terça-feira, 17 de dezembro de 2013

De que lado você samba?

O dia 16 de dezembro de 2013 é uma data marcada por mais uma morte do futebol brasileiro.

Um país cujo campeonato é, mais uma vez, decidido nos tribunais.



Diferentemente do italiano, onde as relações que levaram ao rebaixamento da Juventus e deram o título a Inter de Milão eram criminosas e quem arbitrou sobre a questão foi a justiça comum, aqui temos um tribunal corporativo que se move ao sabor do vento que sopra mais forte.

É inegável que, do ponto de vista legal, a Portuguesa cometeu um equívoco primário que acabou por lhe tirar os pontos e a permanência na primeira divisão.

Da mesma forma que, falando em peso político, o Fluminense possui muito mais que a Portuguesa.

Pois bem, este post não é pra qualquer pessoa.

Quem me conhece, sabe que sou comunista. Desses chatos que não gostam de shopping center, McDonalds e outros símbolos do capitalismo, embora muitas vezes por motivos mais torpes que as teorias marxistas.



Gostaria de falar aos comunistas, aos que sonham com outra sociedade, aos que sabem que o estrito cumprimento das leis - feitas por aqueles a quem costumeiramente combatemos - favorecem aos poderosos, à legitimação da ordem hegemônica. Resumindo, à opressão de classe que dizemos lutar contra.

Sob a batuta da lei, massacramos os povos originários do Brasil. Porque, afinal de contas, as propriedades portuguesas estavam assim determinadas.

De acordo com a lei, negros e negras viveram em condições sub-humanas nas senzalas, trabalhando de sol a sol para os senhores da casa grande, sendo vendidos, trocados, devolvidos, como se fossem pedaços de carne que deterioram ao relento. Tava lá, escritinho no nosso caderno supremo de normas que nos regiam.



Pela lei, esses "vagabundos" do MST devem ser retirados à força das terras ocupadas (ou poderíamos dizer invadidas?) porque nossa constituição coloca a propriedade (mesmo concentrada nas mãos de poucos) no mesmo patamar da vida. Não tem o que discutir, é lei!

O aborto é crime, tá na lei! Homofobia pode, porque não tá!

Esta semana vi várias daquelas frases clássicas sobre direito, justiça... Acho que este ponto nós precisamos voltar a estudar. Lutamos pelo direito ou por justiça?



A frase que me chamou mais atenção sem sequer ser publicada nesta semana foi:

"Aos amigos, tudo! Aos inimigos..." Olha ela aí de novo!

Para concluir (nos três minutos de vossa atenção que toda reunião, de forma protocolar, me dá), o que aconteceu hoje está absolutamente dentro da lei.


O que, para nós comunistas, não devia significar absolutamente nada!

Aliás, em outros tempos, ser comunista também foi ilegal...


Valeu,

Bruno Porpetta


P.S.: Este post está recheado de fotos do "estrito cumprimento da lei".

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Minhas conclusões

Depois de tudo o que eu já li a respeito, finalmente cheguei a uma conclusão sobre o julgamento de segunda-feira no STJD.

Transcrevo abaixo uma declaração do Procurador Geral do STJD, Paulo Schmitt, em 2010:


"Não acredito que haja condição moral, disciplinar, até (de tirar os pontos do Fluminense). Pode ter (condição) técnica. Técnica, jurídica, com base em uma jurisprudência. Mas moralidade… rediscutir o título que foi conquistado no campo de jogo, da forma como foi, agora, abrindo um precedente… Essa decisão poderia ser em algum momento revista, mas isso seria um caos."


Pau que bate em Chico, bate em Francisco.





Fluzão, pode passar no banco!


Valeu,


Bruno Porpetta

Fósforo no posto de gasolina

Você sabia que o Cruzeiro escalou o goleiro reserva Elisson, contra o Vasco, no dia 23 de novembro de 2011, de forma irregular, sendo punido pelo artigo 214 caput do CBJD (o mesmo pelo qual a Portuguesa está sendo enquadrada) e foi multado em 10 mil reais?



Ou seja, é possível aplicar a lei e preservar o esporte.

Basta querer.


Valeu,

Bruno Porpetta

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Era pra ser sarro, mas virou filosofia

Um cara como eu, rubro-negro, deveria estar postando os inúmeros memes da internet tratando da quitação de dívida do Fluminense com a famigerada série B.



Não digo que não o fiz, em algum momento, mas o que era doce se acabou.

Vou mandar a real, só a Portuguesa vai se dar mal neste julgamento no STJD.

Quanto ao Flamengo, o STJD tem que ter peito de aço e colhões de titânio para rebaixá-lo. Os auditores devem estar fazendo contas para que isto não aconteça.

Mas pela lei, está correto!

É exatamente sobre este aspecto que eu gostaria de tratar.

Existe, no direito, uma parada chamada Teoria dos Círculos.



Esta teoria relaciona direito e moral, com três linhas de pensamento diferentes.

A teoria de Betham, onde o direito está contido na moral.

Em Du Pasquer, os círculos são secantes, ou seja, existe um campo de intersecção entre os círculos, onde existe uma parte do direito que está contido na moral, contudo outra parte não, tal como parte da moral não está contida no direito.

Para Hans Kelsen, os círculos não tem nenhum contato. Direito é direito, moral é moral. Fim de papo!

No geral e também no específico, a legislação brasileira espelha a teoria de Du Pasquer.

Não precisando ir tão longe, o próprio caso do mensalão possui inúmeras imoralidades, sem que estas configurem os crimes pelos quais foram condenados os réus. Mas neste caso, podemos afirmar que a questão foi política. O jurídico foi para o saco!



Voltando para o específico, é legal a perda de pontos pelos dois. Sim, pelos dois!

Mas, diante dos efeitos que podem produzir, fica a pergunta: é moralmente aceitável?

A decisão é dos auditores do STJD, mas o que ficará para a história não é o cumprimento da lei, estritamente. Ninguém quer ser "o cara que rebaixou o Flamengo na justiça".

A Portuguesa não goza deste mesmo "prestígio".

Já para o Fluminense, tudo novo de novo...


Valeu,

Bruno Porpetta

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Como manda a FIFA

Excelente vídeo da galera de Fortaleza, que revela a distância entre o Brasil que se fala e o Brasil que se vê.

E assim, seguimos. Como manda a FIFA.




Valeu,

Bruno Porpetta

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Quem tem medo de fantasma?

O vídeo abaixo é uma campanha publicitária. Mas bem que podia ganhar até um festival de cinema.

Que ideia genial!



Apesar de que, desse fantasma, parece que já perdemos o medo há um tempão...


Valeu,

Bruno Porpetta

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A Praça da Alegria

Eu era criança e conheci um programa de humor, no SBT, chamado A Praça é Nossa, cuja trilha sonora era "A mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores e o mesmo jardim...".



O programa foi se deteriorando com o tempo, até se tornar o mais ignóbil humorístico do Brasil. Embora tenha sido uma escola neste sentido.

Era uma alusão a um dos grandes sucessos da TV nos anos 60/70, chamada A Praça da Alegria, apresentada por Manoel da Nóbrega, um dos ícones do humor à época.

Quando eu vejo um jogo entre Brasil e Chile, me vem à cabeça esta música.

É sempre a mesma coisa. O Chile sempre com bons atacantes e uma zaga estrondosamente ruim. O Chile sempre querendo jogar de igual para igual com o Brasil. O Chile sempre levando um sapeca-iaiá.

O que vimos ontem foi mais do mesmo. Se o Chile hoje não se expõe como antes é porque o treinador Sampaoli reconhece que as melhores qualidades do seu time não estão entre os zagueiros.

Foi assim, num erro de passe do nosso conhecido González (titular no Chile, reserva no Flamengo), que o Brasil abriu o placar. Bola no pé de Oscar, para o pé de Hulk, para a rede.



O Brasil chegou até a criar um clima de goleada, até que Sampaoli lançou Valdívia em campo. A partir daí o Chile passou a ter mais a bola no campo de ataque. Chegou a cravar 65% de posse de bola no primeiro tempo.

Mas ter a bola e não saber exatamente o que fazer com ela é um crime que ninguém pode cometer diante do Brasil.

No segundo tempo, o Chile achou o empate numa bobeira da defesa brasileira. Thiago Silva subiu mal, a bola sobrou para Vargas que bateu num micro-espaço possível entre a nádega de David Luiz e a trave direita de Júlio César, a quem só restou olhar a bola morrer dentro do gol.

Mas o Brasil contou com a boa atuação de Robinho, que entrou no segundo tempo e dá pinta de que não vai sair da relação de Felipão para a Copa. Depois de um gol anulado do "pedalada", ele fez outro, em linda jogada tramada pelo Brasil.



