Depois de um infindável período de mudança de apartamento, muita água passou por debaixo da ponte, sem que este humilde blogueiro tivesse condições de perto. Ultimamente, o assunto que mais tratei foi argamassa, rejunte, tinta, etc.
Neste período, por pior que tenha sido o esquema da seleção brasileira sub-20, com uma cratera no meio-campo, ou a indolência de alguns dos jogadores, por mais canalhas que sejam os governantes do Rio de Janeiro, que de Cabral a Cabral continuam massacrando os índios e sua cultura, além de destruir escolas e complexos esportivos em nome de um desenvolvimento que sabe-se lá a quem serve... ou sabe-se muito bem, nada conseguiu ganhar tantas manchetes quanto a entrevista feita por Oprah Winfrey com Lance Armstrong.
A assunção do uso contínuo e prolongado de substâncias dopantes, além da técnica de transfusão de sangue, que burlava o controle anti-dopagem, além de destruir definitivamente a imagem vencedora de Lance, põe sob suspeição a própria prática esportiva de alto rendimento. Além disto, nos serve de base para grandes reflexões.
Quanto vale uma vitória?
No caso de Lance, e em inúmeros outros casos, em inúmeros outros esportes, valem milhões de dólares.
A relação umbilical entre o alto rendimento e a necessidade de injeção de recursos para se alcançá-lo, no fim das contas, acaba determinando comportamentos.
É o cachorro correndo atrás do próprio rabo. Para a obtenção da melhor estrutura para treinamentos o custo é alto, entram em cena os patrocinadores que, por sua vez, exigem resultados "satisfatórios". Quanto maior o investimento, maior a exigência. E esta não se preocupa tanto assim com o senso de justiça, igualdade e lealdade na disputa.
Lance não foi o primeiro, não será o último e, mesmo hoje em dia, não é o único.
A entrada de grandes corporações no financiamento de esportistas de ponta coloca o próprio esporte em xeque. A cultura da vitória atropela a cultura da disputa, e o valor do esporte se perde em meio a tantos negócios em jogo.
Sem dúvida, Lance é um grande ciclista. O doping alçou-o à condição de mito do esporte. A descoberta jogou-o no ralo, junto a seu status e seu talento.
Valeu a pena?
Pela reação de fãs e esportistas, não. Pelas próprias palavras de Lance, também não.
Ao menos, há de se reconhecer algo de bom nisso tudo. O fim do mito abre portas para o debate sobre a "mercantilização" do esporte, onde os negócios não conhecem limites e acabam por alargar os limites do próprio homem.
Vale sempre lembrar o Barão Pierre de Coubertain: "O importante é competir!".
Desde que a competição se dê entre os homens, ao invés de máquinas inchadas de dinheiro, porque nesta o homem se apequena muito. Né não?
Valeu,
Bruno Porpetta
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Bruno Porpetta