Há quem acredite que viver cheio da grana, passeando em
iates com belas modelos, frequentar os melhores hotéis e restaurantes do mundo,
beber os melhores vinhos, é tudo na vida. Deve ser bom mesmo, mas a conta, de
uma forma ou de outra, um dia chega.
Não é de hoje que a imprensa fustiga as extravagâncias dos
homens ligados à FIFA. E não há problema algum falar em “homens”, porque
mulheres neste meio são mero adorno. E de pensar que vem daí todas as decisões
sobre o futebol feminino, por exemplo. Nada mais ilustrativo.
Mas a fortuna, em especial aquela adquirida de forma pouco
ortodoxa, é um castelo de areia. Um dia cai, por mais que possa levar muito
tempo.
E já tem tempo que esses magnatas da FIFA se divertem às
custas da nossa paixão. O futebol, que é um meio de vida para milhões em todo o
mundo, para eles é a própria vida. Todo o luxo e a luxúria possível no mundo se
realizam através do futebol, que todos sabemos ser um grande negócio.
Dando uma olhada no nosso quintal, observamos o papel
cumprido por João Havelange para que a FIFA se tornasse esse monstro. Um bicho
que jorra dinheiro.
O ex-presidente da CBD (a CBF de outrora) e da FIFA,
transformou o futebol mundial em uma máquina de sustentar toda a palhaçada
acima referida. E deixou filhos adotivos ao longo do tempo.
Ricardo Teixeira, Joseph Blatter, Nicolas Leóz e outras
pragas, crias de Havelange, que venderam a paixão do brasileiro e de todo o
continente americano para qualquer um que pudesse distribuir dinheiro na mão de
todos eles. Muito dinheiro.
As investigações estão, depois de 24 anos chafurdando na
lama da FIFA, tirando suas primeiras conclusões. A princípio, somente os sete
presos, além de Nicolas Leóz e Jack Warner foram citados nominalmente no relatório.
Sobre os outros, indícios bem fortes, mas apenas indícios. Até para Kleber
Leite, ex-presidente do Flamengo que contratava jogadores e não lhes pagava em
suaves prestações, acabou sobrando.
O que desespera os demais figurões, como Del Nero, que saiu
correndo da Suíça, é que o barbante só tem uma ponta para fora. Ainda há muito
para puxar. E, quem diria, os EUA parecem dispostos a fazer isso. Embora os EUA
sempre nos deem motivos para desconfiança.
Para salvar o futebol desta quadrilha da FIFA, existem duas
iniciativas a ser tomadas.
Uma delas é institucional. É preciso aprovar a Medida
Provisória 671, que trata da responsabilidade fiscal dos clubes de futebol e
derrotar este Congresso que, se não abrirmos os olhos, revoga até a Lei Áurea.
A segunda é fundamental. Sem ela, não tem MP, não tem
futebol, não tem nada. Os torcedores precisam se colocar nesta questão e ocupar
as ruas pedindo as cabeças dos dirigentes da FIFA e da CBF.
Os jogos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil – que entrou
no ratatá da grana investigada – devem ter faixas, bandeiras, apitos, cornetas
e, se for do gosto do freguês, até panelas nas arquibancadas denunciando esses
caras.
Do ponto de vista simbólico, as investigações do FBI cumprirão
o papel importante de mandar vários da quadrilha para execração pública. É
ótimo, mas não é tudo.
Há quem financie tudo isso. Até então chamados de parceiros comerciais,
amanhã não se sabe. Os tais parceiros não gostam de atrelar suas marcas a
escândalos, a menos que ainda seja segredo.
Valeu,
Bruno Porpetta