Neymar carrega a bola para trás e, tal como Jesus Cristo, opera o milagre do aparecimento do espaço que não havia. Rola para Maicon (outro com bela atuação) que cruza na medida para Robinho fazer de cabeça.

Depois, o Brasil limitou-se a produzir lances para o Youtube.

Neymar deu dois chapéus no goleiro chileno, mas não fez o gol. Robinho deu mais um chapéu no zagueiro e iria fazer um gol antológico, mas a bola saiu à esquerda do gol.

Ou seja, em graus diferentes, este confronto entre Brasil e Chile foi a mesma coisa de sempre. Vitória do Brasil, freguesia chilena.

No mesmo dia, aliás

França e Portugal estão na Copa.

Do lado francês, só a Marselhesa já deixou meio caminho andado para a França fazer 3 a 0 na Ucrânia e conseguir o que, até o hino nacional francês, era improvável.

Já para Portugal, o genial Cristiano Ronaldo tirou uma onda monumental em Mälmo, na Suécia. A ponto de ser aplaudido por Ibrahimovic, que mostrou ser um gentleman esportivo.

Teremos todos os campeões mundiais numa mesma Copa pela primeira vez na história. E teremos Cristiano Ronaldo. Só vai faltar o Ibra mesmo.

Mas essa Copa promete.


Valeu,

Bruno Porpetta

sábado, 9 de novembro de 2013

Touré? Touché!

Yayá Touré, meio-campo da seleção da Costa do Marfim e do Manchester City, pertenceu ao apogeu do Barcelona. Formou durante três temporadas (entre 2007 e 2010) aquele meio mágico do time catalão, com Xavi e Iniesta.

Ao começar a perder espaço no time para Busquets, procurou outro time para jogar. Hoje, está no milionário azul da cidade de Manchester, na Inglaterra.



Tem jogado muito, diga-se de passagem.

Aquele período na Catalunha lhe deu projeção. É um dos mais conhecidos jogadores marfinenses no mundo, estando atrás apenas de Didier Drogba.

Pela Liga dos Campeões da Europa deste ano, foi à Moscou enfrentar o CSKA. O City venceu por 2 a 1, com dois gols de Aguero.

Dentro de campo, os jogadores estão tão concentrados no jogo que, muitas vezes, não prestam atenção no que vem das arquibancadas. Desde que a torcida não se faça notar por algo realmente diferente do habitual.

A torcida do CSKA se fez notar. E da pior forma possível. Ou melhor, da forma mais recorrente possível na Rússia, sede da Copa do Mundo em 2018.

Toda vez que Yayá Touré tocava na bola, um ensurdecedor urro vinha das arquibancadas. Uma representação tosca de macacos urrando.

Não, amigos! Não é uma suspeita, ou uma confusão do jogador. Era isso mesmo. Toda vez que ele pegava na bola, a torcida inteira imitava um macaco.

A Rússia tem se tornado um centro mundial da irracionalidade, do preconceito, da patifaria autoritária. Tudo isto com anuência estatal. Ou melhor, digamos que o Estado russo cumpra o papel de maior propulsor disso.

Os casos de racismo no futebol (para ficar no que é mais notório, ultimamente) russo são frequentes. Existe até um clube que é conhecido por não aceitar negros, sob o pretexto da não aceitação da torcida: o Zenit.

O brasileiro Hulk, nordestino de olhos verdes, que pode até correr para outra autodefinição racial (embora não se possa negar sua descendência negra), sofreu logo que chegou por lá. Até por companheiros de time.

No Anzhi, Roberto Carlos (que também é negro, embora não conte pra ninguém) sofreu racismo. A foto abaixo é bastante elucidativa.



Mas quem disse que é só racismo? A homofobia também é gritante! A Parada Gay em Moscou foi proibida! Vários militantes pela livre expressão sexual tem que se deslocar para São Paulo para poderem ser ouvidos.

Resumindo, o que acontece descaradamente na Rússia é escandaloso, aviltante, revoltante.

Este autoritarismo russo descende do czarismo, também perpassa os tempos de "socialismo real".

Por outro lado, existe uma campanha da FIFA contra o racismo.

Em geral, placas à beira do campo, faixas trazidas pelos jogadores, entre outras "ações" com a inscrição "Diga não ao racismo" (Say no to racism) são frequentes nos jogos.

Punição? Nenhuma!

Quando perguntado, Joseph Blatter diz que os casos de racismo dentro do campo são circunstâncias de jogo, que devem ser encerrados no apito final.



O racismo não é uma falta para conter contra-ataques! Esta sim é uma circunstância de jogo. E esta é punível com cartão. O racismo, nem isso.

Touré, além de pedir punição ao CSKA, propõe um boicote negro à Copa do Mundo de 2018. Que seleções africanas e jogadores negros ao redor do mundo não participem de uma Copa em um país racista.

A proposta é muito boa, embora pouco viável.

Ela já começa com um furo. Ninguém disse a Touré, mas a Rússia não é o único país racista do mundo.

A sede da próxima Copa, num país bastante conhecido por nós, chamado Brasil, também sofre com a questão. Talvez o que falte à Rússia é uma mídia tão determinada a jogar o racismo para debaixo do tapete. O tapete da "democracia racial".

Falta um longo papo entre os novos czares russos e Ali Kamel.

Ao menos, a proposta provoca reações imediatas da FIFA, preocupada em não prejudicar seu principal produto: a Copa.

Blatter já admitiu analisar a questão.

Por outro lado, é preciso entender que o racismo no futebol não pode ser tratado de dentro do campo para fora, mas sim o contrário.

Nenhum jogador aprendeu a ser racista dentro do campo. E a arquibancada é o local onde mais ele se manifesta nos estádios.

Como a legislação varia de país para país, o racismo pode ser crime em alguns e não em outros. Portanto, a FIFA deve tomar para si a resolução do problema no futebol.

Os clubes e torcidas só entendem um tipo de linguagem: a punição.

Não que eu seja um punitivista que acredite que ela solucione o problema, mas ao menos pode ser um símbolo que mostre ao mundo o quão estúpido é o racismo.

Mas voltando à punição, ela deve ser pecuniária e esportiva, sem exclusão de uma ou de outra.

Pode-se até pensar em punições gradativas, de acordo com a reincidência, mas o patamar mínimo já deve ser bastante pesado.

Por exemplo: comecemos com 30% da folha salarial da equipe em multa (podendo ser regressivo aos jogadores, por parte do clube, mas apenas em segunda ordem), perda de cinco mandos de campo em competições organizadas pela mesma entidade do jogo em questão, além da perda dos pontos da partida.

Em caso de reincidência, 50% da folha salarial, 10 mandos de campo e seis pontos perdidos.

Na terceira vez, multa no valor integral da folha salarial da equipe, perda de 15 mandos de campo e exclusão da competição, com rebaixamento, se for o caso.

Esta é apenas uma proposta, sujeita à críticas, sugestões, etc.

Ainda mais porque os negros teriam mais legitimidade do que eu para discutí-la e apresentá-la.

De qualquer forma, o debate proposto por Touré é fundamental.

Primeiro, porque o racismo ganhou proporções ainda mais absurdas de uns tempos para cá. Segundo, porque a campanha da FIFA contra o racismo está comprovadamente desmascarada como uma farsa contra o povo negro.

O que acham?


Valeu,

Bruno Porpetta

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Gastando vela com defunto?

Numa noite como a de hoje, eu podia passar horas me deliciando aqui, escrevendo sobre a retumbante goleada do Flamengo sobre o Botafogo.

Eu merecia, acima de qualquer coisa.

Todo torcedor merece uma semana de gozação depois de golear um rival por 4 a 0. Devia constar em lei, inclusive.

Mas eu preferi falar de outro assunto. Mais especificamente, de outro cara.



Alexandre Pato foi, no Internacional, uma daquelas promessas que nos faziam sorrir ao pensar nas perspectivas que a seleção teria com um baita jogador como ele.

Eis que Pato foi vendido para o Milan, casou-se com uma atriz global, virou capa da revista Caras, Capricho, Ti-ti-ti, etc.

Ninguém tem nada a ver com a vida pessoal do cara. Longe disso. Mas o caso de Pato parece um emblemático exemplo de como se pode relegar o futebol a segundo plano.

Morar em Milão - a capital da moda - estando na moda é, como diria Vicente Matheus, uma "faca de dois legumes".

Se você tem uma profissão que exige cuidados com o corpo, em um lugar onde o corpo é cultuado, a cabeça está a um passo de virar por completo.

Quando Pato se separou, a disputa judicial entre os ex-pombinhos também foi parar nas capas de revista. O mesmo aconteceu quando Pato começou a namorar a filha do chefe, a Srta. Barbara Berlusconi.

