sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A monarcomania brasileira

O brasileiro é um cara com mania de escolher reis.

Na música, com Roberto Carlos, no futebol, com Pelé. Até mesmo algumas cidades, cujos botecos se autointitulam os reis em alguma iguaria.

Poderíamos citar aqui o City Bar de Campinas, ou o Toninho lá em Santos. Os reis do bolinho de bacalhau! Cada um em seu reinado, exercendo sua autoridade.

Até em grandes capitais, sem o provincianismo do interior, encontramos os reis. Como o Rei das Batidas, em São Paulo, ponto de encontro dos estudantes da USP do Butantã.

Mas todos os nossos reis encontram, em um período de quatro dias (ou seis, a depender da disposição do súdito), um que se sobrepõe a todos.

No Carnaval, ele é o cara!


Durante o período do Carnaval, quem reina soberano é Momo!

Diante dele, todos os outros reis se curvam nestes dias de folia.

E Momo é exigente!

Cumprindo as determinações do soberano mais soberano de todos, nos próximos dias este blogueiro dará uma pausa.

Afinal de contas, "o Rei mandou cair dentro da folia..."

Na quarta-feira de cinzas, ainda de ressaca, estaremos de volta.


Valeu,

Bruno Porpetta

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A ressureição da Zâmbia

Eram 28 de abril de 1993.

Os Chipolopolo (balas de cobre, no dialeto bemba) viajavam para uma partida válida pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 1994, nos EUA.

Ao parar para abastecer em um aeroporto em Libreville, no Gabão, o avião que carregava a delegação explodiu, logo após a decolagem. Morreram na tragédia 18 jogadores da melhor seleção que a Zâmbia já teve em sua história, cuja base era formada pelo surpreendente time que, cinco anos antes, enfiou um sonoro 4 a 0 na Itália, com Baggio e tudo o que tinha direito, pelos Jogos Olímpicos de Seoul.

O maior título da Zâmbia foi ressucitar sua história


Quase 19 anos depois, a seleção da Zâmbia está de volta a Libreville. Agora, pela terceira vez em sua história, como finalista da Copa Africana de Nações, em condição inferior ao adversário, a constelação da Costa do Marfim.

Nas finais que disputou anteriormente, foi derrotada pelo Zaire (1974) e pela Nigéria (1994).

O jogo ficou no 0 x 0, no tempo normal e na prorrogação, após a grande estrela marfinense, Didier Drogba, ter perdido um pênalti durante a partida. E seriam as mesmas penalidades que decidiriam o campeão.

Após sete cobranças convertidas para cada time, justamente dois astros enterraram as chances da Costa do Marfim.

Primeiro foi Kolo Touré, do Manchester City, que desperdiçou sua cobrança. Na sequência, Kalaba também perdeu pelos zambianos.

Gervinho teve sua oportunidade, igualmente desperdiçada. E Sunzu marcou seu nome na história da Zâmbia, convertendo o último pênalti e dando o título inédito ao país.

A Zâmbia é campeã africana, representará o continente na Copa das Confederações, em 2013, no Brasil, mas ganhou muito mais do que isso.

O título ressucitou àquela seleção, que naquela mesma cidade, deixou de fazer história, sendo uma eterna promessa.

Parabéns, Zâmbia! Por um troféu que lhes devolveu a vida, homenageando seus mortos.


Valeu,

Bruno Porpetta

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O óbvio ululante


Ultimamente, tenho lido que o leilão dos aeroportos, realizado no governo Dilma, diferentemente da privataria tucana, foi apenas uma concessão, não privatização.

Para não cometer nenhuma injustiça, fui ao dicionário virtual www.aulete.uol.com.br pra tirar a dúvida.



(con.ces.são)
sf.
1. Ação ou resultado de conceder, permitir, consentir; AUTORIZAÇÃO; PERMISSÃO [+ para : Obteve concessão para abrir uma franquia.]
2. Permissão oficial para exploração de bens naturais ou serviços públicos ou de usufruir de certo privilégio [+ de : concessão de um canal de televisão]
3. O bem ou serviço ou privilégio assim concedidos
4. Ação ou resultado de ceder, de abrir mão (de algo, de uma atitude etc.) em favor de outrem, de permitir ou aceitar alguma coisa por tolerância: O casal fez concessões mútuas para manter a união: Esse professor não faz concessão a aluno algum.
5. A figura, a ação ou o resultado de concordar ou fingir concordar com argumento ou posição de adversário, em algo que se lhe podia contestar
6. Gram. Numa oração, menção de fato ou circunstância contrários à descrição da ação principal, mas que não a impede [P.ex..: Ele continuou o discurso, embora sob intensa vaia,]

[Pl.: -sões.]
[Pl.: -sões.]
[F.: Do lat. concessio, onis.]

