sexta-feira, 8 de julho de 2011

Kléber e os dilemas atuais do futebol

O novo modelo de negociação em torno dos direitos de transmissão expõe, logo de cara, suas deficiências.

O interesse do Flamengo na contratação de Kléber, praticamente o único jogador do time do Palmeiras, é um caso claro de quem já dança conforme essa nova música.

Após dirigentes palmeirenses, além de Felipão, empenharem a Gávea por Kléber, o Flamengo tenta um acordo para adquirir 100% dos tais direitos federativos do atacante, ficando com seu estádio e celeiro de (boas e más) histórias no futebol.

Simples entender.

Com o "fim" do passe, para que um jogador seja transferido de um clube para outro, basta que o pretendente deposite o valor da multa rescisória na conta do detentor dos direitos dos jogadores. Os deveres dos jogadores ninguém quer adquirir.

Neste caso, a vontade do jogador de sair do atual clube, acaba sendo determinante. Aí, não discutamos quais são as vontades do jogador. Podem ser salariais, ou ambientais e, em última instância, até por amor ao clube.

A novidade, no caso específico entre Flamengo, Kléber e Palmeiras, é a garantia do negócio.


Globo e você, Deus me livre!



O rubronegro carioca vem com toda essa bala na agulha graças ao dinheiro das cotas de transmissão dos seus jogos. Grana polpuda, negociada isoladamente com a Globo, após o desmonte do Clube dos 13 promovido, principalmente, por Flamengo e Corinthians.

E a partir de agora, conheceremos a nova ordem do futebol brasileiro. Onde a repartição do bolo dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro vai definir uma redução da quantidade de clubes que, a médio prazo, disputarão o título. Fica escancarado que a Rede Globo e seus anunciantes não toleram mais a existência de tantos clubes grandes no Brasil. Pode parecer um papo estranho, mas o capitalismo brasileiro não tem condições de subsistir toda a diversidade do futebol brasileiro. Melhor acabar com alguns.

A forma encontrada, pasmem, é dar-lhes dinheiro! Nunca os clubes receberam tanta bufunfa em cotas televisivas! Parece incrível!

Porém, a disparidade entre o ganho de uns poucos e de outros muitos cresceu.

Hoje, por exemplo, o mesmo Flamengo, que hoje pode tentar seduzir Kléber, ganha cerca de três vezes o valor dado ao Botafogo, clube grande da mesma cidade.

Alguns argumentam que o tamanho da torcida e, consequentemente, de consumidores, define a questão. Mas esta é a lógica de quem trata o futebol como produto. Não é esta a nossa cultura.

Significa que, daqui a algum tempo, alguns poucos clubes terão verdadeiros esquadrões, com maiores salários e maior capacidade de aliciar jovens craques. Outros, terão que se virar com o que tem e podem pagar.

Neste início de corrida "armamentista" dos times, o Flamengo parece levar clara vantagem sobre o Palmeiras, que pode falar suas bravatas magoadas, mas terá mesmo que rezar para o jogador querer ficar.

E isso é só o início...


Valeu,

Bruno Porpetta

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Bruno Porpetta