Para ser o que sempre prometeu, mas nunca cumpriu, Pato precisa retomar a concentração na sua própria profissão. Capa de revista é ótimo, mas, no caso dele, melhor seria a Placar, ESPN, etc.

O Corinthians pagou 15 milhões de euros para ter Pato no time, e até o momento não justificou nem 10 mil reais.

O nome de Pato é mais visto nos muros do Parque São Jorge, em protestos de torcedores, do que nos placares dos estádios.

Ter visibilidade rende bons contratos, dá um bom dinheiro. Mas esta não é a melhor visibilidade para um jogador de futebol, se é que ele ainda está preocupado com isso.

O pênalti que ele atrasou para o Dida, pela Copa do Brasil, pode ser a evidência de que não é bem essa a passarela que Pato quer desfilar.

Uma pena, mesmo!


Valeu,

Bruno Porpetta

Quem virá?

As Eliminatórias Europeias para a Copa do Mundo pregaram uma peça na mesma.

Pela repescagem, vão se enfrentar Suécia e Portugal. Ou seja, ou Ibrahimovic ou Cristiano Ronaldo não vem para a Copa.



Analisando pelos times, dá Suécia. Mas se Cristiano Ronaldo resolver comer a bola, as chances de Portugal aumentam bastante.

E ainda tem o Ribery, jogando contra a Ucrânia, em outro jogo da repescagem.

Será uma Copa maneira, creio eu.


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Qual é, Mano?

O pedido de demissão de Mano Menezes do Flamengo ficou, no mínimo, muito mal explicado.



Vejamos:

O Flamengo acaba de sofrer uma goleada patética, dentro do Maracanã, depois de iniciar a partida parecendo que golearia o Atlético-PR. Leva uma virada por 4 a 2, após estar vencendo por 2 a 0, embora isto não seja nenhuma novidade para a torcida rubro-negra, que já está se acostumando a pagar, pelo menos, um grande mico por ano.

Mano Menezes comunica sua decisão aos jogadores pessoalmente no vestiário, por SMS ao Vice-Presidente de Futebol - Wallim Vasconcellos - e o Presidente do clube fica sabendo pelo rádio. Diante das tentativas dos atletas em demovê-lo da ideia (vistas, inclusive, pela imprensa enquanto Mano tentava adentrar a sala da coletiva), Mano pede que respeitem sua decisão.

Ao chegar na mesa, não admite perguntas. Apenas comunica sua saída, dizendo que não conseguira passar para os atletas aquilo que pensava sobre futebol. Este discurso contradizia todo o mês anterior, quando ele enxergara uma evolução na equipe.

Depois começam as especulações.

A festinha na casa de Carlos Eduardo, o acidente automobilístico de André Santos na mesma noite, a falta de pulso da direção do clube diante destas situações. Qualquer coisa acaba virando motivo pra explicar o inexplicável.

E por que é inexplicável?

Porque Mano conhecia seus atletas. Alguns há muito tempo. Sabia com quem iria trabalhar quando topou o emprego no Flamengo.

Além disso, sabia do projeto pés-no-chão do clube. Portanto, não poderia reclamar da ausência de grandes reforços. Pelo menos, por enquanto.

Quanto a festa no dia de folga dos atletas, a direção não tem o que fazer. Nem ele. É o dia de folga, e nele os atletas podem fazer o que quiser.

Se isto prejudicar o desempenho dentro de campo, é papel do treinador escalá-lo ou não. Portanto, se Carlos Eduardo era dado a festas fora do expediente (e estas não são de hoje), deveria passar mais tempo no banco de reservas. Contrário a isto, era escalado em campo com inexplicável constância, já que muitas vezes parecia um jogador de totó, de tão parado.

Outros boatos dão conta de que Mano queria estar disponível no mercado, visando um dos dois clubes que encontram-se em crise e cuja boataria de troca de treinador cresce a cada dia.

Tanto no Inter, com Dunga, como no Corinthians, com Tite, iniciou-se aquele tipo de noticiário que precede a queda do treinador.

Embora não haja nenhum tipo de confirmação desta versão, a ausência de explicação plausível para a saída de Mano do Flamengo colocaria sob suspeita uma possível contratação dele por algum destes dois clubes.

Em tempos de criação de uma federação de treinadores de futebol, reivindicando o respeito aos contratos pelos clubes, a saída de Mano do Flamengo põe água nesse chopp.

Fora o tal do "projeto", que os treinadores tanto prezam.

Com a palavra, Mano Menezes.


Valeu,

Bruno Porpetta

N.E.: Falando como torcedor do Flamengo, não me agrada nada essa história de Abelão no lugar de Mano. Nada contra o profissional, mas contra o esquema que ele costuma adotar que, na minha opinião, é o anti-futebol. E isso independe da qualidade do elenco. Que o digam os tricolores.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Romário tem razão

Como você pode conferir na matéria abaixo, Edson Arantes do Nascimento falou. E falou m... de novo!

http://www.espn.com.br/noticia/353747_pele-pede-esforcos-para-que-brasil-recompense-o-dinheiro-que-foi-roubado-nos-estadios



Quer dizer que o turismo irá recompensar o dinheiro roubado nos estádios?

Dinheiro roubado para uma Copa para a qual o próprio Edson era um dos grandes entusiastas. Pode-se dizer, então, que Edson tem parte da responsabilidade sobre tudo isso.

Afinal de contas, é improvável que o milionário empresário Edson Arantes do Nascimento, acostumado a circular entre outros empresários de grande porte e políticos, tenha sido feito de otário.

Aliás, otário sou eu! Ele não!

Esta mania de flanar sobre tudo, dando declarações vazias sobre o que interessa e falando abobrinhas no restante, chega a dar nos nervos!

Quer dizer que as manifestações são "ruins" para o Brasil?

Temos que dar "vivas!" à seleção e tapar os olhos, os ouvidos e a boca para todo o resto?

Ora, Sr. Edson! As manifestações foram um sopro de vida na capacidade do povo brasileiro de exigir mudanças para o que está errado. Não tê-las, durante tantos anos, é que nos colocou tamanho atraso de vida. Atraso este que possibilitou que viessem a Copa e as Olimpíadas, promovendo um verdadeiro circo de horrores nos direitos humanos e sociais no Brasil.

Deixá-las para depois da Copa?

Antes, durante, depois e tomara que haja mais um pouquinho de "uuuuuu" (parafraseando Mamonas Assassinas) pra adiante.

É por essas e outras que a frase de Romário sobre este que usa o santo nome de Pelé em vão - o tal do Edson - sai do anedotário e entra no rol de grandes frases da humanidade.

Nos livros de história, além de "Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás!", de Che Guevara, há de constar também o "Pelé calado é um poeta!", do Baixinho.



Né não?


Valeu,

Bruno Porpetta

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Duas nações entre a dor e a festa

Tarde bonita e ensolarada em São Paulo. Em 1º de setembro de 2013, o Corinthians comemora seus 103 anos como sua torcida gostaria: em campo, no Pacaembu, contra um grande adversário.

Dias antes, a camisa do Flamengo deu o ar da graça no Maracanã. Com vitória considerada heroica, dada a distância entre os times atuais, o rubro-negro despachou o Cruzeiro (atual líder do Brasileirão) da Copa do Brasil.

Seriam colocadas em teste as motivações de ambos para o jogo. O aniversário pesou mais.



E não só o do Corinthians, mas também o de Alexandre Pato, que no dia seguinte completa 24 anos de idade.

O jogo ficou um bom tempo truncado. A bola dificilmente saía do perímetro do meio-campo. Ninguém criava uma chance mais aguda de gol.

Justamente quando o Flamengo ensaiou ficar mais com a bola, o Corinthians inverte seus meia-atacantes, passando Pato para a direita e Romarinho para a esquerda, e é por este lado que sai a tabela com Douglas, após escorada de cabeça de Guerrero, e o cruzamento para Pato só cumprimentar e correr pro abraço.

O Flamengo até criou uma chance na sequência, com Elias adiantando demais a bola e batendo em cima do goleiro Cássio. Na sobra, a bola cai no pé do apagadíssimo Carlos Eduardo, que dá com a joanete na orelha da bola, fazendo esta se mover em círculos pelo ar como uma pena e ser afastada pela zaga.



Pena. Talvez esta palavra descreva o que deu do Flamengo na sequência.

Após bola perdida pelo ineficaz André Santos, caindo no pé de Douglas que movimentou apenas os músculos do pescoço para olhar e os da perna para enfiar um passe precioso nas costas da defesa do Flamengo. Este chegou a Pato que, diante de Felipe, tirou para o lado, olhou para o meio, viu a zaga fechando o espaço para o passe e deu direto no gol vazio.

