tempo enquanto a bola não rola.

Jogadores, comissões técnicas e até alguns torcedores são profissionais. Ganham para dedicar-se exclusivamente ao futebol. O árbitro é o único amador dentro de campo.

O comando da arbitragem no Brasil, geralmente entregue a quem pouco entende do riscado, sequer discute a possibilidade de profissionalizar a arbitragem. Diz que é caro demais.

Custa menos que uma Copa, pode ter certeza.

Enquanto isto não acontece, continuamos sujeitos aos olhos de um só homem, auxiliado por outros dois homens que, tal como os demais de sua espécie, estão sujeitos a erros. Devido à sucessão destes, podem enquadrar-se, de acordo com o ditado, na condição de burros.

Recursos eletrônicos? Nem pensar! Os velhinhos da International Board (órgão que define as regras do futebol no mundo) sequer sabem lidar com tablets, smartphones, facebook, twitter,... Imagina chip na bola, videotape,...? É muito moderninho pro gosto deles.

No fim das contas, acaba sendo mais fácil despejar nosso ódio cotidiano naquele que está mais exposto a ele. Os mais errados nesta história toda, estão em salas com ar-condicionado, carpetes e uma secretária na ante-sala repetindo exaustivamente que eles não se encontram.

Sobra pro juiz. Ou pior, pra mãe dele...


Valeu,

Bruno Porpetta

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A prova dos nove

O Fluminense é o virtual campeão brasileiro em 2012!

Por mais óbvio que pareça tal afirmação, até porque o adjetivo "virtual" dá margem a qualquer coisa, e diante da situação na tabela, restando apenas oito rodadas para o fim do campeonato, esta semana pode colocar em negrito, itálico e sublinhado uma das duas palavras. Ou o adjetivo, ou o substantivo.

A tabela do tricolor carioca, por maior que seja a coincidência, inclui na mesma semana o Grêmio (terceiro colocado e último na lista de candidatos ao título), no Rio e, posteriormente, o Galo mineiro (vice-líder), no caldeirão do estádio Independência, em Belo Horizonte.

O aproveitamento do Fluminense, até este momento, é recorde na história dos pontos corridos. Ninguém, desde 2003, chegou aos incríveis 75,5% que o tricolor possui.

Para a manutenção destes índices, é preciso que, dos 18 pontos ainda em disputa, o tricolor das Laranjeiras perca, no máximo, quatro. Ou seja, o Fluminense tem direito a perder um jogo, vencendo os sete restantes, para estabelecer esta marca histórica ao final da competição. Possível, é!



Porém, esta semana é, na prática, a decisão do título.

Imaginemos a seguinte situação: o Grêmio, que tem um bom time e um bom trabalho de Vanderlei Luxemburgo, vence o Fluminense no Rio e o Galo derrota o Santos, na Vila. Na rodada seguinte, outro confronto direto - desta vez com o Galo, em BH - e outra derrota. Pronto, a diferença entre ambos será de apenas três pontos e, em sendo isso, tudo fica em aberto, restando seis rodadas.

Bom que se diga, acho muito pouco provável esta combinação de resultados que reverteria o quadro atual por completo.

Por dois motivos: primeiro, o Galo enfrenta o Santos no retorno de Neymar, e o aproveitamento do Santos com o craque é similar ao do Fluminense no geral; segundo, o Fluminense é o time mais auto-centrado e com elenco mais recheado de opções, e apesar do impossível não existir, uma sequência ruim como esta é improvável para um time que está acostumado a enfrentar as "pequenas decisões" do campeonato.

Portanto, esta semana é a prova dos nove para o tricolor.

Com nove pontos à frente do Atlético-MG, e com um camisa nove a cada dia mais inspirado, dificilmente o caneco terá outro destino que não a Rua Álvaro Chaves, no bairro de Laranjeiras, Rio de Janeiro.

Pela quarta vez na história, e a segunda em dois anos.

Será uma tendência?


Valeu,

Bruno Porpetta


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Pode ser um jogaço, mas é só mais um...

Hoje, no Engenhão, o Flamengo recebe o Atlético-MG, em jogo válido ainda pelo turno, depois de adiamento em circunstâncias estranhas.

Após solicitação do Botafogo para que houvesse apenas um jogo em seu estádio por rodada, o Flamengo, não aceitando jogar em Macaé ou Volta Redonda, pediu o adiamento do jogo. Foi atendido, agradeceu a Deus e ao presidente da CBF por isso.

Seria o primeiro confronto entre Flamengo e Ronaldinho Gaúcho, após a conturbada saída do craque do clube. À época, o Galo mineiro era líder do campeonato e não se via jeito de derrotá-lo. Já o Flamengo, era o nono colocado, mas ainda sob a direção de Joel Santana, não conseguia encontrar um padrão de jogo, tampouco uma formação ideal.

