sexta-feira, 18 de julho de 2014

Saudades do Costinha

Olha, antes de qualquer coisa, não me preocupei em momento algum em ser "politicamente correto", tampouco em ofender quem quer que seja. Mas, convenhamos. Costinha era sensacional!

Ele é do tempo de um humor mais "incorreto", porém com algum limite para o bom senso e sem nenhum para a diversão. Costinha já me fez morrer de rir um milhão de vezes. Muito mais que os parcos mil gols de Pelé, até porque ainda não era nascido.

Só que Costinha morreu, e já o acompanham no panteão dos caras mais engraçados do país outros companheiros de humor da época, como Chico Anysio, Tião Macalé, Mussum, Zacarias, Rony Cócegas e outros. Sem eles, o Brasil perdeu um pouco da graça.



Se tornou um país que, dentre outras coisas, não deixa a juventude ser rebelde. Ora, mas se a rebeldia é o traço mais marcante da juventude, por que reprimi-la?

Porque os caretas, babacas e poderosos venceram.

Estão todos por aí espalhados. Nos governos, nas TV's, na dita justiça, nos jornais,... no Ministério da Justiça!

Se estão em toda parte da nossa vida, por que não haveriam de estar no futebol?

Pois estão. E na ausência da nata do nosso bom humor, se põem a fazer graça. Sem nenhuma graça.

O anúncio de Gilmar Rinaldi como novo "diretor de seleções" da CBF é um exemplo clássico de escárnio indevido.

Em tempos de 7x1 na orelha, em algum lugar sério cairia o Rei de Copas, o de Ouros, o de Espadas, o de Paus... não ficaria nada! Não só não caíram, como riem da nossa cara.

Gilmar foi um grande goleiro. Salvou a pele do meu clube na estreia do Casagrande, contra o Corinthians no Pacaembu. Em jogo que poderíamos ter levado uns cinco, mas só levamos um graças a Gilmar.

Fora isso, não muito mais. Foi o terceiro reserva na Copa de 94, sendo portanto um tetracampeão.

Depois disso, virou Gilmar Rinaldi. Ganhou seu sobrenome de volta e passou a agenciar jogadores. Teve também uma passagem curta como "diretor de futebol" do Flamengo, sem muito sucesso. Sabe quando batemos na Lei Pelé pelo excessivo poder concedido aos empresários no futebol? Então, Gilmar Rinaldi é um deles. Foi empresário, inclusive, de Adriano, que se tivesse alguém decente a seu lado para orientá-lo, seria titular da seleção nesta Copa.

Ou era empresário, pelo menos até a noite anterior ao anúncio.

Pois é... a noite anterior! O momento em que ele, por SMS, comunicou aos seus atletas que estava deixando de agenciá-los porque estava dando um passo importante na carreira. Ganhando menos, diga-se de passagem.

Pelo menos avançou um pouco em relação à "cultura do fax" no futebol. A tecnologia evoluiu tanto e o futebol tão pouco que os clubes ainda confirmam suas contratações por fax. Agora, o novo "diretor de seleções" da CBF os dispensa por SMS. Estamos caminhando...

Caberá a ele, que ainda possui licença da FIFA para negociar jogadores, escolher quem vai convocar a maior mola propulsora de bons negócios no futebol do país: a seleção brasileira.

E na coletiva do anúncio falam ele, Marin, Del Nero e Gallo, visto agora como o novo homem forte do futebol brasileiro, o cara da base.

Gallo impressiona a imprensa citando a palavra "Gap" umas 10 vezes. Nesta hora, percebemos o tal do "complexo de vira-latas" que soterra nossos veículos de comunicação, onde quaisquer três letrinhas, desde que estejam em inglês, conferem status ao sujeito que as pronuncia.

E assim, mais uma vez, nada muda. Aliás, mudar pra quê? Pra turma perder a "oportunidade de trabalhar pelo bem do futebol brasileiro"? Não pode, a caneta e os contratos devem estar nas mãos deles. Só deles.



Agora repara. Leia de novo, se achar que for preciso. Não é um roteiro de comédia? Um texto que caberia num Zorra Total da vida, ou qualquer outro programa infame da TV brasileira, rotulado como humor?

Pena que não é.

Eles estão mesmo nos "zuando". A esta hora devem estar, entre copos de whisky e charutos, rindo até dar cãimbra no abdômem.

Só nos cabe, nós que amamos essa porra desse futebol, lutar para arrancar esses pulhas dali. Derrotar os caretas, babacas e poderosos. Retomar o futebol para o povo.

Caso contrário, em breve estaremos, pela primeira vez, fora de uma Copa. E enquanto assistimos a festa dos outros pela TV, eles continuarão rindo. Sem nenhuma graça.



Valeu,

Bruno Porpetta

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Bruno Porpetta