quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Pode ser um jogaço, mas é só mais um...

Hoje, no Engenhão, o Flamengo recebe o Atlético-MG, em jogo válido ainda pelo turno, depois de adiamento em circunstâncias estranhas.

Após solicitação do Botafogo para que houvesse apenas um jogo em seu estádio por rodada, o Flamengo, não aceitando jogar em Macaé ou Volta Redonda, pediu o adiamento do jogo. Foi atendido, agradeceu a Deus e ao presidente da CBF por isso.

Seria o primeiro confronto entre Flamengo e Ronaldinho Gaúcho, após a conturbada saída do craque do clube. À época, o Galo mineiro era líder do campeonato e não se via jeito de derrotá-lo. Já o Flamengo, era o nono colocado, mas ainda sob a direção de Joel Santana, não conseguia encontrar um padrão de jogo, tampouco uma formação ideal.

A probabilidade de levar uma sacolada do Galo dentro de seus domínios era enorme, e o Flamengo, da já combalida presidente-vereadora Paty Amorim, teria que enfiar a viola no saco e ir pra casa com uma grande dor de cabeça.





Isto posto, o jogo foi remarcado e acontecerá em outras circunstâncias.

O Galo já não lidera mais o campeonato. Apesar de ainda possuir um bom time e apresentar um bom futebol, ficou manjado pelos adversários e a queda foi inevitável. Aposta neste jogo atrasado para encostar no líder Fluminense e permanecer brigando ponto-a-ponto pelo título.

Pelos lados do rubro-negro, a situação é ainda pior. Ocupa atualmente a 14ª posição, está a apenas quatro pontos da zona de rebaixamento e, após uma série de sete jogos sem vitória, conseguiu a duras penas derrotar o lanterna Atlético-GO - fora de casa - na última rodada. Além disso, o time já não é o mesmo. Dali pra cá entraram Cáceres, Liedson, Gonzalez e Cleber Santana. Ou seja, quase meio time modificado, com mais experiência que os jovens recém-promovidos da base do clube.

É possível dizer que o Flamengo foi beneficiado pelo adiamento? Sim, é possível!

Mas, analisando a situação de ambos na tabela, além da própria qualidade do futebol, o resultado ainda está em aberto. Não se pode afirmar uma inversão do favoritismo para o jogo.

Porém, o que é mais espantoso em tudo isso, é o clima de "revanche" da torcida rubro-negra contra Ronaldinho.

É preciso recordar que, a despeito da falta de comprometimento do craque com o clube carioca, este não recebia seus salários e tinha todo o direito de procurar outro lugar onde fosse pago pra jogar. Se o método não foi muito correto, é outra coisa.

Este clima acirrado é alimentado pela mídia, que transforma só mais um jogo pelo Campeonato Brasileiro em uma guerra. Injustificável, diga-se de passagem.

A torcida do Flamengo deve incentivar o time para sair da situação desconfortável que se encontra. E o time deve se preparar para enfrentar o Atlético-MG, não Ronaldinho.

Algo além disso, é bobagem pra vender jornal. Ou pra salvar a pele da dona Paty.


Valeu,

Bruno Porpetta

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Nós somos "pessimistas"?

Este é o vídeo comercial de propaganda de uma cerveja "brasileira" (a AmBev é uma multinacional, com sede na Europa, que adquiriu quase o monopólio das cervejas do Brasil) que trata da expectativa pela Copa de 2014, que será realizada no Brasil.

Há um trecho que classifica os críticos à capacidade brasileira de organizar o evento, ou ao próprio evento em si, de "pessimistas".

Utiliza-se, para isto, inclusive de um bordão celebrizado pelas redes sociais, que satiriza os inúmeros problemas vividos na cidade do Rio de Janeiro, sede da final da competição: "Imagina na Copa?"




O que talvez a AmBev não saiba, ou até saiba mas não interessa mostrar, é que o nosso "pessimismo" deriva de uma série de violações de direitos fundamentais ao povo brasileiro.

Mas para que direitos? Afinal de contas, o importante é nossa grande capacidade em promover grandes festas, consumindo, obviamente, seus produtos.

Enquanto, para a AmBev, tudo não passa de uma grande festa, milhares de pessoas são removidas de suas casas, e porque não dizer, de suas vidas. Arrastadas que são para programas habitacionais muito distantes de seus antigos lares, ocupações profissionais, relações pessoais, etc.

A "grande festa" vem torrando dinheiro público com reformas - ou poderíamos chamar de destruição - de estádios tradicionais, todos moldados à "nova ordem mundial" do futebol. Ou melhor, da FIFA. Isto para não dizer dos elefantes brancos construídos em áreas onde os campeonatos regionais não possuem tanta tradição, e contam com média de público muito inferior ao tamanhos das "arenas". Haja festa pra dar alguma utilidade aos mesmos.

Esta "festa" está nos saindo muito cara, e a "ressaca", dirão após, não será culpa da cerveja, mas daquela azeitona na empada.


