terça-feira, 31 de julho de 2012

Pinceladas olímpicas

Devo confessar-lhes. Não tenho acompanhado a contento às Olimpíadas de Londres.

Entre a procura de um apartamento, o exercício de minhas convicções políticas e o tempo com a minha filha, tem sobrado pouco espaço para as Olimpíadas.

Mas, sempre que possível, eu dou uma olhadinha, ou uma lidinha a respeito, ou um papinho sobre o tema com uns e outros. Assim, de forma meio torta, vou formando minha opinião sobre as coisas.

Vou, então, dar uns pitaquinhos.

Neymar é craque, e disto ninguém tem dúvida. O Brasil é favorito ao ouro, ainda mais depois da eliminação precoce da Espanha. Mas vamos devagar com o andor, que o santo é de barro. Ganhamos da Bielorússia, cujo maior orgulho na vida foi um dia ter feito parte da União Soviética. Pelo menos, eu teria...

Diego Hypólito pode ser azarado, medroso, ou qualquer outra coisa, mas creditar a ele toda a responsabilidade do mundo por outro tombo que resultou em frustração olímpica é de uma maldade sem tamanho. Dos dirigentes da ginástica brasileira eu não ouço um piu sequer, e eles são diretamente responsáveis por jogarmos toda esta responsa nas costas do cara, porque só tem ele, mais alguns figurantes.

Acho excelente que nosso primeiro ouro seja no judô feminino! Antes disso, parecia que só haviam homens na delegação de judocas. Este é outro esporte que, sabe-se lá como, sobrevive no Brasil.

Apesar das inconstâncias na partida, começamos no basquete masculino com uma vitória importantíssima. Finalmente temos um time que dá gosto de ver, e podemos, enfim, deixar de sermos viúvas do Oscar.

O Dream Team estadunidense é, sem dúvida, um timaço de basquete! Mas a cada quatro anos eu sinto uma falta danada de Jordan, Johnson, Bird, Pippen, Drexler, Malone, Ewing, Mullin,...

O revezamento 4x100 metros da natação ficou de fora da final. Especialistas do mundo todo afirmam que a comissão técnica brasileira fez bobagem poupando Cesar Cielo da eliminatória. Bobagem faz a CBDA ao não dar condições para que mais Cielos apareçam. Ficamos na dependência de um só, dá nisso.


Valeu,

Bruno Porpetta

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A Olimpíada invisível

Começaram os Jogos Olímpicos de Londres-2012, a maior festa do esporte mundial, que carrega à eternidade o Barão Pierre de Coubertin, idealizador das Olimpíadas da era moderna, iniciada em 1896, na cidade de Atenas (GRE), onde a competição já era consagrada.

O lema olímpico é Citius, Altius, Fortius (o mais rápido, o mais alto, o mais forte), eternizado por este que foi o segundo presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), presidido anteriormente pelo grego Demetrius Vikelas.

Outra máxima clássica do Barão foi "O mais importante não é vencer, mas participar!". A frase que embala o chamado espírito olímpico, onde a superação dos próprios limites humanos se coloca acima do resultado, propriamente dito.



Não é preciso nem dizer que, devido a inúmeros contratos publicitários que envolvem os atletas nas mais diversas modalidades, esse espírito foi para o beleléu. A cor da medalha conquistada, além da quebra de recordes mundiais (nem os olímpicos são tão relevantes), rendem milhões de dólares para atletas de alto rendimento.

Pelas bandas de cá, a expectativa é que o desempenho da delegação brasileira seja o melhor de toda a história de nossa participação olímpica. Tendo em vista as Olimpíadas de 2016, que será disputada no Rio de Janeiro, o Brasil corre para deixar sua delegação nos cascos para daqui a quatro anos.



Cabe uma ressalva aí. O Brasil prepara uma geração de ponta para os jogos em casa, mas não vai muito além disso. Nossa política esportiva é focada no alto rendimento, e o saldo relacionado à prática esportiva em nosso país - que acarretaria em uma redução drástica nos gastos em saúde, só pra ficar em um aspecto apenas - é praticamente zero.

Outro aspecto interessante a ser ressaltado, diz respeito a quem costuma frequentar redes sociais como o Facebook. Lá, as Olimpíadas parecem não ter começado.

Poucos posts, comentários, compartilhamentos de notícias... O que será que está acontecendo?

