quarta-feira, 30 de maio de 2012

A "bota" que não aprende, e o resto que se cuide

Mais uma vez, a Itália se vê às voltas com denúncias de combinação de resultados para beneficiar apostadores.

Os escândalos no Calcio não são novidade. Ocorrem desde 1927, envolvendo o Torino, e o último deles aconteceu há seis anos, tendo como principal personagem a Juventus, que acabou perdendo dois scudettos.



Desta vez, 19 pessoas tiveram ordem de prisão expedida, sendo 10 destas para jogadores profissionais, além de uma série de pessoas,dentre treinadores e dirigentes, arroladas para prestar esclarecimentos às autoridades judiciais de Cremona, onde corre o processo. Entre os detidos, estão o capitão da Lazio - Stefano Mauri - e o ex-jogador do Genoa - Omar Milanetto.

O arraso provocado passa, inclusive, pela seleção italiana que se prepara para a Euro-2012, forçando o treinador Cesare Prandelli a cortar o zagueiro Criscito, que hoje atua no Zenit-RUS, citado pelo período em que atuava no Genoa. Outro nome pode ser chamado a prestar depoimento, o de Bonucci, zagueiro da Juventos que, à época, jogava no Bari. Como ainda não foi citado oficialmente nas investigações, não foi cortado, mas pode acontecer até durante a Eurocopa.

Desde a profissionalização do futebol, e a crescente mercantilização do mesmo ao longo do tempo, valendo-se do enorme apelo popular que o esporte possui, o capitalismo se impõe como lógica imperativa nos mais diversos aspectos.

Os ditos salários fabulosos pagos aos craques, são ínfimos perto da lucratividade gerada aos clubes e patrocinadores aos quais os mesmo estão ligados. E como em toda reprodução microcósmica do capitalismo, tais benesses voluptuosas representam uma minúscula parcela do mundo do futebol. A maior parte dos atletas profissionais de futebol vive com salários abaixo do aceitável, além de acumular outros empregos junto ao futebol. Tanto que a média salarial, no Brasil, paga aos jogadores de futebol é pouco maior que 900 reais.

Obviamente que não é o caso dos atletas da primeira divisão italiana. Bem remunerados, não precisariam, em tese, valer-se de esquemas de corrupção para levantar mais uma grana. Acontece que, no capitalismo, toda grana é insuficiente. Deve-se sempre ter mais, e para isso, vale qualquer coisa.

Não se pense que a corrupção no futebol italiano é maior que nos demais países, porém aparece em larga escala, porque é investigada. Existe corrupção no mundo da bola, desde que o mundo é uma bola, inclusive - pasmem! - no Brasil.

Portanto, torna-se imprescindível investigações mais apuradas também para o futebol brasileiro.

Vários escândalos se passaram por aqui, sem uma punição sequer. São arrastados em processos judiciais longos e sem grande acompanhamento da imprensa, até caírem no esquecimento popular. Basta observar os casos mais recentes de Ivens Mendes (cujo escândalo foi enterrado junto com o próprio, após seu falecimento) e Edílson Pereira de Carvalho.

Na Itália, o primeiro-ministro, Mario Monti, apesar de assegurar se tratar de uma opinião pessoal, sugeriu que o campeonato nacional seja paralisado por dois ou três anos. Ou seja, além da corrupção no futebol italiano não se restringir ao próprio campeonato, sendo discutido na esfera pública, o próprio mandatário da república se mostra incompetente em freá-la.

Questões como esta ganham todo este vulto por conta do papel que o futebol exerce na própria manutenção do bloco hegemônico, tal como o contrário também é possível.

A mercantilização deste importante elemento identitário cultural dos povos é reflexo da própria mercantilização das sociedades e suas relações, sejam econômicas ou culturais. Tal como seu estágio de desenvolvimento é determinado pelo do próprio capitalismo. Onde a própria estruturação da sociedade é precária, o futebol também reproduz a mesma lógica.

Se a corrupção é própria do sistema capitalista e seu modelo de organização do Estado, concebido como instrumento de dominação de uma classe por outra, propicia-se a prática corrupta desta forma, e o futebol não está isolado desta concepção.

