sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Pela estatização do MASP

Após o assalto ao MASP (Museu de Arte de São Paulo) em que foram levadas duas telas, uma de Picasso e outra de Portinari, foi levantada a questão da assunção por parte do poder público do MASP, ou seja, sua estatização.

O museu é administrado por uma fundação privada que, na verdade, não administra nada. Já houve corte de luz por dias, agora esse assalto que, convenhamos, foi mais fácil que tirar um pirulito de uma criança.

O “genial” administrador teve, após o ocorrido, a “brilhante” idéia de cercar o vão livre do MASP, local onde tradicionalmente ocorre uma feira de antiguidades, a molecada se junta pra bater papo e dar risada e, principalmente, ocorrem inúmeras manifestações políticas, algumas massivas, outras nem tanto, mas não importa, ocorrem!

A princípio, confesso que fiquei bastante preocupado. Imagina se o Kassab (quem sabe, sabe, e passa longe dele), a burguesia do rolex dos Jardins, ou a decadente de Cerqueira Cesar, os almofadinhas engravatados da Paulista, o povo, enfim, todo mundo abraça essa idéia?

Além de um espaço charmoso, com uma bela vista da Nove de Julho (dentro do que é possível ser belo em São Paulo) e gostoso pra tomar um sorvete e ficar sem camisa num dia de calor, é um espaço onde se faz história.

Os maiores sindicatos, entidades estudantis, movimento negro e a Parada GLBTT se organizam a partir dali, ou seja, aquele, mesmo não sendo do ponto de vista legal, é um espaço público, incorporado à cidade de São Paulo e ao povo paulistano.

Não pode ser, assim como a própria Paulista foi em parte, roubada do povo. Não seria o único exemplo, mas seria talvez o mais sintomático dos tempos que vivemos.

Agora, as praças têm grades, as casas têm grades, as dentições têm grades, tudo tem grades!

Chega de viver preso, enquanto os novos ricos compram apartamentos em condomínios fechados com autênticos parques privados, com vegetação, sala de ginástica, quadra poliesportiva, campo de futebol, piscinas aquecidas, saunas a vapor, entre outros itens indispensáveis à manutenção perfeita das cirurgias plásticas de madames e senhores em busca da juventude perdida. Ou seja, só pode desfrutar do que é bom quem tem dinheiro pra comprar um “modesto” duplex no Morumbi? Ou um apê de frente pra USP com anúncio e recomendação da Sophia Loren cover?

E saiba que estes que moram nestes palácios verticais são exatamente os mesmos que, de segunda à sexta, te enchem de ordens estapafúrdias e te pagam uma ninharia para que eles possam desfrutar da natureza no quintal de casa! Portanto, não se sinta mal se você estiver odiando-o, pelo contrário, procure odiá-lo ainda mais!

Nós, que não compramos nosso sossego porque este nos custa vários anos de trabalho, queremos nossos parques, nossas piscinas, nossas saunas, nosso futebol, nosso vão livre e tudo que possa ser livre! Queremos o nosso MASP, e queremos que seja de fato e de direito NOSSO!!!

Se estes desmandos da administração do museu são a oportunidade que faltava para tornar o MASP público, pois que seja agora!

O Lula não quer, o Serra não quer, o Kassab não quer, mas nós queremos! Então lutemos por ele! Exijamos o MASP para os paulistanos, e não só pra galera do condomínio fechado!

Ou senão perderemos uma oportunidade histórica de nos apropriar daquilo que sempre deveria ser nosso.

Vamos à luta!!!

Abraços,

Bruno Padron (Porpetta)

Publicado em janeiro 9, 2008 de 1:31 am

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será moderado e pode não ser incluído nas seguintes hipóteses:

1 - Anônimo

2 - Ofensivo

3 - Homofóbico

4 - Machista

5 - Sexista

6 - Racista


Valeu,

Bruno Porpetta