terça-feira, 29 de novembro de 2011

A homenagem que interessa

Há exatos 10 anos, morria George Harrison. O Beatle mais tímido de todos, o menos popular, mas tão genial quanto os demais.

Segue abaixo, em vídeo, uma de suas composições. A mais linda delas, na minha modesta opinião.

Relembrem os Beatles e, em especial, George, com Something, gravada no disco Abbey Road, em 1969.





George é eterno!


Valeu,

Bruno Porpetta

O "ame-o ou deixe-o" do nosso futebol

O homem que fala no vídeo abaixo é Claudio Coutinho, cuja morte completou 30 anos no domingo (27/11), e teve missa em sua homenagem, realizada na sede do Flamengo.

Não desconsidera-se sua relevância como treinador, levando à formação do maior time da história do clube. Foi com ele que o Flamengo ganhou a Libertadores da América e, posteriormente, com a base do time montada, conquistou o mundo com Carpegiani no comando.

Por outro lado, é importante lembrar o papel cumprido por ele, juntamente a Mário Jorge Lobo Zagallo, Carlos Alberto Parreira, Admildo Chirol e Lídio Toledo, na década de 70, durante a ditadura militar, na seleção brasileira.

Os cinco conformaram uma espécie de intervenção do regime na seleção, até então comandada por João Saldanha, para a disputa da Copa de 70, no México.

Sagramo-nos campeões, com a bênção de craques como Pelé, Tostão, Gerson, Rivellino, Jairzinho, Carlos Alberto e Clodoaldo. E a presença imposta, embora negue-se até a morte, de Dario, querido por Médici.

Depois, com os cinco de asas mais soltas, amargamos uma derrota fragorosa para a Holanda, em 74.

Mesmo após o fim do regime, os nomes citados se tornaram presença constante na seleção, com idas e vindas, de um ou de outro.

Homens de confiança de João Havelange, que também tinha lá suas ligações com a ditadura militar, tocaram o projeto da seleção adiante. Com exaltações patrióticas, devidamente avalizadas pela Globo, chamavam a torcida a reivindicar a "pátria de chuteiras", esquecendo-se de suas próprias mazelas, nem que somente por um mês, o mês da Copa.





No vídeo, exibido no Fantástico, Coutinho faz o seu "Brasil: ame-o ou deixe-o!", convocando a torcida a entrar em campo com a seleção brasileira. Às vésperas de se tornar o "campeão moral" da Copa mais imoral da história, em 78, na Argentina.

A Copa que varreu pra debaixo do tapete os milhares de mortos e desaparecidos políticos, perseguidos pela ditadura portenha. Com a anuência do Brasil, que passava por momento semelhante, e também de Claudio Coutinho.

Não pode ser digno de homenagem, um pedaço tão nefasto da nossa história. Encarnado na figura do Capitão de Artilharia, Claudio Pecego de Moraes Coutinho.

Deixemo-as para o Pelé de 70, ou o Zico de 81. Eles merecem!


Valeu,

Bruno Porpetta

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Decisões proteladas

Como sinceridade não faz mal a ninguém, devo admitir que pensei que hoje teríamos o campeão brasileiro. Jurava que o Corinthians seria campeão hoje. Mas não foi.

O Vasco, que não foi melhor que o Fluminense na partida, mas perdeu menos gols nas chances que teve, venceu o tricolor. E mais do que isso, demonstrou muita vontade de ser campeão.

Vontade que não faltou ao time das Laranjeiras, mas sobrou no Vasco.

Como prêmio de consolação, ficou o golaço do jogo. Fred - que pode até ter cometido falta no lance - dominou a bola no peito, e em um lindo giro, fez de voleio. Fernando Prass chegou a tocar na bola, mas ela morreu no fundo das redes.

De qualquer forma, o Vasco venceu e continua na briga.

Para o Vasco, vale o título. Para o Flamengo, a cantoria.



Pega o Flamengo, pela última rodada. Que venceu o Inter e, praticamente, garantiu sua presença na Libertadores. Porém, em se tratando de Flamengo, "praticamente" é uma palavra muito longa, e que não assegura nada.

Andei dizendo por aí, que não seria bom para nenhum dos dois, depender um do outro na última rodada.

Para o rubro-negro, basta um empate, para a vaga na Pré-Libertadores. Se quiser uma vaga direta na fase de grupos, precisa vencer, além de torcer por uma derrota do Fluminense contra o Botafogo. Não dá pra saber o que esperar do Botafogo em um clássico, no momento que o time passa atualmente.

Creio que gana de vencer, não vá faltar ao Botafogo. Mas anda faltando muita bola.

Ao Vasco, só interessa a vitória. Para o título, não existe outro resultado possível. Joga sem Juninho e Allan, suspensos, embora o primeiro faça bem mais falta ao time. Fica sobre Felipe a responsabilidade de comandar a equipe, e Diego Souza precisará aparecer um pouco mais.

Convenhamos, estar seis vezes em posição de impedimento, em um jogo desta importância, é de uma inexplicável desatenção, por parte do camisa 10 do Vasco. Apesar de uma linda jogada dele pela esquerda, que Alecsandro desperdiçou.

Coritiba, Internacional e Figueirense estão empatados em 57 pontos.

Ao Coritiba, basta ter o mesmo resultado dos outros dois, para a vaga na Pré-Libertadores. Pelo número de vitórias, leva vantagem no desempate.

O Colorado se põe à frente do Figueirense pelo saldo de gols. Mas os três enfrentam clássicos regionais.

Em Curitiba, mais precisamente na Arena da Baixada, o Atlético-PR possui alguma chance de se manter na elite. Menor que as dos demais concorrentes, mas ainda existe. Nada melhor que, em um Atle-Tiba, safar-se do descenso, além de impedir a classificação do rival para a Libertadores. Isso tudo estará em campo.