Não possuímos as mesmas conquistas do estado de bem-estar social, e naturalizamos a exclusão de parte significativa da sociedade brasileira como sujeito de direitos, além do adestramento à aceitação da corrupção como "parte do jogo". Não é, ou não deveria ser, nas instituições estatais, tampouco no futebol.

Portanto, é bom que fiquemos atentos aos desdobramentos do novo escândalo italiano. Que nos sirva de exemplo.


Valeu,

Bruno Porpetta



segunda-feira, 28 de maio de 2012

Férias frustradas

Foram duas eliminações precoces, que renderam 28 dias sem um jogo sequer do Flamengo.

Tempo suficiente para, no caso específico, não somente se preparar física, técnica e taticamente, mas principalmente corrigir os erros toscos que se arrastaram por quatro meses.






A república de ninguém que se tornou o Flamengo iniciou o Brasileirão exatamente do jeito que entrou em "férias". Uma diretoria que não paga, um craque de ocasião encostado no canto esquerdo do ataque, um treinador cheio de desculpas razoáveis e não param de surgir novos problemas.

O Flamengo, não satisfeito em dar más notícias aos seus torcedores, produz fatos absolutamente humilhantes, aviltantes, degradantes ou, simplesmente, ridículos.

Este patético e pitoresco chilique de Assis, na loja de produtos oficiais do Flamengo em sua sede, evidencia toda a ausência de sentido na direção do Flamengo.

A começar pela "cota" de camisas para dirigentes. Aquelas mesmas que você, torcedor e razão da grandeza do Flamengo, paga cerca de 190 reais para adquirir. Eles ganham 25 gratuitamente, entre uma decisão estapafúrdia e outra que tomam em suas grandes cadeiras estofadas, em salas acarpetadas, com ar-condicionado e café fresco o tempo todo.

A mesma camisa que pode ter uma marca de churrascaria estampada, por 2,5 milhões de reais, além de um vale-churrasco no valor de 500 mil reais para o clube. Entenda-se que, você, torcedor, que sua para pagar ingressos (que dirigentes também não pagam) e unicamente ajudar seu clube, não terá direito sequer a uma linguiça.

É óbvio que não se propõe liberar a carne e as camisas para a torcida, mas tais regalias descaradas para dirigentes, ainda mais no momento que vive o time, chegam a ser escandalosas.

Voltando ao time, propriamente dito, também as férias não foram proveitosas. Simplesmente, nada mudou!

O time joga exatamente do mesmo jeito, sendo acuado fora de casa e propiciando espetáculos de descompromisso e preguiça dentro.

As vaias, tanto para o time como para o craque de ocasião, são absolutamente merecidas. Tão merecidas quanto seriam se fossem para Joel e a diretoria do Flamengo.

O que eles fazem com o Flamengo é um esculacho!

E no fim do ano, a ausente presidenta do clube, Patricia Amorim, estará pedindo seu voto. Seja sócio do clube, ou não.

Ela merece?


Valeu,

Bruno Porpetta

sexta-feira, 25 de maio de 2012

O "pega-pá-capá"

Definidas as semifinais da Libertadores, depois de quartas-de-final alucinantes.

Duas decisões por pênaltis, duas eliminações nos últimos minutos, quatro jogos dramáticos!

Começou com o calvário tricolor. Depois de derrota em La Bombonera por 1 a 0, para o imortal Boca Juniors, o Fluminense veio resolvido a virar o placar do confronto, e teve um primeiro tempo exemplar neste aspecto.



Na modesta opinião deste blogueiro, foi aí que a classificação se foi. O Fluminense teve, na primeira etapa, chances suficientes para matar o confronto, com dois ou três gols, mas não o fez. Com apenas o gol de Carleto, viu o Boca Juniors crescer na segunda etapa e, por mais que o time do Boca não seja lá essas coisas, a camisa joga por si.

E aos 45 minutos do segundo tempo, em um vacilo da zaga tricolor, Santiago "El Tanque" Silva empatou o jogo, fez um afago em Thiago Neves, e partiu para o abraço redentor da classificação.

Logo após, o confronto brasileiro das quartas. Corinthians e Vasco, depois de um 0 a 0 modorrento e enlameado em São Januário, jogavam no Pacaembu suas próprias vidas.

O Vasco pela paz para Cristóvão Borges, o Corinthians pelo retorno às semifinais da competição depois de 12 anos.