Aí a comemoração foi uma máscara esquisita que aguçou a curiosidade da imprensa. Sinceramente, o jogo que ele fez merece muito mais nota do que a tal da máscara. Mas sabe como é, né? Cada coisa que a imprensa gosta de falar...

No fim das contas, o Corinthians não fez muito mais do que isso no primeiro tempo. De qualquer forma, não era necessário.

Ao Flamengo, falta um cara como Douglas. Um meia, daqueles que fazem a Terra parar de girar por um instante quando estão com a bola no pé. Sem isso, o Flamengo é um mero trocador de passes que necessita de Elias nas suas melhores condições físicas para chegar ao gol, o que não aconteceu hoje.

Quanto ao Corinthians, mostra porque é um dos favoritos ao título. Sobram opções no campo, no banco e, por que não dizer, na torcida.

Hoje, foram mais de 39 mil empurrando o time para cima do Flamengo. E mesmo que o time tenha dado uma espreguiçada natural com os 2 x 0 no placar, isto não durou muito.

Sem forçar muito, o Corinthians encontrou o terceiro gol em bola mal rebatida por Chicão, que volta para Pato chutar, Chicão cortar de novo e a bola sobrar para Romarinho colocá-la lá dentro, com Felipe já caído.

Como se não bastasse, ainda entrou o Sheik fazendo um salseiro pra cima do João Paulo, que passou-lhe a perna e fez pênalti. Bem cobrado por Guerrero, onde Felipe sequer saiu na foto.

Resumidamente, sem ser exatamente brilhante, o Corinthians sobrou em campo. Tite conhece seu elenco e fez a mudança certa no primeiro tempo que determinou um nó na cabeça da defesa do Flamengo. Bastou!

No clássico das multidões, dos 70 milhões em campo, os 30 alvinegros estão em festa. Já os 40 rubro-negros saem com uma baita dor de cabeça, com os ânimos adquiridos na quarta-feira já devidamente esfriados com um balde d'água e sentindo a zona da degola um pouco mais próxima.

Ficou evidente a diferença entre ambos.


Valeu,

Bruno Porpetta

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Voa canarinho, voa...

A saída de Vitinho, do Botafogo para o CSKA da Rússia, é o símbolo do retorno aos tempos de janela escancarada de transferências para a Europa, ceifando os melhores talentos brasileiros no meio do campeonato. Ou sequer no meio.



Reflexo da nossa crise econômica? Sim, mas não só isso.

Até porque o governo sinaliza com um vergonhoso perdão de dívidas dos clubes, que se multiplicarão por 10 nas próximas décadas. Com isso, o governo dá sinal verde para que estes se endividem novamente em progressão geométrica, mesmo com as inócuas promessas de atrelamento do perdão a condicionantes que, na hora do vamos ver, serão relevadas. Alguém duvida disso?

Clubes como o Botafogo encontram-se com meio metro de língua para fora da boca quando se fala em dinheiro. Repare bem, eu disse clubes! O Botafogo é hoje o caso mais triste de uma realidade que atinge vários em todo o país.

Esta sangria desatada faz com que os nossos jovens valores desejem sair. Afinal de contas, eles podem assinar contratos excelentes com os clubes brasileiros, mas não possuem nenhuma garantia de que estes contratos não se tornem apenas peças processuais em cobranças posteriores por salários não pagos.

Os próprios clubes sabem (e ainda bem que agora tomaram consciência disso) que não podem pagar pra segurá-los. Portanto, a única saída é se desfazer dos jogadores.

Não são vendas, afinal de contas os valores recebidos são penhorados em cobranças judiciais oriundas dos tempos em que os clubes não tinham preocupação alguma com a capacidade de pagamento de altos salários.

Ao menos, fica o alívio na folha de pagamento.

Mas e os torcedores? Como ficam?

Como sempre ficaram. A ver, ao invés de navios, aviões lotados de jogadores brasileiros cruzando o oceano rumo aos centros ricos do mundo da bola. E do mundo real também.

Nossa ilusão de sexta economia do mundo não pode pagar pra mantê-los aqui. E assim, na conta do chá, se decidem os campeonatos.


Valeu,

Bruno Porpetta

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Um longo e tenebroso inverno

Durante as últimas décadas, o São Paulo foi exemplo de administração, de profissionalização, de planejamento...



Ou seja, desse papo que ganhou força com a Margareth Tatcher no início da década de 80 e se alastrou no Brasil nos anos 90.

Podem até me acusar de fazer juízo de valor da época áurea do tricolor paulista, porque é isso mesmo.

Só não podem creditá-lo a inveja ou coisa do tipo.

Evidentemente, o que deixa a galera "boladona" é que ninguém ganhou tanta coisa importante como o São Paulo nesse período. O time do Morumbi venceu três mundiais, três Libertadores e quatro Brasileiros só de 1991 pra cá.

A despeito de qualquer opinião a respeito, o São Paulo desenvolveu uma maneira de gestão onde a política do clube interferia pouco no dia-a-dia. Os bastidores não entravam em ebulição a cada eleição de diretoria, como sempre entraram em outros clubes.

Ocorre que este "patrimônio" do São Paulo se perdeu.



O goleiro-artilheiro-presidente do clube, Rogério Ceni, de grande influência positiva para os mais jovens passou a ser contestado. Dentro e fora do tricolor.

A troca de farpas entre Rogério e o ex-treinador Ney Franco é o símbolo dessas mudanças. Os problemas do São Paulo eram todos devidamente abafados e resolvidos dentro do clube. Hoje, estão na imprensa.

Há tempos que uma crise no tricolor paulista não durava tanto tempo, expondo uma fragilidade administrativa pouco comum nestes tempos.

A chegada de Paulo Autuori escancarou que o problema não é técnico ou tático. Há um profundo desgaste no modelo de organização do São Paulo. Para piorar, quem dá aula de organização hoje é o "inimigo", o Corinthians.



Apesar de um possível ressentimento de Ney Franco com o São Paulo, seus ataques pela imprensa não devem ser somente um ataque histérico. Tem caroço nesse angu!

O que realmente importa agora, a partir da análise do momento atual, é saber se o São Paulo vai cair ou não pra segundona.

Quer saber? Acho que não! Não tem time pra cair! Mas essa zona que o clube se tornou é típica de time rebaixado. Se não de divisão, ao menos de "pedigree".


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 30 de julho de 2013

Pra não dizer que não falei do Galo...

Com quase uma semana de atraso, diante do que lhes devo desculpas, mas vou dar um pitaco no histórico título do Galo na Libertadores.

Pode-se dizer que foi a redenção de vários renegados.

Victor, o goleiro dos milagres que carregaram o Galo à decisão, foi renegado pela seleção (embora não tivesse mesmo lugar pra ele), Leonardo Silva, renegado pelo arquirrival, Richarlyson pelo São Paulo, Jô pelo Internacional e Ronaldinho... bem, este merece um parágrafo só pra si.



Ronaldinho não foi genial. Mas foi gênio!

Se não foi brilhante como na primeira fase, sua experiência foi fundamental para segurar a onda do time nos momentos que este mais precisou. Conseguia, ao menos, irritar o adversário, o que em decisões tensas como as que o Galo teve é, no mínimo, relevante.

Jô foi o artilheiro da competição. E seus gols foram decisivos. Afinal de contas, o Galo teve um impressionante desequilíbrio técnico nas fases eliminatórias da Libertadores. Ao contrário do show da primeira fase, o Galo patinou muito na reta final e quase pôs tudo a perder várias vezes.

O que explica então o título do Galo?

Uma combinação explosiva entre time e torcida. Parece que fizeram um acordo entre si, quando um vacilar, o outro vai lá e levanta!

Deve-se dizer que o papel da torcida atleticana foi gigantesco. A ela deve ser oferecida qualquer premiação de craque do campeonato.

Não à toa muita gente só deve ter voltado ao trabalho hoje, em Belo Horizonte. Eles mereciam esticar a festa até a última gota.

Outro que merece um parágrafo é Cuca. O azarado, o depressivo, o alho com cebola e sal dos times campeões. Ele temperava para os outros comerem.

Suas convicções ofensivas eram tremendamente contestadas por sua incapacidade de conquistar títulos expressivos. Seja por seu trabalho, ou por sua fé, isto acabou.

Agora, Cuca pode dizer que venceu quatro estaduais (um carioca e três mineiros) e uma Libertadores! Seu nome sai da lista da boca do sapo para a boca do povo.

Em tempos de visita do Papa ao Brasil, o título do Galo, e de Cuca, foi um presente divino aos torcedores.

E nas mãos de Victor ficaram os milagres. Aquele contra o Tijuana, nas quartas-de-final, foi um caso típico de reescrita da história feita in loco, ao vivo e a cores.

O Galo estava eliminado e, de repente, estava classificado. É pra marcar as mãos na calçada da fama do Atlético Mineiro. Para que ninguém nunca se esqueça que aquelas mãos mudaram o destino.

