domingo, 8 de julho de 2012

Brasil: nova rota do futebol mundial?

Dentro da janela de transferências internacionais para o futebol brasileiro, ontem aconteceram as duas apresentações mais bombásticas, pelo menos até o momento, nas bandas de cá.



O Botafogo apresentou à torcida, no Engenhão, o holandês Clarence Seedorf. Ex-camisa 10 da seleção da Holanda, duas vezes campeão da Liga dos Campeões da Europa e um preparo físico de dar inveja a muito menino, a despeito de seus 36 anos. Vem de uma temporada razoável no Milan, sem conquistas, mas com a mesma categoria de sempre.

Em Porto Alegre, o uruguaio Diego Forlán foi apresentado, no Beira-Rio, aos torcedores do Internacional. Há dois anos, foi escolhido o melhor jogador da Copa do Mundo, além de ser fundamental para o título da Copa América, pelo Uruguai, no ano passado. Vem de uma temporada ruim na Inter de Milão, mas com 33 anos ainda tem lenha pra queimar.

Noves fora a empolgação dos torcedores - justa, diga-se de passagem - com as referidas contratações, é preciso fazer uma análise um pouco mais complexa do que o simples "oba-oba".

Na crista da onda econômica de um mundo em crise, o Brasil se tornou mais atraente a jogadores de nível internacional, dentre outros motivos, por ser um belo país, sede da próxima Copa e, fundamentalmente, ter maior capacidade de pagamento de salários mais avantajados.

Estamos numa boa, né?

Errado!

O Brasil, perante os países da América do Sul, sempre foi um pólo de atração. Haja visto que vários jogadores que fizeram parte da história do nosso futebol vieram destes países. Podemos destacar o argentino Doval (Fla-Flu), o chileno Figueroa (Inter), o uruguaio Hugo de León (Grêmio), o paraguaio Romerito (Flu), o equatoriano Quiñones (Vasco), dentre muitos outros.

Podemos até citar o argentino Gandulla, do Vasco, que sentado no banco, deu nome aos garotos e garotas que buscam as bolas que saem do campo.

Com relação ao resto do mundo, principalmente a partir da década de 80, nos tornamos exportadores.

A princípio, clubes médios da Europa. Depois, os grandes. Mais tarde, o Japão. Por último, o leste europeu e o chamado "mundo árabe". Embora ainda insipiente, a China começa a entrar nessa parada.

Portanto, estamos agora ocupando um lugar que, há algum tempo atrás, era do Japão. Buscando na Europa jogadores que possuem mercado mais restrito por lá. Em geral, em declínio técnico, ou idade bastante avançada.

Podemos considerar um avanço? De modo algum!

Diferentemente do Japão, temos material humano de qualidade superior. Fomos campeões mundiais três vezes com jogadores que atuavam por aqui. E só poderemos declarar nossa "auto-suficiência" no futebol quando evitarmos o êxodo daqui para fora.

Mesmo o exemplo de Neymar ainda é insuficiente. O Santos precisa, muitas vezes, desmontar parte significativa do time para segurar o jovem craque. Não fossem estes "ajustes", Neymar já estaria na Europa há muito tempo.

Portanto, é preciso relativizar nossa "prosperidade" econômica.

Apesar de chegarmos ao quinto lugar no ranking das economias mundiais, ainda estamos na zona do rebaixamento dos indicadores sociais, e nosso atraso reflete-se no futebol.


Valeu,

Bruno Porpetta

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Bruno Porpetta