Nada mais importa neste jogo, a não ser o gol e o quase gol.

Um jogo cuja marcação se sobrepôs aos atacantes, exceção feita aos dois lances.

Primeiro, Diego Souza perde (só) o gol da classificação. Sem ninguém a sua frente, só ele e o goleiro (que não era nenhum Yashin), mas deu o goleiro.

Por mais que Cássio diga que fez uma grande defesa (e foi), Diego Souza perdeu aquele gol. E foi decisivo!

Quase ao apagar das luzes, aos 42 do segundo tempo, Paulinho fez de cabeça, após cobrança de escanteio, o gol da classificação corinthiana. Bem ao estilo que gosta a Fiel torcida, de forma sofrida.

Na quinta-feira, foi o dia dos pênaltis.

Universidad de Chile e Libertad, do Paraguai, vinham de empate no país dos filhos de Lugo por 1 a 1. Quando se pensava que La U trucidaria os paraguaios em casa, nada disso. Um novo empate, pelo mesmo placar, levou a partida aos pênaltis. Por 5 a 3, o time chileno levou a melhor e enfrenta o Boca.



Daí veio o Santos contra o Vélez Sarsfield, na Vila Belmiro.

Após derrota por 1 a 0 na Argentina, mostrando ao Santos que um time aplicado e com qualidade pode parar a máquina alvinegra, em especial a Neymar, o Peixe precisava reverter o placar na Vila.

Enfrentando a mesma aplicação por parte do Vélez, o Santos precisou de paciência para vazar o gol de Barovero, e depois Montoya, após a expulsão do titular.



Só conseguiu aos 32 minutos do segundo tempo, com Allan Kardec, e mais nada. Acabou por se classificar nos pênaltis, por 4 a 2, e pega o Corinthians.

As semifinais reúnem dois gigantes campeões da Libertadores, e dois que buscam a primeira glória.

De um lado, Boca Junior (cinco títulos) contra Universidad de Chile. De outro, o superclássico paulista, Santos (três títulos) contra o Corinthians.

Promete! E como...


Valeu,


Bruno Porpetta

terça-feira, 22 de maio de 2012

Genial, Herrera!!

Nada contra quem pede música pro Fantástico, mesmo as piores possíveis.

Mas que foi ótimo o Herrera ter desdenhado da "brincadeira" global, isso foi.





Valeu,

Bruno Porpetta

domingo, 20 de maio de 2012

Ah, que saudade...

O Nápoli, depois de 22 anos, volta ao alto do pódio!

Para quem não sabe, nutro bastante carinho pelo time do sul da bota, desde os tempos abaixo, onde Maradona e Careca me faziam acordar cedo para vê-los.




E de novo sobre a Juventus, atual campeã italiana!

Que saudades desse Nápoli levantando taças! Muito mais do futebol de Maradona...


Valeu,

Bruno Porpetta

O Brasileirão não começou

Meus caros e minhas caras!

Há quem diga que, neste final de semana, começou o Campeonato Brasileiro.

Discordo!

O retrato fiel do início do Brasileirão


O Campeonato Brasileiro começa lá pela décima rodada.

Até então, os principais times da competição estão envolvidos com a disputa de outras competições, consideradas muito importantes na ocasião, ou com a derrota nestas mesmas.

A derrota derruba. Até juntar os cacos, muitas vezes se perde um precioso tempo no Brasileirão, e esta é uma questão que cabe aos psicólogos reverter.

Mas o acúmulo das competições é um problema criado pelos dirigentes que deveriam estar lá para resolvê-lo.

Hoje, enquanto o Fluminense jogava pela primeira rodada do Brasileirão - contra o Corinthians em um Pacaembu vazio - , os torcedores do Fluminense faziam fila nas Laranjeiras atrás de ingressos para o jogo contra o Boca, pela Libertadores. Só para ilustrar.

Onde já se viu alguém esvaziar o próprio campeonato que organiza? Só a CBF mesmo...

Mudaram as moscas, somente.


Valeu,

Bruno Porpetta

Afirmativamente, Chelsea!

O que estava em jogo ontem na Allianz Arena, em Munique, muito mais do que o título da Liga dos Campeões da Europa, era a própria afirmação de um, ou de outro.