Não é muito difícil explicar. Estes Jogos são os primeiros, depois de longa data, cujos direitos de transmissão não pertencem à Rede Globo.

A Globo, quando detentora dos direitos, sempre teve um carinho especial com a competição. Não raro era a interrupção de inúmeros programas de alta visibilidade para a exibição de disputas mais "nobres" nas Olimpíadas, além de outras competições onde atletas brasileiros despontavam com chances de medalha.

Mesmo com todo o investimento da Record (atual detentora dos direitos transmissivos) na exibição dos Jogos Olímpicos, a emissora dos pastores não emplaca o mesmo nível de audiência que a concorrente dos Marinho. Na prática, a audiência da Globo é capaz de "invisibilizar" as demais emissoras.



Ou seja, no presente momento, o tamanho do poder conferido à Globo tornou, simplesmente, a Olimpíada em uma competição invisível.

A Vênus Platinada pode até alegar que sua equipe está em Londres, cobrindo os Jogos, e seu canal de esportes para TV fechada está exibindo em tempo real as competições nas mais variadas modalidades.

Mas o acesso à TV fechada é tão restrito quanto a pelota dada pela Globo às Olimpíadas em seu canal aberto.

É o caso de se perguntar: em se tratando de concessões públicas, a cobertura de um tema, inegavelmente, de interesse público, não deveria ter um tratamento mais adequado?

A resposta para esta pergunta está no Ministério da Distribuição de Concessões, conhecido oficialmente como Ministério das Comunicações, que ao longo da história do país - principalmente no período da ditadura militar - ajudou a construir impérios, derrubar outros, e contribuiu decisivamente para uma correlação de forças midiáticas tremendamente injusta.

O reflexo disto está nas pautas que o brasileiro discute diariamente.



O futebol masculino, bombado de ufanismo em torno de nossa possível primeira medalha de ouro na história, que antecederia a Copa do Mundo no Brasil, gerando um clima de confiança e apoio à seleção brasileira (excelentes ingredientes para a audiência), parece ser a única modalidade em disputa. Às demais, o silêncio.

O Brasil é o país do futebol, do carnaval e do arroz com feijão, bife e batata frita. Um tanto por enraizamento cultural, outro por construção midiática dos "donos" da bola.

O sistema de telecomunicações brasileiro padece de um pouco mais de espírito olímpico. Todo mundo só quer ganhar, e neste caso, ganha mais quem está bem a frente.


Valeu,

Bruno Porpetta






domingo, 22 de julho de 2012

O camisa 10

Quanto mais o futebol fica veloz, e o preparo físico se sobrepõe à técnica, mais importante é o papel do camisa 10 em um time.

Hoje em dia, ele pode estar com qualquer número nas costas. Seja o 90, 87, 64, 33 ou 4.500.000. O camisa 10 não é um número às costas, é um estilo de jogo, é um personagem.



Ele é o responsável, na prática, por armar as jogadas de ataque. Fica um pouco atrás do ataque para observar a movimentação de seus atacantes e descobrir buracos na marcação adversária. Para isso, é preciso ter boa visão de jogo e um excelente passe.

Além disto, o camisa 10 é quem dita o ritmo do jogo. Para encontrar a melhor jogada de ataque, nem sempre dar mais velocidade ao jogo ajuda. Às vezes, diminuir o ritmo, segurar a bola e enfiar a bola no momento mais adequado é imprescindível.

O camisa 10 virou um artigo de luxo, em um futebol tão empobrecido de arte. Por isso, vê-los jogar é um privilégio a quem paga ingresso, e aos que não pagam também.

O motivo deste post foi a estreia de Seedorf no Botafogo.

Estádio cheio, muita expectativa, e uma boa perspectiva apesar da derrota.

Sim, camaradas! O Grêmio botou água no chope botafoguense.

Com uma marcação implacável, o time gaúcho dificultou a participação do time do Botafogo no ataque e, em especial, de Seedorf.

Mas se o holandês não pode ser efetivo, outro camisa 10 o foi.

O meia Zé Roberto, também recém-chegado ao Grêmio, fez uma belíssima partida e foi dele o passe para o gol de Marcelo Moreno, que definiu o confronto. Aliás, que passe!

Outra coisa, depois de um longo jejum, o centroavante boliviano desandou a fazer gols após a chegada de Zé Roberto. Compreensível. Quando as bolas chegam redondas, o atacante fica em melhores condições para finalizar e, consequentemente, alterar o placar.