Quem acredita?



No Gre-nal, não se disputa somente a vida, de um ou de outro, em uma competição nacional. Eles disputam  também o Gauchão, e isso pode pesar, mesmo que o jogo seja no Beira-Rio. Para o Grêmio, não valeria nada para o campeonato, mas vale para a saborosa cuia de chimarrão da segunda-feira pela manhã.

Pausa para a decisão do campeonato estadual.



O Figueirense, em tese, possui o caminho mais fácil. Enfrenta um time de qualidade bastante inferior, já rebaixado, mas é bom lembrar que, no turno, o Avaí o venceu, no Orlando Scarpelli, por 2 a 1. Uma despedida honrosa diante de sua torcida, além de melar o sonho da Libertadores para o continente de Floripa, é bastante motivador.

Além disto, o Figueira vem de duas derrotas seguidas, em casa. A última, para o Corinthians, jogou para vencer, mas perdeu. Por um mísero 1 a 0, mas fundamental para a decisão do título.

O Timão venceu, mesmo sem convencer, com participação fundamental de Alex e, mais uma vez, gol de Liédson. Manteve os dois pontos de vantagem sobre o Vasco, e só precisa de um empate contra o Palmeiras para se sagrar campeão.

Difícil é combinar isso com o Palestra. Uma vitória sobre o Corinthians, simplesmente, salva o ano alviverde.

Entre corinthianos e palmeires, é decisão de título ou questão de honra.



Depois de uma campanha pífia no segundo turno, o Palmeiras venceu dois jogos seguidos. A bola da vez foi o São Paulo, praticamente condenado à disputa da Copa do Brasil no ano que vem. O que vocês acham que o time de Felipão quer agora? Botar água no chopp corinthiano, óbvio!

Na parte de baixo da tabela, a disputa por uma vaga na segundona está, praticamente, entre Cruzeiro e Ceará. A Raposa poderia ter definido hoje, mas levou o empate, e agora vai enfrentar o Galo, que terá sonhos durante a semana, com o debut do time azul no seleto grupo de clubes grandes rebaixados.

O Cruzeiro pode estar dando adeus à primeira divisão.


Enquanto o Ceará enfrenta o Bahia, em Pituaçu. Relaxado por escapar do rebaixamento, pode pensar na Sulamericana, mas já ganhou seu presente de Natal, vendo o Vitória, por mais um ano, na divisão inferior.

O Cruzeiro tem leve favoritismo ao descenso, mas joga diante de sua torcida, e só da sua torcida. Devido ao atestado de incompetência concedido ao governo de Minas Gerais, quem tem o mando, tem tudo. Nenhum torcedor do Galo entrará na Arena do Jacaré!

Diante de tudo isto, coloco meus palpites.

Campeão: Corinthians

Para as duas vagas restantes à Libertadores: Flamengo e Coritiba.

Quem resta descer: Cruzeiro e Atlético-PR.

Embora admita que pode se tornar uma bobagem, daqui a uma semana.


Valeu,

Bruno Porpetta








sábado, 26 de novembro de 2011

Barcelusa e a tradição de volta à elite

Hoje, encerrou-se a Série B do Campeonato Brasileiro. Também conhecida, entre os íntimos, como segunda divisão.

Não havia nenhum clube gigante na edição deste ano, leia-se os quatro de São Paulo, os quatro do Rio, os dois de Minas e os dois gaúchos.

Portanto, para a mídia, não havia interesse em mostrar uma competição, em TV aberta e rede nacional, que abrangeria os abnegados luso-descendentes paulistas, os apaixonados rubro-negros baianos, tal como os pernambucanos e seus arquirrivais alvirrubros, assim como alviverdes e os vermelhos goianos, e a eterna rivalidade caipira entre pontepretanos e bugrinos.

Mas foi aí, na segundona, que vimos a grande inovação tática do ano, coroada com o primeiro título nacional de sua história, e um futebol muito mais próximo do nosso, que com sua matriz ancestral. A Associação Portuguesa de Desportos, três vezes campeã paulista e duas vezes do Torneio Rio-São Paulo, que ostentou craques como Djalma Santos, Julinho Botelho, Ivair, Enéas e Dêner, agora também tem seu troféu em âmbito nacional.

Festa portuguesa, com futebol catalão



Um time sem volantes brucutus, mas bastante solidário na marcação. Com jogadores descartados em clubes maiores, mas que jogaram o fino da bola, dentro do que "permite" a competição. Uma bela mistura de técnica, tática, raça e paixão, comandada por Jorginho, surpreendeu tanto que, além do título, teve o melhor aproveitamento da história dos pontos corridos na segundona e ganhou o apelido de Barcelusa.

A média de público foi a de costume ao longo da história da Lusa, ou seja, pouca gente. Apesar disso, sobra paixão para aquela turminha atrás do gol à direita das cabines de TV e rádio, e eis mais um time para entrar na história do clube.

Para todos os outros, o grande troféu era o acesso à elite do futebol brasileiro.

Além de tradicionais times do Nordeste, do interior de São Paulo, do Centro-Oeste, a Série B mostrou uma penca de times sem torcida, sem camisa, sem estádio, sem história... enfim, sem vergonha!

Não foram poucos os times itinerantes, ou "clubes-empresa", que empestearam a competição.

A começar pelo já conhecido Grêmio Barueri (que já foi Prudente), passando pelo Americana (que já foi Guaratinguetá), até o ex-clube Ituiutaba, de Minas Gerais,  hoje uma filial de indústria de cerveja, chamada Boa Esporte Clube, que abandonou a cidade natal e foi parar em Varginha-MG. Coerente, se pensarmos que lá é um aeroporto para ET's.