De um lado, parte da promissora geração alemã que, na última Copa do Mundo recolocou a Alemanha nas cabeças, somada a um dos maiores talentos franceses, Franck Ribery, e ao tarimbado craque holandês, Arjen Robben.

Do outro, um time que há algum tempo batia na trave da Liga dos Campeões. Montado com a aparentemente infindável grana de Roman Abramovich, o Chelsea venceu o Campeonato Inglês por três vezes, mas sem conseguir o maior objetivo, para o qual foi favorito em algumas temporadas, nas quais era comandado por José Mourinho.

Como Umbabarauma, o ponta-de-lança africano, foi decisivo


Diante do improvável, ambas equipes viam nesta final uma chance única. Vencer a Liga dos Campeões em tempos de supremacia espanhola absoluta seria heroico.

O Bayern jogava ao lado de sua torcida. O Chelsea, com sua experiência.

O que decide jogos, ainda mais finais, é o tal "poder de decisão". Apesar de parecer meio abstrato, posso assegurar que isso existe.

Se houve alguém que demonstrou ter esse poder, estes são Peter Cech e Didier Drogba.

O Bayern foi melhor durante a partida, quem procurou mais o gol, embora tivesse muita dificuldade para encontrá-lo. A solidez defensiva do Chelsea chega a ser irritante.

O gol, ou melhor, os gols, só sairam nos últimos minutos do tempo regulamentar.

O merecido gol do Bayern, através da cabeça de Thomas Müller, com cruzamento milimétrico do melhor homem em campo, Bastian Schweinsteiger, aos 37 minutos do segundo tempo.

Seis minutos depois, como deve ser a  todo time aplicado, em jogada de escanteio - o ponta-de-lança africano, o ponta-de-lança decidido, o ponta-de-lança decisivo -, Didier Drogba empata de cabeça.

Apesar da tensão da prorrogação, o Bayern continuou superior. Até por ter média de idade inferior ao Chelsea, o time alemão sentiu menos cansaço no tempo extra.

Logo aos três minutos, pênalti para o Bayern. O holandês Robben, que não teve uma grande partida, e parece criar um hábito de falhar em decisões, cobra mal e Peter Cech defende.

Levou algum tempo para o Bayern voltar para o jogo, enquanto isso o Chelsea ganhava tempo.

No fim das contas, os pênaltis foram uma grande possibilidade para os londrinos, enquanto os alemães, que tiveram mais oportunidades durante o jogo, chegavam em estado físico melhor, mas o psicológico mais perturbado.

Neuer pegou um, de Mata, que sentia contusão desde a prorrogação, mas até então Cech tinha acertado todos os cantos. Mais hora, menos hora, ele pegaria um!

Pegou não só um, mas dois! O detalhe que faz a bola de Schweinsteiger - por ironia do destino - bater na trave, é a mão do decisivo Cech.

O último pênalti do Chelsea ficou a cargo do também decisivo Drogba. Como deve ser para todo jogador decisivo, na caixa!

O Bayern tinha mais time, mas menos jogadores decisivos.

Mesmo que se suscitem debates sobre a contraposição exata ao Barcelona, representada pelo Chelsea, os jogadores decisivos são fundamentais, sempre!

Como disse anteriormente, os dois buscavam sua própria afirmação. E na hora de se afirmar, deu Chelsea.


Valeu,

Bruno Porpetta

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Deus e o goleiro

Este post surgiu por pura pena. A pena do frango!

Assistindo à última rodada do campeonato inglês, a quantidade de falhas bisonhas dos goleiros foi gritante, e ficou evidente que a Inglaterra, às vésperas da Eurocopa, mas também bem próximo à Copa do Mundo, só tem um goleiro, e o nome dele é Joe Hart, do Manchester City.

Chega a ser aviltante um miserê desses para quem já teve Gordon Banks e Peter Shilton debaixo das balizas, mas a vida é formada de ciclos, e a Inglaterra está longe de passar um bom período.





Resumindo a ópera: haja reza para Hart não se contundir!

E é aí que eu queria chegar.

Se existe uma posição no futebol onde deveria ser expressamente proibido o ateísmo, esta é a de goleiro!

Imaginem só.

Via de regra, passou do goleiro, já era!