Por essas e outras, é fundamental ter um autêntico camisa 10 no time. Os gols saem, as torcidas ficam felizes... e é tão bonito vê-los jogar!


Valeu,

Bruno Porpetta


quinta-feira, 19 de julho de 2012

A dor do "não"

Levar um fora sempre é de doer!

Quando estamos numa festa, olhamos para alguém e gentilmente nos aproximamos, apesar de considerarmos sempre a possibilidade da negativa, esta sempre dói um pouquinho. Claro, sempre esperamos uma resposta positiva e a frustração pelo contrário é inevitável.

Riquelme faz cara feia pro futebol do Flamengo


Imaginem só quando, da resposta, depende nossa própria "sobrevivência". Este é o caso de Patrícia Amorim, presidenta do Flamengo.

No futebol profissional, estamos habituados a saber de recusas de jogadores a ofertas dos clubes. Em geral, por motivos financeiros, ou estruturais.

O "não" de Riquelme ao Flamengo é, no mínimo, inusitado. Mas, fundamentalmente, desesperador para sua torcida e, em especial, para a presidenta-vereadora.

O craque argentino, última esperança do Fla em contar com um camisa 10 de renome internacional, negou a proposta do clube - a melhor proposta financeira, segundo seus empresários - por questões relacionadas estritamente ao futebol.

Riquelme assistiu ao jogo entre o Flamengo e o Corinthians, onde o rubro-negro foi vergonhosamente derrotado por 3 a 0, sem sequer ver a cor da bola, dentro de casa, diante de sua torcida, mesmo que esta tenha se colocado de costas durante a partida.

Ao ver o que viu, uma presa fácil para o Corinthians, sem nenhuma inspiração e diante de uma pressão enorme vinda das arquibancadas, declinou do convite e preferiu não meter a mão nessa cumbuca.

A agonia da torcida rubro-negra, após ver aquela exibição patética do time e sem esperanças por grandes contratações às vésperas do encerramento da janela de transferências internacionais, fica ainda maior e a pressão sobre jogadores, treinador e dirigentes beira o insuportável.

Pior está a situação de Patrícia Amorim.

Candidata a reeleição em duas frentes - no próprio clube e na Câmara Municipal do Rio -, enxergava na contratação de Riquelme uma última cartada em busca de um trunfo eleitoral para o fim do ano. Não foi desta vez, e provavelmente não será em nenhuma.

O desespero da dirigente, em ligação telefônica com Zinho (diretor profissional de futebol), revela o tanto de esperança que depositava em Riquelme para alavancar suas pretensões.

Como se a contratação do meia argentino "apagasse" os inúmeros equívocos cometidos até então, que alcançaram seu ápice na atabalhoada saída de Ronaldinho Gaúcho do clube, gerando uma dívida milionária e, no momento, impagável.

O resultado da desastrosa administração de Patrícia a frente do Flamengo é exatamente o que Riquelme assistiu ontem, e o fez desistir de aceitar a proposta rubro-negra. O time é um retrato fiel dos sucessivos erros da gestão, da acomodação de interesses de grupos políticos internos que passam longe dos reais interesses do clube, e da postura indolente dela própria nos momentos mais delicados.

Hoje, sobrou a Patrícia um enorme mico nas mãos. Com a pressão da torcida pela demissão de Joel, antes fritado pela direção e agora garantido no cargo por conta da alta multa rescisória que o Flamengo não é capaz de arcar, além da ausência de grandes jogadores, exceção feita a Vágner Love, sua situação é bastante delicada e sua reeleição, em ambos os cargos, depende única e exclusivamente de uma estratégia política baseada em acordos bastante frágeis.

Para a presidência do Flamengo, Patrícia terá que reeditar a composição entre grupos internos, que já não parecem tão dispostos a isto, além de usar o discurso das "piscinas". Quando o futebol vai mal, só as "piscinas" podem sensibilizar os sócios do clube. A pressão externa, diante do tamanho do Flamengo, pode inviabilizar esta estratégia.

Já na Câmara Municipal, onde os eleitores são, em grande medida, torcedores dos clubes da cidade, para os do Flamengo, ela já não convence, e para os outros, menos ainda. Vascaínos, tricolores e botafoguenses torcem, somente, para que ela se reeleja no Flamengo, nada mais que isso.

