terça-feira, 26 de junho de 2012

Futebol pra todo gosto

Após a eliminação do Santos, diante do Corinthians, pela Libertadores, voltou à tona o debate sobre a eterna dicotomia entre o feio que vence e o bonito que perde.

O título improvável do Chelsea, na Liga dos Campeões, reacendeu-o. Principalmente pela eliminação do Barcelona nas semifinais, onde o próprio time azul londrino aplicou, segundo seu treinador, um futebol à italiana.

Se me perguntassem, em uma dessas entrevistas de emprego para treinador de um clube qualquer da oitava divisão da região metropolitana do Rio, como eu armaria meu time, à brasileira ou à italiana, cravaria na primeira sem dúvida alguma.



Acho legal, divertido, bonito, entre outros inúmeros atributos. Tendo a pensar que um passe magistral, ou um drible desconcertante, é mais caro aos meus belos olhos quase verdes do que um robô programado para marcar e correr.

Creio eu que isso se deve ao fato de ser brasileiro mesmo. Fui criado pela vida pra querer fazer gols, não desarmes. Se puderem ser lindos gols, melhor ainda. Um golaço me renderia mais assunto pra mesa redonda (de bar) após a pelada do que um carrinho.

Mas na mesa, todos são livres para exaltar os feitos que quiserem, tal como podem ter as concepções de futebol que lhes derem na telha.

O que não gosto é de ver meu estilo de jogo predileto pejorado como um retumbante fracasso em termos de resultado. O futebol, assim tratado como arte, já venceu, e muito!

O próprio Barcelona, no retrospecto recente, não se pode considerar um fracasso. Longe disso, inclusive.

Mas não dá pra dizer também que ele é absoluto. Existe o chamado futebol-força, cuja força é menor que a organização, e para ser organizado o talento também é indispensável.

Pensado como um tabuleiro de xadrez, o campo de futebol comporta movimentos calculados, precisos, impondo uma lógica cerebral a um esporte cuja emoção pode levar à glória, ou à ruína.



O grande mérito do futebol organizado a partir da defesa é a previsão de situações que, em dias menos inspirados, os craques não conseguem agir. O coletivo sobrepõe-se ao indivíduo, e a palavra "solidariedade" não está solta na boca dos cronistas. Todos defendem, e muitos atacam. Em geral, de forma cirúrgica.

Sem talento, até mesmo a eficiência se liquefaz. Sem eficiência, o talento pode se dispersar pelo gramado.

Portanto, muito mais que a eliminação do Santos, a classificação do Corinthians - tal como o título do Chelsea - é digno de exaltação.

Comprovando a tese da mistura maravilhosa de eficiência e talento, tanto Drogba, quanto Danilo, andam merecendo uma estátua em frente ao Stamford Bridge e... bem, aí o Corinthians escolhe se na Fazendinha, no Pacaembu ou no Itaquerão.

Percebam como Danilo, sempre que o sufoco se avizinha do time corinthiano, vai lá e mete um golzinho salvador. Isso é o que se chama de poder de decisão.

Além dele, ainda tem o Emerson, que parece o Midas. Onde o Sheik pisou, nos últimos três anos, as galerias de troféus cresceram.

Voltando à vaca fria, não existe um estilo de futebol melhor que o outro. Existe o que cada indivíduo aprecia mais ou menos. Que nem música, exatamente do mesmo jeito.

Respeitar o estilo antagônico é prudente, eu diria. E com canja de galinha fica uma delícia!


Valeu,

Bruno Porpetta




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Bruno Porpetta