(pri.va.ti.za.ção)
sf.
1. Ação ou resultado de privatizar.

(pri.va.ti.zar)
v.
1. Pôr (empresa ou serviço público) sob controle ou posse do setor privado . [ antôn.: Antôn.: estatizar. ]
[F.: Do lat. privatus, part. pass. do v. lat. privare (v. privar), + -izar.]


Pois bem, uma breve análise da Língua Portuguesa.

Enquanto concessão pode ser qualquer coisa, dentre os seis significados relacionados, além de referir-se a qualquer coisa, o significado de privatização é único.

A ação ou resultado de privatizar. Ou seja, pôr sob controle ou posse do setor privado.

Foram vendidos 51% das ações dos três aeroportos (Guarulhos, Campinas e Brasília), restando à Infraero os 49% restantes.

Como, no mercado de ações, quem detém a maior fatia das cotas possui o CONTROLE acionário da empresa, e este, no caso, passou para o setor privado, podemos considerar que os aeroportos foram PRIVATIZADOS.

Resumindo, não existe ginástica linguística que possa negar o que, segundo o dicionário, é óbvio.


Valeu,

Bruno Porpetta

Recapitulando

Dado o afastamento de férias, vou tentar dar uma resumida nos fatos mais importantes do período, confiando na minha memória e, em segunda ordem, nas lembranças do Pai Google de Oxalá.


Cabidão de times


Aproximadamente 0,01% da tabela completa da Copinha




Comecemos com a Copa São Paulo de Futebol Júnior, vencida pelo Corinthians, pela oitava vez.

A Copinha, como é carinhosamente chamada a competição, já foi um grande torneio, que cumpria o propósito de revelar aos montes jogadores para os times de cima. Hoje, é um torneio grande, com 96 participantes, um monte de times de empresas/empresários, ou ligados à prefeituras. Resumindo, uma vergonha patrocinada pela Federação Paulista de Futebol.

Ganhar é bom? É ótimo!

De repente, pode-se aproveitar um ou outro jogador no time de cima, mesmo com os times mais preocupados em montar equipes vencedoras, ao invés de revelar talentos.

Além disso, tem a sacanagem com os adversários. Esta sim, é impagável!

De qualquer forma, o Corinthians está de parabéns pela vitória. Esperamos apenas que lhe sirva de algo.

Afora tudo isso, a molecada foi obrigada a jogar em cada pasto, que dava até vergonha de chamar de gramado. Para não falar da arbitragem, que parece igualmente júnior.


A eterna crise no Flamengo


Inspirada no ídolo Edmundo Santos Silva: só falta ela ser presa





Outra questão que saltou aos olhos neste início de ano foi, inegavelmente, a eterna crise do Flamengo, que desembocou, a princípio, na demissão de Vanderlei Luxemburgo.

O velho Luxa já podia ter sido demitido no final do ano passado, visto que já havia perdido o comando sobre o grupo e, principalmente, o respeito da torcida. Mas o Flamengo consegue escrever errado por linhas retas.

No fim das contas, sobrou desrespeito a um profissional que, em tese, tocava um projeto respaldado pela própria diretoria. Usar a demissão certa do Luxa, com a subsequente contratação de Joel Santana, como forma de motivação do grupo, negando-a posteriormente, e confirmando-a mais posteriormente ainda, é das coisas mais ridículas que tenho memória de ter visto na vida. Se estiver enganado, por favor, ajude-me a lembrar.

Passemos para questões mais sérias.


Pinheirinho


A forma como o governo tucano trata a questão da moradia



A ação policial estapafúrdia e ilegal tocada pela PM de São Paulo na desocupação do Pinheirinho, é mostra do quanto o conservadorismo parece ter nos congelado no tempo.

Após o conflito de competências, entre a justiça estadual e federal, a primeira resolveu por si só, e por tudo que há de pior no país, acatar uma liminar (e só uma liminar), para enxotar quase oito mil pessoas de suas casas.

Tudo isso em nome de um especulador que deve os tubos à prefeitura, à sociedade e ao resto de decência que pode nos restar. Trata-se de Naji Nahas, cujo nome serve até para afastar mosquitos.

Além do desprezo pela vida humana, o governo de São Paulo demonstra também uma estupidez sem tamanho no controle de gastos públicos que tanto exige dos outros. Convenhamos, é muito menos custoso ao erário público desapropriar e indenizar o dono do terreno, alocando as pessoas por lá mesmo, onde há anos constroem suas vidas.