Apesar das dificuldades, o título foi merecido. Muito merecido.

Se a física não explica o que aconteceu, bota na conta do Papa!


Valeu,

Bruno Porpetta

quarta-feira, 24 de julho de 2013

De 62 a 68, em 51 anos (o Brasil de Amarildo a Amarildo)

Pelé saía de campo lesionado, no empate em 0 a 0 entre Brasil e Tchecoslováquia.

Diante de tal tragédia, a alternativa mais viável para Aymoré Moreira era colocar o ataque do Botafogo pra jogar. Que parceiro faria melhor companhia à Garrincha senão seu companheiro Amarildo?



Aquele time, já um pouco envelhecido, contava com o agora saudoso Djalma Santos (ao qual este blog se curva em reverência), além do infernal Garrincha e o "Possesso" Amarildo, mais um grande artilheiro do nosso futebol, mais um que deve ao Anjo das Pernas Tortas seu contrato para jogar na Europa.

Amarildo editou, junto a Garrincha, belíssimas páginas da história do Botafogo e da seleção brasileira. Páginas que inspiraram amantes do futebol, nos estádios e nos cartórios.

Não é de hoje que jogadores de futebol eternizam seus nomes nos filhos dos outros. As homenagens feitas a craques no registro de crianças recém-nascidas é notória e antiga.

Em uma delas, em 1966, nasceu Amarildo.



Amarildo Dias de Souza era um pedreiro. De tanto carregar pedras, assim como craque alvinegro, também ganhou um apelido. Era chamado de Boi.

Cresceu na Rocinha, a maior favela do Rio de Janeiro. Que os bairros de São Conrado e Gávea fingem não existir. Mas ela existe.

Tal como as demais favelas, cresceu desordenadamente, sem planejamento, sem água, sem luz, sem esgoto. Se tornou um depósito de gente descartada do "asfalto". Gente invisível, como se não fossem gente.

Nesta ausência do básico, é duro não se revoltar. Nesta revolta sem perspectiva, o crime aponta uma saída fácil, às vezes única. Assim, aos 17 anos, o jovem Amarildo registra sua única passagem policial, por furto.

A característica de pé-de-boi, que lhe rendeu o apelido, impediu que Amarildo trilhasse este caminho. Não fosse por isso, já estaria morto há muito tempo. O crime só compensa a curto prazo, até porque o prazo é necessariamente curto pra quem vive dele.

Entre a vitória da seleção do Possesso e o nascimento do Boi, sob a "iminente ameaça comunista", o país iniciou-se no capítulo mais vergonhoso de sua história. Em 64 os militares tomaram o poder e levaram consigo nossa liberdade. O Amarildo da Rocinha nasce em um Brasil proibido de pensar.



Com apenas dois anos de idade, Amarildo ainda não tem consciência, mas seu país mergulha nos piores anos desta excrescência que foi a ditadura militar. O Ato Institucional nº5 foi editado para liberar a tortura, o assassinato.

O jovem Amarildo deve ter visto pela TV, na telinha da Globo, milhares de pessoas na Praça da Sé, em São Paulo, comemorando o aniversário da cidade.

Mal sabia ele que, na verdade, lutavam por democracia no Brasil. Isto, a Globo não contou a ele.

Amarildo, com 23 anos, pela primeira vez votou para Presidente da República. Acreditou viver em um país democrático, retornando às urnas nos anos pares que se seguiram para cumprir o único direito que lhe foi concedido, já que todos os outros lhe eram sistematicamente negados.

Talvez tenham lhe ensinado que o Brasil foi "descoberto" por Cabral, até porque o massacre dos povos originários não permitiu que estes contassem sua história. E a vida (ou a "democracia"), lhe colocava diante de outro Cabral, mais de 500 anos depois.

Pela TV, lhe diziam das maravilhas que transformavam as favelas em territórios pacificados, longe dos crimes que Amarildo se recusou a prosseguir cometendo. Ele, que nasceu no país proibido de pensar, mais uma vez acreditou no que a TV lhe mostrava.

O que talvez não tenham lhe dito é que, para favelados como ele, só havia uma paz possível. A paz do porrete. O Estado, como foi por toda a sua vida, só se fazia presente através da polícia. Ainda assim, para Amarildo, a esperança de dias melhores.



O Boi acreditava que, carregando pedras, construiria uma vida melhor.

Assim, viu a seleção brasileira vencer, sem o Possesso que lhe dava o nome, mais três títulos mundiais. Viu a urna de votação, e ali a possibilidade de escolher qual país ele queria. Viu a UPP chegar à favela com status de heróis da liberdade. Viu o povo voltando às ruas para reivindicar direitos.

Depois disso, não viu mais nada.

No estado de exceção criado por Cabral, foi levado pelos policiais - os mesmos que resgataram sua esperança - para dentro do posto de comando da UPP da Rocinha, sem mais nem menos. Nunca mais foi visto.

Tal como naqueles anos, em que Amarildo ainda era uma criança, e pessoas desapareciam nas mãos sujas de sangue dos militares, chegou a sua hora.

Não teve tempo sequer de ver Cabral editar o "novo AI-5", retomando uma vergonhosa ditadura que seu partido disse um dia combater. Nem mesmo pedir perdão por eventuais pecados ao Papa.

Nem foi digitalmente incluído, para poder, pelo Twitter, dizer ao Papa o que a PM do Rio andava publicando por lá. Talvez o Papa perdoasse, inclusive, os pecados da PM. Não houve tempo.

Tal como Djalma Santos, Amarildo não está entre nós. Que Deus os tenha! Não é não, Papa Chico?

Ao menos Djalma terá um velório.

Amarildo, que viveu sem luz, sem água, sem esgoto, mas com orgulho, não teve escolha. Mesmo ao morrer, não tem direito a seu próprio corpo, nem à verdade, nada!

Sua família e sua favela exigem saber, mas continuam sem respostas. São recebidos a balas e bombas no Leblon.



O que o governo Cabral e a PM do Rio não querem dizer, nem Aymoré Moreira dá jeito.

E agora? Sem Pelé! Cadê o Amarildo?


Valeu,

Bruno Porpetta


N.B.: A homenagem ao Possesso é ficcional, assim como os programas de TV que ele por ventura assistiu durante a vida. Gostaríamos muito de poder perguntar ao próprio sobre isto. Pode ser, Cabral?

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Depois de tudo...

O Galo chegou a sua primeira decisão de Libertadores na história depois de matar uns 500 torcedores do coração.



Não bastasse o pênalti defendido por Victor aos 48 do segundo tempo, quando a torcida já chorava a eliminação contra o Tijuana dentro do Independência, veio a "virada" heroica contra o Newell's Old Boys, pelas semifinais.

Dez a cada dez analistas, antes do jogo da volta, davam como certa a eliminação do Atlético-MG. Por um motivo muito simples: pelo próprio histórico na competição.

O Galo é um time que marca muitos gols, mas também leva. E levou em todos os jogos, menos naquele.

Como a dúvida é o preço da pureza e é inútil ter certeza, o Galo contrariou as próprias estatísticas e levou o jogo para os pênaltis.

Cuca fez um troço maluco, mas que fazia todo sentido: tirou Bernard e Tardelli, que alegavam cansaço, para botar Guilherme e Alecsandro.

Ou seja, tirou o jogo de fora da área e botou-o dentro da área. Afinal de contas, ele precisava de gols, não de belas jogadas. Ali foi o abafa do abafa.

Talvez o que mais tenha surpreendido Cuca é que ele esperava um gol de cabeça, dentro da área. Saiu de pé, de fora da área, mas de Guilherme, que ele colocou em campo.

Os gols de pênalti foram marcados pelos dois atacantes que Cuca lançou no segundo tempo, mais a estrela da companhia: o tal de Ronaldinho Gaúcho.

Agora, o baque ficou por conta da impossibilidade de contar com o Horto na grande final.

O jogo foi confirmado pela Conmebol para o Mineirão, a despeito dos pedidos do Atlético e da CBF.

Uma coisa deve ficar clara: o Atlético-MG já passou por, pelo menos, dois times melhores que o Olimpia. Portanto, com a bola no pé, o Galo é favorito.

O problema é que camisa também conta, e neste quesito o Olimpia leva vantagem.

Portanto, depois de tudo o que já passou, para ser campeão é só jogar bola.

Nesta o Galo se garante.


Valeu,

Bruno Porpetta

segunda-feira, 15 de julho de 2013

E a humanidade? Quando terá seu dia?

Hoje eu não vou falar de futebol.

Sei que estou em dívida com vocês, mas me perdoem.

Este negócio de Dia do Homem, somado à notícia que vi hoje, me fizeram mudar um pouco de assunto.