Haja cloro pra limpar a barra dela...


Valeu,

Bruno Porpetta

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Merecido luto

Morreu, aos 71 anos, Jon Lord.

O tecladista "só" era fundador do Deep Purple, e um dos poucos músicos que admirei que se "aposentou".








A este gênio dos teclados, nem um minuto de silêncio. Muito pelo contrário!


Valeu,

Bruno Porpetta

Brincando de polícia e... doente

Não basta o "iluminado" Sergio Cabral Filho querer derrubar o IASERJ (o Hospital do Servidor Estadual do Rio de Janeiro), eliminando o único hospital geral da região central da cidade, que apesar de "exclusivo" aos servidores públicos estaduais, atende a milhares de pessoas pelo SUS. O protótipo de Führer ainda envia a Tropa de Choque da Polícia Militar, durante a madrugada, para retirar cerca de 70 pacientes internados.



O IASERJ atende a mais de 40 especialidades, e será substituído por mais uma unidade do INCA (Instituto Nacional do Câncer), do Governo Federal. O INCA merece mais uma dezena de unidades, desde que estas não sejam simples substituições de hospitais mais abrangentes que atendem a parcelas significativas da população, que não tem pra onde correr.

Os servidores do hospital ainda resistem, mas o estado do Rio de Janeiro, além do município, andam tão policialescos que se verifica um quadro alarmante de resquícios fascistas na duplinha Cabral-Paes. Não há nada em que a força policial não seja acionada, e ela não costuma ser muito elegante no trato com as pessoas.

Esta idolatria criada em torno das fardas militares é preocupante, e mais preocupante ainda é ver isto pegando na classe média, tal como pegou nas imediações do ano de 1964.

No popular, diz-se: "Errar é humano, repetir o erro é burrice!".

Ou um pouquinho mais acadêmico: "A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa." (Karl Marx)

Taí um belo exemplo onde o povão e a intelectualidade acertam na mosca!


Valeu,

Bruno Porpetta


sábado, 14 de julho de 2012

Para não passar em branco... parabéns para nós!

Devido à correria de campanha, só agora vai uma singela homenagem ao dia do rock.

O meu, o seu, o nosso dia! Todo dia!





Valeu,

Bruno Porpetta

quinta-feira, 12 de julho de 2012

O peso da camisa verde

O Palmeiras era o patinho feio da Copa do Brasil.

Quando todos falavam do São Paulo, do Grêmio, do Atlético-MG,... o Palmeiras veio quieto, sem alarde, com um time limitado, de jogadas manjadas e com suas corriqueiras crises.

Mas tem uma coisa que os "burrocratas" não sonham em imaginar: o peso que uma camisa de time grande tem.



E o Palmeiras, por maior que seja o jejum, por pior que sejam as trapalhadas de sua diretoria (seja ela qual for), por mais limitado que seja o time, por maior a retranca, por isso, por aquilo, por tudo, é o Palmeiras.

O Palmeiras da teimosia e inteligência de Felipão, da segurança de Henrique, da inventividade providencial e escassa de Valdívia, dos gols esparsos de Barcos, das bolas paradas de Marcos Assunção e dos jovens operários agredidos, vaiados, esculachados pela torcida.

E fundamentalmente, o Palmeiras de sua torcida!

A torcida que canta e vibra, o fez como há muito não fazia. Apoiou incondicionalmente o time, por maiores as limitações que tinha. Comprou a ideia do impossível, e tornou tudo isso possível.

Por mais sacana que isto possa parecer, é preciso reconhecer similaridades entre os títulos de Corinthians, na semana passada, e Palmeiras.

Os dois venceram, fundamentalmente, com a defesa. Depois do Chelsea, acabaram conformando uma tendência neste ano.

A participação das torcidas foi decisiva. Ninguém pressionou as equipes. Pelo contrário, levaram o time.

Ambos tinham uma situação de pressão muito grande sobre si. O Corinthians ainda era "virgem" em Libertadores, e o Palmeiras estava há quatro anos sem títulos, e sem muita perspectiva pela frente.

E contra todos os prognósticos, o Palmeiras botou a camisa pra jogar, e venceu!

O Palmeiras provou que a camisa tem o peso de um time grande. Sempre grande!


Valeu,

Bruno Porpetta


P.S.: Para os que gostam de coincidências "a la Galvão", da outra vez que o Palmeiras venceu a Copa do Brasil, levou a Libertadores no ano seguinte.


domingo, 8 de julho de 2012

Como há 100 anos...