O Ituiutaba, de mala e cuia, viajando para Varginha



Isso para não falar dos times de prefeituras, como São Caetano, Salgueiro-PE e Duque de Caxias-RJ, cuja torcida é formada por cargos de confiança das mesmas. Todas, inclusive, frequentaram a parte de baixo da tabela e as duas últimas vão jogar a terceira divisão no ano que vem.

Sem falar no Bragantino, cujo grande momento de sua história, foi quando o Sr. Nabi Abi Chedid mandava muito no futebol brasileiro, além de sua participação nada especial na política.




A chapa vai esquentar! 


No fim das contas, venceu a tradição, a camisa, a força das torcidas. Estão de volta, para alegria de quem gosta de espetáculo nas arquibancadas, o Náutico, a Ponte Preta e o Sport, que conquistou o acesso na última rodada, debaixo de uma chuva torrencial em Goiânia, contra o Vila Nova.

Adivinhem: um clube alvinegro paulista, que lota seu estádio, e não dependeu de governo nenhum para tê-lo? 
Dica: óbvio que não é o Corinthians!


Se fosse para ficar perfeito, além do clássico pernambucano, faltou o Vitória subir para ter Ba-Vi, no ano que vem. Mas não tinha lugar pra todo mundo.

Embora, do jeito que ficou, tá de bom tamanho.

Parabéns à dupla do Recife, à Macaca e, em especial, à Portuguesa!

Sejam bem-vindos novamente!


Valeu,

Bruno Porpetta


quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A cadeia alimentar no capitalismo da bola

O Flamengo, ao contratar Ronaldinho Gaúcho, fez um baita negócio.

Trouxe uma estrela pentacampeã mundial em 2002, duas vezes eleito o melhor jogador do mundo e, aparentemente, disposto a retomar seus melhores momentos para voltar à seleção brasileira. Tudo isso, pagando a menor parte do salário astronômico do craque (cerca de 1,8 milhão de reais). O restante, ficou a cargo da parceira do clube, a tão conhecida, quanto nefasta, Traffic.

O acordo garantia aos dois parceiros os saldos e dividendos do uso da imagem do craque, além da obtenção de patrocínios na camisa.

Acontece que, não se sabe exatamente o porquê, o Flamengo passou meses sem um patrocinador master (frente e costas da camisa). Talvez porque Ronaldinho não teve exibições de gala até então, o que não favorecia que as empresas chegassem ao valor pedido pelo clube. Ou até porque o valor pleiteado era muito alto mesmo, e ninguém tinha cacife para tal benevolência.

Ronaldinho parado na esquina, à espera do seu dinheiro



De qualquer forma, a Traffic era responsável por intermediar as negociações, arrumar parceiros e viabilizar os contratos. Não conseguindo, entrou outro personagem na história: Ronaldo, um fenômeno, agora, do marketing esportivo.

Quem acabou fazendo o meio-de-campo entre Flamengo e a Procter & Gambler, foi a empresa de Ronaldo, aquela de nome esquisito que mistura números e letras, pronunciando o consagrado número da camisa do craque em inglês.

Pois bem, sendo outro contrato, com outro mediador, a Traffic levou uma "volta" do Flamengo.

Mas como nos negócios, nada fica de graça, a Traffic deu o troco. Trocou a direção que, por sua vez, resolveu rever algumas questões da parceria com o Flamengo. Pronto, o rubro-negro tinha um problema.

A 9ine é uma máquina de negócios inexplicáveis




Ronaldinho está sem receber a parte da Traffic há quatro meses. Seu ordenado está em "miseráveis" 250 mil reais mensais e, coincidentemente, seu futebol caiu na mesma proporção.

Assis, o irmão-malandro-empresário, só dá evasivas a respeito da permanência de Ronaldinho no Flamengo. Diz-se de uma proposta do Panathinaikos, da Grécia, animado por investidores do Oriente Médio. E, em se tratando da Grécia, nem podia ser diferente.

Em primeira mão, achamos o dinheiro do Ronaldinho!



Agora, o Flamengo é o sexto lugar do Brasileirão. Está fora da zona de classificação para a Libertadores, objetivo maior no momento.

Não cabe discutir se a colocação do Flamengo no campeonato, condiz com o tamanho do investimento feito. Apesar de revelar o pior custo-benefício, falando estritamente de futebol, dentre os primeiros colocados na competição.

Cabe questionar: alguém torce pela Traffic? Ou pela Procter & Gambler? Pela 9ine? Até pelo Assis?

A resposta para todas estas é a mesma: não!

Por outro lado, o Flamengo tem quase 40 milhões de torcedores. E nenhum deles tem nada a ver com esse come-come de interesses econômicos. Só querem que o cara volte a jogar bem.

Alguém paga o preço?


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Muito Além do Cidadão Kane

O documentário da BBC inglesa, produzido em 1993, é um clássico da luta pela democratização na comunicação brasileira.

Uma grave denúncia, que degustamos dia-a-dia, até os dias de hoje.

De lá pra cá, para os senhores da Rede Globo, nada mudou. Apesar da ameaça chamada Record, a liderança da vênus platinada continua ampla.

Em compensação, como teve gente que mudou... e como mudou!

Algumas cenas são emocionantes, outras transmitem a ideia de asco que tínhamos de um tempo que não deveria mais voltar, nunca mais!

Confesso que tenho dificuldades em aceitar o monopólio da Globo sobre o futebol brasileiro, que me é tão caro.

E caro, em todos os sentidos! Tanto na relevância que exerce na minha vida, quanto no preço que este monopólio, em conluio com outros personagens nefastos do tal "mundo do futebol", me cobra para poder acompanhá-lo.





Eu, e outros milhões de torcedores!

