quinta-feira, 2 de agosto de 2012

E agora, José?


       


                 E agora, José?
              A festa acabou,
              a luz apagou,
              o povo sumiu,
              a noite esfriou,
              e agora, José?
              e agora, você?
              você que é sem nome,
              que zomba dos outros,
              você que faz versos,
              que ama, protesta?
              e agora, José?
              Está sem mulher,
              está sem discurso,
              está sem carinho,
              já não pode beber,
              já não pode fumar,
              cuspir já não pode,
              a noite esfriou,
              o dia não veio,
              o bonde não veio,
              o riso não veio
              não veio a utopia
              e tudo acabou
              e tudo fugiu
              e tudo mofou,
              e agora, José?
              E agora, José?
              Sua doce palavra,
              seu instante de febre,
              sua gula e jejum,
              sua biblioteca,
              sua lavra de ouro,
              seu terno de vidro,
              sua incoerência,
              seu ódio - e agora?
              Com a chave na mão
              quer abrir a porta,
              não existe porta;
              quer morrer no mar,
              mas o mar secou;
              quer ir para Minas,
              Minas não há mais.
              José, e agora?
              Se você gritasse,
              se você gemesse,
              se você tocasse
              a valsa vienense,
              se você dormisse,
              se você cansasse,
              se você morresse...
              Mas você não morre,
              você é duro, José!
              Sozinho no escuro
              qual bicho-do-mato,
              sem teogonia,
              sem parede nua
              para se encostar,
              sem cavalo preto
              que fuja a galope,
              você marcha, José!
              José, para onde?


    (Carlos Drummond de Andrade)



O Flamengo, clube de maior torcida do país, cujo time passa sucessivas vergonhas em campo, outro dia teve seus telefones cortados. Hoje, seu Centro de Treinamento em Vargem Grande, está sem luz.

Enquanto isso, a presidenta-vereadora Patrícia Amorim passeia por Londres, acompanhando o prenúncio de um vexame da delegação brasileira nas Olimpíadas, onde vários atletas do clube - especialmente na natação - competem.

Sua administração faz a torcida rubro-negra passar vergonha pelas ruas, e esta já começa a pedir que ela nem volte para o Brasil.

E aí? O que fazer?

Não elegê-la para nada a que se propõe (clube e Câmara) pode ser um bom início.


Valeu,

Bruno Porpetta

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Valeu,

Bruno Porpetta