sábado, 23 de junho de 2012

Bola murcha

Com algum tempo de ausência no blog, devido à Cúpula dos Povos, e após alguns fatos relevantes no futebol, infelizmente não será possível tratá-los agora.

Hoje, a direita paraguaia consumou um golpe contra o povo paraguaio, contra a democracia e contra o processo transformador pelo qual a América Latina tem passado.



Com 39 votos, contra apenas quatro, o Senado decretou o impeachment de Fernando Lugo, presidente eleito pelo povo paraguaio, em um processo iniciado ontem, e concluído em menos de 24 horas.

Trata-se, nitidamente, de um golpe de Estado. Assim foi tratado, inclusive, pela UNASUL (União das Nações Sulamericanas), conforme nota no link abaixo.

http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/comunicado-da-uniao-de-nacoes-sul-americanas-unasul-sobre-a-situacao-no-paraguai

Escolados em golpes, a TV pública venezuelana TeleSur transmitiu a sessão do Senado que decretou a queda de Lugo, não referindo-se de outra forma senão a verdadeira, diferentemente da grande mídia brasileira, que adora exaltar as Constituições e as democracias quando estas lhes beneficiam.

Apesar do evidente golpe, a reação de Lugo foi a que deu mais legitimidade ao acinte. Acatou a decisão do Senado, sem resistência, mesmo com a carta na manga que a posição da UNASUL lhe deu.

Não tinha a mesma mobilização que Chávez dispunha em 2002, na Venezuela, quando a força popular o recolocou na cadeira de Presidente, mas muito porque seu governo tinha um perfil mais conciliador que o venezuelano, o que inevitavelmente rebaixa as possibilidades de resistência organizada do povo.

Porém, a simples aceitação do golpe coloca em risco todo o legítimo processo democrático que aponta novos rumos em nosso continente. Uma vitória das forças conservadoras, sempre de calças arreadas para o imperialismo estadunidense que, de pronto, reconheceu o "novo governo" paraguaio.

Cabe aos lutadores de todo o continente demonstrar nossa solidariedade e apoio à resistência popular paraguaia, tirá-los do isolamento e fazê-los avançar em sua luta contra o golpismo da direita local. Além disso, uma postura efetiva dos demais governos progressistas sulamericanos de condenação, deslegitimação e sanções aos golpistas.

Equador, Argentina, Venezuela e Bolívia não reconhecem o governo do golpe, capitaneado por Federico Franco, cujo nome lembra, por triste coincidência, a ditadura espanhola que assassinou uma infinidade de catalães e bascos.

Aguarda-se uma posição mais consistente do governo brasileiro, correndo-se o risco de morrer à espera.


Valeu,

Bruno Porpetta




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Bruno Porpetta