Porque, antes de começar a escrever sobre futebol, eu era apenas um torcedor.

Como todos, diga-se de passagem!

Recomendo que assistam ao vídeo, que dura pouco mais de 90 minutos (olha, quanta coincidência!), e ilustra bem tudo aquilo que o país não deve ser. Um instrumento lucrativo para interesses de poucos, e uma tortura eterna para muitos.


Valeu,

Bruno Porpetta

domingo, 20 de novembro de 2011

Futurologia de ocasião

O Campeonato Brasileiro chegou à sua reta final. Mas final, final mesmo.

Dizem que a tal reta final são as últimas 10 rodadas, mas há oito rodadas atrás, não era possível afirmar nada. Agora já dá pra tirar algumas conclusões. Ao menos, impressões menos abstratas.

Com duas das quatro vagas de classificação para a segunda divisão do ano que vem definidas, só restam duas para seis clubes. O Palmeiras, que rolou barranco abaixo no returno, com uma vitória, depois de nove jogos sem êxito, enterrou qualquer possibilidade de queda. Diante disso temos os três Atléticos - Mineiro, Goianiense e Paranaense - Bahia, Cruzeiro e Ceará.



O time de Goiânia, depende apenas de um simples empate em dois jogos. Enfrenta o desinteressado Grêmio (fora) e o já rebaixado América-MG (casa). Livrar-se do rebaixamento é uma questão de veredito, só falta assinar.

A torcida do Galo e do Tricolor de Aço estão alertas, mas não é nada desesperador.

O Atlético-MG enfrenta o combalido, mas ainda vivo na luta por uma vaga na Libertadores, Botafogo (casa) e o clássico contra o Cruzeiro, na Arena do Jacaré, mas com mando da Raposa (em Minas, só entra a torcida mandante). Já o Bahia sai para jogar contra o Santos, que a esta altura só pensa no Mundial, e encerra contra o Ceará, em Pituaçu. O caminho do Tricolor é um pouco mais tranquilo, mas os dois devem escapar.

A disputa das duas vagas deve se dar mesmo entre Cruzeiro, Ceará e Atlético-PR.

O Cruzeiro pega o Ceará, no Presidente Vargas, além do clássico mineiro. Este confronto direto é uma decisão de título para ambos, mas a camisa deve pesar, além de jogadores de maior qualidade. Uma vitória cruzeirense pode salvá-lo, desde que o Atlético-PR não vença o jogo contra o rebaixado América-MG, em Minas.

Se for pra apostar, o Cruzeiro deve se safar. Mas quem pode apostar em um time com exibições tão fracas?

A outra grande briga é pela Libertadores. Restam, igualmente, duas vagas em disputa. Por ela brigarão, em tese, seis clubes. Sendo eles o Internacional, Figueirense, Flamengo, São Paulo, Botafogo e Coritiba.



Flamengo e Inter podem se matar na próxima rodada. O jogo acontecerá em Macaé, com mando do Flamengo, mas do ponto de vista do futebol jogado, além da arrumação tática, o Inter leva certo favoritismo.

A torcida do Flamengo aguarda até hoje que seus valiosíssimos craques decidam os jogos. A dúvida é se continuarão esperando, ou se, enfim, o investimento feito no time seja, em parte, compensado. Em parte porque, pelo tamanho do investimento, o rubro-negro deveria estar mais próximo do topo da tabela. Se não arrumar, ao menos, a vaga na Libertadores, restará o título de pior custo-benefício do campeonato. O encerramento será contra o Vasco, e é saudável pensar, tanto para um quanto para o outro, que não dependam do clássico para garantir seus objetivos.

O Inter, além de sair para enfrentar o Flamengo, tem Gre-Nal na última rodada. O Grêmio já está confortavelmente sem aspiração nenhuma a nada, que não seja tirar o rival da Libertadores.

Outro que vem no embalo é o São Paulo, que joga dois clássicos nas rodadas derradeiras, contra Palmeiras e Santos. E já dizia Jardel: "Clássico é clássico, e vice-versa".

O Figueirense, que vinha numa boa, agora pega o líder Corinthians, no Orlando Scarpelli, além do clássico estadual com o Avaí. O primeiro vem babando pelo título, o segundo, sem maiores compromissos, só quer babar a Libertadores do rival. Se complicou com a derrota, em casa, para o Fluminense.

O Botafogo vem cambaleando e tem, além do clássico na última rodada, enfrenta fora alguém disposto a não cair, e que tem jogado pra isso. O clube da estrela solitária teve a "brilhante" ideia de demitir o treinador Caio Júnior a três rodadas do final, mas não resolveu seus problemas, perdeu de novo, e agora tem que vencer os dois jogos. Não parece provável.

O Coritiba, apesar das chances matemáticas, precisa vencer o rebaixado Avaí, o que é bastante possível, e depois o Atlético-PR, na Arena da Baixada, além de uma combinação de resultados. Rebaixado ou não, o clássico será uma parada duríssima. A Libertadores, no momento, parece um sonho.

A disputa menos movimentada é a do título.



Matematicamente, três times têm chances. Pragmaticamente, apenas dois.

Vasco e Fluminense se matam na próxima rodada, e o Corinthians pode se sagrar campeão já na semana que vem. Basta vencer o Figueirense, e torcer contra o Vasco.

Enquanto os tricolores ainda precisam de um tropeço corinthiano, além de vencer o clássico, ao Vasco restou a vitória como única alternativa. Seria a única maneira de protelar a decisão do título para a última rodada, e aí decidirá contra o Flamengo.

O Corinthians encerra contra o Palmeiras, que o derrotou no turno. Não parece que dará tanto mole desta vez.

Resumindo: o Corinthians está com uma mão na taça. Se vai colocar a outra, nem Deus sabe.

