Emerson Sheik, por qualquer razão
que se possa imaginar, expôs o quanto a CBF coloca nossa democracia à prova,
retomando medos de outros tempos, quando falar o que se pensava era tratado
como crime contra a segurança nacional.
Não importa se Sheik está “politizando”
suas férias ou se acaba, involuntariamente, tornando-se uma liderança em um
processo de questionamentos à CBF que se iniciou com o Bom Senso FC. Deve-se
considerar, inclusive, a possibilidade de um processo coletivo arquitetado pelo
próprio movimento, utilizando-se de novas figuras, como Sheik e Ganso.
O mais importante é falar e,
principalmente, poder falar. Foi por este, e outros direitos, que muitos
tombaram. Foram torturados, mortos e seus cadáveres foram ocultados, negando a
suas famílias a simples chance de enterrá-los.
Nada que não vivemos nas favelas
e periferias do país nos dias de hoje, mas existe um especial simbolismo nas
mortes da ditadura militar. Uma referência em desrespeito aos direitos humanos.
Dentre as inúmeras similaridades
que temos entre o presente e o passado, uma delas é o cerceamento ao direito de
expressar suas opiniões. Por mais infames que possam ser, devem ser todas
ditas.
A hipótese da punição a Emerson,
já cogitada instantaneamente quando o atacante foi às câmeras de TV dizer que a
CBF era uma vergonha, é um resquício muito grande destes tempos que ninguém
nunca enterrará. A naturalização desta ideia é perigosíssima.
Uma coisa é a falta que provocou
sua expulsão na partida. Por esta, ainda dá uma discussão. Pelo desabafo,
nenhuma repreensão deve ser considerada normal.
Não é a toa que, ultimamente, vem
ganhando força uma turma que adora deveres, mas tem pouco apreço por direitos,
falando em “família”, “valores” e “moral”.
Que Deus nos proteja, mas que
façamos por onde.
Valeu,
Bruno Porpetta
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