domingo, 30 de outubro de 2011

Reflexões sobre o Pan

Terminado o Pan-Americano de Guadalajara (MEX), podemos fazer algumas reflexões pertinentes.

A primeira delas é sobre a mudança de mãos nas transmissões do Pan para o Brasil. Agora, feita pela Record, com exclusividade.

Diferente da Globo? Nada disso!

Edir Macedo: nem a palavra do Senhor o tornou tão bonzinho


Tão ufanista quanto, tão sensacionalista quanto, tão monopolista quanto.

Para comprovar as afirmações acima, citemos três exemplos.

A Record afirma que o Brasil terminou o Pan em segundo no quadro de medalhas. Mentira! Para isto, ela se valeu da mesma estratégia estadunidense nas Olimpíadas de Pequim, contando o total de medalhas, ao invés do histórico critério das medalhas de ouro, tendo as de prata e bronze como critérios de desempate, consecutivamente. Estratégia esta, à época, difundida pela Globo.

Jaqueline, ponteira-passadora da seleção brasileira de vôlei feminino, lesionou a coluna cervical na estreia do time no Pan. Acompanhou suas colegas pela televisão, até a conquista da medalha de ouro. Durante a final, foi filmada em casa e, apesar da solidariedade do time para com ela, obviamente não estava feliz por estar de fora. Seu rosto, nitidamente entristecido, foi incansavelmente retratado pela equipe de reportagem da Record. Desligar a câmera, ao menos, naquele momento, seria mais prudente. Diria até, mais humano. Mas, provavelmente, estavam subindo os índices de audiência, e nada mais importa na televisão brasileira.

A ESPN Brasil chegou a fazer uma consulta à Record sobre a compra dos direitos de transmissão para os Jogos Pan-Americanos. O valor pedido foi tão elevado, que a emissora de esportes teria que vender o Mickey Mouse para pagar (a ESPN pertence à Disney). Exatamente o que a Globo costuma fazer, quando tem exclusividade em seus eventos.

Ou seja, a Record não quer ser diferente, quer ser, tão somente, uma Globo do B.

Outra questão importante para se refletir, principalmente às vésperas de uma Olimpíada no Brasil, é o próprio quadro de medalhas.

O pior cego, é quem não quer ver.


O Brasil ficou em terceiro lugar, com 47 de ouro, 35 de prata e 58 de bronze, total de 140 medalhas.

Cuba, em segundo lugar, com 58 de ouro, 35 de prata e 43 de bronze, completando 136 medalhas.

O país verde e amarelo possui mais de 192 milhões de habitantes (segundo o último Censo), distribuídos em  8.514.876,599 km2 de território (22 habitantes/km2), com PIB de US$ 2,1 trilhões (estimativa de 2010), a sétima economia de todo o planeta.

Cuba tem pouco mais de 11 milhões de habitantes (pouco menos que a cidade de São Paulo), espalhados em 110.861 km2 (102 habitantes/km2), seu PIB, considerando o embargo que sofre por parte de seu vizinho mais indesejado, os Estados Unidos, é o 85º do mundo, estimado em US$ 51,110 bilhões.

Agora, façamos uma relação entre as medalhas conquistadas no Pan e os dados apresentados?

No Brasil, conquistamos uma medalha de ouro para, aproximadamente, cada 4 milhões de habitantes. Em Cuba, uma para cada 189 mil.

Prefere o critério estadunidense de deformação de resultados olímpicos?

Ok. Cada medalha pode ser curtida por pouco mais de 1 milhão e 300 mil brasileiros, enquanto cerca de 80 mil cubanos se deleitam com outra.

Por território, o Brasil possui uma medalha para cada 60.820 km2, aproximadamente. Cuba, tem uma para cada 815 km2, também em valores aproximados.

Se observarmos o Produto Interno Bruto de ambos, uma medalha brasileira custa US$ 15 milhões, enquanto a cubana está em promoção, saindo por quase US$ 376 mil.

A sede dos Jogos Olímpicos de 2016 é o Rio de Janeiro, não Havana.

Com justiça?


Valeu,

Bruno Porpetta





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Bruno Porpetta