Mas aos tucanos, o gosto pelas negociatas fala muito mais alto. Preferem torrar nosso dinheiro para satisfazer à especulação imobiliária, garantindo assim seus polpudos financiamentos de campanha.


A tragédia da hora




Sim, haviam mais três prédios ali




O Rio de Janeiro já está se acostumando a tragédias anuais. Se não é a chuva, é o vento. Se não é o vento, é o sol. E quando não chove, não venta e o sol já se pôs, três prédios resolvem desmoronar em lugar praticamente ermo: a Cinelândia!

Ano a ano, os cariocas e fluminenses vão revelando seus mortos sob os escombros. Não importa qual é a causa da tragédia da hora, no fim das contas ninguém sabe ou viu qualquer responsável.

A chuva que fez o morro descer em Angra dos Reis, arrastando tudo que tinha por baixo, só serviu para demonstrar a solidariedade da população. Responsáveis? Nada consta.

A barbárie das chuvas na região serrana, que quase fez sumir do mapa três cidades, sem que, em um ano, quase nada fosse reconstruído. O ex-prefeito de Teresópolis é procurado, mas por associação ao jogo do bicho. De resto, nada consta.

No fim do ano passado, foi o restaurante que explodiu na Praça Tiradentes. A concessão de alvará de funcionamento, de responsabilidade da prefeitura, deveria ter observado a incapacidade de armazenamento de gás no local. Parece que alguém andou se esquecendo disso, mas não se fala mais nada. Culpados? Por enquanto, nada consta.

Agora, depois de inúmeras modificações feitas na estrutura do Edifício Liberdade, começou o jogo de empurra-empurra entre engenheiros, arquitetos, decoradores, cachorros, gatos, papagaios... Quem promoveu tamanha irresponsabilidade, que custou mais algumas vidas? Mais uma vez, nada consta.

A incrível semelhança entre todas estas, é a sensação de que, colocando-se uma samambaia no Palácio Guanabara, ou no Piranhão, o efeito é praticamente o mesmo.

Ao menos a samambaia não considera os bombeiros - presentes a todos estes acontecimentos - uns vândalos, ou vagabundos.


Bem distante daqui, o bicho pegou no Egito




O que sobrou de um jogo de futebol





Uma das maiores tragédias da história do futebol no mundo - com 74 mortos e mais de 400 feridos - o jogo entre Al-Wasry e Al-Ahly, em Porto Said, é mais uma marca profunda da trapalhada patrocinada pelos Estados Unidos, com a imposição de um governo militar para "acalmar" a revolta popular contra a ditadura de Hosny Mubarak.

Apesar da grande mídia tratar como uma guerra campal entre torcidas adversárias, o papel que a principal organizada do Al-Ahly teve na Primavera Árabe é determinante para compreender o ocorrido. O que aconteceu foi eminentemente político.

O clima no Egito é de tensão constante, a polícia do "finado" Mubarak não se impõe perante sequer os cachorros de rua e, como não podia deixar de ser, a atmosfera do futebol foi contaminada.

O que a grande mídia não diz é que, posteriormente, ambas as torcidas estavam juntas, manifestando-se contra a situação caótica instalada no país, e seus desdobramentos irão muito além do campo de jogo.

O presidente da FIFA, Joseph Blatter, após afirmar que não existe racismo no futebol, classificou o ocorrido como "um dia negro na história do futebol". E o silêncio, muitas vezes, pode ser considerado uma virtude.

Deve estar faltando muita coisa, mas acho que o essencial ocorrido no meu período de férias tá aí. Se você sentiu falta de algo, comente abaixo e damos aqui o nosso jeito de escrever a respeito.


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O bom filho à casa torna...

Estamos de volta!

Depois de 15 dias fora do ar, retornamos das férias (merecidas, diga-se de passagem) e, em breve, iniciamos uma série chamada "O Fórum dos que não foram", pra contar as peripécias deste por Porto Alegre, durante o Fórum Social Temático.

Sejam novamente bem vind@s!


Valeu,

Bruno Porpetta

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Estamos em obras...

Estou em férias.

Apesar de reconhecer que devia ter avisado antes, estava tão necessitado que simplesmente esqueci. Peço desculpas pelo longo tempo sem satisfação.

Prometo que, a partir do dia 07/02, retorno normalmente às minhas atividades blogueiras, comentando minhas andanças por aí.


Valeu,

Bruno Porpetta