quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Medo, solidão, ... desespero!

O título deste artigo é a tradução livre de outro título.

Se trata de um álbum da banda Napalm Death, um ícone do death metal, que iniciou neste uma trajetória de alterações em suas composições, incluindo outros elementos sem perder suas características fundamentais, o peso e suas letras carregadas de depressão raivosa.

Este título me veio a cabeça depois de observar a reação de vários torcedores diante da derrota contra o México, que ocasionou a continuidade de nossa virgindade olímpica no futebol.

A música abaixo - chamada Plague Rages - foi o primeiro single do álbum. Pelo som, vocês deverão imaginar o que significaram os comentários que ouvi sobre a seleção, sobre Mano, Neymar e a crise do futebol brasileiro.





O sentimento geral é: "F...eu, perderemos a Copa em casa!".

É inegável a teoria da entressafra. E digo mais, ela não é tão nova quanto parece.

O Brasil não produz mais craques aos milhares. A lógica de exclusão, que cresce em progressão geométrica no nosso futebol, é diretamente responsável por isto.

Desde a base, os clubes procuram atletas olímpicos entre os garotos. Os preferidos são os Citius, Altius, Fortius.

A qualidade técnica é um mero acessório, que pode destacar algum garoto, em meio à manada de touros que pisoteiam os "campões" da base, onde a molecada vem ensaiando as primeiras dancinhas após os gols.

Outra teoria, dos analistas de boteco, diz que o problema é Neymar. Que se esconde, que não decide,... que já ganhou mais no último período do que o time todo do "analista" junto. Sem esconder-se, e sendo decisivo.

Porém, a que mais repercute e menos resolve os nossos problemas, é o manjado pedido de cabeça do treinador.

Não morro de amores pelo Mano. Acho que faltam os tais "cojones" de Loco Abreu ao treinador da seleção brasileira.

O currículo dele é que o torna tão suscetível. Mano não tem um punhado de títulos pesados que possa chamar de seu.

Com isto, ele vira presa fácil das pressões que, naturalmente, se abatem sobre o treinador da seleção brasileira. Ao longo do tempo, e após um jejum de vitórias, especialmente em jogos grandes, Mano foi cedendo em sua ideia inicial de botar o time pra jogar bola, tentando reeditar o bom esquema do Corinthians do primeiro semestre de 2009.

Com tantas mudanças ocorridas na seleção, não há time que se entrose, não há esquema que se segure e, consequentemente, não há torcida com tamanha paciência.

Mas é preciso reconhecer que, nestas Olimpíadas, e com esta garotada cuja base estará na Copa, o que se pretendeu foi levar o time à frente. Levar dois gols de Honduras, mas fazer três, podendo ter feito mais.

Os amistosos que antecederam aos Jogos foram bons exemplos de bom futebol, mesmo na derrota, como é o caso do jogo contra a Argentina. Ali, perdemos para o melhor jogador do mundo, sem dúvida alguma.

Há uma diferença relevante nas duas derrotas para o México (uma antes dos Jogos, outra na final).

Na primeira, fomos totalmente envolvidos pelos conterrâneos de Maria del Bairro. Saímos com dois gols na sacola, mas ficou de bom tamanho para a nossa bolinha.

Esta última, se não foi um primor de exibição, ao menos foi bastante esforçada para isso. Criamos jogadas, tentamos manter a posse de bola, mas perdemos. Acontece, como já aconteceu em todas as outras Olimpíadas e em 14 das 19 Copas do Mundo disputadas.



Temos um problema sério: em todas as partidas da seleção brasileira, o adversário parece um simples coadjuvante.

O adversário não ganha, é o Brasil que perde. O adversário não joga bem, nós é que jogamos mal.

Peraí, né? A defesa do México foi muito bem no jogo, e o atacante Peralta (sugestivo, hein?!) soube ser oportunista. Infelizmente para nós, o placar se define pelo número de bolas que adentram aquele retângulo coberto de redes, e eles encaçaparam duas vezes nas nossas, contra uma nossa na deles.

Desperdiçamos chances, nas poucas que o México nos deu. Eles marcaram, nas poucas que criaram.

Os garotos mexicanos são a esperança de, quem sabe, a seleção chegar a uma semifinal de Copa daqui a uns seis anos. Já os brasileiros são a bola da vez, que disputarão uma Copa em casa e terão "obrigação" de vencer, daqui a apenas dois anos.

Vencer é muito importante e fantástico, mas exercer sua própria identidade, que parecia esquecida em algum canto das burocráticas salas da CBF e da Globo, é muito mais valioso.

Mostrar aqui, o que costumamos mostrar na Europa, é o maior troféu que podemos levantar. A nossa cara, a nossa cultura, o nosso futebol!


Valeu,

Bruno Porpetta


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Bruno Porpetta