quarta-feira, 17 de junho de 2015

À procura do oásis

O Brasil estreou na Copa América contra o Peru sob olhares atentos da torcida brasileira, mas em especial a do Flamengo. Afinal de contas, é o primeiro jogo de competição desde as vergonhosas sovas sofridas contra alemães e holandeses. Do outro lado, a mais nova atração rubro-negra, Paolo Guerrero.



Não foi preciso um olhar de especialista para saber que a seleção brasileira é Neymar e mais 10. Sem o craque, sabe-se lá o que será de nós. O meio-campo brasileiro ainda lembra um deserto. A criação do time é força do acaso. A bola tem que chegar em Neymar de qualquer jeito, caso contrário, nada acontece.

Estamos mais organizados defensivamente e David Luiz, apesar de continuar sendo uma peça de decoração, ao menos não se larga tresloucadamente ao ataque. Se alguém diz que o grande mérito de um treinador é convencer a um zagueiro a jogar como zagueiro é, no mínimo, preocupante.

Do Peru, propriamente, ninguém queria saber. Desde os Incas que o país tem pouquíssima expressão no futebol. Deveria ser mais um saco de pancadas para o Brasil. E que ninguém venha com aquele papo de "não tem mais bobo no futebol".

Interessava, sim, ver Paolo Guerrero, o reforço do Flamengo para o Brasileirão, que deixou evidente que, sem um meio-campo que se preze para lhe servir, pouco vai fazer. É um excelente atacante, embora toda essa dinheirama que ele acha que vale é um tanto exagerada. Não dá para imaginar que ele vá resolver os problemas ofensivos do Flamengo.

No entanto, venderá camisas, pacotes de televisão, sócios-torcedores... E gols?


Se pintar na área, ele guarda. Mas alguém tem que fazer pintar. O oásis no deserto que não faz falta só ao Flamengo, mas ao futebol brasileiro.


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 9 de junho de 2015

Não toque em mim!

Poderia ser apenas uma frase de uma música sertaneja qualquer, mas para espanto de todos e todas é a postura da arbitragem neste Campeonato Brasileiro.

Esta coisa de jogador, treinador e qualquer outro ser humano não poder sequer falar com o árbitro, além de soar ridículo, é absolutamente autoritário. Digno de quem pensa o futebol da mesma forma em que pensou o país entre 1964 e 1985.



Ver o árbitro se portando como um Batman no alto de um prédio em Gotham City, com o peito estufado e olhando para o horizonte, diante de um jogador ou treinador que reclama, algumas vezes, com razão, é de doer.

Jogador expulso porque disse “não foi falta” é uma completa ausência de bom senso. A decisão do árbitro já é soberana por si só, sem a necessidade de imposição adicional. A reclamação é do jogo, cabendo ao árbitro ignorá-la ou puni-la em caso de abuso.

A punição como primeiro recurso só prejudica o jogo. A farta distribuição de cartões em uma partida amarra a mesma. Ninguém quer se arriscar a tomar o segundo e, assim, some do jogo.

BATE, MAS NÃO FALA

Ainda há outra questão. Igualar a reclamação à jogada violenta, além de absurdo, pode tornar a arbitragem mais tolerante com a pancada. Diante da determinação de evitar a “rodinha” em torno do árbitro, ao amarelar um ou outro e, ao mesmo tempo, não querer prejudicar o espetáculo com expulsões a rodo, a tendência é que o juiz “afine” na hora da pancada.

Resumidamente, a decisão da Comissão de Arbitragem da CBF é absurda, equivocada e inconsequente. O que não chega a ser uma surpresa, vindo de quem vem.


Não é de hoje, e nem só por isso, que a CBF é um poço de equívocos. Não à toa, seus dirigentes saem do Congresso da FIFA presos ou correndo.


Valeu,

Bruno Porpetta

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Gol da Alemanha

Há um tempão atrás, os jogos que enchiam nossos bares e restaurantes eram jogos decisivos dentro do Brasil. Hoje nos mobilizamos por uma final entre clubes europeus.

Barcelona e Juventus são duas escolas de futebol. A catalã, jogando aquele futebol bailarino do meio para frente, mas muito eficiente do meio para trás. A italiana... bem, é italiana, daí você entende o resto.

Óbvio que eu parei pra assistir. Num bar. Estava ansioso pelo jogo. E torcendo pelo Barça.

No bar ao lado, uma espécie de torcida organizada pela Juve. Todos devidamente vestidos com camisas da Juve. Tiveram momentos de forte emoção durante o jogo.



O Barcelona começou matador. Sufocou a Juventus na sua área, marcou logo aos 2 minutos de jogo. Tocando bola dentro da área, chegou a ter mais chances. Buffon fez, ao menos, um milagre no primeiro tempo.

No retorno do intervalo, o Barcelona continuou superior, apesar da Juventus conseguir fechar mais os espaços. E assustava em contra-ataques.

Na primeira vez que a Juventus conseguiu tocar um pouco mais a bola na frente, o giro de Tevez para chutar forte e o rebote nos pés de Morata deu à Juventus a chance que ela queria. Dali para frente, dava pra vencer o Barcelona do temível trio MSN.

E a Juventus foi melhor depois do gol. Pode ainda reclamar de um pênalti não marcado em Pogba, cometido por Daniel Alves. Assim como o Barcelona pode reclamar do gol anulado de Neymar. Ou seja, o juiz se enrolou no jogo.

Só que, a despeito do domínio italiano no jogo naquele momento, no Barcelona tem um baixinho monumental chamado Lionel Messi, que costurou alguns marcadores e bateu para o gol. O monstruoso Buffon não teve como segurar, acabou dando o rebote no pé de Suarez (que até aquele momento era parado insistentemente por Buffon) e o Barcelona pulou na frente de novo.

Aí restou a Juventus largar-se pra frente. Daquele jeito que os italianos tem uma dificuldade danada em fazer. O Barcelona também tomou suas precauções. O resultado acabou sendo óbvio, com um contra-ataque mortal para encerrar o jogo e dar o título ao Barça.

Se não é tão vistoso como em 2010/2011, não deixa de ser excepcional um time com um ataque como esse.

Bem, vou voltar ao parágrafo inicial.

Há um tempão atrás, os jogos que enchiam nossos bares e restaurantes eram jogos decisivos dentro do Brasil. Hoje nos mobilizamos por uma final entre clubes europeus.

Neste final de semana, graças à administração do nosso futebol, que consegue jogar farofa no nosso futebol, jogava a seleção e tinha jogo do campeonato. Ou seja, depois de ver Barcelona e Juventus, eles me obrigaram a ver Flamengo e Chapecoense.

No dia seguinte, tinha amistoso do Brasil contra o México. O retorno da seleção brasileiro aos (péssimos) gramados brasileiros após os 10 gols sofridos em dois jogos elucidativos acerca do tamanho do estrago que esses caras da CBF fizeram no nosso futebol.

E geral cagou e andou para a seleção. Quem foi ao jogo do Brasil, nos destroços do Palestra Itália, é público de restaurante francês. Uma vergonha o tipo de torcida que frequenta os jogos da seleção. Não podemos sediar tão cedo uma Copa América, sob pena de passarmos um vexame horroroso  nas arquibancadas.

Ou seja, o futebol brasileiro acompanhado no bar, nas ruas, em churrascos, com uniformes e gritos de gol por aí, foi trocado por um jogo em Berlin.

Justo em Berlin, a capital da Alemanha.


Valeu,

Bruno Porpetta