Ao dito cujo só resta aguçar bem a audição.

Não ouviu nada? A bola saiu. Ouviu um estouro seco? Foi na trave. Ou só aquele chiadinho? Perdeu, meu camarada. É gol!

A distância entre os três sons é de centímetros. E os centímetros no futebol, por maior a grita que os ateus possam produzir, são resultados de intervenção divina.

Eles pertencem ao mundo material até o momento em que a bola parte dos pés do atacante. Depois disso, são milhares de olhos de uma torcida empurrando ela para dentro, outros milhares empurrando-a para fora.

Diante de tantos olhares, alguém, muito superior, deve arbitrar a parada. Este, no caso, é Deus!

Ele decide a bola que entra, ou a que sai, a depender da fé do goleiro. Ao goleiro que o nega, fica fadado a ver suas redes balançando constantemente.

Não importa qual Deus. Seja o de mesmo nome, para os cristãos. Seja Jah, para os goleiros da Jamaica. Seja Olorum, para os do terreiro. Ou Alá, para os muçulmanos. O importante é que, para o goleiro, Ele exista!

Os atacantes que creditam seus gols, ou bons lances, a Deus, estão o profanando.

Deus possui muitas tarefas. Vez por outra se vê enrolado com algum maluco na cadeira de Presidente dos EUA, querendo bombardear o mundo inteiro em nome Dele. Ou com bancadas parlamentares evangélicas promovendo o atraso usando, em vão, o nome Dele.

Ou seja, Deus tem muita coisa pra fazer, não tendo tempo para driblar, tocar, chutar, bater escanteio e cabecear.

Por isso, Deus escolheu apenas um no campo para proteger, ou não. O goleiro!

Onde ele joga não nasce grama. A cada gol levado, é filmado sozinho com aquela cara de quem falhou na noite de núpcias. Quando o gol é do seu time, no máximo, ganha um abraço do zagueiro. Em geral, ele está só.

A começar pelo treino, onde passa boa parte do tempo apartado do time, fazendo exercícios específicos.

Portanto, diante de tamanha responsabilidade, de sua solidão intrínseca, e do direito à exclusividade da proteção divina, o goleiro não pode ser ateu.

Afinal de contas, Deus é, para os católicos, o chefe de São Pedro, o coordenador-geral da torneira do céu. O campo pesado e a bola molhada são dois adversários ferozes do goleiro. Se a bola escorrega, já era.

Ficam apenas, nas mãos do goleiro, as penas do frango.

Para nós, digno de pena. Para Deus, de castigo.


Valeu,

Bruno Porpetta


P.S.: Não pense que estamos muito melhores que a Inglaterra, ok?

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Pra não dizer que não falei das flores...

Você, leitor, torcedor, curioso, ou perdido por aqui, deve estar se perguntando: "Ele não falará nada das finais dos estaduais?"

Muito pouco, lhes digo.

Tanto quanto a emocionante festa que jogadores e comissões técnicas de Santos e Fluminense fizeram no campo. Do tamanho do que se tornaram os estaduais.

Foi-se o tempo em que um título estadual era uma glória.

Hoje, é uma etapa para um torneio mais importante, ou mesmo um consolo para um fracasso em uma destas competições.

A cara fechada de Muricy, no Morumbi, ou a protocolar troca de camisas no Engenhão, diz mais do que qualquer outra coisa.

Abelão está mais preocupado agora com Fred e Deco, ambos lesionados para a batalha contra o Boca, pela Libertadores.

Para não dizer que os estaduais não valem nada, eles valem sim para o Bahia, que não ganhava nada há dez anos, para o Santa Cruz, que está retornando ao futebol brasileiro depois de amargar até uma Série D, para o Avaí, que acabou de ser rebaixado no Brasileiro, e para outros tantos que só tem no estadual alguma chance de, minimamente, aparecer no Fantástico.

Pergunte ao Dorival Júnior se ele trocaria o título gaúcho de hoje por um mísero golzinho na última quarta-feira, contra o Fluminense, pela Libertadores. Ele diria "Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim, Sílvio"!

Os estaduais hoje são o fiel retrato da depressão provocada pela ausência de zelo com o nosso futebol, por parte da CBF.

Em protesto, não vai ter nem foto, ok?