Valeu,

Bruno Porpetta

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Vergonha a portas fechadas

No último domingo, Flamengo e Grêmio enfrentaram-se no Engenhão, pela 25 ª rodada do Campeonato Brasileiro.

O empate por 1 a 1 frustrou as pretensões do Grêmio em aproximar-se dos líderes, mostrou um Flamengo, ao menos, lutando pela permanência na primeira divisão, com um segundo tempo aguerrido, mas no fim também não foi um grande resultado para o rubro-negro.

Até aí, tudo normal.



O "destaque" da partida aconteceu antes mesmo dela começar. O dirigente gremista Paulo Pelaipe (ex-presidente e atual diretor executivo de futebol), ao ser impedido de entrar no gramado, alertado pelo segurança que a cota de dirigentes estava completa, foi acusado de insultos racistas contra o mesmo.

Ambos foram levados à sala do JECRIM (Juizado Especial Criminal) dentro do estádio e, de repente, as portas foram fechadas e a imprensa impedida de entrar.

Saíram de lá sem denúncia, sem crime, sem nada. Pelaipe assistiu normalmente ao jogo e sobre o segurança, nenhuma notícia a mais.

Não é de hoje que o Grêmio se envolve em casos de racismo. Da última vez, foi em um jogo contra o Cruzeiro pela Libertadores. Leia mais no link: http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=2345&id_coluna=12&sms_ss=blogger&at_xt=4d587acf91540858%2C0

Na época, os dirigentes gremistas foram muito enfáticos na defesa de Máxi Lopez. O comportamento de Pelaipe no Engenhão deixa evidente o porquê.

Vocês podem até dizer: "Mas não houve denúncia! É leviano acusá-lo de racismo!"

Tudo bem, até porque é preciso garantir sempre o contraditório, além de presumir a inocência.

Ao mesmo tempo, conhecemos bem o perfil dos dirigentes de futebol no Brasil. Além de arrogantes, prepotentes, donos de si e do mundo todo, são, quase em sua totalidade, brancos.

Não é difícil pensar que onde há fumaça, há fogo.

Para que Pelaipe tenha sido detido naquele momento, sabe-se que ele não ofereceu flores ao segurança. O problema maior é o que não se sabe.

O que aconteceu dentro da sala do JECRIM, a portas fechadas, é a parte da história que não teremos acesso. Pode ter sido qualquer coisa.

Lamenta-se somente que, em flagrante caso de racismo, a vítima não tenha prosseguido com a denúncia. Pois haverão outros dirigentes, outros estádios, outros jogos, outros seguranças negros, e outros casos de racismo, na esperança de outros acordos a portas fechadas.

Para não pegar muito pesado, digamos que este caso foi deseducativo.


Valeu,

Bruno Porpetta

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Senna: Gênio, herói, ídolo, semideus ou mito?


Por Fernando Casaes*




Até hoje, quando vejo vídeos como este, não consigo conter as lágrimas. Ok sou um chorão por natureza, um emotivo compulsivo que chora até em anúncio de margarina; mas aqui, não há como não concordarem comigo, a causa é justa. Depois do dia 01 de maio de 1994 nunca mais assisti uma corrida de Fórmula 1! Logo eu que, assim como milhões de brasileiros, “perdia” as manhãs de domingo –algumas ensolaradas – e muitas madrugadas – algumas frias e quietas demais – para diante de uma tela de TV, que não tinha as sofisticações de hoje, assistir a um grande prêmio de Fórmula 1 e com ele seu personagem principal: Ayrton Senna da Silva. E só por isso! Por quê? Que estado hipnótico era esse que agia sobre nossos intelectos, sobre nossos corpos, nossas artérias, nossos órgãos internos e externos? O que havia de tão extraordinário nesse rapaz?

Em Senna havia tudo que havia em qualquer ser humano: medo, angústia, aflição, alegria, dor, tristeza, pranto, rancor, mágoa, ódio, amor... Era normal! Normal? Além das “normalidades” humanas, Senna tinha alguns “plus”: Gênio, ídolo, herói, semideus, mito... Títulos atribuídos a ele no decorrer de uma curta vida pública. Pode de fato um homem possuir tantos atributos a ponto de lhes serem projetados tais títulos, que mais parecem ficção? Não sei... Não sou um gênio, um ídolo, um herói, um semideus e, nem tão pouco, um mito. Sou pequeno. Bem pequenininho. Busquei nos dicionários algumas definições para cada uma dessas honras. Ei-las:


Gênio: Fig. Altíssimo grau, ou o mais alto, de capacidade mental criadora, em qualquer sentido.
Senna: Para muitos, inclusive para mim, nunca se viu nada parecido com o que ele fazia nas pistas de corrida mundo afora. As soluções encontradas diante das dificuldades e tendo que decidir tudo em frações de segundos. Não sei se ele era bom em matemática, física, química, filosofia, astronomia, essas coisas que costumam definir “gênios”, mas sei que no que ele fazia, dirigir carros em alta velocidade, era sim um gênio, dentro do que propõe o dicionário, sobretudo no que se refere a “...em qualquer sentido.”


