domingo, 1 de maio de 2011

No Rio, o Bonde atropela o Trem

Flamengo e Vasco decidiram a Taça Rio, segundo turno do Campeonato Carioca.

Ou melhor, o Bonde sem Freio e o Trem Bala da Colina.



O Rio de Janeiro pintou-se de vermelho e preto


O primeiro não encantou ninguém o ano inteiro, mas também não perdeu. Já o segundo, depois de um início tenebroso, teve uma recuperação espetacular, com direito a goleadas históricas e atuações bem convincentes, embora tivesse alguma irregularidade.

Do lado rubronegro, tá aí uma coisa que houve: regularidade. O Flamengo foi regularmente chato em quase todas as partidas, com algumas exceções. Mas foi um time que, de forma chata, foi vencendo. E assim, sem perder, conquistou a Taça Guanabara.

Em São Januário, o Vasco vivia problemas de relacionamento entre todos com todos. Eram os problemas da torcida com PC Gusmão, Carlos Alberto e Felipe de um lado. Os problemas dos jogadores com a diretoria por atraso de salários. Os problemas da torcida com a diretoria. Os problemas do treinador com os jogadores, e vice-versa. Resumindo, eram só problemas.

Óbvio que tudo isso refletiu no campo. Daí, a diretoria tomou aquela que pode ter sido sua melhor decisão diante de um problema como este. Afastou Felipe do elenco, se livrou de Carlos Alberto e demitiu PC Gusmão.

E o Vasco voltou a vencer, embora já fosse muito tarde. Perder os quatro primeiros jogos da competição pesou no fim. Ficou fora das semifinais. Bem fora, inclusive.

Daí, foi contratar Diego Souza junto ao Atlético-MG, trouxe Ricardo Gomes para o banco, e reintegrou Felipe após alguns dias de gelo, a torcida pediu e ele voltou.

Começaram a aparecer as figuras de Bernardo, excelente jovem que veio do Cruzeiro, Dedé voltou a mostrar sua competência do ano passado e até Ramon voltou a jogar bola.

Somado a isso, Felipe passou a orquestrar o meio-campo do Vasco. E foi fundamental para que o Vasco fizesse uma Taça Rio louvável.

O Flamengo, por sua vez, fez uma Taça Rio preguiçosa. Como já estava na final do Carioca, acomodou-se. Mas continuou sem perder. Na hora que precisou vencer, como no clássico com o Botafogo, venceu. Mas também, quando podia sair com a vitória, no último jogo contra o Macaé, não o fez. Acabou indo para as semifinais em segundo lugar do grupo.

Enquanto o Vasco enfrentava o Olaria, o Flamengo pegava o Fluminense.

Apesar de encontrar um bom time, a camisa do Vasco prevaleceu. Vitória por 1 a 0 e uma confiança muito grande para a final.

No Fla-Flu, o time de Luxemburgo até foi bem. Venceu nos pênaltis uma partida que poderia até ter resolvido no tempo normal. O que confirma a tese de que, além do freio, faltava embreagem ao bonde. Se não parava, também não engatava a segunda.

Por tudo isso, se para um, a final da Taça Rio era chegar à decisão do estadual e disputar contra o mesmo adversário o título carioca, para outro, era a possibilidade de título direto, sem final.

E o jogo começou equilibrado. Cada um teve uma chance clara de gol. Um chute de fora da área que passou perto. E um jogador imóvel no meio-campo para cada lado. Ronaldinho, pelo Flamengo, e Diego Souza, para o Vasco.

Na volta para o segundo tempo, o Vasco, que precisava vencer para forçar a final do estadual, voltou melhor. Apesar da entrada de Wanderley dar mais movimentação ao ataque, a saída de Bottinelli reduziu o poder de criação da equipe rubronegra. Os cruzmaltinos ganharam o meio-campo, mas não conseguiram criar muitas chances.

No último apito, 0 a 0 e, tal como em São Paulo, iríamos aos pênaltis.

É o momento onde pesam todas as questões internas e externas ao campo de jogo. O Flamengo vinha de viagem ao Ceará, onde jogou pela Copa do Brasil, enquanto o Vasco jogou dentro de sua casa. Mas o Vasco não vencia uma final contra o Flamengo desde 1988. Ou seja, 23 anos de jejum em finais contra o rival.

Além disso, estava em jogo o direito de jogarem mais duas partidas entre si pelo título carioca. Nesta situação, o Vasco levaria vantagem "moral" para as finais.

Noves fora, tudo pesou a favor do Flamengo.

As cobranças vascaínas foram horrorosas, embora desperdiçadas por jogadores jovens, que poderiam mesmo sentir a pressão toda.

O Flamengo sequer precisou da última cobrança para se sagrar pela 32ª vez campeão estadual. A quinta de forma invicta.

Em outras palavras, o Bonde sem Freio atropelou o Trem Bala da Colina.

Para quem mora no Rio pode imaginar, a culpa deve ser da Supervia.


Valeu,

Bruno Porpetta

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