No dia 7 de julho de 1912, após o rompimento do primeiro time do Fluminense com o clube, que culminou com a formação do departamento de futebol do Flamengo, jogou-se o primeiro Fla-Flu. O primeiro de uma história que acaba de completar 100 anos.



Vários ídolos se forjaram no clássico, alguns se consagraram, mas ninguém conseguiu exprimir tão bem o que é um Fla-Flu como Nelson Rodrigues.

Justo ele, que nunca disputou um Fla-Flu sequer, embora sua presença seja constante em todos, mesmo depois de sua morte.

Afinal de contas, só pela lembrança aqui, já se tem uma ideia da importância que Nelson para tornar o Fla-Flu o clássico mais charmoso do Brasil, e um dos maiores do mundo.

O primeiro Fla-Flu terminou com vitória do segundo time tricolor, diante do recém-fundado time de futebol do Flamengo, por 3 a 2.

De lá pra cá, foram 139 vitórias rubro-negras, terminaram empatados em 127 partidas, e os tricolores saíram vitoriosos por 124 vezes. Nos gols marcados, nova vantagem rubro-negra, vencendo esta longa partida de 100 anos de duração por 568 a 519.

Mas, assim como no início, o Fluminense foi quem mexeu nestes números no centenário. Venceu por 1 a 0, com gol de Fred, em partida bem mixuruca, na qual o Fluminense não foi bem, e apesar do discurso em contrário de Joel Santana, o Flamengo conseguiu ser ainda pior.

O pior sinal de que o ciclo de um treinador está encerrado em um clube, é quando ele declara na coletiva um jogo absolutamente distorcido, somente por auto-defesa.

Talvez outro elemento tenha impedido que o Flamengo chegasse, pelo menos, ao empate. O Flamengo jogou com os nomes estampados na camisa da formação que disputou o primeiro Fla-Flu.

E esta formação não vence o Fluminense... há 100 anos!


Valeu,

Bruno Porpetta

Brasil: nova rota do futebol mundial?

Dentro da janela de transferências internacionais para o futebol brasileiro, ontem aconteceram as duas apresentações mais bombásticas, pelo menos até o momento, nas bandas de cá.



O Botafogo apresentou à torcida, no Engenhão, o holandês Clarence Seedorf. Ex-camisa 10 da seleção da Holanda, duas vezes campeão da Liga dos Campeões da Europa e um preparo físico de dar inveja a muito menino, a despeito de seus 36 anos. Vem de uma temporada razoável no Milan, sem conquistas, mas com a mesma categoria de sempre.

Em Porto Alegre, o uruguaio Diego Forlán foi apresentado, no Beira-Rio, aos torcedores do Internacional. Há dois anos, foi escolhido o melhor jogador da Copa do Mundo, além de ser fundamental para o título da Copa América, pelo Uruguai, no ano passado. Vem de uma temporada ruim na Inter de Milão, mas com 33 anos ainda tem lenha pra queimar.

Noves fora a empolgação dos torcedores - justa, diga-se de passagem - com as referidas contratações, é preciso fazer uma análise um pouco mais complexa do que o simples "oba-oba".

Na crista da onda econômica de um mundo em crise, o Brasil se tornou mais atraente a jogadores de nível internacional, dentre outros motivos, por ser um belo país, sede da próxima Copa e, fundamentalmente, ter maior capacidade de pagamento de salários mais avantajados.

Estamos numa boa, né?

Errado!

O Brasil, perante os países da América do Sul, sempre foi um pólo de atração. Haja visto que vários jogadores que fizeram parte da história do nosso futebol vieram destes países. Podemos destacar o argentino Doval (Fla-Flu), o chileno Figueroa (Inter), o uruguaio Hugo de León (Grêmio), o paraguaio Romerito (Flu), o equatoriano Quiñones (Vasco), dentre muitos outros.

Podemos até citar o argentino Gandulla, do Vasco, que sentado no banco, deu nome aos garotos e garotas que buscam as bolas que saem do campo.

Com relação ao resto do mundo, principalmente a partir da década de 80, nos tornamos exportadores.

A princípio, clubes médios da Europa. Depois, os grandes. Mais tarde, o Japão. Por último, o leste europeu e o chamado "mundo árabe". Embora ainda insipiente, a China começa a entrar nessa parada.

