segunda-feira, 2 de julho de 2012

Um título do tamanho da Espanha

Aqui em casa, tenho quatro bandeiras de mesa, exatamente ao lado direito deste monitor, onde este artigo está sendo produzido.

Pela ordem, da esquerda para a direita, estão a bandeira do Espírito Santo - estado onde colecionei bons amigos e boas histórias -, a do Flamengo - não preciso dizer o porque, imagino -, a da Espanha - roubada do amigo Jaime Cabral, pela qual já me fez cobranças, justas, diga-se de passagem -, e a da Galícia - presente do amigo Alexandre Magno, goleiro do Havana Futebol e Cana, torcedor do Bonsucesso, e galego como eu.



Por nunca ter ido à Espanha, de onde vem a minha família paterna, mais precisamente da província de Ponte Vedra, na Galícia, e ter me apaixonado pela seleção espanhola desde 1986, senti necessidade de assistir ao jogo de hoje em um lugar que me aproximasse mais da Espanha.

Fui à Casa de España, no Humaitá, simpático bairro da burguesia carioca.

Portanto, corre-se o risco de certa parcialidade nesta postagem, mas hoje ela é absolutamente merecida.

Falando nisso, hoje descobri que quando a torcida canta "Lá Lá Lá" no hino nacional, eles estão certíssimos. Não tem letra o hino, pois não há nada que possa unificar a monarquia com catalães, bascos, galegos, e outros povos submetidos ao reinado espanhol. Digamos que o rei tenha sido prudente, depois de garantir a unidade de seu reino na porrada, através da ditadura de Franco.

Aliás, Franco! Tenho a impressão de ter ouvido este nome há alguns dias.



A Espanha, após o título mundial conquistado na última Copa, virou adulta. Até ali, os escretes espanhóis eram infantis. Eram roubados pela arbitragem, derrotados por forças menores, prestando-se a certos papéis ridículos em Copas.

O título da Euro, em 2008, deu a Espanha alguma segurança para ir à Copa, mas para superar seus traumas somente a conquista da Copa poderia afirmá-la como parte das grandes seleções do mundo.

Com o time que tinha, foi possível ir às semifinais da Copa, e aí é o primeiro grande momento da seleção espanhola em sua história. Venceu à Alemanha, com autoridade, por 1 a 0.

Na final, enfrentou outra seleção traumatizada em Copas, a Holanda. O time laranja foi duas vezes vice, e queria a todo custo evitar a colocação de uma faixa diagonal sobre a camisa.



Venceu, com gol na prorrogação de Iniesta, o time espanhol. Pronto, enfim a Espanha se somava ao seleto grupo de seleções campeãs do mundo, com toda a carga que este título carrega.

De repente, a camisa da Espanha ganhou uns quarenta quilos a mais. E dentro de campo, isto faz diferença.

Hoje, a Espanha não somente foi bicampeã da Eurocopa, conquistando o terceiro título de sua história.

A seleção espanhola derrotou a Itália, com uma superioridade quase sacana.

Um placar retumbante! Coincidentemente, o mesmo com o qual o Barcelona colocou o Santos, e de alguma forma, o próprio futebol brasileiro, em um lugar encolhido no canto da sala. Parte daquele time, hoje, colocou a Itália de quatro!

Ainda se fosse a França, poderia rolar aquela gracinha em referência à Napoleão Bonaparte e a perda da guerra. Embora, um placar desses contra a seleção francesa, seria absolutamente justificável, numa perspectiva histórica.




Mas contra a Itália - que provou nesta Euro que é uma gigante do futebol mundial -, e com doses de crueldade, foi demais!

A Espanha cresceu! E demonstrou nesta Euro que, mesmo que as coisas não aconteçam exatamente da forma que as pessoas imaginam, que está entre os grandes do futebol mundial, não só europeu.

O escrete azul italiano não conseguiu jogar. Não dá nem pra falar que jogaram mal, porque nem esta chance eles tiveram. Exceção feita a um período do primeiro tempo, quando ainda estava 1 a 0, e a Itália criou algumas oportunidades, e aí está a primeira grande máxima do futebol funcionando.

Dizem que um grande time, começa com um grande goleiro. O arqueiro e capitão, Iker Casillas, é o melhor goleiro do mundo na atualidade!

Hoje, com a ponta dos dedos, tirou o doce da boca dos italianos duas vezes. De Rossi e Balotelli já estavam posicionados, no alto e com a expressão facial do cabeceio para o gol, mas os dedos de Casillas desviaram o gol certo.

Pra não falar da defesa segura, em chute de Cassano, onde a bola de repente aparece por debaixo das pernas de Piqué.

O time todo jogou muita bola, mas três homens em especial foram sublimes. Estes são Xavi, Iniesta e Fabregas.

Xavi, que não fez uma Eurocopa brilhante, segundo ele próprio, foi o senhor do jogo.

Com idade avançada e desgastado pela temporada, engoliu Pirlo na partida. Foi melhor em tudo. Na hora certa, foi decisivo.

Iniesta foi o mesmo de sempre. Uma máquina de jogar bom futebol.



E Cesc Fabregas, que ainda precisava de uma grande exibição na seleção espanhola, cavando seu lugar definitivamente no time, além de colocá-lo no devido lugar de craque que é, deixou esta cereja para hoje. Fez um partidaço!

Outros também foram fundamentais, como Jordi Alba, que mostrou o acerto do Barcelona em contratá-lo para a lateral esquerda, e Fernando Torres, que entrou no segundo tempo e, além de deixar sua marca no placar, ainda deu um gol de presente para Mata.

Devo me render! Eu, que defendia a saída de David Silva do time, para a entrada de Torres, ou Llorente, tive que segurar a onda. O meia-atacante do Manchester City esteve no nível da exibição do time. Jogou muito!

Enfim, a Espanha foi hoje do tamanho que provou que tem.

Além de botar pra correr a chatice de uns e outros, que dizem que o futebol espanhol é chato.

E a festa, em meio aos espanhóis, foi muito divertida.

Até em espanhol eu cantei: "Campeones, Campeones, ole ole ole!".


Valeu,

Bruno Porpetta

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Bruno Porpetta