sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Um último domingo de magia

Segunda-feira, o futebol brasileiro já acordará mais medíocre.

Pela última vez, Alex sairá de sua casa rumo ao Alto da Glória a fim de disputar uma partida como jogador profissional. O menino que saiu do Coritiba, cresceu no Palmeiras, passou pelo Flamengo, se agigantou no Cruzeiro e virou mito no Fenerbahce, da Turquia.



Pela seleção brasileira, nunca nenhum treinador compreendeu a importância de Alex para o futebol. Apesar do título em 2002, é incompreensível sua ausência na lista dos 23 nomes que foram para a Copa. Mas já está provado que o Felipão não gosta de futebol.

Alex é um dos últimos remanescentes de nossa maior carência no Brasil dos atuais tempos. Nos falta um meia que faça o mundo parar de girar, que dite o ritmo do jogo como quem rege uma orquestra.

Seu último ato como craque que sempre foi, é e continuará sendo por toda a eternidade das nossas lembranças sobre o esporte bretão, será enfrentar o Bahia e, lamentavelmente, rebaixá-lo à segunda divisão. Isto após ter garantido a presença do Coritiba na primeira.

Este período no Coritiba serviu para despertar em Alex uma liderança para fora do campo, para além das quatro linhas, que parecia impensável há tempos atrás. O genial camisa 10 do Coxa se tornou uma referência na luta por um futebol melhor para todos, através do Bom Senso FC.

É de Alex a afirmação que a CBF é, para o futebol brasiileiro, uma mera sala de reuniões. Quem manda mesmo é a Rede Globo, que paga a banda e escolhe a música.

Este Alex vindo da Turquia não para de jogar, nem pode. Deve continuar esta luta, mesmo aposentado dos gramados.

Do outro Alex, que parecia tímido, aparentava ser sonolento - o que lhe deu o injusto apelido de Alexotan - fica a genialidade dos lances de rara beleza. A precisão na conclusão, a velocidade de raciocínio, aquele chapéu no Rogério Ceni...

O futebol acordará na segunda-feira menos mágico, ainda mais medíocre. As esperanças de um sopro desta magia continua apenas em Ganso, que não é convocado por Dunga - que também não gosta de futebol.

Diante de tantos treinadores que desprezam a arte em detrimento dos resultados que garantam tão somente os lucros da quadrilha que se apossa do futebol brasileiro através da CBF, o talento tem pouco espaço.

O Brasil parece não querer novos Alex, mas o Brasil precisa de novos Alex. Dentro e fora do campo.


Valeu,

Bruno Porpetta