Portanto, estamos agora ocupando um lugar que, há algum tempo atrás, era do Japão. Buscando na Europa jogadores que possuem mercado mais restrito por lá. Em geral, em declínio técnico, ou idade bastante avançada.

Podemos considerar um avanço? De modo algum!

Diferentemente do Japão, temos material humano de qualidade superior. Fomos campeões mundiais três vezes com jogadores que atuavam por aqui. E só poderemos declarar nossa "auto-suficiência" no futebol quando evitarmos o êxodo daqui para fora.

Mesmo o exemplo de Neymar ainda é insuficiente. O Santos precisa, muitas vezes, desmontar parte significativa do time para segurar o jovem craque. Não fossem estes "ajustes", Neymar já estaria na Europa há muito tempo.

Portanto, é preciso relativizar nossa "prosperidade" econômica.

Apesar de chegarmos ao quinto lugar no ranking das economias mundiais, ainda estamos na zona do rebaixamento dos indicadores sociais, e nosso atraso reflete-se no futebol.


Valeu,

Bruno Porpetta

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Deus passa o bastão

Certo dia, foi concedido por Deus o direito a uma audiência com o Próprio, para três grandes figuras: George W. Bush, Luis Inácio Lula da Silva e Alberto Dualib.

Chegando aos céus, foram devidamente recebidos por São Pedro, acomodados em poltronas confortáveis, enquanto aguardavam o chamado do Divino para sua sala.

O primeiro a ser chamado foi Bush, e Deus logo tratou de explicar qual era o esquema:

- Meu filho, a parada é a seguinte, faça a pergunta mais relevante para você. Cada um que foi aqui chamado só terá direito a uma única pergunta. Portanto, capricha! Ok?

- Ok, Pai de todos os homens de bem! Minha pergunta é: Estou tentando acabar com o terrorismo no mundo, vou conseguir?

- Meu filho, primeiro quero deixar uma coisa bem clara. Quem te disse que sou Pai só de homens de bem? Quem define quem são os tais "homens de bem"? Faça-me o favor... Mas respondendo a sua pergunta, o terrorismo no mundo vai acabar, mas não na sua gestão.

Deus já emenda: 

- Próximo!

E São Pedro convoca Lula para adentrar a sala de Deus. 

Após os devidos esclarecimentos divinos, Lula pergunta:

- Companheiro Deus, quero acabar com a fome no Brasil, vou conseguir?

- Caro companheiro Lula, devo te confessar que tua preocupação é bem mais nobre que a do teu amigo que passou aqui antes de ti, mas infelizmente só posso te dar a mesma resposta que dei ao talzinho. A fome no Brasil vai acabar, mas não na tua gestão.

E após um efusivo aperto de mãos, Lula deixa a sala, pedindo para Dualib entrar.

Ao ver Dualib, Deus não teve nenhuma dúvida:

- Já sei, quer saber quando o Corinthians será campeão da Libertadores, né?

- Sim, como o Senhor já sabia?

- Sou Deus, porra!

- Claro, claro (com um aparente sorriso amarelo)...

- Mas respondendo a sua pergunta, o Corinthians será campeão da Libertadores, mas não na MINHA  gestão!

(Piada razoavelmente antiga, para sacanear corinthianos)







E não é que o mundo está sob nova direção?

O Corinthians, com uma campanha irretocável e invicta; com autoridade incomum a quem disputava sua primeira final, contra um adversário que buscava o sétimo título; sem grandes craques, mas com jogadores muito disciplinados taticamente e com boa qualidade técnica, venceu o Boca por 2 a 0 e demitiu Deus do cargo de administrador desse caos que se tornou o mundo.

Com justiça, diga-se de passagem, tanto o título do Corinthians, como a demissão de Deus.

Convenhamos, receber George W. Bush em Sua sala, é passível de um bilhete azul.

O responsável do Departamento Pessoal que assinou a mesma foi Emerson, que fez os dois gols e comprovou sua vocação de Midas do futebol. Onde ele passa, tem caneco!

Agora, os demais torcedores, que, durante 102 anos, fizeram todo o tipo de piadas com o Corinthians, devem enfiar o arcabouço de gracinhas no saco e baixar um pouco a bola.

Mesmo que o futebol não tenha sido o mais espetacular do mundo, o Corinthians recheou o bolo com a cereja da Libertadores.