No Paraná, mais precisamente na cidade de Colombo - região metropolitana de Curitiba - um crime bárbaro há menos de um mês atrás chocou a população. A adolescente Tayná, de 14 anos, foi encontrada morta em um matagal, em frente a um parque de diversões.

Quatro funcionários do parque confessaram o crime (estupro e homicídio), permanecendo presos até hoje quando, por solicitação do Ministério Público, foram liberados.

O sêmen encontrado na garota não pertencia a nenhum dos quatro, que relatam sessões de tortura para confessarem o crime que não cometeram.

Como a mídia gosta de um showzinho, já os tinha condenado de antemão, provocando a ira da população da cidade, que destruiu o parque de diversões em sinal de protesto.

Saiba mais aqui: http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2013/06/menina-que-desapareceu-no-parana-foi-estuprada-e-morta-diz-policia.html

http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2013/06/moradores-protestam-e-destroem-parque-apos-sumico-de-adolescente.html

http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2013/06/corpo-de-adolescente-morta-por-funcionarios-de-parque-e-encontrado.html

http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2013/07/apos-pedido-do-mp-suspeitos-de-estuprar-e-matar-tayna-sao-soltos.html

Não é nenhuma novidade este tipo de prática policial, que obtém confissões mediante tortura. Tampouco o espetáculo midiático feito sobre a dor de uma família com a perda brutal de uma adolescente.

Porém, o mais assustador é se tornar corriqueira a "indignação" popular violenta, com ameaças de linchamento, destruição de "símbolos" da barbárie cometida (como foi o caso do parque) e o desgaste moral dos envolvidos.

Existe pouca preocupação por parte dos atores envolvidos (polícia, mídia e "revoltados") com a justiça, a averiguação dos fatos e a verdade.

A polícia diz que foi, a mídia confirma, todo mundo acredita e dane-se o resto.

Não é difícil lembrar, nestas situações, da escola em São Paulo, cujos donos foram acusados de abuso sexual contra as crianças. Foram perseguidos, condenados de véspera, tiveram suas vidas destruídas e ganharam, no máximo, uma desculpinha aqui, outra acolá.

Se juntarmos como elemento a atuação policial nas recentes manifestações pelo país, é possível dizer que as polícias perderam integralmente o seu papel. Na prática, servem tão somente como guardiãs de uma moral conservadora, hipócrita, a serviço de elites entregues a sua própria mediocridade.

A mídia, nas mãos de apenas 11 famílias em todo o país, faz da desgraça humana uma novela, captando a audiência desavisada de quem está sedento pelo infortúnio alheio.

Não é preciso dizer o quão desnecessário é o tal Dia do Homem. Este só seria preciso se o homem fosse obrigado a manter gestações contra a sua vontade, sofresse violência doméstica cotidiana, recebesse menos em seu trabalho por sua condição masculina. Obviamente, não é o caso.

O tal dia é fruto da cabeça machista dominante que não admite sequer a possibilidade das mulheres lutarem por direitos. Imagine tê-los!

É pra se pensar se, por um dia, nós pudéssemos dedicá-lo a humanidade, em seu sentido mais amplo.

A humanidade que, em algum ponto, deixamos de ter, em um país que sempre quis ser o futuro, mas parece cada vez mais preso ao passado. Mais precisamente, à idade média.


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 9 de julho de 2013

Em busca de boas notícias

Olha, tudo bem que as noites de sono de um rubro-negro não são das mais tranquilas, mas o que está acontecendo com o Vasco?

Desmontou o time que tinha, Bernardo se enfiou em uma confusão que até hoje não teve uma explicação muito convincente, a torcida quer a cabeça de Dinamite num prato (justo ele, que foi um dos maiores ídolos do clube, mas se arruinou como dirigente) e ainda há a chance do retorno de Eurico Miranda (essa é pra entrar em pânico).



Há três meses, diante de uma crise financeira que fazia com que o gramado de São Januário fosse irrigado com água da piscina, por conta de uma dívida com a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), o Vasco apresentava o conceituadíssimo treinador Paulo Autuori.

Com discursos de amor ao Vasco, o treinador abria mão de situações financeiras mais confortáveis para assumir um abacaxi tremendo.

Me perdoem os vascaínos, mas o time que Autuori assumiu luta para não cair. Qualquer ponto é lucro, e o início diante da Portuguesa - adversário direto nesta inglória luta - foi positivo.

De repente, Autuori entra numa onda de ultimatos, cobrando os atrasados do elenco.

Beleza! Super justo! É um absurdo esta prática - mais que recorrente no futebol carioca - de deixar salários atrasados e dívidas se acumulando, como se todo mundo no futebol fosse obrigado a fazer tudo por amor.

O profissionalismo, para o qual o Vasco teve um papel fundamental em sua consolidação no Brasil, não permite que consideremos um mercenário alguém que cobre dois, três ou seis meses de salários atrasados e previstos em contrato. Ou seja, os valores cobrados não saem de uma cartola mágica, saem sim de um cartola maluco.

O Vasco, por sua vez, pede mais alguns dias para regularizar a situação do elenco, dizendo-se às vésperas de obter as certidões negativas de débito para liberar a verba de patrocínio da Eletrobrás (outra burrice, se sabe que deve as calças, por que firma acordo com uma estatal?).

Parece que as certidões (que às vezes parecem o horizonte, quanto mais perto, mais longe) saem na quarta-feira. No entanto, Autuori não parece disposto a esperar.

Ora, bolas! Autuori já sabia do abacaxi desde o início, quando aceitou o cargo. Agora passou a achar um absurdo aquilo que, pelo tamanho do rombo, já se sabia desde as caravelas de Cabral (o primeiro que arrasou indígenas) que iria acontecer?

Ao mesmo tempo, o São Paulo - time pelo qual Autuori ganhou seus títulos de maior expressão na carreira - está com o banco vago e já disse que não terá pudor nenhum em tirá-lo do Vasco.

Parece tudo tão casadinho, não? Soa até estranho...

Enquanto isso, em São Januário, ainda busca-se uma boa notícia. Se até os novos contratados fazem golaços contra (como foi o de Nei, no domingo), o que pode se esperar de 2013?

Antes a Copa das Confederações tivesse turno e returno...


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 2 de julho de 2013

Tá bom, porra! Eu falo desta merda!

Não dá pra passar incólume por uma atuação primorosa do time brasileiro diante da Espanha.

O Brasil jogou muito e mostrou que, enfim, tem um time.



Pode não ser o time dos seus sonhos, ou o time dos meus sonhos, mas tem um time.

Não dá pra colocar na conta de Mano não tê-lo antes. Os primeiros anos seriam mesmo dedicados à experiências, e ele as fez.




Vencer a Copa das Confederações é bom para o moral, como diria Rita Cadillac. Mas não é pra tanta exaltação.

Foi importante achar um time. Serviu para, enfim, enxergarmos em Neymar um craque (sem que ele precisasse jogar um dia sequer na Europa).

Mas ganhar a Copa das Confederações não é garantia de nada! Vide os anos de 2005, na Alemanha, e 2009, na África do Sul.

Então, devagar com o andor que o santo é de barro! Foi muito bom ganhar em casa e poder imaginar como pode ser no ano que vem. Mas, por enquanto, é só imaginação.


Valeu,

Bruno Porpetta

sexta-feira, 28 de junho de 2013

O óbvio, por um triz

Brasil e Espanha decidem a Copa das Confederações, domingo, no Maracanã.



Não era preciso ser nenhum grande analista para saber que esta era a final mais óbvia possível.

A Espanha tem o melhor time do mundo no atual período.

Até esta semifinal, a última vez que espanhóis e italianos haviam se encontrado foi um baile. Os italianos se tornaram touros diante dos súditos de Juan Carlos (outro que calado é um poeta).

O Brasil é o Brasil. Isto por si só colocava o escrete brasileiro entre os favoritos. Além disto, havia o fator casa. Foi nesta combinação que o Brasil pôs fim ao sonho uruguaio de um Mineirazo.

Aliás, os jogos contra o Uruguai, via de regra, são mais difíceis que os contra a Argentina. Carregamos eternamente o peso do Maracanazo em nossas costas. Por mais que tenhamos, depois desta tragédia, vencido cinco títulos mundiais, enquanto o Uruguai parou naquele 16 de julho de 1950, o assunto sempre volta à tona quando Brasil e Uruguai se enfrentam.

Imaginem se não voltaria às vésperas de um jogo decisivo em solo brasileiro?

O Uruguai, mesmo que combalido em relação ao seu passado, e até mesmo ao mais recente, é um carma na vida do futebol brasileiro.

Carma que a Itália representava na vida dos espanhóis.

