segunda-feira, 11 de junho de 2012

Um duelo muito familiar

Para quem não sabe, meu nome de batismo é Bruno Beneduce Padron.

Beneduce, da cidade italiana de Cerizano, ao sul da bota, próximo a Nápoles. Padron, de Ponte Vedra, região  galega da Espanha.

O encontro mais esperado desta primeira rodada da Eurocopa, sem dúvida, era entre espanhóis e italianos. Minha descendência paterna, contra minha descendência materna.



Embora isso não tenha muita interferência nas relações familiares, desde criança desenvolvi uma paixão esquisita pela seleção espanhola. Precisamente, na Copa de 86, no México, virei uma espécie de torcedor de La Furia.

Não nego que eu e meu pai sempre fomos muito próximos, e isso pode ter sido determinante na escolha pela seleção da Espanha. Mas não existe uma explicação muito racional pra isso tudo.

Tempos de Butragueño, Zubizarreta, Michel, Goikoetxea, Chendo, dentre outros. A derrota para o Brasil, na estreia, prejudicada pela arbitragem, ao mesmo tempo que me fez compartilhar a alegria pela vitória brasileira, com gol de Sócrates, também doeu. Por que tinha de acontecer justo com a Espanha?



A goleada contra a "Dinamáquina", por 5 a 1, com quatro gols de Butragueño, definiu o centroavante do Real Madrid como meu primeiro ídolo espanhol.

Para fazer das quartas-de-final, pessoalmente, uma tragédia, tanto Brasil como a Espanha foram eliminadas nos pênaltis nesta fase.

Por outro lado, nunca gostei da Itália. Sempre achei um futebol chato, mesmo quando não entendia muito a respeito.

Sentei-me diante da TV para assistir a Espanha X Itália, torcendo obviamente pela primeira.

E o que vi é que, mesmo diante de todos os escândalos que abalaram e desfalcaram a Azzurra, a camisa da Itália pesa toneladas.

O time italiano impediu o toque de bola espanhol, cercando as triangulações com três ou quatro marcadores, impondo ao jogo o seu ritmo. A melhor chance no primeiro tempo foi da Itália, em uma cabeçada de Thiago Motta, com excelente defesa de Casillas. No demais, sem muitas grandes chances de gol.

No segundo tempo, o jogo ficou mais aberto, e a Espanha conseguia trocar mais passes, embora a Itália assustasse em contra-ataques.

Balotelli teve a chance mais clara do jogo. Roubou a bola de Sergio Ramos, correu com a bola como uma lesma manca, meio sem saber o que fazer com ela, e permitiu a recuperação zagueiro espanhol. O suficiente para ser sacado quase imediatamente, dando lugar a Di Natale, o artilheiro do Campeonato Italiano, pela Udinese.



O mesmo Di Natale abriu o placar em seu primeiro lance, recebendo passe precioso do excelente Pirlo, e colocando no canto, na saída de Casillas.

Mal deu tempo da Itália se assanhar muito. Três minutos depois, em mais uma troca de passes nas cercanias da grande área italiana, David Silva achou o "centroavante" Fábregas, que tocou rasteiro para o barbante.

A Espanha passou a dominar o jogo após o gol, com a mesma paciência para tocar a bola que a notabilizou no último período, mas faltava aquela referência dentro da área. E foi assim que Del Bosque resolveu apostar em Fernando Torres.

Chances de virar a partida ele teve, mas apesar da boa movimentação, perdeu as três grandes oportunidades que teve. Na última, podia simplesmente ter rolado a bola para a direita, onde Jesus Navas entrava tão sozinho que dava até dó. Preferiu encobrir Buffon, e perdeu.

No fim das contas, o empate foi o retrato de um grande clássico europeu e, agora também, mundial. Uma Copa do Mundo pesa no currículo, e a Espanha já pode se considerar grande.


Valeu,

Bruno Porpetta


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Bruno Porpetta