quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Sim, é só porque ele é preto!

Em tempos de reflexão sobre as lições deixadas pelos sete gols alemães na Copa, já se falou muita bobagem, mas também muita coisa relevante.

Dentre as maiores bobagens, a entidade que diz que administra o nosso futebol - a tal da CBF - responde por 96% delas. Falam e fazem, por supuesto.

Um tanto vem da imprensa, outro tanto dos treinadores - dentre eles o "pofexô" -, algum tiquinho da torcida. Ou seja, todo mundo já falou alguma bobagem de lá pra cá.



Dentre as coisas relevantes, uma delas foi Tite, que preferiu estudar mais para melhorar e chegar à Europa. O "mais cotado" antes da escolha de Dunga, quer chegar ao continente europeu, em um clube grande, porque lá é o exemplo. Pode quebrar a cara, mas não custa tentar.

Outro é Cuca, que parece ter se livrado da "uruca" de não ganhar nada. Já tem uma Libertadores no currículo, mas alguém com uma Libertadores não poderia ir pra China. Vai aprender o quê lá? Mandarim?

Muricy é outro que parece, pelo menos, estar atento às lições que o mundo lhe dá. Depois da surra que levou do Barcelona, pelo Santos, ele vem procurando mudar seus conceitos, tentando manter seu time mais com a bola nos pés e menos sobrevoando as cabeças. Não dá pra dizer que ele não está tentando.

O problema é que, em todos os aspectos positivos que o futebol brasileiro vem tentando se arrumar, sempre está associado um treinador branco, um visionário.

É nesta invisibilidade dirigida que, muitas vezes, deixamos passar batido o que tem realmente impressionado neste Brasil pós-goleada. Quem parece ter entendido tudo, até porque não precisou da goleada para aprender, já via tudo isso rolando aqui mesmo, é um negro.

Cristóvão Borges assumiu uma bucha no Vasco, logo após o AVC de Ricardo Gomes, que poucos teriam peito pra assumir. Levou o time na Libertadores e, não fosse o gol perdido pelo Diego Souza, estaria, no mínimo, nas semifinais da competição com um time bom, mas que não passava muito disso.

Algum tempo depois, sucumbiu à pressão da torcida vascaína e saiu. Não saiu correndo atrás de outro clube dias depois. Foi pra sua casa estudar.

Enquanto os jornalistas estão preocupados em saber quantas milhas os treinadores andaram acumulando em seus cartões-fidelidade de companhias aéreas indo para a Europa, Cristóvão diz ao blog do PVC que viajou pouco, suas reflexões vem de leitura e observação de algumas coisas bem mais próximas. Sampaoli, no tempo de Universidad do Chile, foi um dos alvos de seus olhares.



Depois de uma passagem pelo Bahia, em que conseguiu fazer um time sofrível permanecer na primeira divisão, Cristóvão tem uma grande chance no clube que o projetou como jogador. O Fluminense.

Nesta história de valorizar o passe como um fundamento sem igual na arte de ganhar bem os jogos, Cristóvão faz do Fluminense o time mais bonito de se ver. E ganha!

Mas sabe porque se pensa em Tite, se fala em Muricy e se traz o Dunga sempre? Pra além da panelinha da cúpula da CBF, é porque o Cristóvão é negro! Por isso o nome dele sequer aparece, mesmo que o seu trabalho venha dando frutos.

É simples. Somos um país racista, imagina a CBF?

E não acho que esta era a hora dele, nem a ocasião. Ele precisa de um título polpudo pra chamar de seu, além disso entrar na seleção agora significa baixar a cabeça pra essa gente, coisa que ele nunca deve fazer.

Não é preciso transpor simplesmente o esquema alemão para cá, basta ocupar bem os espaços. Isto faz muita diferença no futebol.

A lição alemã passa mais pela organização do futebol, que é justamente quem não quer aprender nada.

E tenho dito...


Valeu,

Bruno Porpetta

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será moderado e pode não ser incluído nas seguintes hipóteses:

1 - Anônimo

2 - Ofensivo

3 - Homofóbico

4 - Machista

5 - Sexista

6 - Racista


Valeu,

Bruno Porpetta