quinta-feira, 25 de abril de 2013

Sua Copa nas "patas" deles

As declarações de Jérôme Valcke, que reclama do "excesso de democracia" nos países-sede da Copa do Mundo, acompanhadas das opiniões de Blatter sobre a Copa da Argentina - a maior vergonha de toda a história das Copas, que serviu para encobrir os milhares de assassinatos cometidos pela ditadura militar portenha - além de revelar quem são as figuras que metem o bedelho aqui no Brasil, não chega a ser surpreendente.



Para ler as abobrinhas de Valcke e Blatter, clique no link: http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2013/04/24/excesso-de-democracia-no-brasil-afeta-organizacao-da-copa-diz-valcke.htm

Recentemente, tive a oportunidade de ler Jogo Sujo, do jornalista inglês Andrew Jennings - o único jornalista do mundo banido das coletivas de Joseph Blatter. O que faz com que a matéria citada acima, não espante, embora seja igualmente asquerosa.

São como sanguessugas. Eles escolhem as sedes, em processos marcados por corrupção, e praticamente invadem os países, roubando-lhes a soberania em nome de seus negócios.

E nem mesmo nos negócios eles conseguem ser minimamente honestos. O caso da substituição de uma operadora de cartões de crédito por outra, conseguindo enganar as duas ao mesmo tempo, é bastante elucidativo. Leia mais em http://www.transparencyinsport.org/minutes.html

Em dia de jogo da seleção, no "novo" Mineirão, cabe se perguntar se toda esta "beleza" das nossas "arenas" nos custa somente seus valores nominais - que já são enormes - para as obras?

Certamente que não.

Mas tem outra coisa que chama a atenção. Às vezes, me parece que estes parasitas possuem uma visão muito mais otimista do Brasil do que nós mesmos podemos verificar.

Excesso de democracia? Quem dera...

Com democracia em excesso, eles não teriam feito nem um décimo do estrago que já estão causando, muito antes da bola rolar.

Até o Castelão eles conseguiram esvaziar...


Valeu,

Bruno Porpetta

domingo, 21 de abril de 2013

O Galo que pode morrer pela boca

O jogo de quarta-feira passada, entre São Paulo e Atlético-MG, valia tudo para o tricolor paulista e parecia não valer nada para o Galo.

O time mineiro já tinha assegurado, tanto sua classificação para as oitavas-de-final, quanto a melhor pontuação dentre todos, que dá direito a enfrentar o pior classificado.

Ao São Paulo, só existia uma possibilidade: ser o pior classificado.

Estava tudo em jogo para o tricolor! O cargo de Ney Franco, a enxaqueca de Juvenal Juvêncio, a "urgência" na aposentadoria de Rogério Ceni, o futuro de uma geração promissora, o arrependimento pela venda de Lucas e, por consequência, o alto preço pago por Ganso.



Quando o árbitro encerrou o primeiro tempo, o jogo estava empatado em 0 a 0 e, naquele momento, o São Paulo estava fora da Libertadores. Classificava-se ali o Arsenal de Sarandi (olha, até rimou!), que vencia o The Strongest, da Bolívia, por 1 a 0. 

Eis que o craque Ronaldinho Gaúcho, na saída para o intervalo, diz em entrevista que o Galo não tinha nada a perder, era necessário se divertir no segundo tempo e jogar como se aquilo fosse um treino para as oitavas.

O São Paulo, sem saber de nada disso, conseguiu tornar o improvável em concreto. Fez dois gols, classificou-se e jogou todo aquele papo do quarto parágrafo deste artigo pra longe. Talvez para mais adiante, mas isso não é importante no momento.

O que realmente importa é que, em uma Libertadores, quando você busca seu primeiro título, não se cutuca com vara curta uma onça que já tem três.

Não creio que a intenção de Ronaldinho era "subestimar" ou "desrespeitar" o São Paulo. Realmente, o Galo não precisava carregar a tensão que, necessariamente, o São Paulo carregava.



Mas que, para quem lê, vê ou ouve as declarações dele, não consegue dar outra conotação se não a de "aquilo não valia nada para o Atlético", isso também é verdade.

Quando se fala algo assim, sabedor (ou deveria saber) da situação, volta-se a campo e ganha-se o jogo. Ou seja, mate a cobra antes que ela saia do buraco.