Afinal, mesmo o Palmeiras, não venceu com Ademir, nem com Edmundo, foi com Oséas.

Só deixo um pedido aos corinthianos. Estão definitivamente abolidas as piadas com a ausência da Libertadores no currículo, mas, por favor, não incluam o tal do estádio na conversa, cuja construção é uma vergonhosa farra com o dinheiro público.


Valeu,

Bruno Porpetta


quarta-feira, 4 de julho de 2012

O time ou o craque?

Neste exato momento, cerca de 30 milhões de brasileiros sofrem de insônia.

Daqui a menos de 24 horas, entram em campo Corinthians e Boca Juniors, no Pacaembu, para decidir quem gravará seu nome na Taça Libertadores da América.

Para o time argentino, pela sétima vez, igualando o recorde do Independiente. Para o Timão, uma inédita e histórica conquista, que justifica a noite em claro.



O Corinthians é mais time que o Boca, sem muito mistério.

Se tiver que cravar um favorito, obviamente é o Corinthians. Pelo time, pelo placar no jogo de ida, pelo jogo em casa, com uma torcida que faz a diferença.

Mas o que essa pulga faz atrás da orelha de muita gente?

Enquanto o Corinthians tem um coletivo superior, com alguns talentos decisivos, uma defesa fortíssima e, ao que parece, finalmente um goleiro de confiança, o Boca tem a tradição na Libertadores, um time esforçado... e Juan Roman Riquelme.

O Corinthians tem mais time, mas o único craque dentre os 22 jogadores em campo é do Boca, é Riquelme.

Estará em jogo o que é mais decisivo, a força do conjunto ou a genialidade do craque?

Riquelme, para ser ainda mais sacana, foi decisivo em outras finais de Libertadores contra brasileiros, sempre na casa dos adversários. Ele sabe como usar a força oposta da torcida a seu favor, além de conhecer os "atalhos" da Libertadores.

Reparem como Riquelme, sempre pressionando o árbitro, quase sempre é punido com o cartão amarelo. Na Libertadores não existe suspensão por acúmulo de cartões amarelos, apenas por expulsão. Cada cartão amarelo custa aos cofres do clube apenas 100 dólares, logo a galera abusa.

O craque argentino conhece todos estes expedientes que, no frigir dos ovos, acabam ajudando a decidir jogos. E este é o imponderável em campo, que equilibra outras diferenças. Isso pra não falar do talento genial de Roman, como é chamado pela própria camisa 10 que veste.

Que vença o melhor, ou o mais malandro.


Valeu,

Bruno Porpetta








segunda-feira, 2 de julho de 2012

Um título do tamanho da Espanha

Aqui em casa, tenho quatro bandeiras de mesa, exatamente ao lado direito deste monitor, onde este artigo está sendo produzido.

Pela ordem, da esquerda para a direita, estão a bandeira do Espírito Santo - estado onde colecionei bons amigos e boas histórias -, a do Flamengo - não preciso dizer o porque, imagino -, a da Espanha - roubada do amigo Jaime Cabral, pela qual já me fez cobranças, justas, diga-se de passagem -, e a da Galícia - presente do amigo Alexandre Magno, goleiro do Havana Futebol e Cana, torcedor do Bonsucesso, e galego como eu.



Por nunca ter ido à Espanha, de onde vem a minha família paterna, mais precisamente da província de Ponte Vedra, na Galícia, e ter me apaixonado pela seleção espanhola desde 1986, senti necessidade de assistir ao jogo de hoje em um lugar que me aproximasse mais da Espanha.

Fui à Casa de España, no Humaitá, simpático bairro da burguesia carioca.

Portanto, corre-se o risco de certa parcialidade nesta postagem, mas hoje ela é absolutamente merecida.

Falando nisso, hoje descobri que quando a torcida canta "Lá Lá Lá" no hino nacional, eles estão certíssimos. Não tem letra o hino, pois não há nada que possa unificar a monarquia com catalães, bascos, galegos, e outros povos submetidos ao reinado espanhol. Digamos que o rei tenha sido prudente, depois de garantir a unidade de seu reino na porrada, através da ditadura de Franco.

Aliás, Franco! Tenho a impressão de ter ouvido este nome há alguns dias.



A Espanha, após o título mundial conquistado na última Copa, virou adulta. Até ali, os escretes espanhóis eram infantis. Eram roubados pela arbitragem, derrotados por forças menores, prestando-se a certos papéis ridículos em Copas.

