domingo, 15 de janeiro de 2012

O clássico da Globo

Há muito se escuta aquela história, a depender do estado: "O Corinthians é o time da Globo", para os paulistas; "O Flamengo é o time da Globo", para os cariocas.

Hoje, ambos jogaram mais água nesse moinho.

Fizeram um amistoso, em Londrina, com transmissão exclusiva da Vênus Platinada. As duas maiores torcidas do país ligadas na tela do plim-plim.

É bom ressaltar o que há de positivo no amistoso.

Como o calendário da CBF, com anuência da própria Globo (ou será o contrário?), não possibilita que os times viajem em suas pré-temporadas como antigamente (até porque o resto do mundo está no meio da temporada), preparem-se adequadamente para as competições que irão disputar e ainda levantem um dinheiro, marcar este tipo de embate acaba sendo bom para ambas as partes.

Primeiro, vamos tentar entender a pecha de "times da Globo" que ambos possuem.

A Rede Globo de Televisão, detentora de concessão pública para defender interesses privados - em especial, os seus -, sob tal condição, visa auferir lucro. Quando este não se torna possível pelas próprias pernas, o BNDES tá aí pra garantir a fatura.

Chute a Globo você também!


Lucro e televisão se resumem a uma só palavra: audiência.

É a audiência que determina o interesse de empresas, em sua maioria privadas, para comprar espaços comerciais nos intervalos, ou até durante os programas, e acabam por determinar também o valor do mesmo espaço. Quanto maior a audiência, mais caro o espaço e, ao mesmo tempo, maior a procura.

São estes anunciantes que garantem o lucro da emissora.

Pois bem, para aumentar a audiência e, consequentemente, a venda de anúncios, é necessário buscar um público-alvo maior possível.

Está aí o grande "segredo" de Flamengo e Corinthians, eles possuem as duas maiores torcidas do país. Logo, são o maior público-alvo possível nos estados onde a Rede Globo possui suas principais sedes e, consequentemente, possuem vantagens na exibição de jogos e, de forma correlata, na distribuição de cotas sobre os direitos transmissivos.

Ah! Mas a Globo ajudou a consolidar o Flamengo como a maior torcida do Brasil!

Para isto, basta estudar um pouco de história.

O Flamengo possuía a maior torcida do Rio de Janeiro, e tinha seus jogos transmitidos pela Rádio Nacional, com sede na capital federal da época, mas com sinal para todo o país.

O Flamengo tem a maior torcida do país, fundamentalmente, graças à Rádio Nacional, mas também graças a si próprio.

Quando a Globo aparece na história, já tá tudo deste jeito, e a emissora, que não é boba, surfa nesta onda.

Mas e o Corinthians?

O Corinthians, também há muito tempo, possui a maior torcida de São Paulo. Lá, onde a Globo vem centralizando parte considerável de sua programação. Torna-se também natural que, diante disso, o Corinthians tenha mais jogos transmitidos.

Se a Globo pode cumprir a tarefa de nacionalizar ainda mais o Corinthians, este também possui papel fundamental no seu próprio crescimento.

E o golpe no Clube dos 13, orquestrado principalmente por Corinthians e Flamengo, com apoio da CBF e da Globo?

Ambos, sabendo do produto que são, querem distinguir-se dos demais na divisão do bolo das cotas de TV, e em nome disso promoveram uma patifaria sem limites. Aí sim, são vergonhosos aliados daquilo que há de pior no futebol brasileiro.

Embora, segundo o Crowe Horwath RCS, a marca Corinthians lidera o ranking, e a do Flamengo é a terceira. Simples, o Corinthians tem a segunda maior torcida do país, mas a maior no estado mais rico, e isso é o que importa para o capitalismo do futebol. O Flamengo, mesmo com a maior torcida do país, é uma zona!

Leia mais: http://lista10.org/dinheiro/as-10-marcas-mais-valiosas-do-futebol-2010/

Pois bem, nada melhor para a Globo um jogo entre as duas equipes, no período do ano em que não há futebol, logo, menos audiência no horário.

Então falemos do jogo!

Corinthians e Flamengo foram os retratos de si mesmos em campo.

Bastante ilustrativo, enquanto o Corinthians faz negócios, o Flamengo faz manchetes


Para o Corinthians, o jogo das faixas de campeão brasileiro. Clima tranquilo, time ajustado desde o ano passado, embora sem ter tocado na bola em 2012.

Já no Flamengo, ninguém chega, todo mundo ameaça sair, quem fica não recebe, a diretoria não se entende, e a torcida fica apreensiva, pois faltam apenas 10 dias para a estreia na Libertadores.

No primeiro tempo, as duas equipes entraram com as escalações consideradas titulares. Resultado: 2 a 0 para o Corinthians, contra um Flamengo que sequer teve tempo para apreciar as cores da bola.

Veio o segundo tempo, com escalações consideradas reservas. O Flamengo marca dois, podendo até fazer mais, e o jogo termina empatado.

Para os corinthianos, fica uma boa perspectiva. O time, apesar da falta de ritmo, manteve a principal característica do ano passado, foi solidário, competitivo e possui suas cartas na manga para decidir o jogo.

Já para os rubro-negros, foi horrendo, assustador, lamentável. E ainda tem 4 mil metros de altitude para enfrentar, daqui a 10 dias, sem saber se Ronaldinho viaja ou não amanhã para a Bolívia.

É ano de eleição nos dois clubes. A do Corinthians, logo agora no início do ano. No Flamengo, só no final.

E aí ficam evidentes as diferenças entre ambos, ao colher os frutos da divisão patrocinada pela Globo/CBF no Clube dos 13.

Quem consegue ser minimamente organizado, leva vantagem. E o Corinthians está anos-luz a frente do Flamengo.


Valeu,

Bruno Porpetta



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Bruno Porpetta