Pois bem, não matou. E agora, diferentemente do último jogo, todos os jogadores do São Paulo já sabem das declarações de Ronaldinho. E da pior forma possível! Ainda no calor do jogo, na saída para os vestiários - classificados, às vésperas de enfrentar novamente o Atlético - e pela imprensa (que adora provocar este tipo de "fuxico").

Para quem assistiu à preleção de Rogério Ceni antes do jogo*, imagine nas oitavas! Depois de tudo isso!

Com o histórico recente do treinador do Galo - Cuca - em Libertadores, é para se preocupar.


Demais "prognósticos"


Comentar futebol é um eterno exercício de "vidência".

Claro que analisam-se circunstâncias, características, qualidades, problemas e chega-se a algum prognóstico de resultado. O que ninguém admite é que, em se tratando de futebol, esse monte de análises não chegam a determinar nada. Portanto, há um quê de chute também (pelo tema, nada mais coerente).

Então, vou dar alguns palpites sobre as oitavas-de-final da Libertadores, correndo todos os riscos, mas rezando para acertar o  máximo possível. Convenhamos, é divertidíssimo acertar resultados!



- Atlético-MG (BRA) X São Paulo (BRA): A entrevista de Ronaldinho tornou impossível cravar o favoritismo do Galo. Nesta hora, joga-se a primeira fase no lixo e as duas equipes entram em condições de igualdade. Em igualdade, a camisa leva vantagem. Dá São Paulo!



- Tijuana (MEX) X Palmeiras (BRA): O Palmeiras, pelo time que tem, além da dura tarefa de encarar a segundona este ano, já fez muito nesta Libertadores. Pode fazer mais? Até pode, mas não tem obrigação. Vai enfrentar um bom time mexicano (que eu insisto, é uma aberração a participação de mexicanos na Libertadores), em um gramado de pelada em soçaite, onde nenhum brasileiro consegue se adaptar (a não ser peladeiros). O Palmeiras tem mais camisa, mas muita desvantagem. O Tijuana é favorito!



- Corinthians (BRA) X Boca Juniors (ARG): O mesmo cenário do ano passado. Não é possível prever por quanto tempo o Boca será um time de médio para fraco, mas com Riquelme e uma camisa pesadíssima na América do Sul. Mas a situação é esta há algum tempo, e Riquelme fica um ano mais velho a cada ano (uma redundância estúpida, mas relevante). Ano passado não deu pro Boca, e este ano (a não ser que Riquelme e a camisa do Boca resolvam jogar muito) não será diferente. Dá Corinthians!



- Velez Sarsfield (ARG) X Newell's Old Boys (ARG): Os anos de 92 e 94 nos dão a noção de distância entre Newell's e Velez. Enquanto o primeiro, em 92, veio ao Morumbi entregar o primeiro troféu de campeão da Libertadores ao São Paulo, o segundo esteve no mesmo estádio, dois anos depois, roubando a coroa do tricolor que, na ocasião, lutava pelo tricampeonato. O Velez tem mais time, enquanto ao Newell's resta o consolo de ser o time de coração de Lionel Messi. Cravo no Velez!



- Independiente Santa Fé (COL) X Grêmio (BRA): O Grêmio tem muito mais time! Só que não consegue se acertar nem com reza brava. Passou sufoco para se classificar em um grupo teoricamente fácil, e já não tem muito mais tempo para, enfim, acertar o time. O time gaúcho leva, embora daquele jeito que só o Grêmio consegue levar as coisas. No sufoco, pra variar.



- Nacional (URU) X Real Garcilaso (PER): O bom time do Nacional enfrentará, na verdade, a cidade de Cuzco. Subirá 3400 metros de altitude para botar os bofes pra fora, mas elimina os peruanos. E de quebra visita uma linda cidade, cheia de história pra contar.



- Olimpia (PAR) X Tigre (ARG): O tradicional Olimpia enfrenta aquele bando de cagões do Tigre. Estes caras deviam ser banidos do futebol depois da patacoada que arrumaram no ano passado, em pleno Morumbi, na decisão da Copa Sul-americana. Mas já que estão aí, ao menos que sirvam para afirmar a boa campanha do Olimpia, que decide em casa, no temido Defensores del Chaco. Imaginem só o que o Tigre deve fazer desta vez!? Pipi na calça? Dá Olimpia!