A probabilidade de levar uma sacolada do Galo dentro de seus domínios era enorme, e o Flamengo, da já combalida presidente-vereadora Paty Amorim, teria que enfiar a viola no saco e ir pra casa com uma grande dor de cabeça.





Isto posto, o jogo foi remarcado e acontecerá em outras circunstâncias.

O Galo já não lidera mais o campeonato. Apesar de ainda possuir um bom time e apresentar um bom futebol, ficou manjado pelos adversários e a queda foi inevitável. Aposta neste jogo atrasado para encostar no líder Fluminense e permanecer brigando ponto-a-ponto pelo título.

Pelos lados do rubro-negro, a situação é ainda pior. Ocupa atualmente a 14ª posição, está a apenas quatro pontos da zona de rebaixamento e, após uma série de sete jogos sem vitória, conseguiu a duras penas derrotar o lanterna Atlético-GO - fora de casa - na última rodada. Além disso, o time já não é o mesmo. Dali pra cá entraram Cáceres, Liedson, Gonzalez e Cleber Santana. Ou seja, quase meio time modificado, com mais experiência que os jovens recém-promovidos da base do clube.

É possível dizer que o Flamengo foi beneficiado pelo adiamento? Sim, é possível!

Mas, analisando a situação de ambos na tabela, além da própria qualidade do futebol, o resultado ainda está em aberto. Não se pode afirmar uma inversão do favoritismo para o jogo.

Porém, o que é mais espantoso em tudo isso, é o clima de "revanche" da torcida rubro-negra contra Ronaldinho.

É preciso recordar que, a despeito da falta de comprometimento do craque com o clube carioca, este não recebia seus salários e tinha todo o direito de procurar outro lugar onde fosse pago pra jogar. Se o método não foi muito correto, é outra coisa.

Este clima acirrado é alimentado pela mídia, que transforma só mais um jogo pelo Campeonato Brasileiro em uma guerra. Injustificável, diga-se de passagem.

A torcida do Flamengo deve incentivar o time para sair da situação desconfortável que se encontra. E o time deve se preparar para enfrentar o Atlético-MG, não Ronaldinho.

Algo além disso, é bobagem pra vender jornal. Ou pra salvar a pele da dona Paty.


Valeu,

Bruno Porpetta

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Nós somos "pessimistas"?

Este é o vídeo comercial de propaganda de uma cerveja "brasileira" (a AmBev é uma multinacional, com sede na Europa, que adquiriu quase o monopólio das cervejas do Brasil) que trata da expectativa pela Copa de 2014, que será realizada no Brasil.

Há um trecho que classifica os críticos à capacidade brasileira de organizar o evento, ou ao próprio evento em si, de "pessimistas".

Utiliza-se, para isto, inclusive de um bordão celebrizado pelas redes sociais, que satiriza os inúmeros problemas vividos na cidade do Rio de Janeiro, sede da final da competição: "Imagina na Copa?"




O que talvez a AmBev não saiba, ou até saiba mas não interessa mostrar, é que o nosso "pessimismo" deriva de uma série de violações de direitos fundamentais ao povo brasileiro.

Mas para que direitos? Afinal de contas, o importante é nossa grande capacidade em promover grandes festas, consumindo, obviamente, seus produtos.

Enquanto, para a AmBev, tudo não passa de uma grande festa, milhares de pessoas são removidas de suas casas, e porque não dizer, de suas vidas. Arrastadas que são para programas habitacionais muito distantes de seus antigos lares, ocupações profissionais, relações pessoais, etc.

A "grande festa" vem torrando dinheiro público com reformas - ou poderíamos chamar de destruição - de estádios tradicionais, todos moldados à "nova ordem mundial" do futebol. Ou melhor, da FIFA. Isto para não dizer dos elefantes brancos construídos em áreas onde os campeonatos regionais não possuem tanta tradição, e contam com média de público muito inferior ao tamanhos das "arenas". Haja festa pra dar alguma utilidade aos mesmos.

Esta "festa" está nos saindo muito cara, e a "ressaca", dirão após, não será culpa da cerveja, mas daquela azeitona na empada.


Valeu,

Bruno Porpetta

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Vergonha a portas fechadas

No último domingo, Flamengo e Grêmio enfrentaram-se no Engenhão, pela 25 ª rodada do Campeonato Brasileiro.

O empate por 1 a 1 frustrou as pretensões do Grêmio em aproximar-se dos líderes, mostrou um Flamengo, ao menos, lutando pela permanência na primeira divisão, com um segundo tempo aguerrido, mas no fim também não foi um grande resultado para o rubro-negro.

Até aí, tudo normal.