Mesmo com linhas mais definidas, este campeonato primou pela esquizofrenia na tabela. Se precisar botar dinheiro em tudo o que está escrito aqui, tô fora!


Valeu,

Bruno Porpetta


O videotape é burro?

Nelson Rodrigues dizia que o videotape é burro. Além de uma forma, bastante peculiar, de afirmar suas convicções sobre determinado lance, é parte do anedotário do futebol brasileiro.

Este vídeo, produzido por torcedores do São Paulo FC, apesar do "patriotismo tricolor", é um interessante elemento questionador do famoso tira-teima, da emissora que exerce o monopólio sobre os direitos de transmissão do futebol brasileiro e, além das novelas e telejornais, constrói suas próprias realidades também no esporte mais popular do país.





Valeu,

Bruno Porpetta

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Quem é o afoito?

Neste lance, do jogo entre Internacional e Bahia, no Beira-Rio, o lateral esquerdo Dodô, do tricolor baiano, se despediu do Campeonato Brasileiro.

Foi do estádio direto para o hospital, e de lá saiu de muletas.

Bolívar, o autor da tentativa de homicídio, afirmou que Dodô "chegou um pouco afoito na bola".

O zagueiro colorado deve estar falando do próprio espelho, imagina-se.





O árbitro Paulo César de Oliveira marcou jogo perigoso, com tiro livre indireto (a famosa falta em dois lances) e aplicou cartão amarelo ao zagueiro.

Chamem o delegado e prendam os dois!


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A nossa "democracia"


Para quem não sabe, o "Blog do Paulinho" foi quem apresentou várias informações sobre as atividades nada peculiares de Ricardo Teixeira e Carlos Arthur Nuzman.


12 de novembro de 2011

Desde o último dia 09 de junho, por decisão judicial, que contraria a Constituição do Brasil, o “Blog do Paulinho” encontra-se censurado para acesso pelos provedores deste país.
No exterior, não sofremos restrições.
Ingressamos, há meses, com recurso solicitando a reparação da injustiça, e aguardamos, pacientemente, pela decisão dos desembargadores.
Os mais prejudicados são os leitores que acessam a internet pela “NET”, que nos bloqueia desde que a decisão foi pronunciada.
Em contrapartida, os usuários do “Speedy”, da Telefônica, continuam nos acessando normalmente.
Para os que estão sendo tolhidos de seus direitos de ler nossas informações, onde e quando desejarem, a alternativa é acessar por intermédio de sites que desbloqueiam o travamento.
Entre eles o “anonymouse”.
Basta acessar http://anonymouse.org e digitar, quando solicitado, o endereço http://blogdopaulinho.net, para ter o acesso restabelecido.
Não é a melhor maneira, mas é a alternativa possível neste momento.
Assim que a decisão do recurso for promulgada, publicaremos nesse espaço, e tomaremos as providências cabíveis para reparação.




Valeu,




Bruno Porpetta

domingo, 13 de novembro de 2011

O sorriso do lagarto

Assistindo ao show de Peter Gabriel, no festival SWU, pela televisão, a execução de Mercy Street me fez lembrar.

Lembrei-me imediatamente da minissérie O Sorriso do Lagarto, pela TV Globo, e com a Vera Fischer.

Em meados de 1991, estava entre 11 e 12 anos de idade. A idade onde as paixões começam a florescer, e Vera Fischer estava linda!

Bons tempos, no sentido mais fútil, para uma geração inteira!






Mas de lá pra cá, o mundo piorou bastante.

Hoje, naturalizamos a presença de militares em toda a parte. Sejam nas favelas ou universidades, a presença da mão forte do Estado é clamada, como se não tivéssemos passado 20 anos sob o jugo desta mesma mão. E a rejeitamos!

É de se pensar sob esta ótica, mesmo em uma ocupação de favelas, geralmente dominadas por facções criminosas.

Assim como alguns tem se indignado com a presença da Polícia Militar na USP, devem olhar para os dois lados.

As forças de repressão militares, sejam municipais, estaduais ou nacionais, retornam a um controle social, respaldados pelas elites, tal como em 64, nos mais diversos setores da sociedade.

Portanto, é bom ter cuidado. Não precisamos viver mais 20 anos com medo.


Valeu,

Bruno Porpetta

sábado, 12 de novembro de 2011

Basta ser inteligente

O anúncio da renovação contratual de Neymar com o Santos, não pode ser analisada somente pela importância da manutenção dos nossos craques por aqui, menos ainda pelo vultuoso salário percebido pelo craque alvinegro praiano.

O presidente do Santos FC, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, se destaca no mar de dirigentes que temos no futebol brasileiro, por algo raro neste meio. Não é nada muito especial, ele só é inteligente.

Há de se ter flexibilidade com os craques


O Peixe não está entre as cinco maiores torcidas do pais, não recebe as maiores fatias da grana dos direitos de transmissão, mas consegue se colocar no cenário, onde impera a audiência e o consumo, entre os favoritos da mídia.

Diferentemente dos demais clubes, que fazem contratações bombásticas, privilegiando o marketing do clube, mas que podem dar certo no campo, o Santos não compra ninguém, mas tem o maior craque, e ídolo, do Brasil na atualidade.

Neymar, também, é um grande negócio


Mas não só isso. Montou o melhor time do Brasil na temporada, sem gastar rios de dinheiro.

Contratou até, em algumas situações, jogadores desvalorizados em seus clubes. Mas a lógica do marketing do Santos, não está em seus jogadores, apesar do craque Neymar. Está no futebol jogado.

O Santos nos vende o bom futebol. E para quem andava com saudades disso, tá aí uma grande jogada de marketing!    

