quarta-feira, 13 de junho de 2012

Apenas respire

Se tem uma data muito chata, é o Dia dos Namorados!

Pra começar, foi uma invenção da cultura da cabeça baixa das nossas elites diante do todo-poderoso império estadunidense. Lá, conhecido como Valentine's Day, é mais uma data de estímulo ao consumo. Você deve ter motivos para dar presentes a todos os seres humanos com os quais se relaciona, diante do que, os comerciantes agradecem, e a economia sorri.

O papel da mídia na propagação do simbolismo da data, e seus óbvios efeitos sobre o aquecimento das vendas, fazem a programação televisiva dar até diabetes. São matérias nos telejornais, cenas nas novelas, programas especiais, musicais,... A celebração do amor mais piegas que existe. Na verdade, uma ode ao mau gosto.

A histeria desesperada dos "excluídos", torna a data ainda mais estúpida. Como se a solução dos problemas da humanidade estivesse diretamente ligada à presença do outro em suas vidas.

Quer esquentar os pés? Use meias! E grossas!



Nem tudo na vida são flores, mas nelas, apesar das inconveniências, não saltam aos olhos os espinhos. O que te faz reparar nas flores são as pétalas.

Portanto, mesmo diante de tantas agressões ideológicas que a data representa, ela provoca evidentes reflexões.

Refletir sobre o amor, ou sobre o não-amor, é refletir sobre si próprio, fundamentalmente, mas com especial atenção ao papel do outro.

Olhar para dentro de si, e enxergar um vazio que carece de preenchimento pelo outro, nada mais é do que um autoflagelo. É como uma oração católica apostólica e, acima de tudo, romana, onde volta-se aos céus pedindo piedade, clemência, compaixão, por aquilo que você não se tornou. Nada mais impiedoso consigo próprio, como pode esperar que os céus tenham por você aquilo que sequer você se deu?

Pensando bem, é impiedoso até com os céus.

Porque não oferecemos pessoas inteiras aos outros? Porque sempre a ideia da metade da laranja? Aliás, porque laranja?

A ideia da dependência é o que nos torna cada vez mais sós, mesmo acompanhados.

Se partirmos do pressuposto que o ser humano busca a felicidade, não é possível imaginá-la sem liberdade. E a busca do "complemento" nos aprisiona.

A felicidade é um horizonte, e a graça da vida é a perseguição.

O amor é uma escolha, feita por algum gnomo intrometido que, sem te pedir licença, te coloca o coração na boca com um simples sorriso do outro.

Atravessa barreiras, percorre distâncias, cresce na ausência, explode na presença.

As mãos dadas não expressam dependência, mas uma parceria nessa travessia rumo à miragem. Uma visão construída pelos olhos de ambos, alimentada pelos entreolhares.

E nada pode ser mais poético que um simples respirar de quem se ama!

Para quem ama, basta a existência.

O amor é uma revolução, e como já sabemos, esta não será televisionada.


Valeu,

Bruno Porpetta

Um comentário:

  1. 12.06.2013 - Um ano depois....rsrs seu gnomo mandou dizer que o horizonte nos espera! Ps. Amei as flores!! ;) Te amo!

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Bruno Porpetta