Herói: Homem extraordinário por seus feitos guerreiros, seu valor ou sua magnanimidade.
Senna: Efeitos guerreiros... Efeitos guerreiros... Mas por acaso a Fórmula 1 é uma “guerra”? Dirigir um carro de Fórmula 1 é estar em uma “guerra”? Lutar contra seus limites, os limites de uma máquina em suas mãos e ainda lutar contra máquinas adversárias é uma guerra? Buscar a vitória usando as armas convencionadas, dentro do espaço estabelecido, com propósitos definidos, diante de adversários com os mesmos desejos, é guerrear? Aurélio, por favor! Guerra: Combate, peleja, luta, conflitoTer fora das pistas um comportamento ético de proximidade com os mais necessitados, com os desafortunados, com boa parte daqueles que mal sabem o que é um aparelho de TV e ainda assim, manter-se no anonimato, ser simples, humilde, tímido e comum, é ser magnânimo? Ajudem-me, por favor...


Ídolo: Fig. Pessoa a quem se tributa respeito ou afeto excessivo.
Senna: Ficar na frente de um aparelho de TV, muitas vezes em manhãs de sol, deixar o sono na cama e nas madrugadas, por vezes frias, puxar o edredom no sofá e diante do mesmo aparelho, vibrar, se emocionar, chorar, xingar, rir, deslocar o queixo boquiaberto, amaldiçoar, gritar como um louco, dirigir, frear, passar marchas em um bólido imaginário e ir dormir zangado pela vitória que escapou por pouco ou exultante pela conquista ultrajante, é motivo para ser eleger um ídolo? Ver uma arquibancada em um autódromo pular como em um gol da Seleção em um Maraca lotado (vejam o vídeo!) é apontar um ídolo? Parar e comover um país inteiro para acompanhar um cortejo fúnebre, é enterrar um ídolo? Senhores, as respostas, por favor...


Semideus: Homem excepcional pelo seu talento e pelas honras que lhes são concedidas
Senna: Em 11 temporadas (1984/1994) foram 162 GP’s disputados, tendo largado em 161; 3 títulos mundiais (ah, Ímola! Se não fosse você...); 41 vitórias; 80 pódios; 614 pontos; 65 poles; 19 voltas mais rápidas. São só números, é verdade. Mas não são os números e a avaliação deles que definem, muitas vezes, o que é bom e o que é ruim? São números que em sua época, poucos possuíam e que, seguramente só foram batidos (não sei se todos!) porque semideus não é deus, por isso, também morre como qualquer mortal. Depois de 18 anos passados de uma fatalidade que, embora fizesse parte da “guerra”, ainda não foi digerida, depois de muitos números serem quebrados/batidos, depois de outros virem e conquistarem tantos títulos, inclusive 7, depois de tudo levar a crer que o esquecimento viria, ainda hoje se diz e em várias fontes: “Foi o melhor de todos os tempos!” Semideus?


Mito: [Do gr. mythos, 'fábula', pelo lat. mythu.] Pessoa ou fato assim representado ou concebido
Senna: Um dia ouvi uma conversa entre alguns apaixonados pela Fórmula 1 e como em qualquer conversa esportiva, particularmente, surgiam questões do tipo: Esse era melhor; aquele era mais seguro; o outro era mais correto e ético; fulano era o mestre na chuva e assim a coisa ia. Até que um começou a defender Ayrton Senna e seus feitos. Todos se calaram. Muitos ali sabiam do que estava se falando. Outros, mais jovens, não. Depois de desfiar um rosário de proezas, para deleite deja vu de uns e para a incredulidade de outros, um menino disse: Impossível! Você está exagerando! Isso é lenda...! No meu coração e nas lágrimas dos meus olhos, a resposta para aquele menino, com seus 13, 14 anos: Sim, rapaz, exatamente isso: Uma lenda! E é nas lendas, nas fábulas, na oralidade das histórias que vivem os mitos. Uns existiram de fato; outros, só no imaginário. Os da imaginação a ela pertencem e é lá que se dão e se darão por toda a história da humanidade. Os que aqui um dia estiveram e que criaram legiões de testemunhas, estão nos livros históricos, nos documentos oficiais e oficiosos, nos jornais e revistas, estão numa fita de vídeo ou, para ser mais atual, estão ai, na WWW, na internet, no youtube e em toda essa gama de registros que não deixam a menor sombra de dúvida de quemitos também podem ser fatos.
Assim, posso dizer, mesmo não estando tão certo ainda, pois que certo e errado comungam da mesma merenda: a dúvida, que Ayrton Senna da Silva foi um gênio, um herói, um ídolo, um semideus e um mito e agradeço aos deuses por ter participado um pouco disso. À net aqueles que não tiveram a mesma sorte!



*Escritor, crítico literário, corretor de imóveis, pau-pra-toda-obra e um grande amigo tricolor, pelo qual tenho grande apreço e integral concordância em tudo o que escreveu acima.




Valeu,

Bruno Porpetta