No tempo em que a Espanha montava bons times, que seriam fatalmente eliminados em algum momento da competição que estivesse, era dos italianos que o povo espanhol mais tinha medo. O histórico de eliminações espanholas diante dos italianos era extenso.

De uns tempos pra cá, a história mudou. Nas últimas duas Eurocopas foi a Espanha que eliminou a Itália. Em 2008 nos pênaltis, em 2012 com os tais 4 a 0 acachapantes.

Por essas e outras, a final prevista era Brasil e Espanha, mas ela foi muito mais difícil de sair do que se previa.

O Uruguai jogou mais que o Brasil.

O autor do gol uruguaio, o atacante Cavani, fez uma partida monstruosa do ponto de vista tático.

A vida de Neymar e Marcelo ficou muito complicada com a presença constante de Cavani marcando o lateral e impedindo a armação de jogadas por aquele lado.

Ou seja, onde o Brasil é mais criativo, o Uruguai travou a passagem. Mas Forlán deve se lamentar por muito tempo pelo pênalti (justamente marcado) perdido.

A decisão saiu do pé de Neymar, em cobrança de escanteio no segundo pau que encontrou a testa de Paulinho e dali, as redes. Naquele momento, não havia muito tempo pra mais nada.

No dia seguinte, os espanhóis até ameaçaram passar horas com a bola nos pés, mas a Itália não deixou.

Principalmente no primeiro tempo, enquanto os italianos tiveram fôlego, a Azzurra jogou mais que a Espanha. Equilibrou a posse de bola e criou melhores chances de gol.

No segundo, o próprio ritmo da partida diminuiu, devido ao calor de Fortaleza, mas a Espanha não conseguiu uma supremacia suficiente para tirá-la da boa marcação italiana.

Assim seguiu-se a prorrogação, em seus dois tempos, até a chegada dos pênaltis.

Para quem viu a troca de flâmulas, antes do início do jogo, entre os capitães Casillas e Buffon, ambos goleiros de grande estirpe, devia imaginar que uma disputa de pênaltis serviria para que os dois resolvessem suas diferenças ali, pegando várias cobranças.

Talvez aí tenha se evidenciado uma surpresa. O que saltou aos olhos foi a qualidade dos batedores. Todos os pênaltis foram muito bem batidos, menos o pênalti perdido por Bonucci, que jogou por cima.



No fim das contas, a final era o que todo mundo queria, esperava. Mas olha, foi dura de sair, viu?


Valeu,

Bruno Porpetta

domingo, 23 de junho de 2013

Agora é só clássico!

Terminada a primeira fase da Copa das Confederações (ou seria das Manifestações?), restaram vivos na competição as quatro seleções efetivamente grandes. Ou seja, as quatro que possuem títulos mundiais.

Brasil e Uruguai se enfrentam em Belo Horizonte. Espanha e Itália duelam em Salvador.

O Brasil avança para, enfim, formar um time. A sequência de jogos em competição deu mais corpo à equipe  de Felipão, embora ainda esteja distante das principais seleções do mundo na atualidade.



O Uruguai torcerá por um novo acaso do destino. Um time envelhecido, com relação ao que fez um bom papel na Copa do Mundo em 2010 e foi campeão da Copa América em 2011, mas um bom time. A possibilidade de ficar fora da próxima Copa pode sofrer um revés, caso o Uruguai retome o caminho do bom futebol.

A Espanha é aquilo de sempre, há um tempão. Com 460 toques de primeira por minuto, o time espanhol passa o jogo todo com a bola, aguardando a hora certa de dar o bote e enfiar uma bola para seus homens de área. Acontece que, agora, a Espanha terá que definir quem são seus homens de área. Torres, mesmo na reserva, levou alguma vantagem sobre Soldado.

A Itália, mesmo levando quatro gols do Brasil, está lá. E via de regra, sempre está lá. Tem um baita craque no meio-campo chamado Pirlo, um excelente atacante que é o Balotelli, e não muito mais do que isso. Mas é a vice-campeã europeia, e não chegou lá à toa.



O mais óbvio palpite crava Brasil e Espanha na final. Mas destes jogos, a última coisa que se pode cravar são obviedades.

Devem ser grandes jogos, sem dúvida alguma.


Valeu,

Bruno Porpetta

quinta-feira, 20 de junho de 2013

A redenção

Neymar era contestado até o início da Copa das Confederações.

Mas é craque! E tem provado isso.



Fez duas belas partidas, contra Japão (que a Itália "descobriu" que não é um time de zé-ninguém) e México. Dois golaços, um com cada perna. Um drible maravilhoso pelo lado esquerdo da área e o passe com açúcar para o gol de Jô.

Claro que todos vão exigir o título, mas não dá pra conter o pacote de exigências da torcida.

Não existe obrigação alguma de título para um time que está se reconhecendo. Já podemos ensaiar dizer que agora temos um time.

Aquele lado esquerdo com Neymar e Marcelo está impossível! Bonito de se ver.

É o que dá botar quem sabe jogar bola, pra jogar com quem também sabe. Marcelo ganhou um salvo-conduto para cometer até um homicídio, e ainda assim não perde a vaga de titular.

Pelo menos, esperamos que não perca.

E Neymar... a Catalunha que o aguarde!


Valeu,

Bruno Porpetta

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Os insones

O que mais se ouve, ou lê, é que o Brasil acordou.

A revolta iniciada pela redução do preço das passagens, desembocou em cenas tocantes para quem, há muito tempo, questiona a política de privatizações dos serviços públicos, dentre eles o transporte.

São milhares e milhares de vozes, duramente reprimidas pela nossa lembrança mais candente da ditadura militar: a Polícia Militar.

No afã de construirmos uma nova história em nosso país, sendo uma marca desta nova geração para as futuras, acabamos muitas vezes reproduzindo os equívocos das passadas.

Esta não é uma prerrogativa exclusiva desta geração, mostrando que a história, ao ser ignorada, repete-se como farsa. O que não é novidade para quem conhece o marxismo.



De qualquer forma, é fundamental que retomemos as ruas como um espaço coletivo, que reflita nossos sonhos, por mais diversos que sejam.

É justamente esta diversidade que, se tolhida, dá espaço ao ranço autoritário típico das elites. Como os caminhos a seguir por estas mobilizações estão em aberto, as próprias elites enxergam nelas uma possibilidade para o recrudescimento de seus instintos mais canalhas.

Durante 20 anos, atravessamos um deserto de ideias, sufocadas pelas mãos destas elites que financiavam os filmes de Arnaldo Jabor, patrocinaram o crescimento das organizações Globo, que produziram as oligarquias regionais que hoje contestamos (mesmo que estas sejam contempladas em parte no atual governo que, em tese, está do lado de cá do muro).

Neste tempo, lutamos por bandeiras. As bandeiras da liberdade de pensamento, de crença, étnica, de organizar-se.

Através destas lutas, foi possível voltar às ruas. Mas as lições deveriam ser aprendidas.

Foi para poder levantar bandeiras que lutamos tanto. Para poder nos expressar de forma livre. Nos organizar onde quisermos, respeitando as demais formas de organização.

Se elas são de partido, é porque aquela luta tornou isto possível.

Ao Brasil que acorda, é preciso lembrar que houve gente que, por todo este tempo, nunca dormiu.


Valeu,

Bruno Porpetta

segunda-feira, 10 de junho de 2013

O caminho que "escolhemos"

Este é o documentário A caminho da Copa, com direção e roteiro de Florence Rodrigues e Carolina Caffé.

Mostra, em apenas 26 minutos, o trajeto que percorremos da euforia pela conquista do direito a sediar os dois maiores eventos esportivos do mundo, à agonia de centenas de famílias criminosamente removidas de suas casas.




O filme se passa em comunidades no Rio de Janeiro e em São Paulo. Provavelmente, suas diretoras sequer sonhavam com a ideia de que, um ano após as filmagens, o "dono da festa" Joseph Blatter seria agraciado com o título de cidadão paulistano pela Câmara Municipal.

Às vezes, o Brasil faz parecer que a máxima "o crime não compensa" é uma clamorosa mentira.

Muitas vezes, diga-se de passagem.


Valeu,

Bruno Porpetta

Nada bem e nada mal

Os jogos da seleção, ao contrário de outrora que foram colírios para os olhos, são remédios para insônia.

Sinal evidente de uma seleção que está longe de ficar pronta. Resultado da absoluta falta de planejamento da CBF, é bom que se diga.



Há cinco anos, sabemos que a Copa do Mundo será realizada aqui. Sabemos também que, diante disto, a pressão pelo título é enorme. Como Neymar foi um achado para um país que formou uma imensidão de brucutus e um punhadinho de jogadores talentosos, empurramos para o ex-santista a responsabilidade de conduzir esta bagunça ao título.

