Hoje, ambos jogaram mais água nesse moinho.
Fizeram um amistoso, em Londrina, com transmissão exclusiva da Vênus Platinada. As duas maiores torcidas do país ligadas na tela do plim-plim.
É bom ressaltar o que há de positivo no amistoso.
Como o calendário da CBF, com anuência da própria Globo (ou será o contrário?), não possibilita que os times viajem em suas pré-temporadas como antigamente (até porque o resto do mundo está no meio da temporada), preparem-se adequadamente para as competições que irão disputar e ainda levantem um dinheiro, marcar este tipo de embate acaba sendo bom para ambas as partes.
Primeiro, vamos tentar entender a pecha de "times da Globo" que ambos possuem.
A Rede Globo de Televisão, detentora de concessão pública para defender interesses privados - em especial, os seus -, sob tal condição, visa auferir lucro. Quando este não se torna possível pelas próprias pernas, o BNDES tá aí pra garantir a fatura.
Chute a Globo você também!
Lucro e televisão se resumem a uma só palavra: audiência.
É a audiência que determina o interesse de empresas, em sua maioria privadas, para comprar espaços comerciais nos intervalos, ou até durante os programas, e acabam por determinar também o valor do mesmo espaço. Quanto maior a audiência, mais caro o espaço e, ao mesmo tempo, maior a procura.
São estes anunciantes que garantem o lucro da emissora.
Pois bem, para aumentar a audiência e, consequentemente, a venda de anúncios, é necessário buscar um público-alvo maior possível.
Está aí o grande "segredo" de Flamengo e Corinthians, eles possuem as duas maiores torcidas do país. Logo, são o maior público-alvo possível nos estados onde a Rede Globo possui suas principais sedes e, consequentemente, possuem vantagens na exibição de jogos e, de forma correlata, na distribuição de cotas sobre os direitos transmissivos.
Ah! Mas a Globo ajudou a consolidar o Flamengo como a maior torcida do Brasil!
Para isto, basta estudar um pouco de história.
O Flamengo possuía a maior torcida do Rio de Janeiro, e tinha seus jogos transmitidos pela Rádio Nacional, com sede na capital federal da época, mas com sinal para todo o país.
O Flamengo tem a maior torcida do país, fundamentalmente, graças à Rádio Nacional, mas também graças a si próprio.
Quando a Globo aparece na história, já tá tudo deste jeito, e a emissora, que não é boba, surfa nesta onda.
Mas e o Corinthians?
O Corinthians, também há muito tempo, possui a maior torcida de São Paulo. Lá, onde a Globo vem centralizando parte considerável de sua programação. Torna-se também natural que, diante disso, o Corinthians tenha mais jogos transmitidos.
Se a Globo pode cumprir a tarefa de nacionalizar ainda mais o Corinthians, este também possui papel fundamental no seu próprio crescimento.
E o golpe no Clube dos 13, orquestrado principalmente por Corinthians e Flamengo, com apoio da CBF e da Globo?
Ambos, sabendo do produto que são, querem distinguir-se dos demais na divisão do bolo das cotas de TV, e em nome disso promoveram uma patifaria sem limites. Aí sim, são vergonhosos aliados daquilo que há de pior no futebol brasileiro.
Embora, segundo o Crowe Horwath RCS, a marca Corinthians lidera o ranking, e a do Flamengo é a terceira. Simples, o Corinthians tem a segunda maior torcida do país, mas a maior no estado mais rico, e isso é o que importa para o capitalismo do futebol. O Flamengo, mesmo com a maior torcida do país, é uma zona!
Leia mais: http://lista10.org/dinheiro/as-10-marcas-mais-valiosas-do-futebol-2010/
Pois bem, nada melhor para a Globo um jogo entre as duas equipes, no período do ano em que não há futebol, logo, menos audiência no horário.
Então falemos do jogo!
Corinthians e Flamengo foram os retratos de si mesmos em campo.
Bastante ilustrativo, enquanto o Corinthians faz negócios, o Flamengo faz manchetes
Para o Corinthians, o jogo das faixas de campeão brasileiro. Clima tranquilo, time ajustado desde o ano passado, embora sem ter tocado na bola em 2012.
Já no Flamengo, ninguém chega, todo mundo ameaça sair, quem fica não recebe, a diretoria não se entende, e a torcida fica apreensiva, pois faltam apenas 10 dias para a estreia na Libertadores.
No primeiro tempo, as duas equipes entraram com as escalações consideradas titulares. Resultado: 2 a 0 para o Corinthians, contra um Flamengo que sequer teve tempo para apreciar as cores da bola.
Veio o segundo tempo, com escalações consideradas reservas. O Flamengo marca dois, podendo até fazer mais, e o jogo termina empatado.
Para os corinthianos, fica uma boa perspectiva. O time, apesar da falta de ritmo, manteve a principal característica do ano passado, foi solidário, competitivo e possui suas cartas na manga para decidir o jogo.
Já para os rubro-negros, foi horrendo, assustador, lamentável. E ainda tem 4 mil metros de altitude para enfrentar, daqui a 10 dias, sem saber se Ronaldinho viaja ou não amanhã para a Bolívia.
É ano de eleição nos dois clubes. A do Corinthians, logo agora no início do ano. No Flamengo, só no final.
E aí ficam evidentes as diferenças entre ambos, ao colher os frutos da divisão patrocinada pela Globo/CBF no Clube dos 13.
Quem consegue ser minimamente organizado, leva vantagem. E o Corinthians está anos-luz a frente do Flamengo.
Valeu,
Bruno Porpetta
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