E assim vemos torcedores, de vários clubes, torcendo contra ou a favor, assistindo aos jogos do Santos. Aos jogos de Neymar. Aos jogos daquele time, que ainda será recheado com a volta de Paulo Henrique Ganso.

Se Ganso retornar bem, para o Mundial Interclubes, o Santos é sério candidato a aprontar uma surpresa para cima do Barcelona. Surpresa, obviamente, porque o Barcelona é amplo favorito.

Ganso: uma incógnita


E mesmo que perca, o Santos fará um grande jogo contra o Barcelona. O mais aguardado do ano!

Com certeza, um bom negócio.

Não se trata de dar, a um dirigente, uma importância maior do que ele tem. Mas sim, que apesar de ser um dirigente, sujeito a paixões, e um empresário, ou seja, com objetivos claros como os que caracterizam essa condição, o lucro, ele é diferenciado com relação à média dos dirigentes de outros clubes.

Suas mazelas passam, necessariamente, por um bom acordo com o todo-poderoso da máfia do futebol brasileiro, Ricardo Teixeira.

Mas é inegável que o proposto por ele, um futebol de excelência, em meio a escassez de recursos é, no mínimo, bastante interessante.


Valeu,

Bruno Porpetta

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Um herói tricolor

Diferentemente das histórias em quadrinhos, desenhos animados ou filmes, construímos imagens de heróis a partir de demonstrações de solidariedade, cuidado com o próximo e, mais ainda, com o coletivo.

Eles não tem poderes especiais, não disparam raios laser, muito menos voam. Mas praticam algo que a humanidade, às vezes, parece ter perdido.

No futebol, os heróis se constroem de três maneiras, basicamente. Pegando pênaltis, ralando as nádegas no chão e, principalmente, marcando gols.

E foi assim, com gols, em grande quantidade e relevância, que Ézio Leal Moraes Filho se tornou um super-herói da torcida do Fluminense. O Super Ézio!

O apelido, cunhado por Januário de Oliveira, pegou e, desde então, Ézio ganhou maior notoriedade por seus feitos.





Não era nenhum craque de bola, mas um atacante muito inteligente e voluntarioso. Acabou se tornando ídolo tricolor, em um período onde faltavam ídolos no futebol carioca.

Lutou contra o câncer desde 2010, e agora descansará.

Entrará na galeria eterna de personagens importantes do futebol no Rio de Janeiro, mas especialmente em uma parte dos corações tricolores.

Super Ézio era um herói que, por diversas vezes, teve o poder de dar alegrias com seus gols. Afinal de contas, como diria o mesmo Januário: "É disso que o povo gosta!"

O vídeo acima, é uma homenagem ao artilheiro que está rolando no YouTube. Merecida!


Valeu,

Bruno Porpetta

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Polícia para quem precisa

O baixo nível que tomou conta das redes sociais, impulsionado pela grande mídia, trata a questão das ocupações na Universidade de São Paulo (USP) como ações de "desocupados", "mimados" e, fundamentalmente, "maconheiros" que desejam a ausência da Polícia Militar nos Campi, tão somente, para queimar o orégano livremente.



É pertinente a posição de Rodrigo Vianna, em seu blog Escrevinhador, que defende não somente a entrada das forças policiais militares na USP, mas também a entrada da própria população, cuja universidade é um mundo estranho a ela.

Isolada por muros, de fato, a USP é um enorme bicho que se retroalimenta. Vive uma dinâmica muito particular, onde o acesso é, na prática, negado a amplos setores da sociedade. Majoritariamente, os "negados" são negros e pobres.

O uso do espaço da universidade, que é pública, por parte da população que, na mesma proporção sócio-racial, não consegue estudar lá, é restrito. A USP se torna, desta maneira, um outro planeta que, em sendo quase desabitado, é propício a atos de violência.

Até mesmo o seu movimento estudantil, há muitos anos, bastante combativo, possui várias peculiaridades. Apesar de, no momento, ser irrelevante esmiuçar a complexa atuação de suas forças internas.

Os próprios estudantes são vítimas de inúmeros casos de violência, tanto interna ao Campus, quanto em suas proximidades. Foram cometidos vários crimes, desde pequenos furtos, até homicídios e estupros.

Mas não é de hoje que a Reitoria da universidade, e o governo de São Paulo, são avisados por este mesmo movimento estudantil, hoje tão hostilizado, sobre o problema da segurança.

De qualquer forma, é bastante complicado dizer à sociedade que esta segurança não se dá com a presença da polícia. Embora as proposições feitas, até o momento, pelos estudantes, sejam de simples solução. Mais iluminação, maiores investimentos no transporte interno, interligando-o à própria cidade, entre outras questões foram levantadas.

Eis que o reitor João Grandino Rodas, persona non grata em sua própria faculdade, abriu os portões da USP para a Polícia Militar.

E até o presente momento, temos 75 pessoas detidas. Nenhuma por furto ou roubo, nenhuma por homicídio, nenhuma por estupro.

As três primeiras foram por um baseado, e as outras 72 por ocupar a Reitoria.





Quanto aumentou a sensação de segurança da comunidade uspiana, com a prisão destes 75 perigosos elementos que consomem uma planta, ou reivindicam suas questões? Nada!

Podemos até refletir se esta era, ou não, a melhor forma encontrada para protestar, mas é uma questão que, em uma universidade que se pretende livre e produtora de conhecimento, deve ser discutida pela própria comunidade acadêmica.

É absolutamente possível, coadunar a liberdade necessária para que a vida acadêmica se viabilize, com a presença da polícia. O que é importante discutir, é o papel que a polícia deve cumprir na universidade.

Esta mesma liberdade, hoje reivindicada pelos estudantes, porém taxada de "vandalismo" e "drogadição", foi responsável por significativas pesquisas científicas no país, relevantes contribuições à compreensão do que é o Brasil e como sua sociedade se organiza. E tudo isso, com gente deitada nos vastos gramados ali existentes, fumando maconha, se embebedando e fazendo festas. É assim, desde os tempos de Florestan Fernandes.



