sexta-feira, 25 de julho de 2014

Provação

Vivemos tempos bicudos! Durante décadas os trabalhadores foram perdendo o debate ideológico. A elite fincou o cajado no chão e disse: este país é meu!

Resistimos, sobrevivemos... Pois é, ainda estamos vivos. Este deve ser o ponto de partida pra começarmos a entender algumas coisas, ou produzir novas perguntas.



Não adianta negar. Coube à esquerda a defesa dos trabalhadores ao longo da história. A direita está aí desde a revolução francesa fazendo cagada com o mundo, brincando com a vida das pessoas como se estas fossem copos plásticos.

Diante da tentativa de uma galera, em geral jovens que não enfrentaram ainda a contradição capitalista no mundo do trabalho, de se levantar, a reação é estúpida, estapafúrdia, violenta. Os jovens não fizeram nada além de dizer que as coisas, do jeito que estão, não estão boas. E não estão mesmo, ora bolas!

Alguém ainda quer me convencer que tudo vai bem enquanto pessoas dormem na rua, só porque nossas empresas estão competitivas no mercado e outras bobagens deste tipo?

De qualquer forma, mesmo que entendêssemos que tudo vai bem, se algo não nos agrada, nós temos o direito de falar e, principalmente, de sermos ouvidos.

Até porque há uma distância enorme entre uma coisa e outra. Falar a gente fala, mas o nosso alcance é a família, o vizinho, o cara da quitanda, da padaria. Não que isso não seja importante, mas a nossa voz merece mais do que isso.

Infelizmente, apenas 11 famílias neste país tem direito a falar com todo mundo. Ou seja, só eles podem ser ouvidos. Até porque nossa tímida voz fica perdida no meio dessa parafernália da comunicação de massa.

Pois bem, nos fizemos ouvir a fórceps, no ano passado. Fomos pra rua, por qualquer motivo. Uns pelos 20 centavos, outros por mais que os 20 centavos, outros pela PEC-37, outros contra a corrupção, outros contra a Globo e a Veja, outros contra a PM. Que seja! Finalmente fomos ouvidos.

Aí os caras, com medo de perder o país de controle, além de descer a porrada na galera, prende indiscriminadamente uma turma. Uns por portar Pinho Sol, outros por livros, outros só por gosto mesmo.

Inventam as mais esdrúxulas patacoadas para justificar as prisões. Ora, até "amante de um pai de família" a anedotária Sininho se tornou. As tais 11 famílias fazem tudo para que toda a nossa história se transforme em uma novela, o maior produto de exportação da TV brasileira.

Ou seja, além de todos aqueles adjetivos que pertencem à nossa elite, podemos incluir mais um: jocosa.

Sim, a elite já está nos esculhambando. Querendo nos sacanear. Tirar uma onda com a nossa cara.

Trazendo para o mundinho particular do futebol, já havíamos conversado anteriormente sobre esta "tendência" dos poderosos em nos esculachar. Eles não só estão cagando para o que falamos, como ainda querem rir da nossa cara.

Aproximando ainda mais a lente, vou entrar no mundinho ainda mais particular do Flamengo, o clube pelo qual acabei me apaixonando com seis anos de idade e nunca mais larguei.

A forma com que a atual diretoria trata de algumas questões é igualmente violenta como a porrada nas manifestações. A demissão de Jayme de Almeida é um exemplo bastante eloquente disso.

Pois bem, não basta ser violento, tem que ser jocoso.

Os caras, na onda "retrô" da CBF, se igualando ao que existe de mais funesto no futebol brasileiro e, "coincidentemente", estabelecendo uma relação esquisita entre uma coisa e outra, ressuscitam o Vanderlei Luxemburgo.

E boto a coincidência entre aspas, porque considero bastante esquisito que Luxemburgo assuma o Flamengo logo após ser cogitado para a seleção, em nome da amizade com Gilmar Rinaldi, o novo diretor de seleções da CBF. Esta mesma entidade que leva bastante tempo para regularizar a situação dos dois únicos reforços do Flamengo neste período de Copa.

E convenhamos, o Flamengo possui uma joia chamada Samir no elenco. Apontado por alguns como um zagueiro capaz de estar na próxima Copa, e uma excelente oportunidade de negócios.

Resumindo, esta diretoria - que pertence à elite, tal como todos os outros "caciques" da política rubro-negra - não só violenta o torcedor, como ainda tira uma onda. Tal como sua classe social.

E acho bem provável que "dê certo". Ou seja, o Flamengo não deve cair.

O que vai permear essa caminhada é que parece muito esquisito. Tal como na nossa vida por aí.

Não acredito que estejamos derrotados, muito pelo contrário. Temos dado prova de vida, respirado. O que nos faz pensar que tudo isto, na verdade, é uma grande provação pela qual temos que atravessar.

E vamos...


Valeu,

Bruno Porpetta

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Bruno Porpetta