Na noite de 31 de março de 1964, partindo do batalhão de Juiz de Fora, um destacamento militar rumava ao Rio de Janeiro, lá chegando no dia 1º de abril. Iniciava-se ali o golpe que derrubaria o governo de João Goulart e instauraria o inferno que durou, oficialmente, 20 anos.
Tempo de torturas, assassinatos, desaparecimentos, de gente que ousava ser livre.
A manifestação ocorrida na quinta-feira, em frente ao Clube Militar, foi duramente reprimida pela Polícia Militar. Lá dentro, militares, de forma cínica, comemoravam a "revolução" de 64, enquanto do lado de fora eram chamados pelos adjetivos corretos, como torturadores e assassinos que foram, impunemente.
Há nove anos somos governados por gente que foi torturada e presa por estes lacaios dos interesses estadunidenses, e até agora não sabemos a verdade sobre os inúmeros corpos que nunca mais foram encontrados.
O vídeo acima, pode até estar meio "batido", mas acho que nenhuma canção daquele período retratou tão bem o que, pelo menos, sentimos, já que não podíamos falar.
A militância me ensinou ao longo da vida que, quando não se quer resolver nada sobre determinado tema, cria-se uma comissão para discutí-lo.
Estamos às voltas com o debate sobre o estabelecimento da Comissão da Verdade, cujo papel é desvendar o que há de mistério no período da ditadura militar no Brasil. Obviamente, os militares são contrários à comissão. Exatamente por isso, todos nós que, direta ou indiretamente, tivemos subtraídos por estes monstros 20 anos de nossas vidas, devemos defendê-la.
No limite, se tivermos que abrir mão de algo, que seja a comissão, nunca a verdade!
Valeu,
Bruno Porpetta
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