Definitivamente, não é hora de Neymar pegar o touro pelo chifre. Ele tem apenas 21 anos, e nós temos a pressa de quem vê a Copa escapando por entre os dedos. Se vencermos a Copa, será pela combinação entre camisa e torcida. Não esperemos muito mais que isto.

Durante todo este tempo, estivemos muito ocupados com nosso calendário tosco para treinarmos a nossa seleção. E a CBF ainda vende a seleção como um produto de alta qualidade. Deveriam responder por propaganda enganosa.

Em outros grandes centros do futebol mundial, ninguém mais acredita. Restaram os países africanos, ou da América Central, Oceania, Ásia, que ainda consomem a nossa seleção com a imagem que tinham de décadas passadas.

Difícil mesmo é enganar ao próprio povo brasileiro. Pode-se tentar forjar um novo público, mas sempre acabam esbarrando com algum torcedor de verdade que coloca a seleção no lugar dela, debaixo de vaias.

Não à toa, entramos em campo hoje sob a espada de dois tabus. Não vencíamos nenhuma seleção campeã do mundo desde o final de 2009. Além da seca contra os franceses desde 1992.

Vencer um remendo de seleção francesa, em crise e com o treinador contestado não deveria ser motivo de tanta festa. Mas existe algum proveito que pode ser tirado.

O Brasil melhorou no segundo tempo, efetivamente. A entrada de Hernanes permitiu transformar a posse de bola em lances perigosos, o que foi a sua redenção do pé no peito de Benzema há dois anos atrás.

E sobre a polêmica sobre quem deve ser titular, Lucas ou Hulk, sou mais o primeiro. Taticamente ele pode cumprir função semelhante. Só que, mais veloz, pode tanto tabelar com os demais atacantes e entrar na área, como pode ir à linha de fundo. Além da qualidade indiscutivelmente superior.

Mas Hulk pode ser importante, tanto pela movimentação no ataque quanto pela estatura na área. É uma boa opção, a depender do jogo, para entrar no segundo tempo.

Ou seja, a despeito da zona que a CBF fez ao demitir Mano às vésperas da nossa primeira competição depois de três anos, contratar Felipão para retomar uma ideia esdrúxula de "família", desde que esta seja recheada de volantes pegadores, as perspectivas para o Brasil melhoraram um pouco depois desta vitória contra a França.

Fora a confiança, que lentamente vai retornando.


Valeu,

Bruno Porpetta

domingo, 9 de junho de 2013

Pro dia nascer feliz

Ok! Concordo que, se considerada minha ausência por aqui nos últimos dias, um post com este título em dia de vitória do Flamengo é puxar a brasa para a minha sardinha.

E é mesmo!

Voltar a vencer, do ponto de vista de quem só escreve sobre futebol porque, além de amar o esporte, tem paixão por um clube, é reconfortante.

Mas, como não poderia deixar de ser, procurarei fazer uma análise mais global da coisa.





O Flamengo é, em qualquer tempo, um caldeirão prestes a entornar.

Entra diretoria, sai diretoria e o termo "crise na Gávea" parece até incorporado ao nome do bairro. Como se fosse um ponto de referência.

- Onde fica aquele bar?

- Fica ali perto do "crise na Gávea".

Piadinhas infames à parte, o Flamengo não cultiva paz nem mesmo com uma diretoria de altos executivos do capitalismo nacional, interessados em fazer do clube a máquina de gerar riquezas que ele é capaz de ser.

A tal "gestão profissional" esbarra, muitas vezes, na capacidade que o clube também tem de inflar egos, vaidades e outras questões que passam longe dos interesses de sua torcida.

Demite-se Dorival Júnior pelos altos salários. Contrata-se Jorginho pelos baixos salários. Demite-se Jorginho pelos altos salários de Carlos Eduardo e a péssima relação custo-benefício. E no fim das contas, a única nota oficial do clube é para garantir o emprego de Paulo Pelaipe.

Vejamos.

Está errada a ideia de contar com um comandante caro para dirigir um elenco humilde, mas bem limpinho? Não! Mas os "profissionais" devem, no mínimo, guardar alguma coerência em suas decisões.

A mesma questão se colocou na demissão de Dorival, há apenas dois meses. E a opção feita foi pelo barato. Como o barato saiu caro - no campo, pelo menos - muda-se de ideia.

Ainda assim, não é um completo absurdo mudar de ideia quanto ao treinador.

Faz-se agora uma outra opção, com relação ao elenco. Treinadores caros gostam de times caros. Para consegui-los, é preciso abrir definitivamente o cofre. E aí reside a maior contradição desta diretoria.



O investimento maior feito pelo Flamengo, até o momento, foi em Carlos Eduardo - que pouco joga - e Marcelo Moreno - que graças ao nosso "fantástico" calendário, servirá à seleção boliviana por várias rodadas no Brasileirão.

Agora, se fala em nomes de peso para a defesa, o meio e o ataque. Enquanto isso, o Flamengo dos "profissionais" não comenta uma dívida de R$ 5 milhões com Dorival, pela rescisão do contrato.

Para estas questões, e para acabar com quaisquer dúvidas sobre possíveis rachas na diretoria, esta deveria se pronunciar oficialmente. Tal como qualquer executivo de uma grande empresa faria para detalhar os passos a serem dados, junto aos acionistas da mesma.

No entanto, o mundo desaba, notícias vazam (um filme que a torcida do Flamengo já viu centenas de vezes em administrações anteriores), mas a diretoria vem a público dizer apenas que Pelaipe fica.

É compreensível que, diante da inexperiência dos "profissionais" no futebol, chamar alguém que está habituado ao porco submundo da bola é quase uma imposição. Mas deve-se lembrar sempre do ditado: quem se junta aos porcos, come farelo.

Considerando a esperança que a torcida deposita nos girondinos rubro-negros, mais transparência e menos "intocáveis" são essenciais.

Em meio a tudo isto, às vésperas da parada para a Copa das Confederações, o Flamengo venceu, e lembrando o poema, "amanhã, ninguém sabe o que será".


Valeu,

Bruno Porpetta

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Foi há 12 anos...

Estava em um quarto da Santa Casa de Santos-SP.



Acompanhava meu querido e saudoso avô Pepe, internado há dias ali.

Ele dormia e eu, com o radinho na orelha, ouvia uma insossa final de Campeonato Paulista entre Corinthians e Botafogo de Ribeirão Preto.

Era a segunda partida entre ambos. Na primeira, o Corinthians tinha sapecado 3 a 0 no tricolor da terra da Cervejaria Pinguim, na casa dos caras. Ou seja, a parada estava resolvida.

No segundo jogo, o Corinthians levava o jogo em banho-maria. O Botafogo, tentava ao menos justificar sua presença ali. Como não podia ser diferente, um 0 a 0 chatíssimo.

Chato, mas não só pelo jogo em si.

Principalmente porque, como estava no estado de São Paulo, era obrigado a suportar a final do Paulista, quando na verdade estava ligado nas informações do jogo no Rio.

Na época, havia um estádio nas imediações do Rio Maracanã, cujo rio apelidava o mesmo. Era o maior estádio do mundo!

O Flamengo havia perdido o primeiro jogo por 2 a 1, e o Vasco tinha a vantagem de dois resultados iguais. Quando o juiz da final paulista resolveu acabar com aquele troço, estava 2 a 1 para o Flamengo.

Eu já estava uma pilha de nervos, e logo que a transmissão sai de São Paulo e passa para o Rio, o árbitro marca falta para o Flamengo. Eram 42 minutos do segundo tempo, e mais um pouco eu pedia licença ao meu avô para ficar internado no lugar dele.

O iugoslavo/sérvio e montenegrino/sérvio (espero que pare por aí) Dejan Petkovic ajeita a bola. Não dava pra ter ideia, pelo rádio, da distância que a bola tinha para o gol.

Pela narração do Garotinho, parecia perto. Mas sabe como é rádio...

A esta altura, meu coração cravava o melhor tempo e conquistava a pole-position no GP de Mônaco, superando a velocidade das Ferrari, Williams, McLaren, etc.

Petkovic corre, bate e é gol!

Os eternos 43 minutos do segundo tempo que deram aquele tricampeonato ao Flamengo. Três vezes contra o Vasco. Três vezes contra o favorito.

Eu, sem poder gritar, achei que iria passar mal.

Mas o aroma do título era maior que o do éter!

Passei a andar de um lado pro outro no corredor do hospital.

A enfermeira, vendo minha agitação, me pergunta se está tudo bem.

Se está tudo bem? Está tudo ótimo!!! Tricampeão!!!!

Pois é... já faz 12 anos.

Uma mistura de saudades. Do meu avô, daquele gol, do Maracanã, até do Botafogo de Ribeirão Preto!

Acho que eu tô ficando velho...


Valeu,

Bruno Porpetta