Valeu,

Bruno Porpetta

domingo, 13 de maio de 2012

Eles acreditam em milagres!

O futebol é um esporte mágico!

Aquela velha história de "22 homens correndo atrás de uma bola", tão decantada pelos inimigos do futebol, é uma tremenda conversa pra boi dormir.

Hoje, o esporte bretão, nunca foi tão bretão!





O que aconteceu hoje no Etihad Stadium foi daquelas coisas que nos fazem amar o futebol tanto, mais tanto, a ponto de ignorarmos a presença de nossas famílias em almoços de domingo. Ainda mais hoje, no Dia das Mães, onde está todo mundo na sala, com aquela macarronada suculenta e aquele rocambole de carne recheado com cheirinho de paraíso. O jogo entre Manchester City x Queens Park Rangers tornou tudo isso quase irrelevante.

Desde o gol do capitão Kompany, no clássico de Manchester, a parte azul da cidade definiria sua vida no jogo contra o Newcastle, o mais difícil da sequência até o final. Venceu em St. James Park por 2 a 0, e encaminhou o título. Será mesmo?

Sabe aquele dia onde nada dá certo?

Pois bem, o City andava naqueles dias.

No chute de Zabaleta, o City abria o placar e podia ignorar o resultado do Manchester United, em Sunderland, que já vencia por 1 a 0, gol de Rooney.

Do outro lado, havia o Queens Park Rangers precisando se livrar do rebaixamento. O mesmo que há duas rodadas atrás apanhou de 6 a 1 do Chelsea. Três bolas no gol, dois gols! Mesmo com um jogador a menos, desde os nove minutos do segundo tempo. O dia de festa se desenhava como tragédia.

Virou ataque contra defesa. O City martelava a zaga do QPR, que se virava como podia. Valia ali a máxima de "bola pro mato, que o jogo é de campeonato".

Aos 46 minutos, o mato estava na linha de fundo. Escanteio para o City, o time que mais marcou gols em jogadas de córner no campeonato inglês. Bola cruzada na área, cabeçada de Dzeko, bola na rede.

Ainda restava um gol para o título, e ele saiu aos 48, com chute do argentino Aguero. A tragédia havia se tornado festa novamente.

Já fazia tempo...


O título havia se tornado um milagre, que passeou por toda a cidade de Manchester, mas caiu no colo do lado azul da cidade. Depois de 44 anos!

Eles acreditaram e, na raça, conseguiram. Para a alegria dos irmãos Gallagher...


Valeu,

Bruno Porpetta

sexta-feira, 11 de maio de 2012

"La respuesta"

Santos 8 x 0 Bolívar!

Abaixo, uma foto auto-explicativa.





As respostas são:

1) Ganha jogos quem joga bola, não garrafas ou pedras.

2) O treinador boliviano agora sabe quem é Neymar.

3) Além de Neymar, o Santos dispõe de outro gênio, chamado Paulo Henrique Ganso.

Qualquer coisa além disso, é mera encheção de linguiça.


Valeu,

Bruno Porpetta

A ponta do iceberg

Podemos citar dois casos recentes, envolvendo jogadores conhecidos, de como tratam-se questões de ordem psicológica de formas diferentes, mas ao mesmo tempo pouco debatidas.

Os atletas em questão são Jóbson e Adriano.

O sonho de muitos, realizado por poucos, cuidado por ninguém


Sem dúvida alguma, são dois excelentes jogadores. O primeiro, mais jovem, não teve oportunidade na seleção. O segundo, já disputou uma Copa do Mundo, em 2006.

Jóbson, nascido no interior do Pará, foi revelado pelo Brasiliense, o time de Luis Estevão. Desde o início de sua carreira, está ligado a casos de indisciplina. Mas foi pelo Botafogo que chegou ao céu e ao inferno, e ao mesmo tempo.

Em duas grandes partidas pelo Botafogo, no Campeonato Brasileiro de 2009, o atacante foi pego no exame anti-doping, onde foi detectada a presença de cocaína em sua urina. Logo após, o jogador confessou ter consumido crack. Após idas e vindas, passando pelo Atlético-MG e Bahia - dispensado de ambas por indisciplina - e o cumprimento de punição determinada pela Agência Mundial Anti-Doping. Inicialmente, eram dois anos, que passaram a ser seis meses.