O "destaque" da partida aconteceu antes mesmo dela começar. O dirigente gremista Paulo Pelaipe (ex-presidente e atual diretor executivo de futebol), ao ser impedido de entrar no gramado, alertado pelo segurança que a cota de dirigentes estava completa, foi acusado de insultos racistas contra o mesmo.

Ambos foram levados à sala do JECRIM (Juizado Especial Criminal) dentro do estádio e, de repente, as portas foram fechadas e a imprensa impedida de entrar.

Saíram de lá sem denúncia, sem crime, sem nada. Pelaipe assistiu normalmente ao jogo e sobre o segurança, nenhuma notícia a mais.

Não é de hoje que o Grêmio se envolve em casos de racismo. Da última vez, foi em um jogo contra o Cruzeiro pela Libertadores. Leia mais no link: http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=2345&id_coluna=12&sms_ss=blogger&at_xt=4d587acf91540858%2C0

Na época, os dirigentes gremistas foram muito enfáticos na defesa de Máxi Lopez. O comportamento de Pelaipe no Engenhão deixa evidente o porquê.

Vocês podem até dizer: "Mas não houve denúncia! É leviano acusá-lo de racismo!"

Tudo bem, até porque é preciso garantir sempre o contraditório, além de presumir a inocência.

Ao mesmo tempo, conhecemos bem o perfil dos dirigentes de futebol no Brasil. Além de arrogantes, prepotentes, donos de si e do mundo todo, são, quase em sua totalidade, brancos.

Não é difícil pensar que onde há fumaça, há fogo.

Para que Pelaipe tenha sido detido naquele momento, sabe-se que ele não ofereceu flores ao segurança. O problema maior é o que não se sabe.

O que aconteceu dentro da sala do JECRIM, a portas fechadas, é a parte da história que não teremos acesso. Pode ter sido qualquer coisa.

Lamenta-se somente que, em flagrante caso de racismo, a vítima não tenha prosseguido com a denúncia. Pois haverão outros dirigentes, outros estádios, outros jogos, outros seguranças negros, e outros casos de racismo, na esperança de outros acordos a portas fechadas.

Para não pegar muito pesado, digamos que este caso foi deseducativo.


Valeu,

Bruno Porpetta

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Senna: Gênio, herói, ídolo, semideus ou mito?


Por Fernando Casaes*




Até hoje, quando vejo vídeos como este, não consigo conter as lágrimas. Ok sou um chorão por natureza, um emotivo compulsivo que chora até em anúncio de margarina; mas aqui, não há como não concordarem comigo, a causa é justa. Depois do dia 01 de maio de 1994 nunca mais assisti uma corrida de Fórmula 1! Logo eu que, assim como milhões de brasileiros, “perdia” as manhãs de domingo –algumas ensolaradas – e muitas madrugadas – algumas frias e quietas demais – para diante de uma tela de TV, que não tinha as sofisticações de hoje, assistir a um grande prêmio de Fórmula 1 e com ele seu personagem principal: Ayrton Senna da Silva. E só por isso! Por quê? Que estado hipnótico era esse que agia sobre nossos intelectos, sobre nossos corpos, nossas artérias, nossos órgãos internos e externos? O que havia de tão extraordinário nesse rapaz?

Em Senna havia tudo que havia em qualquer ser humano: medo, angústia, aflição, alegria, dor, tristeza, pranto, rancor, mágoa, ódio, amor... Era normal! Normal? Além das “normalidades” humanas, Senna tinha alguns “plus”: Gênio, ídolo, herói, semideus, mito... Títulos atribuídos a ele no decorrer de uma curta vida pública. Pode de fato um homem possuir tantos atributos a ponto de lhes serem projetados tais títulos, que mais parecem ficção? Não sei... Não sou um gênio, um ídolo, um herói, um semideus e, nem tão pouco, um mito. Sou pequeno. Bem pequenininho. Busquei nos dicionários algumas definições para cada uma dessas honras. Ei-las:


Gênio: Fig. Altíssimo grau, ou o mais alto, de capacidade mental criadora, em qualquer sentido.
Senna: Para muitos, inclusive para mim, nunca se viu nada parecido com o que ele fazia nas pistas de corrida mundo afora. As soluções encontradas diante das dificuldades e tendo que decidir tudo em frações de segundos. Não sei se ele era bom em matemática, física, química, filosofia, astronomia, essas coisas que costumam definir “gênios”, mas sei que no que ele fazia, dirigir carros em alta velocidade, era sim um gênio, dentro do que propõe o dicionário, sobretudo no que se refere a “...em qualquer sentido.”


