sábado, 25 de dezembro de 2010

A chatice da isenção

Não há nada mais chato no futebol do que o isento!

Enquanto torcedores apaixonados pelos seus clubes se engalfinham em jogos eliminatórios, o isento senta-se no meio do sofá. Entre botafoguenses e corinthianos, entre sãopaulinos e tricolores das Laranjeiras. Enquanto para o torcedor, seu time está jogando melhor e é roubado pela arbitragem, para o isento resta a análise precisa dos lances, sem o olhar cego do apaixonado.

O apaixonado, como eu sou tratando-se do meu clube do coração, não quer análises, quer gols, quer belos lances, quer raça, e quer matar o árbitro que impede cruelmente a vitória do seu time.

Mas neste meio de semana, eu não estive como apaixonado, por conta da vergonha que meu time me fez passar exatamente numa noite de meio de semana. Estava como isento!

Não conseguia torcer por ninguém. Nem por Corinthians, muito menos pelo Botafogo. Nem pelo São Paulo, e muuuuuito menos pelo Fluminense.

Então assisti às duas partidas, sendo uma na terça (Copa do Brasil) e outra na quarta (Libertadores, e toda a lembrança triste que esse nome me traz…), no papel de isento.

E fui chato, muito chato. Eu e minhas corretas análises. Eu e minhas exigentes súplicas por bom futebol. Eu e meu “dane-se” para o resultado. Tudo ao contrário do que todos os torcedores queriam. Eles queriam sangue e vitória. Eu só queria futebol.

E futebol foi tudo o que não houve entre Corinthians e Botafogo. Tal como foi o que houve entre Fluminense e São Paulo.

No primeiro jogo, os times queriam mostrar quem errava mais. Se no primeiro tempo, o Corinthians abusou de erros que impediram uma goleada ou uma vitória mais larga, no segundo, o Botafogo fazia questão de errar para continuar perdendo o jogo, mas em virtude do erro maior do Corinthians – que recuou demais no segundo tempo – acabou virando o jogo.

Tá em aberto ainda, o Corinthians pode se classificar. Mas o Botafogo também!

No jogo da quarta, pela Libertadores, foi diferente. Foi jogo de Libertadores. Foi jogo de futebol, na essência.

Num jogo eletrizante e bem pegado, o Fluminense foi melhor no primeiro tempo e mereceu a vantagem no placar, com gol de Washington em vacilo da defesa sãopaulina.

O São Paulo voltou melhor no segundo tempo, atacou o Fluminense dentro do Maracanã. Sem vergonha de jogar futebol. E nessa disposição, acabou empatando o jogo, no seu monotema: bola aérea na cabeça de Adriano.

Isso mataria qualquer pretensão do Fluminense, não fosse o pé salvador de Dodô, que bateu cruzado no canto para fazer 2×1 Fluminense, apenas um minuto após o gol do São Paulo. Aí o Fluminense se classificou.

Daí em diante foi o Fluminense atacando e o São Paulo só no contra-ataque. E poderia dar qualquer coisa!

Mas o Maracanã pune a soberba e o mau futebol. Puniu o Flamengo pela soberba, e puniu o São Paulo pelo mau futebol. Um time que vive de bolas aéreas na área não merece a Libertadores. Não merece derrotar o bom futebol. O Fluminense jogava bem, atacava com perigo forçando algumas grandes defesas de Rogério Ceni, tocava bem a bola e tinha Conca. Este sim é o craque do Fluminense!

Aos 46 do segundo tempo – de forma sofrida como o Maracanã exige – o Fluminense tem escanteio para a cobrança de Thiago Neves, este que cobrou na área com perfeição, na cabeça deste grande centroavante chamado Washington. E o bom artilheiro nunca perdoa. Com uma cabeçada certeira no ângulo faz 3×1 Fluminense e liquida a fatura.

O São Paulo é condenado sumariamente por fazer aquilo que nem o futebol inglês faz mais. A dependência do chuveirinho é mortal, e o São Paulo morreu na Libertadores.

Já o Fluminense agora reza e torce pelo Santos. Pois se o Santos cair amanhã contra o maldito América do México, o Flu pega o Boca. E aí, meu amigo, é outra história!

Abraços,

Bruno Padron (Porpetta)

Publicado em maio 22, 2008 de 4:13 am

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Bruno Porpetta