O título da Euro, em 2008, deu a Espanha alguma segurança para ir à Copa, mas para superar seus traumas somente a conquista da Copa poderia afirmá-la como parte das grandes seleções do mundo.

Com o time que tinha, foi possível ir às semifinais da Copa, e aí é o primeiro grande momento da seleção espanhola em sua história. Venceu à Alemanha, com autoridade, por 1 a 0.

Na final, enfrentou outra seleção traumatizada em Copas, a Holanda. O time laranja foi duas vezes vice, e queria a todo custo evitar a colocação de uma faixa diagonal sobre a camisa.



Venceu, com gol na prorrogação de Iniesta, o time espanhol. Pronto, enfim a Espanha se somava ao seleto grupo de seleções campeãs do mundo, com toda a carga que este título carrega.

De repente, a camisa da Espanha ganhou uns quarenta quilos a mais. E dentro de campo, isto faz diferença.

Hoje, a Espanha não somente foi bicampeã da Eurocopa, conquistando o terceiro título de sua história.

A seleção espanhola derrotou a Itália, com uma superioridade quase sacana.

Um placar retumbante! Coincidentemente, o mesmo com o qual o Barcelona colocou o Santos, e de alguma forma, o próprio futebol brasileiro, em um lugar encolhido no canto da sala. Parte daquele time, hoje, colocou a Itália de quatro!

Ainda se fosse a França, poderia rolar aquela gracinha em referência à Napoleão Bonaparte e a perda da guerra. Embora, um placar desses contra a seleção francesa, seria absolutamente justificável, numa perspectiva histórica.




Mas contra a Itália - que provou nesta Euro que é uma gigante do futebol mundial -, e com doses de crueldade, foi demais!

A Espanha cresceu! E demonstrou nesta Euro que, mesmo que as coisas não aconteçam exatamente da forma que as pessoas imaginam, que está entre os grandes do futebol mundial, não só europeu.

O escrete azul italiano não conseguiu jogar. Não dá nem pra falar que jogaram mal, porque nem esta chance eles tiveram. Exceção feita a um período do primeiro tempo, quando ainda estava 1 a 0, e a Itália criou algumas oportunidades, e aí está a primeira grande máxima do futebol funcionando.

Dizem que um grande time, começa com um grande goleiro. O arqueiro e capitão, Iker Casillas, é o melhor goleiro do mundo na atualidade!

Hoje, com a ponta dos dedos, tirou o doce da boca dos italianos duas vezes. De Rossi e Balotelli já estavam posicionados, no alto e com a expressão facial do cabeceio para o gol, mas os dedos de Casillas desviaram o gol certo.

Pra não falar da defesa segura, em chute de Cassano, onde a bola de repente aparece por debaixo das pernas de Piqué.

O time todo jogou muita bola, mas três homens em especial foram sublimes. Estes são Xavi, Iniesta e Fabregas.

Xavi, que não fez uma Eurocopa brilhante, segundo ele próprio, foi o senhor do jogo.

Com idade avançada e desgastado pela temporada, engoliu Pirlo na partida. Foi melhor em tudo. Na hora certa, foi decisivo.

Iniesta foi o mesmo de sempre. Uma máquina de jogar bom futebol.



E Cesc Fabregas, que ainda precisava de uma grande exibição na seleção espanhola, cavando seu lugar definitivamente no time, além de colocá-lo no devido lugar de craque que é, deixou esta cereja para hoje. Fez um partidaço!

Outros também foram fundamentais, como Jordi Alba, que mostrou o acerto do Barcelona em contratá-lo para a lateral esquerda, e Fernando Torres, que entrou no segundo tempo e, além de deixar sua marca no placar, ainda deu um gol de presente para Mata.

Devo me render! Eu, que defendia a saída de David Silva do time, para a entrada de Torres, ou Llorente, tive que segurar a onda. O meia-atacante do Manchester City esteve no nível da exibição do time. Jogou muito!

Enfim, a Espanha foi hoje do tamanho que provou que tem.

Além de botar pra correr a chatice de uns e outros, que dizem que o futebol espanhol é chato.

E a festa, em meio aos espanhóis, foi muito divertida.

Até em espanhol eu cantei: "Campeones, Campeones, ole ole ole!".


Valeu,

Bruno Porpetta