terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Voltem lá e joguem!

Com esta frase, Ary Vidal mudou a história de uma partida e do basquete brasileiro.

O Brasil perdia por 14 pontos de diferença, jogando em Indianapolis, no Pan-Americano de 1987, contra a seleção da casa, a poderosa equipe dos Estados Unidos.



No intervalo do jogo, Ary reuniu seus jogadores no vestiário, proferiu apenas esta frase e mandou-os de volta para a quadra.

Dali em diante, era bola para trás da linha dos três pontos nas mãos de Marcel, Oscar e cia... cesta, cesta, atrás de cesta. Quando viram, os brasileiros já estavam à frente para dali não sair mais.

Faleceu em 28 de janeiro de 2013, Ary Ventura Vidal. Ex-treinador da seleção brasileira de basquete, campeã do Pan de 87 contra os arrogantes estadunidenses, liderados por David Robinson que, cinco anos depois, encantou o mundo com o Dream Team.

E só encantaram porque suas gargantas não suportaram aquela derrota entalada. A derrota para o Brasil de Oscar, Marcel e Ary Vidal.

Que nossa memória nos permita nunca esquecer do feito, tampouco esquecer de Ary!


Valeu,

Bruno Porpetta

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Caguetagem à baiana

A despretensiosa e ousada cara-de-pau do baiano Benehilton Alves, que conseguiu o que todo torcedor do mundo gostaria, ver Lionel Messi com a camisa do seu clube de coração, pode dar um trabalhão pro gênio da bola.





No vídeo acima, é possível perceber a presença de uma latinha do chamado "líquido negro do capitalismo".

Só que Messi tem um contrato astronômico com a marca concorrente.

Igualmente líquida, igualmente negra e não foi uma grande sacada da União Soviética em tempos de Guerra Fria.

Resumindo, a mesma coisa, mas pior.

Ou Messi se explica muito bem, ou perde o contrato.

Para seus negócios, perder milhões de dólares é ruim. Mas ser obrigado a beber aquilo, chega a ser ultrajante.

No fim das contas, estão os dois certos. Tanto Benehilton, que tirou a onda do milênio, quanto Messi.


Valeu,

Bruno Porpetta


domingo, 20 de janeiro de 2013

Olho no Lance

Depois de um infindável período de mudança de apartamento, muita água passou por debaixo da ponte, sem que este humilde blogueiro tivesse condições de perto. Ultimamente, o assunto que mais tratei foi argamassa, rejunte, tinta, etc.

Neste período, por pior que tenha sido o esquema da seleção brasileira sub-20, com uma cratera no meio-campo, ou a indolência de alguns dos jogadores, por mais canalhas que sejam os governantes do Rio de Janeiro, que de Cabral a Cabral continuam massacrando os índios e sua cultura, além de destruir escolas e complexos esportivos em nome de um desenvolvimento que sabe-se lá a quem serve... ou sabe-se muito bem, nada conseguiu ganhar tantas manchetes quanto a entrevista feita por Oprah Winfrey com Lance Armstrong.



A assunção do uso contínuo e prolongado de substâncias dopantes, além da técnica de transfusão de sangue, que burlava o controle anti-dopagem, além de destruir definitivamente a imagem vencedora de Lance, põe sob suspeição a própria prática esportiva de alto rendimento. Além disto, nos serve de base para grandes reflexões.

Quanto vale uma vitória?

No caso de Lance, e em inúmeros outros casos, em inúmeros outros esportes, valem milhões de dólares.

A relação umbilical entre o alto rendimento e a necessidade de injeção de recursos para se alcançá-lo, no fim das contas, acaba determinando comportamentos.

É o cachorro correndo atrás do próprio rabo. Para a obtenção da melhor estrutura para treinamentos o custo é alto, entram em cena os patrocinadores que, por sua vez, exigem resultados "satisfatórios". Quanto maior o investimento, maior a exigência. E esta não se preocupa tanto assim com o senso de justiça, igualdade e lealdade na disputa.

Lance não foi o primeiro, não será o último e, mesmo hoje em dia, não é o único.

A entrada de grandes corporações no financiamento de esportistas de ponta coloca o próprio esporte em xeque. A cultura da vitória atropela a cultura da disputa, e o valor do esporte se perde em meio a tantos negócios em jogo.

Sem dúvida, Lance é um grande ciclista. O doping alçou-o à condição de mito do esporte. A descoberta jogou-o no ralo, junto a seu status e seu talento.

Valeu a pena?

Pela reação de fãs e esportistas, não. Pelas próprias palavras de Lance, também não.

Ao menos, há de se reconhecer algo de bom nisso tudo. O fim do mito abre portas para o debate sobre a  "mercantilização" do esporte, onde os negócios não conhecem limites e acabam por alargar os limites do próprio homem.

Vale sempre lembrar o Barão Pierre de Coubertain: "O importante é competir!".

Desde que a competição se dê entre os homens, ao invés de máquinas inchadas de dinheiro, porque nesta o homem se apequena muito. Né não?


Valeu,

Bruno Porpetta