Adriano, revelado pelo Flamengo, começou a carreira hostilizado pela torcida (embora tivesse marcado em sua estreia no time profissional) e acabou negociado, quase de graça, com a Inter de Milão, de onde foi logo emprestado ao Parma. Foi na Europa que Adriano passou a se chamar Imperador, já de volta à Inter de Milão. Com um futebol exuberante, chegou à seleção, onde teve papel destacado no título da Copa América de 2005.

Em 2006, ano do falecimento de seu pai e da eliminação precoce na Copa, começou o declínio de sua carreira. Culminado com o abandono da mesma, em 2009, acabou retornando ao Flamengo, onde conquistou o Brasileirão, sendo também o artilheiro da competição, com 19 gols. No ano seguinte, a presença constante em páginas policiais, somada ao fraco desempenho dentro de campo, acabou determinando sua saída do rubro-negro.

De sua saída do Flamengo até os dias de hoje, entrou, para boa parte da imprensa esportiva, na categoria de "ex-jogador em atividade".

Os dois jogadores são excepcionais. Juntos, inclusive, formariam uma dupla de ataque mortal. Mas seus comportamentos suscitam debates, e estes, em geral, são feitos de forma absolutamente enviesada.

Diante de cada caso, estão envolvidos Botafogo e Flamengo.

O time alvinegro estabeleceu contrato com Jóbson, oferecendo assistência psicológica e médica ao atacante, além de convidar o ídolo do clube, Paulo César Caju, para acompanhá-lo. Caju possui larga experiência em questões disciplinares, tendo sua carreira marcada por essa questão. Não existe melhor conselheiro possível.

O Flamengo tem a mesma oportunidade agora com Adriano. Porém, no caso do rubro-negro, esta é um dever!

Diante da polêmica sobre a possibilidade do retorno do Imperador ao Fla, é necessária uma reflexão.

Os dois exemplos citados são famosos, recebem salários na casa das centenas de milhares de reais e estão em evidência na mídia constantemente. Poderiam, entretanto, não ter absolutamente nada disso em suas vidas, como tantos milhares de jovens que tentam, sem sucesso, uma carreira promissora no futebol.

A possibilidade de viver daquilo que mais se gosta de fazer, somada à doce promessa de ascensão social por meio do futebol, são atrativos que empurram os jovens aos clubes, sem que estes tenham que demandar grandes esforços.

Os clubes recebem garotos, na casa dos seis, sete ou dez anos de idade, para participar das escolinhas de futebol. Alguns deles são encaminhados para as chamadas "peneiras", junto aos que são trazidos pelos olheiros. Daí por diante, os aprovados iniciam uma trajetória de dedicação quase exclusiva aos clubes.

Sob a perspectiva de tornarem-se jogadores profissionais de futebol, os garotos deixam para trás fases importantes da vida, como a infância e a adolescência. Estudam, em geral, de forma protocolar. Isso quando estudam. Dificilmente concluem os mesmos, ou se concluem, acabam não tendo a possibilidade de cursar uma faculdade. Se tornam jogadores de futebol, sem sequer saber fazer outra coisa da vida.

De repente, estão submersos no calendário das categorias de base dos clubes, sobrando pouco tempo para atividades próprias da idade, como sair, se divertir, ou até jogar bola com os amigos, visto que precisam se poupar para os treinamentos.

Seus corpos são transformados. Estão, na aparência, mais velhos do que os demais garotos da sua rua. Às vezes, sob orientação de empresários, ou dos próprios clubes, alteram suas idades até no documento. Quando são pegos, pagam sozinhos pela erro.

Às vezes tem acompanhamento, apoio, incentivo dos pais. Quando não são pilhados pelos mesmos para se tornar arrimo de família.

Em outras ocasiões, não possuem estrutura familiar capaz de orientá-los. Ficam assim, sujeitos aos caprichos do próprio futebol, a única forma possível de convívio em grupo. Do contrário, podem facilmente partir para a criminalidade.

Aos clubes, interessam apenas as máquinas que estes garotos podem se tornar, não importam os humanos por dentro deles.

Diante de tal situação, é de se perguntar: os clubes podem continuar se eximindo de responsabilidade sobre os garotos, que tem sua juventude "roubada" por eles?