Herói: Homem extraordinário por seus feitos guerreiros, seu valor ou sua magnanimidade.
Senna: Efeitos guerreiros... Efeitos guerreiros... Mas por acaso a Fórmula 1 é uma “guerra”? Dirigir um carro de Fórmula 1 é estar em uma “guerra”? Lutar contra seus limites, os limites de uma máquina em suas mãos e ainda lutar contra máquinas adversárias é uma guerra? Buscar a vitória usando as armas convencionadas, dentro do espaço estabelecido, com propósitos definidos, diante de adversários com os mesmos desejos, é guerrear? Aurélio, por favor! Guerra: Combate, peleja, luta, conflitoTer fora das pistas um comportamento ético de proximidade com os mais necessitados, com os desafortunados, com boa parte daqueles que mal sabem o que é um aparelho de TV e ainda assim, manter-se no anonimato, ser simples, humilde, tímido e comum, é ser magnânimo? Ajudem-me, por favor...


Ídolo: Fig. Pessoa a quem se tributa respeito ou afeto excessivo.
Senna: Ficar na frente de um aparelho de TV, muitas vezes em manhãs de sol, deixar o sono na cama e nas madrugadas, por vezes frias, puxar o edredom no sofá e diante do mesmo aparelho, vibrar, se emocionar, chorar, xingar, rir, deslocar o queixo boquiaberto, amaldiçoar, gritar como um louco, dirigir, frear, passar marchas em um bólido imaginário e ir dormir zangado pela vitória que escapou por pouco ou exultante pela conquista ultrajante, é motivo para ser eleger um ídolo? Ver uma arquibancada em um autódromo pular como em um gol da Seleção em um Maraca lotado (vejam o vídeo!) é apontar um ídolo? Parar e comover um país inteiro para acompanhar um cortejo fúnebre, é enterrar um ídolo? Senhores, as respostas, por favor...


Semideus: Homem excepcional pelo seu talento e pelas honras que lhes são concedidas
Senna: Em 11 temporadas (1984/1994) foram 162 GP’s disputados, tendo largado em 161; 3 títulos mundiais (ah, Ímola! Se não fosse você...); 41 vitórias; 80 pódios; 614 pontos; 65 poles; 19 voltas mais rápidas. São só números, é verdade. Mas não são os números e a avaliação deles que definem, muitas vezes, o que é bom e o que é ruim? São números que em sua época, poucos possuíam e que, seguramente só foram batidos (não sei se todos!) porque semideus não é deus, por isso, também morre como qualquer mortal. Depois de 18 anos passados de uma fatalidade que, embora fizesse parte da “guerra”, ainda não foi digerida, depois de muitos números serem quebrados/batidos, depois de outros virem e conquistarem tantos títulos, inclusive 7, depois de tudo levar a crer que o esquecimento viria, ainda hoje se diz e em várias fontes: “Foi o melhor de todos os tempos!” Semideus?


Mito: [Do gr. mythos, 'fábula', pelo lat. mythu.] Pessoa ou fato assim representado ou concebido
Senna: Um dia ouvi uma conversa entre alguns apaixonados pela Fórmula 1 e como em qualquer conversa esportiva, particularmente, surgiam questões do tipo: Esse era melhor; aquele era mais seguro; o outro era mais correto e ético; fulano era o mestre na chuva e assim a coisa ia. Até que um começou a defender Ayrton Senna e seus feitos. Todos se calaram. Muitos ali sabiam do que estava se falando. Outros, mais jovens, não. Depois de desfiar um rosário de proezas, para deleite deja vu de uns e para a incredulidade de outros, um menino disse: Impossível! Você está exagerando! Isso é lenda...! No meu coração e nas lágrimas dos meus olhos, a resposta para aquele menino, com seus 13, 14 anos: Sim, rapaz, exatamente isso: Uma lenda! E é nas lendas, nas fábulas, na oralidade das histórias que vivem os mitos. Uns existiram de fato; outros, só no imaginário. Os da imaginação a ela pertencem e é lá que se dão e se darão por toda a história da humanidade. Os que aqui um dia estiveram e que criaram legiões de testemunhas, estão nos livros históricos, nos documentos oficiais e oficiosos, nos jornais e revistas, estão numa fita de vídeo ou, para ser mais atual, estão ai, na WWW, na internet, no youtube e em toda essa gama de registros que não deixam a menor sombra de dúvida de quemitos também podem ser fatos.
Assim, posso dizer, mesmo não estando tão certo ainda, pois que certo e errado comungam da mesma merenda: a dúvida, que Ayrton Senna da Silva foi um gênio, um herói, um ídolo, um semideus e um mito e agradeço aos deuses por ter participado um pouco disso. À net aqueles que não tiveram a mesma sorte!



*Escritor, crítico literário, corretor de imóveis, pau-pra-toda-obra e um grande amigo tricolor, pelo qual tenho grande apreço e integral concordância em tudo o que escreveu acima.




Valeu,

Bruno Porpetta