segunda-feira, 20 de junho de 2011

O craque mais escondido da cidade

Mais uma vez, Ronaldinho Gaúcho foi vaiado ao sair de campo. Agora, contra o Botafogo, pelo Campeonato Brasileiro.

É de se pensar.

Ronaldinho foi envolvido em uma das mais confusas negociações da história do futebol brasileiro, onde o clima era de leilão. E o Flamengo venceu a disputa contra Grêmio e Palmeiras.

Não nos cabe agora, discutir os rigores éticos da negociação. Até porque esta se deu sob circunstâncias muito estranhas.

Mas o que queremos debater são os ganhos com a contratação. Sejam financeiros, sejam esportivos.

É... tá de chorar mesmo.


Ronaldinho nunca mais, e isso já se sabia, será o craque que foi no Barcelona.

O que se esperava era apenas um futebol, dado o seu nível técnico em relação à média do futebol brasileiro, superior.

Ao mesmo tempo, seu salário - na ordem de 1, 8 milhão de reais - é pago, na maior parte, por investidores. Dentre eles, a Traffic. O Flamengo, por sua vez, contribui com 20% da bolada. Gasta "apenas" 360 mil reais por mês.

Pensando na média salarial do jogador de futebol profissional, cerca de 900 reais, é um bom ordenado. Né não?

Consideremos que os salários do futebol profissional são diretamente proporcionais ao valor que os jogadores rendem aos clubes. O que, em tese, justifica os salários astronômicos dos craques.

Tais rendimentos são verificados, principalmente, no uso da imagem dos jogadores. Seja em propagandas institucionais dos clubes, ou na obtenção de patrocinadores.

As empresas que procuram no futebol uma maior exposição de suas marcas, pagam mais por camisas que são ostentadas por craques. Os grandes jogadores, principalmente os de fama internacional, valorizam as marcas dos clubes que, por sua vez, arrecadam mais em parcerias, bilheterias e pacotes de TV.

Ronaldinho, que já não estava nenhuma Brastemp lá em Milão, veio com este propósito. Além de dar qualidade ao meio-campo rubronegro. Ou ao ataque. Ou sabe-se lá onde.

Até agora, Ronaldinho não se encontrou. Quando jogou no ataque, nada produziu. Ao jogar no meio, produziu um pouco, mas em jogos fáceis. Ou seja, muito pouco para a torcida que lhe dá claque, do ponto de vista do campo de jogo.

Mas o craque Ronaldinho pode render fora de campo, certo?

Por enquanto, não. O Flamengo já padece há meses sem um patrocínio master (aquele tradicional da camisa, mais valioso) e, por conta do futebol apresentado, a média de público não é das maiores.

Tudo bem, tá faltando o Maracanã. Chegar ao Engenhão é trabalhoso e a torcida ainda não criou hábito de frequentá-lo.

Pode ser uma hipótese, mas para ver um grande craque, nenhuma torcida mede esforços. A não ser, quando ele não rende.

A única coisa que, aparentemente, vai bem, é a venda de camisas. Até aí, é natural.

Para além disso, não muita coisa.

O Flamengo é o time com mais empates no ano. Conseguiu ser campeão estadual invicto, sem convencer ninguém e tendo como destaques o goleiro Felipe, o lateral Léo Moura, o volante Willians e o meia Thiago Neves.

Ronaldinho, o maior salário do Brasil na atualidade, foi só mais um no time. Muito menos do que se imaginava.

A primeira grande vaia recebida por Ronaldinho foi na única derrota do time no ano. No resultado que, no fim das contas, eliminou o Flamengo da competição mais importante do primeiro semestre de quem não está na Libertadores. Até porque é o caminho mais fácil para se chegar na competição sulamericana.

Na ocasião, a torcida tinha total razão na reação. Ronaldinho fazia uma partida lastimável, mas permaneceu no campo até o final. Afinal, o craque sempre pode decidir em um só lance. Não aconteceu.

O treinador Vanderlei Luxemburgo sempre se reporta ao fato de que o jogador passou 12 anos fora do Brasil, e a readaptação é difícil. Entendemos, pois o ritmo de treinos e jogos do futebol europeu é completamente diferente. Coisas de um calendário "um pouco" mais organizado que o nosso. Além de regimes abertos que, inclusive, derrubam teses de vários treinadores brasileiros.

Pois bem. Imaginamos ser difícil para os torcedores compreenderem as dificuldades de adaptação ao seu próprio país. O arroz, feijão, bife e batatas fritas, de fato, é uma inovação culinária difícil de engolir. E a bola, apesar das irregularidades do gramado, é tão esférica quanto às europeias.

Havia um outro camisa 10 da Gávea, este dizia que: quem sabe de bola, joga com ela em qualquer lugar. Mas não exijamos tanto de Ronaldinho.

Ocorre que, após meses de readaptação, a torcida continua à espera de Ronaldinho. Quando empolgou, na estreia no Brasileiro, ficou só nisso. Não repetiu a grande atuação daí pra frente, e ainda vem piorando.

Sua atuação, contra o Botafogo, lembra muito àquela no jogo com o Ceará, pela Copa do Brasil.

Apagadíssimo! Errou tudo o que tentou, quando tentou.

Mostrou uma característica que, salvo raríssimas ocasiões, vem marcando seus primeiros meses no Flamengo. Tem dificuldades, inclusive, no domínio de bola. E isto, não se esquece quando se pratica futebol com frequência.

Os consagrados lances de YouTube, às vezes, aparecem. Quase nunca resultam em boas jogadas de ataque.

Desta vez, Ronaldinho foi substituído. A resposta da torcida já é sabida.

Constrangedor, para quem carrega o nome, e o salário, de um astro do seu porte. Resta saber se o próprio ainda se constrange com isso.

Diante de tudo, a torcida rubronegra vibra diante da contratação de Ronaldinho Gaúcho, mas ainda aguarda seu retorno aos campos. Se o virem por aí, digam que o campeonato já começou, e o clube que paga seu salário não vai bem.


Valeu,

Bruno Porpetta


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Bruno Porpetta