segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

"Bafão" abafado

O árbitro Gutemberg de Paula Fonseca, do Rio de Janeiro, abandonou o apito denunciando o chefe da arbitragem, Sérgio Corrêa.

Agora, Sérgio Corrêa deve mostrar se está com a mão amarela


Segundo o agora ex-árbitro, o chefão da arbitragem da CBF forçava os árbitros a telefoná-lo antes de cada jogo em que estivessem escalados, a depender do clube envolvido na peleja, seriam pressionados a não prejudicar interesses que, até o momento, não estão bem claros quais são.

Cita como exemplo um jogo entre Corinthians e Goiás, em 2010, cujo placar foi 5 a 1 para o alvinegro, onde ouviu às vésperas do jogo, em que estava escalado para apitar, por telefone, da boca de Sérgio Corrêa: "Vai lá, boa sorte! Vai apitar jogo do Timão, hein!". De acordo com a interpretação do próprio Gutemberg, não favorecer o Corinthians poderia significar não ser mais escalado para jogos.

Daí, existem duas formas de tratar o fato.

Uma delas é a da grande mídia, que possui interesses diretos na competição. Seja pela transmissão da mesma (no caso específico da Rede Globo) ou pela audiência que o produto rende aos demais. Imaginem se todas as notícias sobre o Brasileirão dos últimos anos foram, na verdade, parte de uma grande fraude operada pelo comando da arbitragem brasileira? Neste caso, o prejuízo aos torcedores e, principalmente, aos negócios, são incalculáveis.

Outra maneira de interpretá-lo se dá na análise da relação entre a denúncia, o tempo e as consequências. Gutemberg acaba de ser excluído do quadro da FIFA, em seu lugar retornou Péricles Bassols, e a denúncia seria uma decorrência disto. Pois bem, se não tivesse perdido o status de árbitro FIFA, denunciaria o esquema ou continuaríamos reféns de uma verdade construída artificialmente? Dado o exemplo do jogo do Corinthians em 2010, porque levou tanto tempo para a denúncia?

Por que não antes, Sr. Juiz?


Nenhuma destas perguntas torna o ex-árbitro um caluniador, mas jogam no ventilador tudo o que pode estar por trás dos jogos do Brasileirão com anuência, inclusive, do próprio Gutemberg. Durante algum tempo, ele aceitou dançar conforme a música de Sérgio Corrêa. Agora, excluído do quadro da FIFA, não mais.

Tal situação é aceita por todos os demais árbitros? Podemos entender que sim. Mas quais interesses estão sendo resguardados por Sérgio Corrêa? Se restringem ao Corinthians?

Gutemberg afirma ter provas sobre o que denuncia. Cabe a justiça (comum, pois seria outra agressão ao Estatuto do Torcedor, cabendo ações cíveis e criminais) exigir a apresentação da comprovação de tudo, sem juízo de valor midiático, tampouco sem a devida conferência da veracidade das denúncias.

Mais uma vez, fica evidente que é preciso profissionalizar a arbitragem. A dependência direta da CBF coloca os árbitros em situação comprometedora, visto que para se manter na ativa, o apito deve soar de acordo com as vontades dos dirigentes do nosso futebol.

Enquanto nada disso vem à tona, ficamos somente com especulações. E elas dão a entender que o futebol brasileiro é uma miragem, onde o que vemos pode ser facilmente manipulado por quem sabe muito de acumular riquezas, mas muito pouco de bola.

Quanto à afirmação de que Sérgio Corrêa é um "mentiroso, mariquinha e corrupto", as mentiras e a corrupção são de nosso interesse, o resto só diz respeito ao próprio chefão da arbitragem.


Valeu,

Bruno Porpetta

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Bruno Porpetta