- Fluminense (BRA) X Emelec (EQU): Este é um confronto daqueles que eu poderia apostar os pulsos, a bolsa escrotal, ou qualquer outra parte do meu corpo, em favor do Fluminense. A distância entre ambos é gigantesca! O problema é que o Fluminense adora me surpreender. Ainda assim, aposto no tricolor carioca (sem valer nada, ok?).

Se der tudo ao contrário, não digam que não avisei antes...


Valeu,

Bruno Porpetta



* Infelizmente, não foi possível compartilhar o vídeo da preleção de Ceni neste post. Por este motivo, deixo-lhes o link: http://www.youtube.com/watch?v=3MNvofyBCAw

domingo, 14 de abril de 2013

Neymar foi, é ou será?

O nome de Neymar, sob qualquer circunstância, transita cotidianamente no noticiário esportivo - e além - brasileiro.

O constante debate sobre o seu futuro, acompanhado de boatos cada vez mais frequentes de supostos acordos firmados com o Barcelona, influi decisivamente na observação mais apurada do craque e, consequentemente, em um olhar mais crítico.

As fracas atuações recentes no Santos, somadas à ausência de gols pela seleção em jogos contra países considerados grandes no futebol mundial, aos "buxixos" sobre sua vida pessoal e de garoto-propaganda de tudo quanto é marca, sem contar a importância desmedida que muitos dão ao seu penteado. Estes elementos jogam água no debate sobre o papel de Neymar no mundo do esporte bretão. Em que lugar ele se encontra?



Estamos tratando, primeiramente, de um garoto.

A história do Santos é recheada de garotos negros geniais. De onde veio Pelé, aos 15 anos de idade em sua estreia entre os profissionais, veio também Robinho, que aos 17 interrompia um jejum de títulos com oito pedaladas cinematográficas sobre Rogério, do Corinthians.

E veio Neymar, que aos 19 anos de idade recolocava o Santos no topo da América do Sul, igualando-se ao São Paulo em títulos continentais.

Quando colocava-se Neymar em grau de comparação à Messi, ao mesmo tempo que não se imaginava a carga pesadíssima apoiada sobre as costas de um garoto, ainda não se tinha o tal do confronto direto. Este aconteceu, e o resultado não foi nada animador para o atacante santista.



Portanto, conclui-se que ainda não é pra tanto.

Aposta-se uma Copa inteira em Neymar. Ele foi o escolhido para ser o craque da Copa em casa, onde acredita-se, por grande parte da torcida e da imprensa, que temos a obrigação de vencer.

Para começo de conversa, não temos obrigação de nada!

Dentro do campo, deve se esperar o melhor futebol possível. Se ganhar, ótimo! Se não ganhar, ao menos jogou-se alguma bola na seleção brasileira.

Esta hipótese foi soterrada pela entrada de Felipão no comando, com Parreira dando seu suporte.

Fora das quatro linhas, estavam nossas grandes obrigações. Uma Copa que garantisse ao povo melhores condições de vida era uma delas. Deixar nosso futebol em mãos melhores que as de Teixeira, Marin e seus "et ceteras", era outra.

Destas obrigações, não cumprimos - nem cumpriremos - absolutamente nada! A Copa no Brasil é uma enorme faca no pescoço do povo.



Os governantes e dirigentes dizem: "Quer Copa? Entregue sua casa!"

Assim, sem a menor cerimônia...

Mas voltando ao assunto Neymar, é preciso reconhecer: ele é um craque!

Não se pode ir tanto à terra, nem tanto ao mar.

Sua queda de rendimento é absolutamente comum, assim como atuações de gala também o são.

A insistência de uns em levá-lo para a Europa chega a ser incompreensível. Afinal, se queremos um futebol brasileiro mais forte, devemos levar nossos craques para a Europa? Nossos campeonatos devem ser apenas desfiles de semi-aposentados?

Nós merecemos mais! Merecemos ter Neymar jogando aqui, assim como merecíamos que Lucas tivesse ficado no São Paulo!

Infelizmente, estamos perdendo esta batalha.

Lucas já foi, e não demorará para Neymar ir também.

O contrato de Neymar com o Santos vai até a final da Copa, em 2014. Se o Santos conseguir a renovação que deseja - até 2016 - podemos vê-lo por mais tempo aqui. Caso contrário, o próprio Santos poderá conseguir um bom dinheiro se vendê-lo agora. É uma decisão importante que cabe aos dirigentes santistas.

A fila de clubes que querem Neymar é encabeçada pelo Barcelona. Não lhes parece, no mínimo, curioso que o melhor time do mundo, que possui o melhor jogador do mundo, queira contar com o futebol de Neymar?



