sábado, 29 de outubro de 2011

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra

Com a notícia do tumor na laringe de Lula, as mídias burguesas e alternativas entraram em frenesi.

Por um lado, a tolerância da mídia burguesa com as reações mais preconceituosas possíveis nos "comentários" do público, e até certo regozijo com um possível óbito do ex-presidente da República.

São estes que, sistematicamente, criticavam a falta de educação formal de Lula durante seu governo. Hoje, são os mal-educados com diploma.

Para a imprensa dos ricos, é impensável ter um cara assim como presidente do país.


Pode-se discordar de governo A ou B. Isso é da "dita" democracia. Daí a divertir-se com, ou até mesmo desejar, a possibilidade da morte de alguém, é de um mal gosto latente, que revela um caráter desprezível.

Em se tratando das organizações Globo e da revista Veja, não chega a ser algo tão surpreendente.

Ao mesmo tempo, a blogosfera alternativa, fundamental para a desconstrução de uma campanha sórdida da direita tradicional que, mais uma vez, estimulava todo tipo de preconceitos contra a então candidata a presidenta, Dilma Roussef, também não deixou por menos.

Em sua solidariedade a Lula, errou na mão. Mas nem precisava de um tumor, para que estes cometessem tal equívoco.

Lula, sem dúvida alguma, entrará para a história do país. Não só por ter sido presidente da República, mas por todo o "espectro" que o rondava.

Ser o primeiro operário, nordestino, oriundo do movimento sindical com referência na esquerda, a exercer o cargo público maior do Brasil é, por si só, bastante relevante para colocá-lo em destaque nos livros de História que nossos netos consultarão para suas respectivas provas.

Além disto, encerrar oito anos de mandato com a maior popularidade já vista na história de nosso período republicano, superando a marca de 80% de aprovação, também é um elemento importante para tal consolidação da figura de Lula como um dos mais importantes estadistas do mundo.


Este foi o Lula da esperança... venceu o medo?



Daí a tratá-lo como um Messias, além de um exagero desmedido, ratifica determinadas questões que, digamos assim, não ficaram bem resolvidas no período de "milagres" de Lula, e impedem sua "canonização".

Para isto, basta que observemos a própria internação de Lula. Ele se encontra no Hospital Sírio-Libanês, um dos mais caros e elegantes do país. O ex-presidente sabe que não pode confiar sua saúde aos hospitais públicos, os quais dirigiu por oito anos.

Na economia, a blindagem exaltada pelo mesmo em seus oito anos, foi descartada pela atual presidenta. Portanto, se hoje assistimos às potências mundiais em sobressaltos, com enormes mobilizações de gente cansada de vãs promessas de prosperidade, amanhã podemos ver tudo isso mais pertinho de casa.

Para cada avanço do Bolsa-Família, sem dúvida alguma, mais abrangente e menos insultante que os programas sociais de seus antecessores, avançam em grau muito maior os programas sociais para banqueiros. Estes, imensamente agraciados, tanto em FHC, como em Lula, e agora também em Dilma.

Se os dados oficiais registram aumento no nível de emprego, ainda carecem da mesma proporção na participação da renda do trabalho no PIB (Produto Interno Bruto).

Apesar da popularidade dos programas educacionais de Lula (PROUNI, REUNI, etc), a qualidade da educação no Brasil ainda não pode ser considerada um modelo positivo. Nossos netos, ao consultarem os tais livros de História, onde Lula, com toda razão e justiça, aparecerá em destaque, correm sério risco de aterem-se às fotos do ex-presidente, pois o texto não será bem compreendido. Embora possam ficar tranquilos, pois ainda assim serão aprovados no fim do ano.

Fidel pergunta: "Meu país não tem analfabetos, e o seu?"


A mídia burguesa, parte do pressuposto que Lula tentou transformar o Brasil em uma União Soviética, ou Cuba. Mas isto é impossível, se pensarmos que nem Lula, nem a família Marinho, nem a família Civita, nem os tucanos e os demos, e até parte da tal blogosfera.gov.br, admitiriam um país sem analfabetos e com atendimento público de saúde pleno e gratuito.

Por tudo isso, nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

Muita força e saúde para Lula. Não por sua relevância histórica, mas por uma questão de humanidade. Ninguém merece todo o sofrimento que um câncer traz para quem é acometido pelo mesmo.

Por outro lado, Lula não é o escolhido pelo todo-poderoso para nos levar à terra prometida, tampouco multiplicou os pães e transformou água em vinho.

Para ambos, menos... bem menos...


Valeu,

Bruno Porpetta


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Bruno Porpetta