Quem precisa de polícia? Os "vândalos" e "maconheiros", ou as vítimas diárias de violência?

Derrubar os muros da USP, tornando-a mais acessível à população, aumentando o fluxo de pessoas em suas ruas e prédios, não torna o lugar mais seguro?

Estas são questões que a sociedade e, em especial, a comunidade uspiana, deve refletir.

As adjetivações conservadoras não contribuem em nada com a solução do problema da violência. Pelo contrário, acabam criando outros problemas que, inclusive, colocam em risco as noções de democracia e civilidade que temos.


Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Aos 94, com corpinho de 19...

A Revolução Russa é o fato histórico mais relevante do século XX. Sem dúvida alguma!

Se pensarmos nas duas grandes guerras mundiais, não podemos desprezar sua relevância do ponto de vista histórico. Mas nenhuma delas partiu do povo. Nenhuma originou-se da enorme massa de oprimidos. Pelo contrário, trucidou-os.

A Rússia, em 1917, era um país atrasado em relação ao restante da Europa, com 1,5% de seus trabalhadores nas indústrias. O restante, nos campos.

Com atuação decisiva dos comunistas, apoiados, inicialmente, pelos sovietes operários, aos quais se somaram os camponeses, dentre outros setores, a Revolução soterrou o czarismo e seus exércitos oficiais. Do lado dos revolucionários, somente (muita) gente disposta a ter uma vida melhor, sob a insígnia de "Pão, paz e terra!".

E a vontade derrotou o Estado! Tomou-lhe o poder das mãos! E seguiu em frente.



Do filme Oktober, de Sergei Eisenstein, um gênio do cinema russo


A Revolução Russa é uma grande vitória do povo trabalhador, que criou as condições políticas necessárias para que outras acontecessem. No Leste Europeu, na China, em Cuba.

As ideias que inspiraram-na, mesmo que posteriormente distorcidas por um capitalismo de Estado praticado por Stalin e seus seguidores, continuam vivas.

Mais atuais do que nunca, em tempos onde o capitalismo revela seu fracasso enquanto projeto de organização da sociedade a cada dia, em cada continente, em cada país.

A Revolução que transformou a Rússia, de um país rural a uma grande potência mundial, mesmo com suas contradições, é o levante popular mais exitoso da história.

Por tudo isso, a Revolução chega aos 94 anos, mas com corpinho de 19.

E outros outubros hão de vir...


Valeu,

Bruno Porpetta

sábado, 5 de novembro de 2011

Reencontro

Antes, foram 14 anos de espera.

O Pearl Jam nunca havia se apresentado no Brasil. Em 2005, com shows em Porto Alegre, Curitiba, São Paulo (2) e Rio de Janeiro, pela primeira vez eu assistiria a banda que significava minha adolescência, e até hoje significa parcela importante da minha vida.

Nos dias 2 e 3 de dezembro de 2005, vivi duas noites de catarse, individual e coletiva, no estádio do Pacaembu.

Lembro-me que, aos 26 anos de idade e já trabalhando em um banco, muito antes da onda de moicanos no futebol, fiz o meu para o show do Pearl Jam. A diferença é que, dos cabelos que sobraram, os fios tinham uns 30 cm de comprimento. Passei dois meses indo ao trabalho com aquele corte.

Daquele tempo, restaram meu amor pela banda, meu emprego e as lembranças eternas daquelas duas noites.

Se me recordo de Eddie Vedder deixar a execução de Betterman por nossa conta, igualmente me vem também à memória eu, junto a grandes amigos, como os jornalistas Pedro Malavolta e Henrique Costa, cantando abraçados e em lágrimas a belíssima Crazy Mary.

Amanhã, dia 6 de novembro de 2011, seis anos após aquelas noites de sonho, chegou a hora de, mais uma vez, escrever uma parte relevante da minha história.

No palco da Apoteose, minha nova casa, reencontrar-me-ei com a banda que, na minha opinião, é a melhor daquele maravilhoso movimento de Seattle, dos primórdios dos anos 90, que costuma se chamar de Grunge.

O vídeo abaixo é, para mim, além de um clipe musical, uma denúncia.

Com animações feitas por Todd McFarlane, o criador de Spawn, a faixa Do the Evolution, do quinto disco da banda, chamado Yield, significou o retorno do Pearl Jam ao mundo dos videoclipes, e se tornou um dos maiores clássicos da galera de camisas quadriculadas de flanela e jeans rasgados.

Em tempos de gente que se diverte com a doença alheia, de gente que coaduna com ameaças a vida de outrem por um punhado de votos, de gente que lucra bilhões moendo seus trabalhadores e inutilizando-os para a própria vida, é um alerta.





Para uns, dentre os quais me incluo, além da própria banda, é o caminho para a barbárie.

Para outros, It's evolution, baby...


Valeu,

Bruno Porpetta

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Pai Santana e o possível duelo com Deus


Nos obituários dos jornais de quarta-feira, apareceu o nome de Roberto Santana, que aos 77 anos de idade, deixava família, amigos e toda uma torcida em luto.

Morreu Pai Santana, ex-massagista do Vasco. Um caso raro de dedicação e amor por um clube.



Muito mais que um simples massagista, até porque o foi por 50 anos no clube, o que eleva sua condição diante de um futebol a cada dia mais "profissional", mas fundamentalmente um apaixonado pelo Vasco da Gama.

Sua breve passagem pelo Bahia - absolutamente coerente, se pensarmos sua devoção às entidades da Umbanda - deu ao tricolor soteropolitano o título brasileiro de 1959, vencendo o Santos de Pelé, que não jogou o terceiro e decisivo jogo da final. Ele havia estufado a rede baiana nos dois jogos anteriores.

