Na Copa de 82, ficou famoso um
personagem humorístico interpretado por Jô Soares chamado Zé da Galera. O dito
cujo sacaneava o treinador Telê Santana, colocando em suas falas o bordão “Bota
ponta, Telê!”.
Aquela época era o ocaso do
ponteiro, que fez parte dos esquemas táticos do futebol até os anos 70. Embora,
desde 58, o ponta esquerda já compunha mais a marcação no meio-campo da seleção
brasileira. O sujeito em questão era Zagallo.
Com a chegada dos anos 80 e a
necessidade de ter mais marcadores atrás da linha de ataque, os pontas
começaram a desaparecer.
O futebol foi mudando ao longo do
tempo. Por muito tempo, ficou mais chato. Sem os pontas, a linha de fundo virou
quase um território proibido. Quase não se pisava por ali.
Aí veio o Barcelona de Guardiola,
que por marcar e trocar passes no campo de ataque, percebeu que não podia se
confinar na intermediária. Alguém teria que ir à linha de fundo.
Foi o retorno do ponta. Não
exatamente com as mesmas funções de antigamente, mas estava lá.
Hoje, os pontas, além de ir à
linha de fundo, voltam para marcar a saída dos laterais. Os atacantes abertos
pelos lados do campo foram fundamentais para dar mais graça ao futebol atual.
Ou seja, redescobriu-se que o
futebol é a arte da ocupação de espaços. Quase um xadrez de peças “malemolentes”.
Este é o centro da discussão mais inevitável do momento: as eleições
presidenciais.
No segundo turno, cada um correu
para a ponta do ataque onde se sentiu mais à vontade para jogar. Dilma foi à
esquerda, Aécio à direita.
Na defesa adversária, FHC, o
lateral-direito, dava várias pixotadas. O jogo era por ali, pela
ponta-esquerda.
A estratégia deu certo. A vitória
veio pela esquerda.
Para governar, é hora de entender
o recado que o Brasil deu: “Bota ponta-esquerda, Dilma!”.
Valeu,
Bruno Porpetta