quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Pedindo licença, quase desculpas

Discordar de um gênio não é fácil.

Afinal, o cara é um gênio e eu sou apenas um rapaz latinoamericano sem dinheiro no banco (ênfase nesta última assertiva).


Ok, pelo menos nós dois achamos o Van Gaal um estúpido


Por isso, peço licença para divergir de Rivaldo.

Ele foi, junto a Ronaldo, o cara da Copa de 2002. Pessoalmente, esta Copa lavou minha alma.

Depois de, pela primeira vez na vida, ver uma seleção brasileira campeã do mundo em 94 - o que, naturalmente, me deixou emocionado -, aquela bolinha do tetra ainda não me satisfazia por completo.

Em 2002, se não foi uma esquadra daquelas que o futebol brasileiro produzia aos montes até 82, ao menos houve algo de belo para se contar depois. Nem que fosse contra a Costa Rica, o Brasil se deu ao luxo de marcar cinco gols em uma mesma partida, o que devia ser expressamente proibido por Parreira em 94.

E Rivaldo contribuiu, e muito, para esta parca beleza do penta. A ele, faço eternas reverências!

Em sua última coletiva, o agora meia sãopaulino afirmou que Neymar, Ganso e Lucas devem sair do país o mais breve possível.

Justificou dizendo que eles precisam ganhar experiência e atuar com os jogadores que enfrentarão na Copa de 2014.

Faz sentido. Mas pensemos por outros aspectos.

O futebol brasileiro, surfando na onda do bom momento da economia brasileira, tem sistematicamente repatriado jogadores brasileiros que atuam no exterior, além de se tornar um pólo promissor para jogadores da América do Sul.

Pagam salários, se não iguais, já bem próximos do nível europeu. Aliás, até a Europa já não faz mais as mesmas loucuras de antes, dada a crise que lá se instalou e parece não ter hora pra terminar. Por essas e outras, quem vem gastando os tubos por lá são, em geral, times bancados por barões do petróleo no Oriente Médio, e com estes não dá pra competir.

Portanto, a tal independência financeira é uma questão a menos para pesar na decisão dos nossos jovens craques.

Com mais jogadores de qualidade por aqui, o nível dos nossos campeonatos, obviamente, também sobe. Com este acréscimo qualitativo, os craques daqui saem para as competições internacionais mais tarimbados. Mas e a tal "experiência internacional"?

Pois bem. As considerações, comentários e afins que fazemos aqui neste blog sobre futebol, são dotadas de uma crença muito grande na capacidade do jogador, em especial o brasileiro, na arte do improviso, da molecagem, da beleza. Que faz desse esporte algo tão apaixonante quanto o pôr-do-sol atrás das rochas do Morro Dois Irmãos, no Leblon.

Foi este futebol que nos deu três títulos mundiais sem que houvesse a necessidade dos nossos craques terem profundas relações pessoais ou esportivas com os gringos. Até a década de 70, nossos jogadores cumprimentavam os adversários por mera educação. Não conheciam ninguém pessoalmente, não combinavam jantares, nunca sequer haviam se cruzado.

Futebol é o tipo de coisa que, nas CNTP e na maioria das vezes, se resolve dentro do campo.

Se nossos craques não estão acostumados a jogar com eles, o contrário também é verdadeiro. E podemos ser mais surpreendentes do que eles.

Enfim, me perdoe Rivaldo! Você é um gênio, mas não estamos de acordo.


Valeu,

Bruno Porpetta

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Bruno Porpetta