Mas sua vida foi inteira dedicada ao Gigante da Colina. Seu nome ficará eternamente gravado na galeria de ídolos da torcida vascaína, embora ele nunca tenha jogado pelo time.

E que fique bem claro, só não jogou ou se tornou presidente. Porque já foi até treinador do time, durante um torneio disputado em Curitiba, no ano de 1974. Foi campeão, mas jurou que nunca mais se sentaria no banco comandando a nau vascaína.

Imaginemos o porquê!

Sua imensa torcida é bem feliz, e deve muito a Pai Santana.

Segue abaixo, transcrição da nota oficial do Club de Regatas Vasco da Gama:

“A família vascaína está de luto. Morreu na manhã desta terça-feira (01/11/2011) Eduardo Santana, o Pai Santana, meu amigo e símbolo do Vasco da Gama. Santana faleceu aos 77 anos, depois de muita luta. Um dos precursores da massagem profissional no Brasil, assim como o Vasco, meu grande amigo também fez história.

Já era difícil falar dele sem me emocionar, quando ainda estava entre nós, por conta de sua dedicação profissional e amor ao clube. Não foram poucas as vezes que, quando lesionado, ele ia a minha casa me ajudar na recuperação. Mais do que um massagista dos bons, Pai Santana era um conselheiro. Principalmente para os mais jovens que, assim como eu, chegavam ao clube cheio de sonhos, mas ainda despreparados para aguentar todas as adversidades da carreira de jogador de futebol. Com mais de 50 anos de Vasco, Pai Santana acompanhou de perto as principais glórias do clube. Por suas mãos passaram várias gerações de craques, que fizeram nosso Vasco ainda mais gigante.

Por conta de toda uma vida dedicada à cruz de malta, não poderia deixar de prestar aqui esta homenagem a um vascaíno de verdade e também solidariedade a seus familiares nessa hora de muita dor e saudade para toda a enorme família vascaína. Descanse em paz, Pai Santana.

Roberto Dinamite, Presidente do Club de Regatas Vasco da Gama”


Leia mais: http://extra.globo.com/esporte/vasco/morre-pai-santana-ex-massagista-do-vasco-aos-77-anos-2968676.html#ixzz1cbVD8wFS



Não se vai apenas um grande torcedor do Vasco, sim uma parte do futebol brasileiro e, em especial, carioca.

E agora, poderá tirar a prova sobre o que já afirmou: "Se Deus disse que é mais vascaíno do que eu, vai dar uma briga muito boa!".




Valeu,

Bruno Porpetta

terça-feira, 1 de novembro de 2011

É pra ficar bolado... mas não acabou!

Não bastam as infames piadas e gracinhas sobre a notícia da doença de Lula, agora um deputado estadual precisa se retirar de seu país para poder preservar a própria vida.

O caso de Marcelo Freixo (PSOL/RJ) - que inspirou o personagem do filme Tropa de Elite 2, o deputado Fraga -, ameaçado de morte por diversas vezes pelas milícias, que controlam a zona oeste do Rio, somado à reação sobre, no fim das contas, um homem com câncer, acima de qualquer coisa, é para preocupar.



Além disto, a naturalização da imagem de um homem morto, todo desfigurado, como exemplo de bons modos impostos por países ricos, é mais uma das bizarrices que somos obrigados a assistir na televisão, ou pela internet.

Remoções autoritárias nas favelas do Rio de Janeiro, por conta dos Jogos Olímpicos, além do desrespeito a trabalhadores nas obras da Copa, em todo o país, aceitas por parcela significativa da mídia e, em alguma medida, também a sociedade.

Tais posições reforçam a condição de quem caminha à barbárie. Onde chegamos a um nível de intolerância, a tudo que vai de encontro aos interesses dos donos do mundo, e do Brasil, insuportável.

O patrocínio, por parte do poder público, de milícias organizadas para achacar a população das favelas, sob um suposto combate ao tráfico, que mata pessoas nas mesmas todos os dias, é vergonhoso.

Se o sinal de alerta foi aceso pelo governo do Rio de Janeiro, no caso da morte da Juíza Patrícia Acioli, agora um membro do Legislativo carioca está com a cabeça a prêmio. Por que tamanha passividade?

Conivência? Incapacidade de lidar com o problema criado pela própria instituição? Uma crescente adesão da classe média ao isolamento da miséria? Tudo isso junto e misturado?

Não se trata mais de discutir a notícia A ou B, se trata de uma questão de humanidade. Esta, que parece meio esquecida, meio deixada de lado, por valores integralmente individualistas, começa a provar do veneno inoculado pelos ideólogos do acúmulo de capital. Para as elites, a vida vale muito pouco, porque ela não se vende, só interessa o que se pode vender.



Daí, são também advindas as galhofas a um homem com câncer, independente da figura de Lula, ex-presidente da República. Um estranho e mórbido prazer, com algo tão mesquinho como uma mera disputa política, dada no âmbito da luta pelo Planalto, tão somente.

Uma Copa do Mundo que retira as pessoas de suas casas, tratado como política pública, também evidencia uma certa falência moral, do ponto de vista humano.

Felizmente, hoje se vê alguma ação que, embora ainda insipiente, ganha o noticiário e cada vez mais adesões no mundo.

Somos parte dos 99%, ao que consta


Mesmo que a grande mídia não dê muita pelota, alguém sempre fura o bloqueio da mesma, e a coisa cresce, como diria Chico: "Apesar de você, amanhã há ser outro dia...".

Preocupa, mas a esperança ainda persiste... e não podia ser diferente.


Valeu,

Bruno Porpetta