sábado, 26 de novembro de 2011

Barcelusa e a tradição de volta à elite

Hoje, encerrou-se a Série B do Campeonato Brasileiro. Também conhecida, entre os íntimos, como segunda divisão.

Não havia nenhum clube gigante na edição deste ano, leia-se os quatro de São Paulo, os quatro do Rio, os dois de Minas e os dois gaúchos.

Portanto, para a mídia, não havia interesse em mostrar uma competição, em TV aberta e rede nacional, que abrangeria os abnegados luso-descendentes paulistas, os apaixonados rubro-negros baianos, tal como os pernambucanos e seus arquirrivais alvirrubros, assim como alviverdes e os vermelhos goianos, e a eterna rivalidade caipira entre pontepretanos e bugrinos.

Mas foi aí, na segundona, que vimos a grande inovação tática do ano, coroada com o primeiro título nacional de sua história, e um futebol muito mais próximo do nosso, que com sua matriz ancestral. A Associação Portuguesa de Desportos, três vezes campeã paulista e duas vezes do Torneio Rio-São Paulo, que ostentou craques como Djalma Santos, Julinho Botelho, Ivair, Enéas e Dêner, agora também tem seu troféu em âmbito nacional.

Festa portuguesa, com futebol catalão



Um time sem volantes brucutus, mas bastante solidário na marcação. Com jogadores descartados em clubes maiores, mas que jogaram o fino da bola, dentro do que "permite" a competição. Uma bela mistura de técnica, tática, raça e paixão, comandada por Jorginho, surpreendeu tanto que, além do título, teve o melhor aproveitamento da história dos pontos corridos na segundona e ganhou o apelido de Barcelusa.

A média de público foi a de costume ao longo da história da Lusa, ou seja, pouca gente. Apesar disso, sobra paixão para aquela turminha atrás do gol à direita das cabines de TV e rádio, e eis mais um time para entrar na história do clube.

Para todos os outros, o grande troféu era o acesso à elite do futebol brasileiro.

Além de tradicionais times do Nordeste, do interior de São Paulo, do Centro-Oeste, a Série B mostrou uma penca de times sem torcida, sem camisa, sem estádio, sem história... enfim, sem vergonha!

Não foram poucos os times itinerantes, ou "clubes-empresa", que empestearam a competição.

A começar pelo já conhecido Grêmio Barueri (que já foi Prudente), passando pelo Americana (que já foi Guaratinguetá), até o ex-clube Ituiutaba, de Minas Gerais,  hoje uma filial de indústria de cerveja, chamada Boa Esporte Clube, que abandonou a cidade natal e foi parar em Varginha-MG. Coerente, se pensarmos que lá é um aeroporto para ET's.

O Ituiutaba, de mala e cuia, viajando para Varginha



Isso para não falar dos times de prefeituras, como São Caetano, Salgueiro-PE e Duque de Caxias-RJ, cuja torcida é formada por cargos de confiança das mesmas. Todas, inclusive, frequentaram a parte de baixo da tabela e as duas últimas vão jogar a terceira divisão no ano que vem.

Sem falar no Bragantino, cujo grande momento de sua história, foi quando o Sr. Nabi Abi Chedid mandava muito no futebol brasileiro, além de sua participação nada especial na política.




A chapa vai esquentar! 


No fim das contas, venceu a tradição, a camisa, a força das torcidas. Estão de volta, para alegria de quem gosta de espetáculo nas arquibancadas, o Náutico, a Ponte Preta e o Sport, que conquistou o acesso na última rodada, debaixo de uma chuva torrencial em Goiânia, contra o Vila Nova.

Adivinhem: um clube alvinegro paulista, que lota seu estádio, e não dependeu de governo nenhum para tê-lo? 
Dica: óbvio que não é o Corinthians!


Se fosse para ficar perfeito, além do clássico pernambucano, faltou o Vitória subir para ter Ba-Vi, no ano que vem. Mas não tinha lugar pra todo mundo.

Embora, do jeito que ficou, tá de bom tamanho.

Parabéns à dupla do Recife, à Macaca e, em especial, à Portuguesa!

Sejam bem-vindos novamente!


Valeu,

Bruno Porpetta


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Bruno Porpetta