terça-feira, 29 de novembro de 2011

O "ame-o ou deixe-o" do nosso futebol

O homem que fala no vídeo abaixo é Claudio Coutinho, cuja morte completou 30 anos no domingo (27/11), e teve missa em sua homenagem, realizada na sede do Flamengo.

Não desconsidera-se sua relevância como treinador, levando à formação do maior time da história do clube. Foi com ele que o Flamengo ganhou a Libertadores da América e, posteriormente, com a base do time montada, conquistou o mundo com Carpegiani no comando.

Por outro lado, é importante lembrar o papel cumprido por ele, juntamente a Mário Jorge Lobo Zagallo, Carlos Alberto Parreira, Admildo Chirol e Lídio Toledo, na década de 70, durante a ditadura militar, na seleção brasileira.

Os cinco conformaram uma espécie de intervenção do regime na seleção, até então comandada por João Saldanha, para a disputa da Copa de 70, no México.

Sagramo-nos campeões, com a bênção de craques como Pelé, Tostão, Gerson, Rivellino, Jairzinho, Carlos Alberto e Clodoaldo. E a presença imposta, embora negue-se até a morte, de Dario, querido por Médici.

Depois, com os cinco de asas mais soltas, amargamos uma derrota fragorosa para a Holanda, em 74.

Mesmo após o fim do regime, os nomes citados se tornaram presença constante na seleção, com idas e vindas, de um ou de outro.

Homens de confiança de João Havelange, que também tinha lá suas ligações com a ditadura militar, tocaram o projeto da seleção adiante. Com exaltações patrióticas, devidamente avalizadas pela Globo, chamavam a torcida a reivindicar a "pátria de chuteiras", esquecendo-se de suas próprias mazelas, nem que somente por um mês, o mês da Copa.





No vídeo, exibido no Fantástico, Coutinho faz o seu "Brasil: ame-o ou deixe-o!", convocando a torcida a entrar em campo com a seleção brasileira. Às vésperas de se tornar o "campeão moral" da Copa mais imoral da história, em 78, na Argentina.

A Copa que varreu pra debaixo do tapete os milhares de mortos e desaparecidos políticos, perseguidos pela ditadura portenha. Com a anuência do Brasil, que passava por momento semelhante, e também de Claudio Coutinho.

Não pode ser digno de homenagem, um pedaço tão nefasto da nossa história. Encarnado na figura do Capitão de Artilharia, Claudio Pecego de Moraes Coutinho.

Deixemo-as para o Pelé de 70, ou o Zico de 81. Eles merecem!


Valeu,

Bruno Porpetta

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Bruno Porpetta