quinta-feira, 17 de maio de 2012

Deus e o goleiro

Este post surgiu por pura pena. A pena do frango!

Assistindo à última rodada do campeonato inglês, a quantidade de falhas bisonhas dos goleiros foi gritante, e ficou evidente que a Inglaterra, às vésperas da Eurocopa, mas também bem próximo à Copa do Mundo, só tem um goleiro, e o nome dele é Joe Hart, do Manchester City.

Chega a ser aviltante um miserê desses para quem já teve Gordon Banks e Peter Shilton debaixo das balizas, mas a vida é formada de ciclos, e a Inglaterra está longe de passar um bom período.





Resumindo a ópera: haja reza para Hart não se contundir!

E é aí que eu queria chegar.

Se existe uma posição no futebol onde deveria ser expressamente proibido o ateísmo, esta é a de goleiro!

Imaginem só.

Via de regra, passou do goleiro, já era!

Ao dito cujo só resta aguçar bem a audição.

Não ouviu nada? A bola saiu. Ouviu um estouro seco? Foi na trave. Ou só aquele chiadinho? Perdeu, meu camarada. É gol!

A distância entre os três sons é de centímetros. E os centímetros no futebol, por maior a grita que os ateus possam produzir, são resultados de intervenção divina.

Eles pertencem ao mundo material até o momento em que a bola parte dos pés do atacante. Depois disso, são milhares de olhos de uma torcida empurrando ela para dentro, outros milhares empurrando-a para fora.

Diante de tantos olhares, alguém, muito superior, deve arbitrar a parada. Este, no caso, é Deus!

Ele decide a bola que entra, ou a que sai, a depender da fé do goleiro. Ao goleiro que o nega, fica fadado a ver suas redes balançando constantemente.

Não importa qual Deus. Seja o de mesmo nome, para os cristãos. Seja Jah, para os goleiros da Jamaica. Seja Olorum, para os do terreiro. Ou Alá, para os muçulmanos. O importante é que, para o goleiro, Ele exista!

Os atacantes que creditam seus gols, ou bons lances, a Deus, estão o profanando.

Deus possui muitas tarefas. Vez por outra se vê enrolado com algum maluco na cadeira de Presidente dos EUA, querendo bombardear o mundo inteiro em nome Dele. Ou com bancadas parlamentares evangélicas promovendo o atraso usando, em vão, o nome Dele.

Ou seja, Deus tem muita coisa pra fazer, não tendo tempo para driblar, tocar, chutar, bater escanteio e cabecear.

Por isso, Deus escolheu apenas um no campo para proteger, ou não. O goleiro!

Onde ele joga não nasce grama. A cada gol levado, é filmado sozinho com aquela cara de quem falhou na noite de núpcias. Quando o gol é do seu time, no máximo, ganha um abraço do zagueiro. Em geral, ele está só.

A começar pelo treino, onde passa boa parte do tempo apartado do time, fazendo exercícios específicos.

Portanto, diante de tamanha responsabilidade, de sua solidão intrínseca, e do direito à exclusividade da proteção divina, o goleiro não pode ser ateu.

Afinal de contas, Deus é, para os católicos, o chefe de São Pedro, o coordenador-geral da torneira do céu. O campo pesado e a bola molhada são dois adversários ferozes do goleiro. Se a bola escorrega, já era.

Ficam apenas, nas mãos do goleiro, as penas do frango.

Para nós, digno de pena. Para Deus, de castigo.


Valeu,

Bruno Porpetta


P.S.: Não pense que estamos muito melhores que a Inglaterra, ok?

Um comentário:

  1. E por falar nos goleiros, os dois da final da liga dos campeões hoje levaram gols idênticos, um imitando a falha do outro. Bom mesmo é o Jéferson, do botafogo, que defendeu todos os pênaltis que o Escobar cobrou pelo GloboEsporte! hehehe

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Bruno Porpetta