Neymar tem lugar naquele time. E pode ser o diferencial tático que o Barcelona precisa para se reinventar.

Ontem, o craque santista marcou quatro gols no jogo contra a União Barbarense.

É facultado a tod@s se questionar: "Contra a União Barbarense?"

Sim, mas foram quatro gols! Não se faz tantos gols com frequência, exceção feita a Messi.

Além disto, foi interessante ver o posicionamento de Neymar. Pelo meio, enfiado entre os zagueiros, quase como um autêntico centroavante.

No Barcelona, tem tudo pra dar samba.

Nesta história toda, quem se aproxima mais do necessário, porém espinhoso, campo da sensatez é Carlos Alberto Torres.

Neymar não é o cara para 2014. Mas para 2018, tem tudo para ser!

Teremos toda esta paciência?


Valeu,


Bruno Porpetta

terça-feira, 9 de abril de 2013

Futuro arcaico

De 2007 até hoje, o Rio de Janeiro assiste ao indecente desmantelamento do "legado" do Pan.

Quando sediamos o Pan, venderam-nos a ideia de que a estrutura - que nos custou os olhos da cara - montada serviria ao Brasil e, em especial, o Rio na conquista do direito a sediar os Jogos Olímpicos. Este, por sua vez, traria um caminhão de investimentos para a cidade, deixando-nos um legado que melhoraria os transportes, a saúde, a educação... e todo aquele papo de candidato do estabilishment em época de eleições!



O complexo de piscinas do Maria Lenk, absolutamente abandonado. A Arena da Barra, respira através de aparelhos sonoros dos shows que sedia, mas basquete que é bom, já faz tempo que não há. O velódromo, não serve para as Olimpíadas por conta de uma pilastra mal posta. E por último, o Engenhão.

O estádio, cedido ao Botafogo por um valor módico, era o símbolo da "modernidade" olímpica. Se era possível colocar aquele imponente trambolho no meio de Engenho de Dentro, bairro suburbano e - via de regra - carente de serviços públicos, o que não seria possível fazer na Olimpíada?



Era o único equipamento construído para o Pan que, enfim, serviria para os Jogos Olímpicos. Mas Drummond era um visionário. Quando dizia que "há uma pedra no caminho", esta significava obra.

Obra para levantar, e tome outra obra para que ele não caia.

Na cidade das remoções, das inúmeras agressões aos direitos humanos mais básicos, da exaltação constante à polícia que mais gosta de uma "mordidinha" em todo o país, descobre-se que a Prefeitura já sabia desde 2010 que o Engenhão precisava de reformas. E se estas fossem feitas à época, sequer seria necessária a interdição do estádio.

O mesmo 2010 que marcou a despedida do bom e velho Maracanã, fechado para ser vilipendiado por saqueadores da história e cultura do nosso futebol e do nosso povo.

Imaginem só, em pleno início das obras do Maracanã, a cidade toda descobrir que o "legado" que toda esta parafernália ligada aos megaeventos poderia virar areia, de uma hora para outra?!?



A vida dos que ocupam as cadeiras do poder não seria tão tranquila.

Não distingue-se aí o poder privado do estatal, muito pelo contrário. Estes colaboram-se.

Agora, às vésperas do término das obras do Maracanã, o Comitê Organizador da Rio-2016 mandou avisar que este novo Maracanã também não serve às Olimpíadas. Questionam os estacionamentos, lojas (nos custando uma escola, um museu e dois equipamentos esportivos que, além de servir para treinamento daqueles que deveriam receber um pouco mais de atenção por parte dos dirigentes, abrigam vários projetos comunitários) e... um túnel!

Um raio d'um túnel que, para o COI, deve ter seis metros de largura por seis de pé-direito. Resumindo: mais obras!

Afinal de contas, quem disse que só a turma do "futebol" pode se locupletar com tamanha fartura de obras, e uma meia dúzia de melhorias, cujo custo-benefício para o povo é extremamente discutível?



Ainda tem muita gente querendo mamar nestas enormes tetas chamadas "megaeventos esportivos".

Passados os eventos, ainda ecoa pelos ares a pergunta: afinal, qual será o nosso legado?

Enquanto o nosso futuro estiver nas mãos do atraso, as perspectivas não são nada animadoras.


Valeu,

Bruno Porpetta