A resposta, em tese, é simples. Óbvio que não!

Os clubes devem se responsabilizar não somente por jogadores de futebol formados em suas categorias de base, mas também por homens que ali são forjados. Estes, como em qualquer outro ramo, são suscetíveis a problemas psicológicos, médicos, intelectuais, entre outros, e cabe aos clubes solucionar tais questões.

Porém, a realidade passa distante do ideal. Os clubes subtraem garotos de suas comunidades, geralmente distantes, e a linha entre o profissionalismo e a lata do lixo é muito tênue. Em ambos os casos, tais suscetibilidades deveriam ser cuidadas, mas não são.

Hoje, a imprensa noticia os "problemas" que se tornaram Jóbson e Adriano. Mas eles são apenas a ponta de um iceberg muito profundo, onde os casos semelhantes, ou até muito piores, não emergem.


Valeu,

Bruno Porpetta


terça-feira, 1 de maio de 2012

Um Joe Nobody no English Team

Após a demissão de Fabio Capello, finalmente a FA (a CBF deles) contratou um novo treinador para a seleção inglesa, às vésperas da Eurocopa.

Roy Hodgson, e uma cara de "como é que eu vim parar aqui?"


O nome dele é Roy Hodgson, até então o treinador do West Bromwich, décimo colocado na Premier League.

Destacou-se classificando a seleção suíça para a Copa de 94, além de boa campanha pelo Fulham, sendo vice-campeão da Liga Europa (antiga Copa da Uefa) na temporada 2009-2010.

De resto, nos grandes clubes por que passou, só insucessos. Foi o primeiro treinador da era Massimo Moratti na Inter de Milão, com dinheiro e outro vice da Copa da Uefa (perdeu nos pênaltis para o Schalke 04, em Milão), pelo Liverpool, saiu debaixo de chuva de moedas e isqueiros.

O principal motivo da contratação de Hodgson é a exigência popular por um treinador inglês.

No fim das contas, parece pra inglês ver mesmo.


Valeu,

Bruno Porpetta

Aqui, não!!!

O gol, parafraseando o programa da TV, é o grande momento do futebol.

É alegria, é emoção, é êxtase. Definitivamente, é como um orgasmo!

Nos 1073 gols* que marquei na vida, comemorei efusivamente. Queria explodir um carro, subir na árvore, derrubar o governo... tudo! Queria fazer tudo o que eu quisesse!

A FIFA, como não sabe nada de futebol mesmo, proibiu comemorações sem a camisa.

Por causa das famílias estarrecidas com a exibição dos músculos do artilheiro? Não! Pelos patrocinadores mesmo, cujas marcas ficavam escondidas no momento mais privilegiado do jogo. Os cartolas só pensam nos negócios mesmo.

Claro que existem limites nas comemorações. Exaltações de preconceito, além de provocações ofensivas ao time adversário e sua torcida, não podem ser aceitas como corretas. Aliás, não só na hora do gol, né não?

A moda agora, são as dancinhas.

Os brasileiros, em especial, andam caprichando nos passos. Verdadeiros pés-de-valsa!

Mas, como tudo na vida, tem hora pra tudo.

O vídeo abaixo, do quinto gol do Barcelona na goleada de 7 a 0 sobre o Rayo Vallecano, acontecida no jogo seguinte à eliminação do time catalão e ao anúncio da saída de Pep Guardiola do comando bleugrana.





Em desabalada carreira, o (grande) capitão Puyol, identificadíssimo com a torcida, chegou para acabar com a brincadeira.

Pode-se questionar até o método, mas convenhamos, ninguém ali, além dos dançarinos, estava muito em clima de festa.

Foi isso que Puyol precisou "explicar" a Daniel Alves e Thiago Alcântara, do jeitinho Puyol de ser.

Aqui no Brasil, por falta de um capitão como Puyol, dança-se até em derrota. E nenhuma torcida merece tamanho despeito.


Valeu,

Bruno Porpetta

* Levantamento feito por amigos jornalistas, meu empresário e assessores, contabilizando gols marcados na praia, salão, campo, soçaite, no prédio, videogame e no desafio da Rua XV de Novembro, no centro de São Paulo, que consistia em acertar a bola no golzinho, passando por entre duas garrafas PET de dois litros.