sexta-feira, 8 de junho de 2012

Gato por lebre (ou pássaro por dragão)

Imagine você, corinthiano, se um grupo polonês (numa situação tão hipotética, quanto improvável) comprasse o alvinegro do Parque São Jorge.

De repente, como forma de "internacionalizar" a marca do Corinthians, o investidor decide substituir as cores do clube pelas da bandeira de seu país, o vermelho e o branco. Além de substituir o mosqueteiro por um ursinho polonês, ou qualquer outro bichinho de Varsóvia.

Como você reagiria?



O Cardiff City, time do País de Gales que disputa a segunda divisão inglesa, fundado em 1899 e sempre vestido em azul e branco, conhecidos como Bluebirds (subentende-se que o mascote é um pássaro azul), agora são os Red Dragons (dragões vermelhos).

O clube foi comprado por um investidor malaio, chamado Dato Chan Tien Ghee, o qual chamaremos carinhosamente (e simplesmente, acima de qualquer coisa) de Dato.

Visando atingir o mercado asiático, a submissa direção do clube mudou, do dia para noite, o distintivo, as cores e o mascote do clube. Para isso, usará a imagem de um dragão vermelho, simbólico para os povos do oriente, em especial, a endinheirada e populosa China.

Poderíamos até pensar em uma suposta megalomania de Dato, visto que outros investidores, no próprio futebol inglês, não alteraram nada nos clubes agraciados pelos dinheiro aparentemente infindável do oriente. Os mesmos, todos da primeira divisão, cheios de holofotes e torcidas enormes, além de situarem-se na Inglaterra propriamente dita.

Um clube como o Cardiff City, de outro país do Reino Unido, fora da Premiere League, mas com uma torcida apaixonada, para o neocolonialismo asiático não representa nada, não significa nada? Pode então, a partir da chegada dos donos da grana, recomeçar sua vida, desprezando sua própria história?

Claro que a torcida do Cardiff não gostou nada disso. Protestou e foi solenemente ignorada. Tudo em nome do "progresso".

Em pesquisa feita pela página na internet do jornal britânico The Guardian, mais de 90% dos torcedores responderam que mais vale preservar a história do clube que fortalecer sua marca.

Mas a nova ordem mundial do futebol não entende assim. Não entende nada, na verdade.

Só entende de números, como se o mundo e o futebol fossem números.

Vale ressaltar que este tipo de situação acontece porque a "profissionalização" e "modernização" das ligas europeias,  onde os direitos de transmissão pela TV são porcamente distribuídos. Levam apenas números em consideração, e assim, deixam poucos clubes muito ricos, e muitos à míngua.

Se analisarmos o rumo tomado pelo futebol brasileiro, após o novo contrato firmado com a Vênus Platinada para os tais direitos, podemos imaginar um clube como a Portuguesa, comprado por algum investidor francês, passando a se chamar Marselhesa.

Né não?


Valeu,

Bruno Porpetta

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Bruno Porpetta